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Turismo Cultural: Perspectivas para a função turística em bibliotecas do Brasil
Nayane de Abreu Schamberlain; Juliana Carolina Teixeira
Nayane de Abreu Schamberlain; Juliana Carolina Teixeira
Turismo Cultural: Perspectivas para a função turística em bibliotecas do Brasil
Cultural Tourism: outlook at the touristic function of Brazilian libraries
Turismo Cultural: perspectivas para la funciín turística en bibliotecas de Brasil
Caderno Virtual de Turismo, vol. 18, núm. 3, pp. 90-106, 2018
Universidade Federal do Rio de Janeiro
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Resumo: O objetivo geral da pesquisa foi investigar que funções são desenvolvidas nas bibliotecas brasileiras e a sua relação com o turismo. Diante disso, como metodologia, optou-se por trabalhar com as principais bibliotecas das sete capitais brasileiras que, juntas, somam 70% do fluxo turístico brasileiro. Para o levantamento de dados em campo foram encaminhados questionários para os representantes das bibliotecas estudadas. Como resultado de pesquisa, fica claro que todas as bibliotecas desenvolvem novas funções e a visita guiada é a principal atividade que estabelece ligação do turista com o espaço. Foi constatado também que as pessoas que passam por essas bibliotecas, elas, em sua maioria, não estão sendo instigadas a conhecer e a valorizar esse patrimônio cultural e todo o seu entorno. O principal motivo dessa relação negativa tem ligação direta com a falta de políticas públicas locais ligadas ao turismo e/ou com a cultura, que acarreta uma insatisfação demonstrada por parte dos representantes de bibliotecas. Por isso, é defendido, aqui, que as bibliotecas inseridas em cidades com um fluxo de turismo relevante devem considerar a função turística como parte do convívio desse espaço.

Palavras-chave:Patrimônio culturalPatrimônio cultural, Bibliotecas Bibliotecas, Turismo Cultural Turismo Cultural, Interpretação patrimonial Interpretação patrimonial.

Abstract: This study aimed to investigate which functions are being developed in Brazilian libraries and their relation to tourism. Therefore, as method, it was chosen to work with the main libraries of the seven brazilian state capitals which together sums up for 70% of the Brazilian tourist flow. For each of these seven libraries a questionnaire has been sent to the library staff to answer. As a result of research, it is clear that all the libraries develop new functions and the guided tour is the main activity that establishes the link between the tourist and space. It was also found that most people who go through these libraries are not being urged to know and appreciate this cultural heritage and all its surroundings. The main reason for this negative relation is directly linked to the lack of local public policies related to tourism and / or the culture that leads to the dissatisfaction shown by part of the libraries staff. So it is argued here that the libraries that are embedded in towns with a major tourist flow, should consider the tourist function as part of the daily use of these spaces.

Keywords: Cultural Heritage, Libraries, Cultural Tourism, Heritage Interpretation.

Resumen: El objetivo general de esta investigación fue investigar qué funciones se desarrollan en las bibliotecas de Brasil y su relación con el turismo. Por lo tanto, como metodología, se optó por trabajar con las principales bibliotecas de las siete ciudades de Brasil, que en conjunto representan el 70% del flujo turístico brasileño. Para la recogida de datos fueron enviados cuestionarios a los representantes de las bibliotecas estudiadas. Como resultado de la investigación, es evidente que todas las bibliotecas desarrollan nuevas funciones y la visita guiada es la actividad principal que conecta con el espacio turístico. También se encontró que la mayoría de personas que pasan por estas bibliotecas no están siendo instados a conocer y valorar este patrimonio cultural y todos sus alrededores. La razón principal de esta relación negativa está directamente vinculada a la falta de políticas públicas locales relacionadas con el turismo y / o la cultura que da lugar a la insatisfacción mostrado por los representantes de las bibliotecas. Por lo tanto, aquí se argumenta que las bibliotecas que están incrustados en las ciudades con un flujo significativo de turistas, deberían considerar la función turística como parte de la vida en este espacio.

Palabras clave: Patrimônio cultural, Bibliotecas, Turismo Cultural, Interpretación patrimonial.

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Artigos Originais

Turismo Cultural: Perspectivas para a função turística em bibliotecas do Brasil

Cultural Tourism: outlook at the touristic function of Brazilian libraries

Turismo Cultural: perspectivas para la funciín turística en bibliotecas de Brasil

Nayane de Abreu Schamberlain
Universidade Estadual do Paraná (Unespar), Brasil
Juliana Carolina Teixeira
Universidade Estadual do Paraná (Unespar), Brasil
Caderno Virtual de Turismo, vol. 18, núm. 3, pp. 90-106, 2018
Universidade Federal do Rio de Janeiro

Recepção: 21 Março 2016

Aprovação: 15 Maio 2018

INTRODUÇÃO

A biblioteca de uma cidade faz parte do patrimônio cultural material, auxiliando na compreensão de todo o seu entorno, pois se compreende que a biblioteca mantenha um papel de estímulo das memórias. As bibliotecas se encaixam no conceito de patrimônio cultural da localidade a partir do momento em que, no estabelecimento, se trabalha com o intuito de proporcionar acesso à cultura, de alguma forma, para a população que mora ou que visita aquele lugar.

De acordo com a Fundação Biblioteca Nacional (2000), as bibliotecas desenvolvem funções tradicionais e novas funções, levando em consideração a sua necessidade no universo em que está inserida. Diante disso, consideramos que a principal biblioteca de cada cidade deva ser tomada como uma ferramenta para que o turista possa conhecer um pouco do sentimento daquele lugar. Nesse sentido, surge a seguinte questão: Têm esses espaços públicos funcionado como ferramenta para o conhecimento e a interpretação do patrimônio local junto aos turistas?

Para responder a essa questão foram levantadas duas hipóteses. A primeira estabelecia que a relação existente entre as bibliotecas e os turistas é de que esses espaços estão diversificando suas atividades, pensando também no fluxo turístico existente no destino. Esses espaços então trazem também, como objetivo, uma forma de apresentar ao turista mais do que um simples conhecer o espaço e, sim, uma nova forma de o turista ver aquele patrimônio, assim como todo seu entorno. A segunda hipótese levantou o fato de que a relação existente entre biblioteca pública e turista pode se desenvolver de uma forma superficial, onde a biblioteca fornece informações sem a devida interpretação do patrimônio e seu entorno e, o turista, em troca, é mais um número na lista de visitantes da biblioteca. Dessa maneira, como objetivo geral de pesquisa, investigou-se quais eram as funções desenvolvidas pelas bibliotecas das capitais brasileiras de maior fluxo turístico e sua relação com os turistas.

