Artigos Originais
Recepção: 25 Agosto 2016
Aprovação: 10 Maio 2018
DOI: https://doi.org/10.18472/cvt.18n3.2018.1329
Resumo: O Materialismo Histórico Dialético é uma abordagem científica que permite ao pesquisador analisar as contradições, fatos históricos da sociedade e a materialidade dos objetos apropriados pelo homem, visando a transformações significativas em seu meio. O objetivo deste trabalho foi analisar a produção científica do turismo que adota essa abordagem como método norteador. Para isso, levantaram-se todos os artigos publicados entre 2004 e 2014 nas principais revistas científicas de turismo brasileiras que manifestavam algum termo que indicava a utilização do método. Adotou-se a análise de conteúdo para analisar os critérios metodológicos utilizados nos artigos. Como resultado, identificou-se apenas 12 artigos que adotaram efetivamente esse método, o que demonstra uma limitação da área para construção da epistemologia do turismo apropriando-se da abordagem dialética.
Palavras-chave: Materialismo Histórico Dialético, Epistemologia do Turismo, Produção Científica.
Abstract: Historical Materialism Dialectic is a scientific approach that allows the researcher to analyze the contradictions, historical facts and the appropriate objects by man, to significant transformations in their midst. The objective of this paper was to analyze the scientific production of tourism that adopts this approach as guiding method. For that, rose all articles published between 2004 and 2014 in major brasilian scientific journals of tourism that demonstrating a term which indicated the use of the method. That was adopted content analysis to examine the methodological criteria used in articles. As a result, identified only 12 articles that effectively adopted this method, which demonstrates a limitation of the area for construction of the epistemology of tourism taking ownership of the dialectic approach.
Keywords: Historical Materialism Dialectic, Epistemology of tourism, Scientific Production.
Resumen: Materialismo Histórico Dialéctico es un método científico que permite al investigador analizar las contradicciones, hechos históricos y los objetos apropiados por el hombre, importantes transformaciones en su medio. El objetivo de este trabajo fue analizar la producción científica del turismo que adopta este método como método rector. Para ello, se levantaron todos los artículos publicados entre 2004 y 2014 en importantes revistas científicas brasileñas del turismo que demostrando un término que indica el uso del método. El análisis de contenido fue adoptado para examinar los criterios metodológicos utilizados en artículos. Como resultado, identificados sólo 12 artículos que efectivamente adoptaron este método, que muestra una limitación de la zona para la construcción de la epistemología del turismo propiedad del enfoque dialéctico.
Palabras clave: Materialismo histórico dialéctico, Epistemología del turismo, Producción científica.
INTRODUÇÃO
A teoria do conhecimento aplicado ao campo do turismo ainda é pequena no que se refere às outras produções científicas de outras áreas das ciências sociais aplicadas, à qual pertence o turismo como ciência (MOESCH, 2002; NICACIO, et al., 2012).
Palhares e Panosso Netto (2012, p. 19) afirmam que a epistemologia do turismo é um assunto que ganhou importância nos estudos turísticos “somente na década de 1990. Isso se deve ao fato de que, em sua maioria, os investigadores da área estavam mais interessados em questões práticas da atividade, como gestão, planejamento e políticas públicas”.
Percebe-se com isso que os estudos específicos da área encontrados nas revistas científicas ainda são poucos no País. Isso faz com que o turismo não tenha o devido reconhecimento acadêmico.
Para todas as ciências, a epistemologia é importante porque estabelece uma revisão do conhecimento de determinado assunto e oferece critérios para a aceitação desse conhecimento (PALHARES; PANOSSO NETTO, 2012). Dessa forma, é preciso fomentar e orientar os pesquisadores e estudantes da área acerca dos procedimentos, técnicas e abordagens para se fazer ciência.
Uma das teorias do conhecimento que se fundamenta como método de investigação científica no turismo é o marxismo (MOESCH, 1999). Segundo Lefebvre (2013, p. 12), a concepção marxista de mundo “recusa em aceitar uma hierarquia exterior aos indivíduos, ou seja, a metafísica. É ciente de realidades que escapam ao exame da consciência individualista: são realidades naturais, práticas, sociais e históricas”.
Nesse sentido, pode-se entender que o turismo como ciência é visto a partir das suas atividades e relações sociais que envolvem diversos recursos, entre eles os recursos culturais, econômicos e naturais, com experiência vivida de forma espontânea e promotora de resgates histórico-culturais, além de produzir economia.
Lefebvre (2013) menciona, ainda, que o marxismo rejeita a subordinação prévia, imóvel e imutável dos elementos do homem e da sociedade uns aos outros. Assim como se observa no turismo com sua dinamicidade de acordo com as relações sociais vigentes.
Complementando, Lefebvre (2013) reforça que o marxismo não admite a hipótese de uma harmonia espontânea. O autor constata a existência de contradições tanto no homem como na sociedade humana. O interesse individual (privado) pode opor-se ao interesse comum. Do mesmo modo se percebe na produção da atividade turística, pois existem conflitos de interesses coletivos e particulares, públicos ou privados.
