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2016 o ano dos megaeventos esportivos e das grandes incertezas
Caderno Virtual de Turismo, vol. 16, núm. 3, pp. 6-8, 2016
Universidade Federal do Rio de Janeiro

2016 o ano dos megaeventos esportivos e das grandes incertezas

O ano de 2016 está terminando e, certamente entrará para a história do turismo brasileiro como o ano dos megaeventos esportivos sediados na cidade do Rio de Janeiro. Paralelo ao momento atual denso, intenso e turbulento das nossas condições políticas, sociais e econômicas, o turismo brasileiro manteve-se ativo e, diretamente influenciou e foi influenciado pela realização dos Jogos Olímpicos e Jogos Paralímpicos, nos meses de agosto e setembro.

Nesse contexto, a cidade do Rio de Janeiro, principal destino turístico brasileiro, foi território de grandes transformações urbanas que culminaram com o desvelamento de novos cantos, recantos e paisagens, quase que esquecidas e escondidas do carioca. Processos de reestruturação urbana, de refuncionalização de diversos fixos, de reorientação de fluxos e também, de gentrificação em algumas das áreas atingidas pelos primeiros, foram desenvolvidos pelos grupos gestores da cidade, nem sempre de maneira participativa. Muito do passado da cidade do Rio de Janeiro ganhou a oportunidade de se “revelar”: o cais do Valongo, a área da pequena África, a praça da Harmonia, o morro da Conceição ficaram mais acessíveis e instigam e estimular a todos a caminhar pelos seus caminhos prenhes de histórias, estórias e, por que não, de lendas. Um novo espaço foi (re)construído na zona portuária da cidade e criou uma nova área turística que, imediatamente foi apropriada pelos moradores, pelos visitantes e pelo mercado turístico nacional e internacional...

Ruas, avenidas e becos, antes vazios nos finais de semana e depois do entardecer agora se mostram plenos de vida, de movimento e de pessoas ávidas por descobri-los e vive-los. Resta saber se e como todo esse movimento se manterá na linha do tempo. Qual será seu horizonte temporal sustentável? Finda a curiosidade, os moradores, os visitantes e o mercado manterão seu interesse pelo agora famoso Bulevar Olímpico? E as visitas guiadas pela área do Cais do Valongo, dos Jardins Suspensos do Valongo, do Largo da Prainha, da Pedra do Sal continuarão depois do próximo verão? O interesse pelo Museu do Amanhã, imenso exemplar pós-moderno ficando no píer até então abandonado da Praça Mauá, e o Museu de Artes do Rio de Janeiro -Mar, terá a mesma intensidade no próximo ano:

Questões que ainda não têm respostas, mas que precisam ser estudadas e respondidas. Tudo ainda está à espera de estudos e pesquisas e, principalmente, de resposta para aquela questão que paira ainda no ar: quem ganhou e quem perdeu com todo esse movimento?

Novo ano, nova administração municipal, cenário econômico e político mais que conturbado, fazem do nosso futuro próximo um momento de grandes incertezas.

Dando continuidade ao cumprimento de nossa principal missão de divulgação eletrônica de artigos originais e resenhas críticas de estudos voltados para o debate do turismo como vetor de desenvolvimento social, o presente número do Caderno Virtual de Turismo traz doze artigos inéditos e uma entrevista com o professor Conrad Lashey daStenden University of Applied Science da Holanda, além de uma resenha do seu novo livro, The Routledge Handbook of Hospitality Studies, lançado recentemente sobre o tema da hospitalidade, com estudos de casos de todos os cantos do planeta.

Nos artigos ora publicados temos a oportunidade de navegar por áreas temáticas distintas, mas que se tangenciam ora do ponto de vista metodológicos, ora do ponto de vista de suas construções teóricas. O Turismo de Base Comunitária volta a compor o conjunto do Caderno, com mais quatro pesquisas que se alternam em apresentar metodologias de planejamento participativo e questionamento entre as reflexões teórico-conceituais e a realidade empírica de localidades que aderiram a essa modalidade de desenvolvimento turístico.

A presença de dois artigos internacionais trazendo discussões sobre o turismo em Portugal e no México, contribuem para o esforço de internacionalização do Caderno Virtual de Turismo e nos brindam com estudos específicos, porém, atuais e instigantes. Do México temos um estudo sobre a avaliação dos recursos turísticos naturais do município de San Pedro Lagunilhas, no estado de Nayarit, na costa ocidental daquele país, a partir de metodologia de avaliação multicritérios (EMC). O artigo dos pesquisadores da Universidades de Vigo e Extremadura, na Espanha, por sua vez, nos levam a refletir sobre um dos muitos caminhos de peregrinação para San Thiago de Compostela. A partir de pesquisa de campo, os autores nos apresentam as potencialidades do trecho do Caminho no município de Vila Nova de Gaia, Portugal, indicando algumas necessidades de intervenção para tornar a experiência do peregrino-turista mais confortável e complexa.

A questão da experiência e do comportamento permeiam dois artigos que se voltam para o estudo do comportamento e das características socioculturais dos turistas e visitantes de dois segmentos bastante específicos e ainda pouco estudados pela academia: os turistas de mergulho e os mochileiros no Brasil.

Outra questão atual e pertinente que pode ser observada em dois artigos que tratam de objetos empíricos distintos, porém, com pontos de contato, é a da influência dos desastres naturais nos processos de planejamento e reestruturação de destinos turísticos. A região da Costa Verde e Mar de Santa Catarina e o município paulista de São Luiz do Paraitinga são o foco desses estudos que se tangenciam por analisar os efeitos de desastres naturais recentes sobre suas atividades turísticas.

Esse universo de investigação amplo e instigante é complementado pela entrevista com o professor Conrad Lashley, realizada pelo pesquisador Leandro Brusadin, da Universidade Federal de Ouro Preto, nos leva a refletir sobre o sentido do acolhimento nos estudos da hospitalidade. Salientando a urgência das nossas universidades estimularem o desenvolvimento do pensamento crítico nos alunos, professor Lashley nos indica que educar “não é só preparar as pessoas para a indústria, é educá-las como seres humanos, dar-lhes certas ferramentas que permitam questionar, independentemente de onde possam estar trabalhando”.

Boa leitura !



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