Consideramos haver justificativas claras para o desenvolvimento deste trabalho, pois, atualmente, as bibliotecas procuram desenvolver novas funções para continuarem ativas nas sociedades informatizadas. Assim, aos espaços das bibliotecas, que antes eram destinados apenas a estudos escolares e acadêmicos e à leitura de literatura, hoje são somados recursos de entretenimento e outras manifestações artísticas e culturais. Essas iniciativas ficam claras diante da declaração da Fundação Biblioteca Nacional (2000), a qual afirma que é viável que os dirigentes das bibliotecas observem sua realidade local e assim, se necessário, até façam surgir novas funções.

Assim, a presente pesquisa pode discutir a prática das bibliotecas em se prepararem para receber não só o consulente residente, mas também o turista, podendo fazer com que a própria biblioteca repense a forma como ela se apresenta à sociedade como um todo, incluindo consulentes residentes e não residentes.

É pretensão que a presente pesquisa venha a ser importante no sentido de incentivar iniciativas para promover as bibliotecas também como patrimônios culturais nos termos como o turismo entende esse âmbito, tornando-se, portanto, campo de consulta para os pesquisadores, os acadêmicos e os profissionais dessa área, bem como referência para turistas e para os consulentes locais com interesses turísticos.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A presente pesquisa possuiu caráter qualitativo, procedendo com esse tipo de abordagem em busca de saber qual é a relação entre bibliotecas e turismo. Para isso, optou-se por estabelecer uma amostra da pesquisa, no caso incidindo sobre as capitais com maior fluxo turístico brasileiro, em função, portanto, de uma maior representatividade sobre o objeto de pesquisa a ser estudado. De acordo com a “Pesquisa Sondagem do Consumidor – intenção de viagem”, do Ministério do Turismo em parceria com a Fundação Getúlio Vargas, as capitais com maior fluxo turístico – elencadas aqui por ordem alfabética de seus nomes – são Belo Horizonte, Brasília, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo. Juntas, essas capitais somam 70% do fluxo turístico brasileiro (BRASIL, 2015).

Para o desenvolvimento da pesquisa, foram utilizadas técnicas de trabalho, como a pesquisa exploratória, a revisão da literatura e o levantamento de dados em campo. O início da pesquisa exploratória se deu por meio de livros, de artigos, de matérias na mídia, de sites das bibliotecas e do contato direto com esses espaços públicos. Assim, portanto, nesse primeiro momento foram levantados dados preliminares como: noções básicas de patrimônio; bibliotecas; e métodos e técnicas de pesquisa.

A segunda técnica utilizada foi a revisão da literatura, que norteou os seguintes temas: patrimônio, educação patrimonial, interpretação patrimonial, bibliotecas, funcionalidade de bibliotecas, novas funções de bibliotecas e turismo. Os tipos de fontes bibliográficas utilizadas foram primeiramente as publicações de livros, de artigos, de teses, de dissertações e de monografias relacionadas com o tema. Outra fonte utilizada foi a mídia de imprensa escrita.

Posteriormente, foram realizados os procedimentos de pesquisa de campo, para isso se utilizando como técnica para a coleta de dados questionário com 16 questões versando sobre o tema proposto. As bibliotecas que receberam os questionários foram: Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa (Belo Horizonte – MG); Biblioteca Nacional de Brasília (Brasília – DF); Biblioteca Pública do Estado do Rio Grande do Sul (Porto Alegre – RS); Biblioteca Pública do Estado de Pernambuco (Recife – PE); Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro (Rio de Janeiro – RJ); Biblioteca Pública do Estado da Bahia/Biblioteca Central dos Barris[1] (Salvador – BA) e Biblioteca Municipal Mário de Andrade (São Paulo – SP).

O questionário foi enviado por e-mail às bibliotecas com a solicitação de que preferencialmente a pessoa responsável pelo espaço respondesse. O objetivo das perguntas foi compreender as atividades que a biblioteca pública em questão proporciona a todos. O foco dos questionamentos visava descobrir como eram as atividades voltadas ao grupo de consulentes turistas. A intenção foi avaliar se essas bibliotecas utilizavam a educação patrimonial para que os turistas pudessem compreender esse espaço e todo seu entorno como um patrimônio cultural da cidade.

Todas as coordenações de bibliotecas receberam e-mail com o link das perguntas no dia 19 de outubro de 2015, porém, algumas necessitaram que o e-mail fosse reencaminhado, o que ocorreu por diversos motivos. A primeira resposta foi recebida no mesmo dia 19 de outubro de 2015 e a última, em 23 de novembro de 2015. Após o recebimento das respostas, foram tabulados os dados com o auxílio da ferramenta Excel 2010 para organizar os dados em planilhas. Posteriormente à sistematização dos dados, foram então analisadas as respostas qualitativamente com base nos objetivos da pesquisa.

EDUCAÇÃO E INTERPRETAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL: PERSPECTIVAS PARA O TURISMO

O conceito de patrimônio mudou ao longo do tempo, passando da ideia de aquilo que é particular até a ideia de aquilo que pertence à coletividade. A palavra “patrimônio” vem do termo latino “patrimonium” e significava tudo que pertencia ao pai de família (FUNARI; PELEGRINI, 2006). Patrimônio se limitava, anteriormente, a esse significado particular e familiar. Meneses (2006) explica que o uso da palavra “patrimônio” está no lugar de palavras como “herança” e “legado”. Choay (2006), além de citar os pertences ligados à família, coloca também como “patrimônio” as heranças de estruturas econômicas e jurídicas. Para a autora, nesse sentido, os donos do “patrimonium” eram aqueles que possuíam poder aquisitivo maior.