Ao estudar o marxismo como concepção de mundo tomada em toda a sua amplitude, ele se denomina materialismo dialético. Entende-se que sintetiza e unifica dois elementos da ciência e filosofia: o materialismo filosófico (realidade humana) e a dialética de Hegel, isto é, a teoria das contradições (LEFEBVRE, 2013, p. 24).
Ao olhar para o campo do turismo é possível enxergá-lo como objeto material de estudo, apesar das sensações abstratas que ele produz nas pessoas. Por essa materialidade, ou seja, parte da realidade humana e social é que se produz conhecimento por meio das contradições de interesses envolvidos na dinamização da atividade turística.
Para Rejowski (2000), o processo de desenvolvimento do turismo como área do conhecimento está estreitamente ligado à pesquisa e ao ensino. Segundo a autora, essa ligação se dá por meio da dialética na qual a pesquisa fomenta o sistema técnico-científico estabelecendo um fluxo contínuo de conhecimento necessário para o setor.
O marxismo aparece de início como a expressão da vida social, prática e real em seu conjunto, em seu movimento histórico, com seus problemas e suas contradições. Portanto, nele está compreendida a possibilidade de ultrapassar sua estrutura atual (LEFEBVRE, 2013).
A vida social atual proporciona uma exploração imensurável do turismo com traços de sua evolução com o passar dos tempos desde as Revoluções Industriais até a consolidação do sistema capitalista, foco principal da origem dos estudos marxistas.
Entende-se desse modo que a atividade turística relacionada à produção da vida social e todos os seus significados necessita de embasamento epistemológico para compreender as contradições advindas da prática do fenômeno turístico. Com isso, acredita-se ser importante levantar estudos que dizem respeito à abordagem marxista.
Por todo significado que a abordagem marxista por meio do método do materialismo histórico dialético traz à luz da ciência do sistema capitalista vigente e, consequentemente, reflexos no turismo como atividade econômica, social e histórica, definiu-se por propor o objetivo deste estudo nessa epistemologia.
Portanto, este estudo pretende contribuir com informações teóricas marxistas para esse “fazer ciência” no campo do turismo. Para isso, identificaram-se todos os artigos das principais revistas científicas brasileiras de turismo considerando as mais bem qualificadas pelo critério qualis que manifestavam, em qualquer parte do texto, os termos Marx, marxismo, marxista, dialética, dialético e materialismo.
O período temporal para esse recorte foi de 2004 até 2014, pois o primeiro artigo levantado datou-se de 2004 e o último, de 2014. As revistas pesquisadas foram o Caderno Virtual de Turismo, Turismo Visão e Ação, Turismo em Análise e Revista Brasileira de Pesquisa em Turismo.
Na perspectiva materialista histórico-dialética espera-se um posicionamento teórico e metodológico convicto por parte do pesquisador que se propõe a exercer uma postura crítica, comprometida com a verdade dos fatos e com a transformação da realidade (SBARDELOTTO; DALAROSA; NASCIMENTO, 2009).
Os artigos selecionados foram estudados a partir da análise de conteúdo na qual buscou-se identificar a aplicação do método do materialismo histórico dialético sob a perspectiva do fenômeno turístico. Com isso, foram avaliadas questões que dizem respeito às técnicas dialéticas de contradições dos fatos e relevâncias históricas construtivistas adotadas por cada autor.
Com a identificação dos artigos que contêm algum dos termos predefinidos a respeito do marxismo, foi possível apresentar um panorama dos estudos epistemológicos na área do turismo baseados na abordagem marxista e sua contribuição metodológica para o campo científico. Assim, cada artigo foi interpretado na sua forma de traduzir o materialismo histórico dialético nos diversos objetos de estudo da atividade turística.
MÉTODO DO MATERIALISMO HISTÓRICO DIALÉTICO
Com a finalidade de delimitar a análise de conteúdo para esse estudo, foram consideradas as interpretações da abordagem marxista, as contribuições iniciais de Hegel, o próprio Marx, além de Engels (2001) e Lefebvre (BOTTOMORE, s/d).
Entende-se que a obra essencial que apresentou a concepção do método do materialismo histórico dialético é a de Hegel, pois foi quem originou o conceito e projetou plena luz sobre a importância, a função, a multiplicidade das contradições no homem, na história e até mesmo na natureza.
Pode-se dizer que a abordagem marxista originou-se essencialmente do trabalho. Se não fosse o trabalho não existiria a relação sujeito-objeto defendida por essa visão científica. Com o trabalho, Hegel apresentou a superação dialética. Para ele, a superação dialética é simultaneamente a negação de uma determinada realidade, a conservação de algo de essencial que existe nessa realidade negada e a elevação dela a um nível superior (KONDER, 1995).
Entende-se, portanto, que a atividade turística se expressa no trabalho realizado pelos homens modificando a natureza e as relações sociais em torno do capital produzido pelo trabalho.