Choay (2006) descreve que, ao longo da história ocidental moderna, marcada principalmente pela Revolução Francesa, o entendimento do que seja patrimônio tomou rumos diferentes e atualmente é compreendido como algo público, referindo-se à valorização de um conjunto de pessoas que compartilham de um mesmo passado. Além de valorizar o bem, essa coletividade tem o direito de o utilizar da forma como mais for conveniente a ela, pois o patrimônio histórico e cultural passa a representar a história de um povo e pode ter uma função além da “beleza cênica”. Esses bens – que, a partir desse momento, já são considerados bens populares – são o resultado de vários saberes de um determinado povo, de uma determinada cultura.

Quando uma população se identifica enquanto grupo e através de seus costumes, isso se torna atrativo ao olhar dos não residentes, afinal, conforme Urry (2001), é um olhar organizado e sistemático, construído a partir da diferença e que estabelece uma relação de distanciamento, mas onde o turista se interessa por quase envolver-se com os acontecimentos. Portanto, é indispensável afirmar que “São nesses lugares que a gestão da sustentabilidade e dos impactos relativos à prática do turismo estão iminentemente inseridos em um sistema sensivelmente complexo diante das diversidades, singularidades, valores e noções sobre o patrimônio em presença” (OLIVEIRA; TRIGO, 2017, p. 194).

Ao estudar o turista cultural Trigo et al. (2018) afirmaram que as motivações são variadas como relaxar e conhecer novos lugares, porém, o turista cultural busca satisfazer as necessidades de diversidade e curiosidade sobre como as pessoas vivem em locais diferentes do seu de origem. Assim, a valorização do patrimônio local pelos turistas e a busca de uma vivência sensibilizando-se sobre a cultura de determinado lugar estabelecem-se como pontos centrais do Turismo Cultural em que o segmento “compreende as atividades turísticas relacionadas à vivência do conjunto de elementos significativos do patrimônio histórico e cultural e dos eventos culturais, valorizando e promovendo os bens materiais e imateriais da cultura” (BRASIL, 2010, p. 15).

O Turismo Cultural é um segmento do turismo que oportuniza trocas entre as culturas dos turistas e a dos residentes locais. Ao ocorrer esse intercâmbio cultural é possível observar o fortalecimento das identidades locais em razão desse movimento global entre “dominantes” e os “dominados”, afinal, “O fortalecimento de identidades locais pode ser visto na forte reação defensiva daqueles membros dos grupos étnicos dominantes que se sentem ameaçados pela presença de outras culturas” (HALL, 2011, p. 85).

Conforme Trigo et al. (2018, p. 57) observam, “[...] una parte del auge del turismo cultural se podría deber en buena medida al aumento de visitantes culturales ‘ocasionales’, que dedican parte de sus vacaciones a visitar lugares culturales [...]”. É possível compreender que se há uma relação de mercadoria onde o turismo cultural seja vendido e consumido apenas como um produto, onde não haja uma interação de pessoas de uma maneira adequada, e que desfavoreça todos os atores envolvidos, essa relação estará aquecendo a chamada “indústria cultural”. O termo começou a ser utilizado na década de 1940, através de Max Horkheimer e Theodor W. Adorno (ADORNO, 1971). A educação e a interpretação do patrimônio se colocam como importantes ferramentas para a valorização do patrimônio cultural local e para auxiliar no processo de fortalecimento da cultura local pelo turismo, evitando a sua mercantilização por meio da indústria do turismo.

No ano de 1983, no Museu Imperial de Petrópolis/RJ, aconteceu o “1º Seminário sobre o uso Educacional de Museus e Monumentos” e o termo “educação patrimonial” começou a ser utilizado (FLORÊNCIO et al., 2014). Depois de mais de dez anos decorridos desse seminário, foi elaborado o “Guia Básico de Educação Patrimonial”, escrito pela museóloga e diretora do Museu Imperial, em parceria com outras duas escritoras. Esse livro é ainda atualmente considerado, pelo Iphan, como o principal material de apoio para as atividades relacionadas à educação patrimonial.

Gomes, Mota e Perinotto (2012) afirmam que a educação patrimonial entra no processo de formação de adultos participativos e conscientes de seu momento histórico. Para Magalhães, Zanon e Branco (2009), são diversas as áreas que estudam e trabalham com a educação do patrimônio, são elas a área de educação – através dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) –, a área de arquitetura e urbanismo, a área cultural e a área de turismo, esta com a prioridade de preocupar-se com relações estabelecidas entre o patrimônio cultural local e o turista, sendo “[...] um instrumento de ‘alfabetização cultural’ que possibilita ao indivíduo fazer a leitura do mundo que o rodeia, levando à compreensão do universo sociocultural e da trajetória histórico-temporal em que está inserido” (HORTA; GRUNBERG; MONTEIRO, 1999, p. 6, grifo do autor).

A educação patrimonial trabalha com a necessidade de conhecer o passado de uma forma dinâmica, proporcionando "[...] situações de aprendizado sobre o processo cultural e seus produtos e manifestações, que despertem nos alunos o interesse em resolver questões significativas para sua própria vida, pessoal e coletiva" (HORTA; GRUNBERG; MONTEIRO, 1999, p. 8). Com a intenção de transformação do indivíduo, na educação patrimonial "[...] admite-se a retomada de espaços arquitetônicos, sociais e de memórias [...]" (MAGALHÃES; ZANON; BRANCO, 2009, p. 51), ou, de uma forma mais fragmentada, são objetos, monumentos, centros históricos e sítios arqueológicos os locais onde se pode trabalhar com a educação patrimonial, além, claro, do enfoque interdisciplinar (HORTA; GRUNBERG; MONTEIRO, 1999).

Uma das ferramentas da educação patrimonial é a interpretação patrimonial. A nomenclatura “interpretação patrimonial” surgiu de Freeman Tilden, com a publicação da obra literária “Interpretingour Heritage[2], de 1957 (PIRES, 2006). Podemos definir o termo como “[...] um apelo à imaginação do ouvinte e implica uma tentativa de tradução intercultural, pois o património cultural não fala por ele próprio nem sem as pessoas” (PÉREZ, 2009, p. 225).

De maneira objetiva, a interpretação patrimonial tem a intenção de proporcionar tanto entretenimento quanto aprendizagem por meio de recursos visuais, sonoros e interativos com o objetivo de chamar atenção do visitante (MURTA, 2009). Assim, a interpretação patrimonial, desenvolvida de maneira apropriada, utilizando-se de referências coerentes, traz benefícios que vão além do destino visitado, proporcionando ao turista levar para o destino emissivo uma nova forma de ver sua cultura local, englobando itens materiais e imateriais.

É importante também levar em consideração o fato de que desenvolver o turismo cultural em uma determinada localidade precisa da “aprovação” e do envolvimento dos moradores do local. A educação e a interpretação patrimonial intentam, portanto, buscar essa valorização do espaço para ambos os lados envolvidos: o dos residentes e o dos turistas. Visto isso, fica compreendido o motivo pelo qual a educação e a interpretação patrimonial são extremamente importantes para o desenvolvimento do turismo cultural.

HISTÓRICO E FUNCIONALIDADE DAS BIBLIOTECAS AO LONGO DOS TEMPOS: FUNÇÕES TRADICIONAIS E NOVAS FUNÇÕES EM UMA PERSPECTIVA TURÍSTICA

A palavra “biblioteca” vem do vocabulário grego, significando ser um local de armazenamento de livros, pois é a junção de biblion (livro) e theke (armazém, depósito, caixa ou cofre) (MELLO, 1972). Esse espaço surgiu da necessidade de comunidades humanas arquivarem as suas informações. Assim, “A história da biblioteca é a história do registro da informação, sendo impossível destacá-la de um conjunto amplo: a própria história do homem” (MILANESI, 1995, p. 16).

O histórico das bibliotecas se confunde com a história da humanidade e sua evolução, pois esses espaços se tornaram locais onde as populações podiam arquivar seus registros, assegurando, para as gerações futuras, o conhecimento: “A biblioteca é, pois, uma instituição que agrupa e proporciona o acesso aos registros do conhecimento e das ideias do ser humano através de suas expressões criadoras” (FBN, 2000, p. 17). A história da biblioteca sempre esteve atrelada à história da população, pois as funções das bibliotecas na sociedade foram se adaptando de acordo com a necessidade das pessoas:

A evolução do seu conceito pode ser traçada através dos diversos Manifestos da Unesco publicados ao longo dos anos. A Unesco publicou pela primeira vez o Manifesto da Biblioteca Pública em 1947, destacando sua função em relação ao ensino e caracterizando-a como centro de educação popular. Como resultado da publicação do Manifesto, houve, em várias partes do mundo, um grande movimento para o seu desenvolvimento. (FBN, 2000, p. 19-20)

Esse manifesto foi um marco inicial para as bibliotecas públicas e o destaque dado dentro desse ato foi exclusivo para a educação. Cabe destacar que, até a atualidade, essa é a função primordial das bibliotecas públicas, porém, ao longo dos tempos, foram agregadas outras funções.

No ano de 1972, foi publicado o segundo Manifesto da Unesco, texto no qual a cultura, o lazer e a informação foram somados à função inicial da educação (FBN, 2000). Sabe-se que, nesse período, a função educacional estava dominando as bibliotecas públicas como única, porém, o Manifesto teve a intenção de chamar atenção para abrir novos rumos para esse espaço público. Não se tinha a ideia de fechar as portas para sua função inicial, mas, sim, de abrir novos olhares para outras formas de uma biblioteca estar na sociedade.

Almeida (1997) cita as funções de lazer, de cultura e de informação para a biblioteca pública. Para o autor, a função de lazer (também chamada de recreacional) está relacionada com os que sentem prazer com a literatura, independentemente do tipo de leitura que o indivíduo goste. Nesse cenário, é dado o exemplo da inserção das histórias em quadrinhos na maioria das bibliotecas públicas. Com relação à função cultural, a crítica vai para a pouca pesquisa na área, por parte de bibliotecários, além de ressaltar o fato de a forma “cultural” estar, ainda, ligada ao que é “erudito”.

Na última atualização do Manifesto da Unesco, são elencadas 12 missões da biblioteca pública, missões das quais podemos destacar três delas com a possibilidade de atrelar a atividade turística: “[...] 4. Estimular a imaginação e criatividade das crianças e dos jovens; 5. Promover o conhecimento sobre a herança cultural, o apreço pelas artes e pelas realizações e inovações científicas; [...] 7. Fomentar o diálogo intercultural e a diversidade cultural; [...]” (UNESCO, 1994, grifo nosso).

Embora outros itens da lista possam chamar atenção com relação ao turismo, foram tratados aqui aqueles que mais se destacaram no desenvolvimento deste trabalho. No caso do item 4, é possível, por meio de atividades que dinamizam o espaço da biblioteca, o estímulo da imaginação e da criatividade das pessoas. De acordo com Urry (2001), o “olhar do turista” traz uma valorização ao local visitado fomentando a relação com o objetivo de proporcionar aos visitantes uma forma de demonstrar qual é a história e qual é a herança cultural que aquele monumento (a biblioteca) exerce sobre a sociedade onde estão inseridos. Isso faz com que o público de residentes também seja atingido, auxiliando, assim, a execução do item 5 das missões das bibliotecas públicas. Com relação ao item 7, a atividade turística pode favorecer o diálogo intercultural, isso a partir do momento em que as suas portas estiverem abertas para que outras culturas se aproximem, participando da realidade do espaço, podendo trocar informações e, assim, existindo uma troca considerável sobre esse patrimônio cultural em questão.

No ano de 2013, a matéria intitulada “Na berlinda, bibliotecas se reinventam no Brasil e no mundo”, publicada na BBC Brasil, mostra exemplos de bibliotecas que modificaram suas funções, fazendo com que um maior número de pessoas pudesse e ainda possa utilizar o espaço. No Brasil, a cidade do Rio de Janeiro/RJ foi utilizada para demonstrar essa dinâmica diferenciada que está se instalando nas bibliotecas do mundo (IDOETA, 2013). Na Biblioteca Parque do Complexo de Manguinhos é possível emprestar livros e filmes (ou utilizar-se do espaço para deles fazer uso), ouvir músicas e participar de demais atividades culturais (SECRETARIA DE CULTURA DO RIO DE JANEIRO, 200?).