De acordo com Lefebvre (2013, p. 26), no método dialético “toda discussão e todo esforço para fazer avançar os conhecimentos procedem por meio da confrontação de teses opostas (pró x contra; sim x não; afirmação x crítica)”. Esse método mostra que a realidade é constante e dinâmica e é necessário confrontar observações contrárias para se alcançar um novo conhecimento.
No entanto, Sbardelotto, Dalarosa e Nascimento (2009, p. 73) mencionam que a “contradição não significa um elemento contra o outro, mas sim a ação de elementos diferentes para produzir uma nova realidade, uma forma diferente”.
Konder (1995, p. 7) complementa ao dizer que a dialética é o modo de pensarmos as contradições da realidade, o modo de compreendermos a realidade como essencialmente contraditória e em permanente transformação.
Nesse sentido, observa-se que o turismo se transforma a cada temporada, a cada momento que surgem novas necessidades criadas pelo sistema capitalista. E essa contradição existe na atividade turística, pois cada vez mais se fala em sustentabilidade da atividade, mas o que vemos é o aumento dos impactos causados pela crescente demanda.
É preciso admitir, segundo Lefebvre (2013, p. 28), que as contradições têm um fundamento “nas próprias coisas e que estas são o ponto de partida, devem apresentar um fundamento objetivo e real. Se existem as contradições é porque as realidades apresentam não somente aspectos múltiplos, mas facetas mutáveis e contraditórias”.
Sbardelotto, Dalarosa e Nascimento (2009, p. 65) corroboram ao mencionar que “a teoria marxiana está baseada na lógica dialética, pois entende a realidade em constante movimento e transformação, enquanto uma totalidade e a partir de suas contradições”. Assim como Konder (1995, p. 36) que diz que “para a dialética marxista, o conhecimento é totalizante e a atividade humana, em geral, é um processo de totalização, que nunca alcança uma etapa definitiva e acabada”.
Desse modo, a aproximação da dialética com a concepção marxista se torna evidente, pois Marx apresenta em seus estudos as contradições da luta de classes que se tornam um movimento constante de interesses conflituosos ao longo da história e que cada mudança se torna o início de outra, mais complexa e desenvolvida.
Konder (1995) apresenta o significado de totalidade citado por Marx quando diz que qualquer objeto que o homem possa perceber ou criar é parte de um todo. Em cada ação empreendida, o ser humano se defronta, inevitavelmente, com problemas interligados. Por isso, para encaminhar uma solução para os problemas, o ser humano precisa ter certa visão de conjunto deles: é a partir da visão do conjunto que a gente pode avaliar a dimensão de cada elemento do quadro. De certa forma, tudo está interconectado, influencia e sofre influências dos objetos, situações e contextos. A visão do homem é limitada à sua realidade e, assim, incompleta e insuficiente de afirmações gerais. Se não enxergarmos o todo, podemos atribuir um valor exagerado a uma verdade limitada, prejudicando a nossa compreensão de uma verdade mais geral.
No entanto, a visão de conjunto também é provisória e nunca pode pretender esgotar a realidade a que ele se refere. A realidade é sempre mais rica do que o conhecimento que a gente tem dela. Há sempre algo que escapa às nossas sínteses, o que torna incessante a busca por pesquisas e novos conhecimentos na sociedade. Isso, porém, não nos dispensa do esforço de elaborar sínteses, se quisermos entender melhor a nossa realidade. A síntese é a visão de conjunto que permite ao homem descobrir a estrutura significativa da realidade com que se defronta, em uma situação dada. E é essa estrutura significativa, que a visão de conjunto proporciona, que é chamada de totalidade. Portanto, a totalidade é mais do que a soma das partes que a constituem (KONDER, 1995).
Nos estudos em geral, e mais especificamente no turismo, estamos sempre trabalhando com totalidades de maior ou menor abrangência (KONDER, 1995). Para trabalhar dialeticamente com o conceito de totalidade:
[...] é muito importante sabermos qual é o nível de totalização exigido pelo conjunto de problemas com que estamos nos defrontando; e é muito importante, também, nunca esquecermos que a totalidade é apenas um momento de um processo de totalização (que, conforme já advertimos, nunca alcança uma etapa definitiva e acabada). Afinal, a dialética – maneira de pensar elaborada em função da necessidade de reconhecermos a constante emergência do novo na realidade humana – negar-se-ia a si mesma, caso cristalizasse ou coagulasse suas sínteses, recusando-se a revê-las, mesmo em face de situações modificadas (KONDER, 1995, p. 39).
A modificação do todo só se realiza, de fato, após um acúmulo de mudanças nas partes que o compõem. Processam-se alterações setoriais, quantitativas, até que se alcança um ponto crítico que assinala a transformação qualitativa da totalidade (KONDER, 1995).
Percebe-se que o processo de mudança é extenso e difícil de identificar em realidades temporais curtas de um determinado objeto observado, podendo variar de acordo com sua complexidade. Konder (1995) complementa afirmando que é a lei dialética da transformação da quantidade em qualidade. Para ele, a modificação do todo é mais complicada que a modificação de cada um dos elementos que o integram.