A futura biblioteca da Dinamarca também foi citada como exemplo, pois a cidade de Aarhus iria passar por um período de revitalização e a biblioteca local, nessa revitalização, passaria a fazer parte do complexo urbano. Havia previsões de que, em 2015, esse complexo estaria concluído (IDOETA, 2013). De acordo com a matéria “A biblioteca do futuro”, de novembro de 2015, essa biblioteca, que possui o nome de Dook1, já está desenvolvendo atividades para toda a população. Na biblioteca, que funciona 24 horas por dia, é possível emprestar livros, CDs, DVDs, entregar declaração do imposto de renda e emitir carteira de motorista. Há impressora 3D disponível, sala de brincadeiras, sala de leitura, zona de silêncio e um ateliê com máquinas de costura e equipamentos profissionais. O espaço é gratuito para usufruto do público (MUND, 2015).

São diversas as novas funções que podem ser atribuídas às bibliotecas, pois

O Manifesto da Unesco sobre a Biblioteca Pública deve servir como fonte de reflexão sobre seu papel e suas funções no mundo globalizado, mas cabe aos dirigentes de bibliotecas priorizar o desenvolvimento de suas funções de acordo com a realidade local e, até mesmo, identificar novas funções dentro de suas comunidades (FBN, 2000, p. 20-21).

E é exatamente nesse sentido que o turismo entra na discussão de utilizar a biblioteca como um atrativo turístico, não desvinculando suas funções primordiais, além daquelas outras que, ao longo dos tempos, foram-se agregando ao espaço. E, se estamos tratando de cidades onde o fluxo turístico é considerado intenso, é preciso preparar essas bibliotecas para receber também o turista, além da comunidade local, objetivando a promoção do patrimônio cultural local. Visto isso, estabelecer a função turística como mais uma funcionalidade para a biblioteca pública é considerado um fenômeno interessante para todos os envolvidos com a relação biblioteca e turismo em uma perspectiva do turismo cultural. Para analisar, portanto, a interpretação do patrimônio por meio das novas funções das bibliotecas e suas relações com o turismo, foram pesquisadas as bibliotecas nacionais apresentadas na metodologia da presente pesquisa.

As bibliotecas de Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador, São Paulo e Rio de Janeiro oferecem atividades literárias, culturais, de informação e visita guiada. A biblioteca de Recife, além de atividades que contemplam a área literária, de cultura, de informação e a visita guiada, acrescenta o curso de línguas. E, por fim, a biblioteca de Brasília não possui atividades diferenciadas, pois as salas disponíveis para esse tipo de atividade estão fechadas por falta de manutenção de equipamento.

Nota-se que todas as bibliotecas pesquisadas desenvolvem atividades que vão além de sua função primordial e que, como foi exposto pela Fundação Biblioteca Nacional (2000), dizem ser necessário que a biblioteca compreenda sua realidade local, para que, se necessário, identifique novas funções. Mesmo com o obstáculo da biblioteca de Brasília, todas as bibliotecas se mostram como um meio de interatividade para a população.

Na segunda versão do Manifesto da Unesco, em 1972, a cultura, o lazer e a informação eram pontos destacados no que tinha a intenção de direcionar o espaço para essas funções adicionais. Utilizando essa amostra com as capitais com maior fluxo turístico, podemos concluir que as novas funções estão atreladas ao cotidiano das bibliotecas brasileiras. Um benefício que podemos destacar nesses espaços é que uma atividade auxilia para que outras atividades sejam conhecidas pela população que frequenta o local. Por exemplo, se uma pessoa tem interesse em participar de um curso de línguas que a biblioteca de Recife oferece, ao frequentar o lugar ela terá conhecimento sobre as outras atividades que o espaço público desenvolve, como o Bibliotur.

Com relação aos profissionais que trabalham com essas atividades, as bibliotecas de Belo Horizonte, Recife, Salvador, São Paulo e Rio de Janeiro possuem uma equipe interdisciplinar, mas somente a biblioteca do Rio de Janeiro cita o profissional de turismo neste primeiro momento. Levando em consideração os conceitos de Magalhães, Zanon e Branco (2009), que nos trazem a ideia de que as principais áreas que trabalham com o patrimônio cultural são as áreas de educação, arquitetura, cultura e turismo, nota-se que, nesses espaços, a área educacional está se relacionando de maneira mais ativa na maioria dos espaços e a área do turismo ainda é pouco desenvolvida.

Assim, visto que todas as bibliotecas oferecem atividades que vão além da função tradicional e estão contemplando as áreas de educação, cultura e informação, fica entendido que, quanto mais diversificado for esse quadro de profissionais, maior vai ser a chance de a biblioteca alcançar êxito nessas atividades. Infelizmente, os profissionais da área do turismo aparecem de uma maneira tímida ainda dentro desses espaços.

Esta pesquisa buscou compreender se a biblioteca trabalha com a educação patrimonial e com a interpretação patrimonial. Se a resposta fosse positiva, a intenção era saber como eram desenvolvidos esses conceitos dentro da biblioteca. As bibliotecas de Belo Horizonte, Brasília e Recife não trabalham com educação e interpretação patrimonial. Na biblioteca de Porto Alegre, essa educação e interpretação patrimonial acontecem por meio das palestras e das visitas guiadas; na biblioteca de Salvador, por meio das atividades e ações culturais; na biblioteca de São Paulo, por meio das visitas guiadas; e, na biblioteca do Rio de Janeiro, além das visitas guiadas, são citadas exposições, mostras, debates, conferências, cursos e eventos em geral.

Mesmo estabelecendo que a maioria das bibliotecas – quatro, de sete – estão trabalhando com os conceitos de educação e interpretação patrimonial, as outras três bibliotecas que não trabalham com esse conceito deixam de atender seu público de uma maneira que beneficie os residentes e os que estão visitando o espaço, pois a educação ambiental pode “[...] proporcionar uma formação voltada para compreender as práticas culturais enquanto referências culturais, auxiliando na preservação do patrimônio, mas principalmente como forma de desenvolver ações que permitam que os sujeitos se reconheçam enquanto sujeitos históricos.” (SILVA, 2016, p. 439). Diante disso, essas capitais e suas bibliotecas demonstram um número de estabelecimentos culturais que estão deixando de desenvolver um tipo de trabalho que valorize seus bens e a construção histórica dos sujeitos que por elas passam.

As bibliotecas que trabalham com a educação e interpretação patrimonial, em sua maioria utilizam da visita guiada como um meio de trabalhar com esses conceitos. Nesse caso, essa é uma ferramenta que está sendo utilizada a favor da educação e da interpretação patrimonial, afinal “Valorar el conocimiento y el disfrute de nuestro patrimonio natural y cultural a través de las guías realizadas al efecto, pasa indefectiblemente por la interpretación del mismo.” (OJEDA; MORALES; MEDINA, 2018, p. 87).

Levando em consideração que a atividade de visita guiada tem relação direta com o turismo, observamos a necessidade de profissionais capacitados da área do turismo trabalhando dentro desses espaços públicos para um melhor planejamento dessas atividades e, assim, dinamizar melhor o espaço.

Essa informação de quais bibliotecas não trabalham com a educação e a interpretação patrimonial foi cruzada com a do número aproximado de visitantes que cada biblioteca recebe mensalmente, pois as três bibliotecas que não trabalham com essas ações são as que mais recebem visitantes. Assim, fica estabelecido que, em média, mensalmente, 25 mil pessoas em Belo Horizonte, 20 mil pessoas em Recife e 8 mil pessoas em Brasília que estão frequentando ou passando por esses espaços públicos não têm recebido um atendimento que a elas possibilite trabalhar, de maneira educativa e/ou interpretativa, o espaço da biblioteca em seu contexto como um patrimônio cultural. Assim, fica claro também que, em um panorama geral, a maioria das pessoas que frequenta bibliotecas no Brasil não possui contato direto com ações de educação e da interpretação patrimonial.

Conforme Gomes, Mota e Perinotto (2012), sobre a educação patrimonial como formação da sensibilização de adultos para seu momento histórico, essas bibliotecas que não trabalham com essas atividades deixam, de muitas maneiras, de trabalhar com esse público. Além disso, a educação patrimonial, que diretamente “[...] busca levar as crianças e adultos a um processo ativo de conhecimento, apropriação e valorização de sua herança cultural [...]” (HORTA; GRUNBERG; MONTEIRO, 1999, p. 6, grifo do autor), não está sendo aplicada nesses espaços públicos como formas de conhecer, apropriar e valorizar o patrimônio cultural local por residentes e turistas.

Além disso, os conceitos da interpretação patrimonial, que também não estão sendo desenvolvidos nessas bibliotecas, tinham uma função de democratização de conhecimento, de conscientização, de sustentabilidade, de racionalização, de estímulo ao desenvolvimento local e de sensibilização com relação ao bem cultural (MENESES, 2006). Efetivamente, a interpretação patrimonial, diferente da educação patrimonial, não tem como intenção principal o fato de ensinar, mas, sim, de provocar para estimular o interesse e a curiosidade das pessoas (TILDEN, 1977 apud IEF, 2002). Isso se aplica a residentes e a turistas, pois, diante do fato de que os visitantes estão por um determinado tempo na cidade e não possuem esse equipamento de cultura funcionando como uma ferramenta de educação e interpretação patrimonial da localidade, isso se torna negativo para a relação existente entre o turista e o patrimônio cultural local.

Quando questionados sobre a sinalização dentro da biblioteca, apenas a biblioteca de Porto Alegre diz não haver placas de sinalização. Todas as outras possuem placas sinalizando tanto a infraestrutura básica, como a dos espaços e atrativos. Todas as bibliotecas, porém, inclusive a de Porto Alegre, afirmam que, se uma pessoa visitar a biblioteca sozinha, ela consegue compreender o espaço. Quando questionadas como esses indivíduos podem compreender o espaço, cada biblioteca apresentou formas diferentes, porém, nas bibliotecas de Belo Horizonte, de Porto Alegre, de Salvador e de Brasília foi mencionada a presença de funcionários para complemento ou como parte da atenção para essa compreensão.

Com relação ao modo como acontecem as visitas dos turistas, apenas duas bibliotecas (Porto Alegre e São Paulo) recebem grupos, que são agendados antecipadamente, pois as demais bibliotecas costumam receber turistas de uma forma espontânea. Todas as bibliotecas oferecem serviço de visita guiada e de forma gratuita, porém, como citado acima, os turistas, na maioria dessas bibliotecas, têm visitado o local de forma espontânea, sem um agendamento prévio de uma visita.

Em todas as bibliotecas, essas visitas são guiadas por um(a) funcionário(a) do espaço e, quando questionadas sobre qual era o cargo e/ou a formação dessa pessoa que acompanha a visita, é possível notar que a maioria das bibliotecas não possui uma pessoa específica para essa atividade. A resposta que vem por parte do responsável pela área de promoção e difusão cultural da biblioteca do Rio de Janeiro é a mais completa, pois foi citado que são guias especializados e com formação nas áreas de história, filosofia, ciências sociais e turismo. Também ficou destacado, nessa última biblioteca, que todos os guias dominam pelo menos um idioma além do português. Nessa última resposta também se percebeu uma preocupação maior com o funcionário que acompanha os visitantes. Nas demais respostas compreendeu-se que várias pessoas podem acompanhar o grupo, mas nenhuma delas tem esse cargo como “especializado”. Cabe aqui destacar que a única biblioteca que, aparentemente, dispõe de uma equipe especializada é a biblioteca que recebe turistas como seu principal público.

Compreende-se a visita guiada, assim como Beni (2004) e Rejowiski (2002), como atividade de absorção, interpretação e sensibilização das informações por meio de um “mediador” (sujeito ou instrumento digital) que oferece sentido ao passeio levando o turista a ver, experimentar e compartilhar em um processo interativo. Assim, a existência da visita guiada reforça a presença de novas funções nas bibliotecas. Nesse sentido, profissionais que estejam preparados para de fato mediar essa interação entre o patrimônio e o turista são de fundamental importância.

Levando em consideração os conceitos de educação patrimonial, neles consta que, quando se trabalha com bens imateriais, até mesmo nesse caso é recomendado que, no fim da atividade, se entregue um objeto material no intuito de fazer com que a pessoa sinta que aproveitou melhor a experiência (HORTA; GRUNBERG; MONTEIRO, 1999). Então foi questionado se a biblioteca possuía algum tipo de “lembrança material” que o visitante pudesse levar para a casa, de forma gratuita. As bibliotecas de Belo Horizonte, Recife, Salvador e Brasília oferecem aos visitantes um marca-página da biblioteca, e levando em consideração um dos princípios básicos da interpretação patrimonial exposto por Tilden (1977 apud IEF, 2002), que diz que a interpretação deve se relacionar com o que está sendo exibido, a utilização do marca-página da biblioteca tem uma relação muito mais direta com o que foi exibido durante a passagem do indivíduo por esse espaço público – já que é muito provável que esse marca-página seja utilizado como uma ferramenta que é a motivação principal das bibliotecas, o livro. Esse objeto faz, assim, com que a sensação vivida na biblioteca seja lembrada frequentemente por seus visitantes.