Konder (1995) vai mais além quando diz que cada totalidade tem sua maneira diferente de mudar; as condições da mudança estariam dependendo do caráter da totalidade e do processo específico do qual ela é um momento.
Nesse mesmo sentido, Lefebvre (2013, p. 37), diz que o método dialético:
[...] opera considerando o objeto de uma maneira concreta e com uma existência concreta, observando o seu significado. A partir desse ponto, observam-se os determinantes históricos de relacionamento do objeto em sua totalidade. No curso do desenvolvimento histórico avalia-se o que foi incorporado e envolvido no objeto. Analisa, então, o que foi modificado e transformado. A análise permite reencontrar o movimento real em seu conjunto, portanto o expõe e compreende a totalidade concreta vigente na atualidade, isto é, a estrutura atual. O conhecimento dessa totalidade, através de seus movimentos históricos e de seu devir, é um resultado do pensamento.
Nesse momento já é explícita a contextualização histórica que define significados aos objetos. Sendo esse significado fruto de interpretações do homem em seu meio social e suas inter-relações.
Para reconhecer as totalidades em que a realidade está efetivamente articulada, o pensamento dialético é obrigado a um paciente trabalho: é obrigado a identificar, com esforço, gradualmente, as contradições concretas e as mediações específicas que constituem o "tecido" de cada totalidade, que dão “vida” a cada totalidade (KONDER, 1995).
De fato, para Lefebvre (2013), é obrigado a buscar a verdade, tatear e avançar passo a passo, confrontando as experiências, as hipóteses, os conhecimentos já adquiridos, com todas as contradições que eles apresentam.
Sbardelotto, Dalarosa e Nascimento (2009) afirmam que diferentemente do conhecimento apenas empírico, o método materialista histórico-dialético busca o conhecimento da essência e não se limita às representações fenomênicas. A essência é histórica e concreta, portanto, só pode ser apreendida a partir da totalidade. Enquanto o concreto (síntese de múltiplas determinações, considerando que determinação são os resultados que constituem uma realidade no processo pela qual ela é produzida) é real e fundamenta-se na totalidade histórica, o empírico abrange apenas o prático, o fenômeno em si, que pode cair em uma realidade ilusória e irreal na medida em que não é sustentado por uma totalidade histórica.
Konder (1995) apresenta as leis gerais da dialética reduzindo-as, no essencial, a três: 1) lei da passagem da quantidade à qualidade (e vice-versa); 2) lei da interpenetração dos contrários; 3) lei da negação da negação.
A primeira lei, segundo Konder (1995), se refere ao fato de que, ao mudarem, as coisas não mudam sempre no mesmo ritmo; o processo de transformação por meio do qual elas existem passa por períodos lentos (nos quais se sucedem pequenas alterações quantitativas) e por períodos de aceleração (que precipitam alterações qualitativas, isto é, "saltos", modificações radicais).
A segunda lei é aquela que diz que tudo tem a ver com tudo. Os diversos aspectos da realidade se entrelaçam e, em diferentes níveis, dependem uns dos outros, de modo que as coisas não podem ser compreendidas isoladamente, uma por uma, sem levarmos em conta a conexão que cada uma delas mantêm com coisas diferentes. Conforme o contexto que ela esteja situada prevalece um lado ou outro da sua realidade (que é intrinsecamente contraditória). Os dois lados se opõem e, no entanto, constituem uma unidade (KONDER, 1995).
A terceira lei dá conta do fato de que o movimento geral da realidade faz sentido, quer dizer, não é absurdo, não se esgota em contradições irracionais, ininteligíveis, nem se perde na eterna repetição do conflito entre teses e antíteses, entre afirmações e negações. A afirmação engendra necessariamente a sua negação, porém, a negação não prevalece como tal: tanto a afirmação como a negação são superadas e o que acaba por prevalecer é uma síntese, é a negação da negação (KONDER, 1995).
Desse modo, segundo Lefebvre (2013, p. 31):
O método marxista afirma que a análise suficientemente aprofundada de toda a realidade atinge elementos contraditórios. A realidade a ser atingida por meio da análise e reconstruída através da exposição (sintética) é sempre uma realidade em movimento. Para chegar a esse resultado, eles têm de ser primeiro separados e isolados. Entretanto, desde que a análise tenha sido bem conduzida, ela apenas separa os elementos para descobrir quais são as conexões existentes entre eles, as relações internas que compõem o todo. Deve ter como objetivo atingir sua forma de autotransformação.
As três leis apresentadas são passos metodológicos para compreender a formação do conhecimento a partir do método dialético adotado por Marx, ou seja, das contradições de ideias baseadas nas limitações do saber do homem sobre a realidade.
Da mesma forma Lefebvre (2013) afirma que as teses opostas vêm, em geral, das divergências entre os indivíduos que pensam e derivam de seus erros e da insuficiência de suas reflexões. Atribui, portanto, as contradições do pensamento exclusivamente às deficiências desse pensamento, ao fato de que todo pensamento humano permanece incompleto. No entanto, essa teoria não é suficiente. Algumas vezes as teses que se enfrentam são diferentes, divergentes, opostas ou contraditórias. Deve levar em consideração a discussão sobre a mesma coisa e que haja objetos de determinada classe.