É necessário destacar, nesse contexto, a biblioteca de Salvador, que oferece o marca-página comemorativo da festa profano-literária “Lavagem da Biblioteca”, que acontece anualmente no dia 5 de novembro dentro desse espaço. Essa biblioteca agregou um valor cultural em sua lembrança material, pois, independentemente da época em que a pessoa visite a biblioteca, ao levar esse marca-página, ela terá acesso a uma atividade cultural promovida pela biblioteca, mas que contempla, além dessa atividade, a religiosidade da cidade de Salvador. Se o indivíduo tiver acesso à festa profano-literária “Lavagem da Biblioteca” e ainda puder levar um marca-página de divulgação da festa, essa pessoa terá absorvido melhor aquele evento cultural.

Levando em consideração que estamos tratando de capitais brasileiras com um grande fluxo turístico, buscou-se saber, nesta pesquisa, como é avaliada a relação entre turistas e a biblioteca, isso do ponto de vista desse representante da biblioteca que respondeu ao questionário. Os representantes das bibliotecas de Belo Horizonte, de Porto Alegre, de Brasília, de São Paulo e do Rio de Janeiro consideram a relação positiva e os representantes das bibliotecas de Recife e de Salvador consideram indiferente esse assunto.

A biblioteca de Porto Alegre, que recebe a maioria dos turistas na forma de grupos agendados, tem as suas visitas atreladas ao programa municipal “Viva o Centro a Pé”[3]. Diante da resposta, fica claro o contentamento com o poder público municipal por incluir a biblioteca nesse roteiro. Com relação à biblioteca de Brasília, onde a conexão entre turista e biblioteca é vista como positiva, há de se notar que há certo descontentamento na resposta, pois o respondente afirma que ela deve ser mais bem explorada. Vale lembrar que essa é a biblioteca que atualmente não pode oferecer atividades diferenciadas a residentes e a visitantes, isso por motivo da falta de manutenção de um equipamento.

Os representantes das bibliotecas de Recife e de Salvador se mostram insatisfeitos com o poder público da área da cultura e da área do turismo, respectivamente. Atrelam a isso ao fato de a biblioteca receber poucos turistas e somente de uma forma espontânea, vale dizer, da iniciativa particular dos visitantes.

Essa mencionada insatisfação deriva, certamente, do fato de os respondentes saberem que o poder público tem grande influência sobre a forma como o turismo acontece. Em se tratando de um estabelecimento que é totalmente público e sua função sempre esteve atrelada ao atendimento de todos, é responsabilidade do mesmo poder público fazer com que haja uma valorização do espaço público em questão. Como exemplo, podemos destacar o fato que Almeida (1997) informa ao citar o caso dos EUA, onde as bibliotecas públicas tiveram início por força de reivindicações das populações, que queriam igualdade de direitos, principalmente quanto ao direito à educação. Fica claro que a relação do poder público com as bibliotecas tem de ser mais ativa, para que haja uma valorização desse patrimônio cultural, pois “[...] esta pode ser uma via que contribua para além do aprendizado, voltado para a decodificação dos símbolos e signos presentes nas referências culturais, mas também para formação em que os sujeitos possam, através do seu saber, utilizá-los como meio de subsistência” (SILVA, 2016, p. 439).

Outra questão abordou o fato de haver ou não bacharéis em turismo na biblioteca e apenas duas delas afirmaram dispor desse profissional no quadro de funcionários. Na biblioteca de Belo Horizonte, esse profissional trabalha no serviço de extensão Caixa-Estante, emprestando acervos a instituições onde as pessoas estão impedidas de se deslocar até a biblioteca, como creches, presídios, asilos, entre outros. Na biblioteca do Rio de Janeiro, por sua vez, esse profissional faz a função de guia especializado, atendimento às visitas e estatísticas de visitação.

É importante destacar que a biblioteca que mais recebe visitantes, que é a de Belo Horizonte, possui bacharel trabalhando nas atividades que são efetuadas fora da instituição. Importante é ressaltar que essa é também uma das bibliotecas que não desenvolvem atividades com os conceitos de educação e interpretação patrimonial.

Mesmo que esse profissional esteja trabalhando em atividades que são fora do ambiente da biblioteca – o que consideramos de extrema importância, pois está havendo uma valorização de um bem imaterial, que é a literatura –, as atividades que são desenvolvidas dentro da biblioteca devem ser trabalhadas com conceitos que valorizem o patrimônio cultural.

Para as demais bibliotecas, que não possuem esse profissional, foi questionado se sentem a necessidade dele. Os representantes das bibliotecas de Recife e Brasília não se posicionaram diante disso, pois não responderam à pergunta. Com relação à biblioteca de Porto Alegre, foi respondido que a falta desse profissional da área do turismo é sentida e que seria um diferencial para o atendimento dos turistas e no acompanhamento das visitas guiadas. Assim, fica claro que o turismólogo é confundido com um guia de turismo e não é compreendido, por parte do responsável pela biblioteca, que esse profissional pode ser planejador e/ou gestor de atividades relacionadas ao turismo nesses espaços públicos.

O responsável pela biblioteca de Salvador cita o fato de o ambiente ser multifuncional e que há várias atividades em que esse tipo de profissional possa atuar. E a representante da biblioteca de São Paulo compreende que é importante ter uma equipe interdisciplinar, mas que, no momento, não há ninguém com esse perfil. Nenhum responsável por essas bibliotecas demonstrou, por meio de suas respostas, a real função desse profissional dentro desse espaço que é a biblioteca.

A última questão era voltada para bibliotecas que não recebem turistas. Foi questionado se o espaço deve receber turistas na opinião do responsável e o motivo de sua resposta. O respondente da biblioteca de Salvador afirmou que o espaço deveria, sim, receber turistas, pois foi a primeira biblioteca totalmente pública do Brasil e da América Latina, já contando com 204 anos de existência. De acordo com o respondente, essa biblioteca se coloca como importante para a história brasileira. A biblioteca atualmente recebe turistas, porém, o fato de a questão ter sido respondida com a associação da informação sobre o valor histórico dessa biblioteca, não apenas para a cidade de Salvador ou para o estado da Bahia, mas para a população brasileira, mostra que deveria ser mais visitada por seus turistas. Vale lembrar que essa é uma das bibliotecas que não estão incluídas em roteiros de turismo da cidade e isso faz com que não seja vista como de valor turístico.

Nesse sentido, nos chamam atenção as considerações de Guzmán, Gálvez e Fernández (2018, p. 74) os quais afirmam que “In general terms, tourists travel either because they are pushed by internal motives or variables, or because they are pulled by external factors related to the destination”. Portanto, é preciso ressaltar que os fatores internos e/ou externos que podem motivar a viagem ou a decisão em realizar determinado passeio de turistas não podem ser negligenciados pela gestão pública, que de muitas formas pode estar tirando do fluxo turístico potenciais espaços de sensibilização do patrimônio local como as bibliotecas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir do momento em que se considera a biblioteca de uma cidade ferramenta para que os turistas possam conhecer o sentimento do lugar, esta pesquisa buscou compreender se esses espaços públicos estão colaborando para o conhecimento e a valorização do patrimônio cultural local por meio de suas funções. Para tanto foram levantadas duas hipóteses. A primeira norteava a ideia de que a relação existente entre turista e biblioteca acontecia de maneira a valorizar o patrimônio local por meio da atratividade de suas novas funções. A segunda hipótese era a de que a relação se tornava superficial, com eventuais turistas frequentando bibliotecas sem adquirir novos conhecimentos sobre o patrimônio cultural local.

Como o objetivo geral de pesquisa foi investigar quais eram as funções desempenhadas nessas bibliotecas e a sua relação com o turismo, ficou evidenciado que todas essas bibliotecas pesquisadas desenvolvem novas funções, ou seja, a função de acesso à leitura não é mais a única dentro desses espaços. Com relação a essas novas funções e a sua atratividade e eficácia para a sensibilização do patrimônio cultural local, confirmou-se a segunda hipótese, pois verificou-se que a maioria das pessoas que frequenta essas bibliotecas não recebe, por meio delas, atendimento atrativo que auxilie no conhecimento e na valorização do patrimônio cultural da cidade.

Observou-se, pelas informações coletadas com os responsáveis dessas bibliotecas, que um dos motivos sobre a ínfima relação entre as bibliotecas e o fluxo turístico local é a pouca atratividade atribuída a esses locais como espaços de interesse para o conhecimento do patrimônio local pelo turista.

Sob o pressuposto de que a atividade turística tem muito a agregar sobre o conhecimento do patrimônio cultural local, notou-se uma insatisfação, por parte de alguns dos respondentes, sobre o olhar que a gestão pública tem apontado para esses espaços, que não recebem atendimento adequado para uma melhor divulgação e estruturação para receber turistas. Essa realidade se evidencia quando o representante da biblioteca de Porto Alegre se posiciona a favor da atividade turística, sabendo-se que essa biblioteca está inserida no roteiro turístico da cidade, mas, em contraponto, os representantes das bibliotecas de Recife e de Salvador se posicionaram de forma indiferente quanto a essa relação, pois não estão inseridas no contexto turístico das respectivas cidades da forma como gostariam.

É importante ressaltar que esses espaços de cultura necessitam que suas atividades estejam atreladas aos conceitos da educação patrimonial e de interpretação patrimonial, para que, assim, haja uma maior compreensão e valorização do patrimônio cultural local. Diante disso, é necessário abrir mais espaço para profissionais da área cultural e do turismo. Afinal, essas áreas aparecem ainda de forma tímida nesses espaços de cultura.

Ficou evidente que a visita guiada (que todas as bibliotecas oferecem) é a que mais se relaciona diretamente com os turistas. As visitas guiadas, independentemente de estar acontecendo com residentes ou com turistas, necessitam ser mais bem valorizadas para desconstruir conceitos preestabelecidos de que bibliotecas são lugares sem atratividade. Na verdade, a visita guiada é procedimento primordial para que a população, local ou visitante, passe a perceber que esses espaços são inestimáveis instituições de educação, de cultura, de informação, de lazer e de entretenimento de cada comunidade humana.

Observou-se que a maioria das bibliotecas recebe turistas que comparecem por iniciativa espontânea dos próprios turistas. Não há, em geral, incentivo público para esse comparecimento. Esse público, por isso mesmo, ainda não é significativo quantitativamente, pois, segundo os respondentes, o incentivo por parte do poder público local é insatisfatório não só em termos de divulgação, mas também quanto a investimentos de melhoria das condições de atendimento aos visitantes e aumento da atratividade desses espaços para os turistas, visto que as atividades regulares da biblioteca se mostram interessantes apenas aos residentes, mas não aos turistas.

Observa-se que a biblioteca necessita estar inserida no contexto geral da cidade para, assim, desenvolver funções que beneficiem todos os envolvidos. É por esse motivo que se defende a ideia da função turística nas bibliotecas que estão inseridas em cidades em que o fluxo turístico é considerado relevante. Cabe aqui também abrir um novo olhar para as atividades desenvolvidas em bibliotecas inseridas em cidades com fluxos turísticos menores. Justifica-se essa afirmação, pois é necessário que qualquer biblioteca esteja inserida como patrimônio cultural da cidade, valorizando, além da literatura, as demais atividades de cultura, podendo, assim, proporcionar atividades de qualidade a seus usuários.

Diante do exposto, observou-se que as bibliotecas são uma ferramenta de conhecimento do patrimônio cultural local que não estão sendo utilizadas com todo o seu potencial. É necessário o desenvolvimento de mais pesquisas que discutam as bibliotecas como ferramentas de valorização dos patrimônios culturais locais relacionadas à atividade turística.

Material suplementar
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Notas
Notas
[1] Biblioteca Central dos Barris é como a biblioteca é conhecida, por conta de estar no Bairro dos Barris.
[2] Em uma tradução livre, “Interpretando nossa herança”.
[3] Trata-se de “visita guiada” feita a pé pelo centro histórico de Porto Alegre/RS (PREFEITURA DE PORTO ALEGRE, [200?]).
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