Marx apoiou-se nessa lógica dialética enxergando um contexto materialista, ao contrário de Hegel, que apresentou suas ideias no campo do idealismo. Essa seria a principal diferença entre os dois métodos e o que foi possível concretizar a dialética como um método científico capaz de transformar a realidade, as formas de produção e trabalho, além das organizações sociais e políticas, em vez apenas de filosofar sobre a natureza dos fatos. Esse contexto materialista diz que tudo é matéria ou pelo menos depende dela e o homem deve dominar a natureza, pois é dependente dela para se transformar (PRADO JÚNIOR, 2001).
Para Gorender (1996, p. 7), “ao contrário de Feuerbach, que via na dialética hegeliana apenas fonte de especulação mistificadora, Marx intuiu que essa dialética devia ser o princípio dinâmico do materialismo, o que viria a resultar na concepção revolucionária do materialismo como filosofia da prática”.
Os estudos acerca da atividade turística revelam esse viés materialista dos objetos, pois toda contribuição científica na área tem pretensões de modificar as formas de realizar a atividade, seja em uma forma mais responsável, seja em uma forma mais lucrativa. O pesquisador em turismo deve se atentar às contradições existentes nos diferentes momentos históricos.
A compreensão da importância dos fenômenos econômicos, por exemplo, a importância do turismo para a economia de uma região, e a afirmação de que tais fenômenos devem ser realçados por meio de um estudo científico, com pesquisas aplicadas no sistema turístico, racional e metodicamente orientado, embasado em fatos objetivos e determináveis, como oferta e demanda, tudo isso é chamado de materialismo histórico (o alicerce de uma sociologia científica) por Lefebvre (2013).
Silva (1997, p. 73) apresenta as “categorias marxistas (modo de produção, classes sociais, força de trabalho e consciência de classe) ao referencial conceitual weberiano (ação social, conexão de sentido, racionalização, etc.)”. Essas categorias são determinadas de acordo com os estudos de Marx a respeito da dialética sobre o sistema capitalista.
O autor complementa seu raciocínio ao afirmar que se tentou uma abordagem analítica dos fenômenos sociais, tendo como parâmetro um referencial histórico-estrutural, ao lado de uma referência sobre a subjetividade (consciência social). De outro modo, entretanto, por dentro da perspectiva histórico-estrutural, moveu-se uma dialética marxista-hegeliana, baseada nas categorias de totalidade, contradição, negação da negação, como também nas de classes sociais, consciência e modo de produção (SILVA, 1997).
A materialidade do método materialista histórico-dialético, segundo Sbardelotto, Dalarosa e Nascimento (2009) citando Marx e Engels, consiste em ter como pressuposto que o modo de produção da vida material condiciona o processo da vida social, política e espiritual em geral. Não é a consciência que determina a vida, mas a vida que determina a consciência.
A pesquisa seguindo os princípios do método marxista, para atingir a concreticidade, precisa partir do concreto real, ou seja, os pressupostos do objeto e, por meio da análise, chegar às abstrações idealizadas, momento em que o pesquisador possui uma visão caótica do todo. Como esses dados concretos não podem ser explicados por si só, é preciso passar para as abstrações mais complexas, momento em que se estabelecem as mediações necessárias para se compreender a essência do fenômeno. Chegando nesse estágio, torna-se necessário fazer o caminho inverso e formular os conceitos a partir das abstrações reais e determinações mais simples. Após esse percurso, as determinações mais simples, ou seja, o objeto de estudo do pesquisador, não é mais entendido por si mesmo ou isoladamente, mas como uma rica totalidade de determinações e relações diversas (SBARDELOTTO; DALAROSA; NASCIMENTO, 2009).
Com esse procedimento, as pesquisas em turismo devem considerar, a priori, a dinâmica dos fatos históricos com seus consensos e contrassensos infinitos e permanentes nas relações sociais.
Fato que se consolida, principalmente, a partir das grandes revoluções industriais, das disputas acirradas entre o tempo de trabalho e não trabalho, do direito ao lazer, o desenvolvimento dos transportes e com o advento do sistema capitalista que, com o percurso histórico percorrido até o momento, podem-se observar diversas mudanças, com um cenário completamente transformado em processos temporais cada vez menores e que a mola propulsora desse devir estão em um constante movimento e conflito de interesses.
Sbardelotto, Dalarosa e Nascimento (2009, p. 71) dizem que após compreender a dialética do fenômeno
[...] o homem pode interferir e mudar partes do processo, ou seja, não precisa seguir o curso natural de movimento da natureza, mas pode alterá-la de acordo com as suas capacidades e necessidades históricas. Esse é o princípio da pesquisa e do método científico materialista histórico-dialético: a condição para intervir é conhecer o processo, como era, como é e como tende a ser. Na perspectiva dialética o movimento não é evolutivo – como para a ciência positivista –, mas conforme há mudança, há também mudança na forma da totalidade.
Assim, o marxismo parte do princípio de que as pesquisas científicas só têm sentido amplo a partir do momento em que os resultados encontrados pelos estudos possam ser utilizados a favor do homem, ou seja, que possam modificar o curso da história segundo os interesses da humanidade.
Dando continuidade aos procedimentos da abordagem marxista, Sbardelotto, Dalarosa e Nascimento (2009) afirmam que para o método materialista histórico-dialético o conhecimento histórico é explicado a partir da síncrese (de um todo caótico), para a análise (abstração), chegando à uma síntese (o todo concreto), ou seja, em um primeiro momento, o pesquisador debruça-se no objeto e entende o que ele explica por ele mesmo. Parte-se do empírico, de como o objeto se apresenta, em uma fase em que a totalidade se mostra caótica e confusa. Entretanto, como essa explicação não é o suficiente, deve-se buscar as determinações mais simples, as abstrações e conceitos que são obtidos por meio da análise (SBARDELOTTO; DALAROSA; NASCIMENTO, 2009).
Para tornar o processo de pesquisa do materialismo histórico dialético mais claro, Benite (2009) apresentou algumas etapas orientadoras, não fixas, não de desenvolvimento único, mas sim como uma contribuição acerca da epistemologia. O autor deixa claro que essas orientações podem e devem ser revisitadas durante todo o desenvolvimento da investigação, pois constituem um processo de adaptação a cada situação de investigação (recursos, limitações, contexto sociopolítico, etc.), isto é, um movimento dinâmico.
Inicialmente, Benite (2009) discorre sobre o tema de investigação, ou seja, a pergunta motivadora do pesquisador. Para ela, essa pergunta emerge do modo de apropriação da realidade do pesquisador e opera a partir de uma realidade de relações já interpretadas em sua historicidade. Não é possível compreender imediatamente a estrutura do objeto a ser investigado, mediante a contemplação ou mera reflexão, mas sim mediante certa atividade. Essa compreensão se dá por meio do levantamento bibliográfico. No turismo, o recorte bibliográfico deve ir muito além do que encontra publicado especificamente na área, por se tratar de um conhecimento multidisciplinar.
Por conseguinte, Benite (2009) diz que se deve analisar a atividade mediante a qual o fenômeno é compreendido (a essência do fenômeno ou sua lei geral). Essa análise, ao mesmo tempo, deve incluir também o problema da criação da atividade que estabelece o acesso ao “objeto em si mesmo”. Essa atividade pode ser descrita como os vários aspectos ou modos de apropriação do mundo pelos homens. É necessário o pesquisador compreender as diversas relações do turismo na sua concepção histórica bem como o objeto é visto na dinâmica social e se materializa pelo homem, nos diversos segmentos e práticas cotidianas.
Em seu estudo, o pesquisador deve analisar os dados coletados por meio de uma explicitação de toda a fala dos sujeitos da pesquisa, admitindo não haver a separação sujeito-objeto de pesquisa e, assim, dessa explicitação são extraídas as interlocuções com as quais o sujeito intervém no mundo podendo surgir as categorias de análise (BENITE, 2009).
Benite (2009) diz, ainda, que é possível realizar duas técnicas de análises de dados, sendo elas a análise do discurso e a análise do conteúdo. A Análise do Discurso representa uma ferramenta para trabalhar com produções textuais (orais ou escritas), e se remete a espaços habitados simultaneamente, estabelecidos por relações contraditórias entre teorias em que não faltam relações de sentidos, mas também de forças, por sua relação com o poder. Aqui se estabelece o fato social necessário para o materialismo histórico dialético.
A Análise do Discurso busca explorar como se produz o discurso no texto que se insere. Há por detrás do discurso uma teoria previamente escolhida, com uma perspectiva crítica que pode ser transformadora. Então, é necessário o pesquisador ter habilidade para extrair informações da entrevista ou questionário proposto para seu grupo amostral (BENITE, 2009).
Por sua vez, a Análise do Conteúdo é uma técnica que analisa os significados por meio de uma descrição objetiva, sistemática e quantitativa do conteúdo e tem por finalidade a interpretação dessa mensagem. Representa um conjunto de técnicas de análise baseadas em operações de desmembramento do texto em unidades, ou seja, em descobrir os diferentes núcleos de sentido que a constituem e, posteriormente, realizar o seu reagrupamento em classes ou categorias. Pretende analisar o contexto ou o significado de conceitos sociológicos e outros nas mensagens, bem como caracterizar a influência social destas (BENITE, 2009).
Na etapa de Análise dos Dados, Benite (2009) diz que o pesquisador atribui significados a respeito do objeto construído por ele para ser conhecido, na medida em que vai interpretando e tecendo as tramas das compreensões acerca dos resultados e, assim também, os seus significados socioculturais. Esses significados são baseados nas realidades apresentadas e fragmentadas para identificar as contradições e, a partir daí, confrontar as ideias para o desenvolvimento de uma nova tese a respeito do objeto.
Dessa forma, Benite (2009, p. 13) afirma que “a realidade é interpretada não mediante a redução a algo diverso de si mesmo, mas explicando-a com base na própria realidade, mediante o desenvolvimento e a ilustração das suas fases, dos momentos de seu movimento”, caracterizando, portanto, o aspecto dinâmico e histórico do materialismo dialético em busca de novas realidades e novos conhecimentos.
Com esses procedimentos apresentados por Benite (2009), Konder (1995), Lefebvre (2013), Sbardelotto, Dalarosa e Nascimento (2009) e Silva (1997) é possível considerar algumas etapas iniciais para orientar a realização de pesquisas marxistas em turismo. É imprescindível que a pesquisa científica em turismo tome forma e comece a explorar cada vez mais as epistemologias existentes no fazer ciência.
ANÁLISE DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA EM TURISMO NORTEADA PELA ABORDAGEM DO MATERIALISMO HISTÓRICO DIALÉTICO
Foram identificados 14 artigos que em algum momento cita qualquer referência à abordagem marxista nas revistas científicas brasileiras de turismo (Tabela 1). Dos estudos identificados no levantamento, um deles não é um artigo propriamente dito, mas uma resenha de um livro que cita o marxismo. Outro artigo, levantado em 2011, apresenta o termo dialética, mas somente faz referência à existência desse método para desenvolver uma pesquisa fenomenológica, portanto, desconsiderado de análise (MEDEIROS; PASSADOR; BECHELENI, 2011).
Conforme se observa na Tabela 2, é possível perceber que é pouca a produção e ela caiu em vez de aumentar o número de publicações, talvez pela complexidade metodológica dessa abordagem.
Pode-se dizer que os traços essenciais do método marxista são a retirada dos fatos e ideias de seu aparente isolamento, a descoberta de que tudo se relaciona, o seguimento do movimento conjunto que se esboça através de seus aspectos diversos e a resolução das contradições a fim de atingir (por um súbito progresso) uma realidade ou um pensamento mais elevados, mais amplos, mais complexos e mais ricos (LEFEBVRE, 2013).
Baseado nessa síntese da abordagem marxista, procurou-se identificar essas proposições metodológicas nos artigos investigados.
O artigo mais antigo identificado (2004) trata de um ensaio sociológico sobre o fenômeno do lazer em Karl Marx e Paul Lafargue. Esse artigo tem a pretensão de contribuir com estudos filosófico-sociais da abordagem marxista apropriando-se da temática lazer. O autor apresenta em seu artigo a relação trabalho, história e modos de produção de forma coerente relacionando a dialética trabalho x lazer. O autor traz a compreensão do desenvolvimento do lazer por meio da história dos meios de produção.
Nesse estudo, Santos Filho (2004) menciona que o modo de produção capitalista continua atual e extremamente útil na busca por determinações que explicam o lazer e o turismo na sociedade contemporânea.
Para ele, pensar o fenômeno do turismo via concepção marxista alimenta outras linhas de pesquisa e torna o objeto de estudo completo em sua dimensão teórica, abrindo novos campos de pesquisa nessa área e tornando o turismo uma preocupação importante no estudo das ciências sociais.
Quando Santos Filho (2004, p. 154) diz que “para entender o lazer e o ócio, temos de compreender, em primeiro lugar, o trabalho em sua dimensão plena de esforço físico e mental aliado à modificação histórica que produz na humanidade”, é evidente o conhecimento do método marxista, a dialética histórico-materialista que transforma e determina as relações de lazer, pois, segundo Lefebvre (2013, p. 34), “de cada realidade é preciso capturar as suas contradições particulares, o seu movimento individual (interno), a sua qualidade e as suas transformações bruscas”.
Outro contexto que se percebe o método utilizado é identificado quando Santos Filho (2004, p. 154) menciona que ao compreendermos que a lógica do pensamento histórico-materialista tem “como categoria explicativa da existência do ser humano como elemento que atua, modifica, retifica, destrói e constrói a realidade e a si mesmo, percebemos, que a noção de não trabalho (tempo livre) surge de forma concomitante à de trabalho”.
Esse artigo apresentado demonstra uma relação da teoria do conhecimento marxista com a área de turismo. No entanto, o que poderia servir de referência para os demais artigos que foram escritos posterior a ele, não foi isso que ocorreu, sendo esse estudo praticamente ignorado pelos demais que surgiram nos anos seguintes.
Dois artigos foram publicados em 2006 que levaram a abordagem marxista em suas linhas de pesquisa. Um deles trata da questão do desenvolvimento sustentável no turismo, o que é extremamente contraditório e dialético por natureza, pois envolvem diversos interesses conflitantes.
No desenvolvimento do artigo, o autor abordou a evolução dos modos de produção, descreveu um breve panorama histórico do turismo, relacionou o sistema capitalista com o turismo e, por fim, discursou sobre a economia ambiental e sustentabilidade (MESQUITA, 2006).
Nesse artigo, o autor teve como objetivo descrever a evolução dos modos de produção e o consequente surgimento do capitalismo, fato importante para a compreensão da consecução do turismo na atualidade. Uma visão correta a respeito da concepção de mundo marxista.
No entanto, as pretensões do autor em criticar o conceito de desenvolvimento sustentável não fizeram com que ele aprofundasse no método do materialismo histórico dialético, restando apenas um resgate histórico e breve apresentação de contradições dialéticas.
O outro artigo publicado em 2006 abordou a temática do planejamento público do turismo e a importância da multidisciplinaridade. A autora não desenvolve a abordagem marxista. Em seu artigo ela apenas cita que é importante a dialética nas pesquisas sociais, mas percebeu-se que o método do estudo se desenvolve mais próximo da teoria geral dos sistemas (FAVERO, 2006).
O ano que mais registrou trabalhos com os termos do marxismo foi 2007. No entanto, um deles se apresenta como uma resenha de livro. O primeiro artigo analisado tematizou a questão do espaço capitalista da natureza e seu (contra)uso turístico. A proposta desse artigo foi realizar um ensaio teórico acerca da dialética da visitação pública em áreas protegidas. Para desenvolver o artigo, o autor pesquisou sobre as Unidades de Conservação e a lógica do espaço-mercadoria e a experiência turística em áreas naturais protegidas.
Percebeu-se que o autor apresentou as contradições do turismo em Unidades de Conservação, delineando uma discussão filosófica sobre os avanços e as possibilidades de sua prática enquanto instrumento mediador de uma possível revisão da relação homem-natureza, a partir de sua inserção no processo de acumulação. Além disso, o autor considerou o turismo como fenômeno social, materializando-se no espaço por meio de um sistema de objetos articulados ao sistema capitalista de produção (BEDIM, 2007).
Para Bedim (2007, p. 76), o turismo é uma forma de intercâmbio “material entre homem e natureza, cuja práxis altera substancialmente a interação homem-natureza, inserindo mudanças qualitativas ao nível das relações de trabalho, tendo em vista que a natureza preservada se configura como um importante atrativo turístico”. O que corrobora os princípios expostos por Marx na construção do materialismo histórico-dialético.
Mais além, Bedim (2007, p. 76) complementa sua análise apoiando-se no marxismo ao afirmar que o turismo é, em si:
Um fenômeno social moderno nascido das contradições da própria maquinaria produtiva da modernidade. O tempo livre a ser gozado pelo turista e personificado nas férias remuneradas, só pôde existir enquanto tal a partir do tempo de trabalho e seus movimentos ao longo da história.
No que diz respeito às transformações sociais ocorridas na dinamicidade histórica, característica da visão marxista, Bedim (2007, p. 77) se aproxima do turismo quando afirma que essa atividade é “produto do processo histórico moderno, se inserindo entre as inúmeras concepções da modernidade e suas tendências econômicas, políticas, culturais e ambientais a transformar o mundo”.
Para esse autor, o turismo representa um acréscimo de novas formas de racionalidade ao processo produtivo – a inauguração de uma modalidade de intercâmbio material entre homem e natureza. O turismo transforma uma considerável parcela do espaço “natural” em mercadoria, submetendo-o ao circuito da troca, portanto, o turismo é concebido, aqui, como fenômeno social materializando-se no espaço por meio de um sistema de objetos articulados. A interação visitante versus Unidade de Conservação ocorrerá até que haja um salto qualitativo, ou “salto dialético”, segundo a lei da transformação da quantidade em qualidade. Mas esse novo estado não dura permanentemente, já que uma nova luta entre opostos terá lugar, e assim por diante, ad infinitum (BEDIM, 2007).
Esse artigo faz uma contribuição significativa da visão marxista na ciência do turismo. Relaciona corretamente as características do método com o objeto estudado, definido por ele como sendo as Unidades de Conservação e as relações de sujeito.
O segundo artigo analisado de 2007 pesquisou a respeito da relação souvenir e a lembrança da cidade. Os autores examinaram alguns aspectos da representação turística da cidade do Rio de Janeiro a partir de seus souvenirs. Procuraram refletir sobre a imagem turística da cidade tal como aparece nas “lembranças da terra”, nos objetos considerados tipicamente de interesse para turistas, nas próprias palavras dos autores.
Nesse artigo os autores tiveram como foco a dialética entre a massificação e a singularização, entre o local e o global. Segundo eles, a “natureza turística” de um lugar é uma construção histórica e cultural. Esse processo envolve a criação de um sistema integrado de significados por meio dos quais a realidade turística é estabelecida, mantida e negociada, e tem como resultado narrativas a respeito da cidade como destinação turística (FREIRE-MEDEIROS; CASTRO, 2007).
Outro artigo publicado em 2007 tratou-se da análise antropológica da construção da memória coletiva. Esse artigo aborda o processo de elaboração da memória coletiva sobre as Missões, na atualidade, em São Nicolau, a partir das narrativas produzidas sobre o seu passado colonial, enquanto imagem mitificada e estereotipada deste, atentando às articulações entre os referentes históricos, arqueológicos e literários em suas utilizações turísticas e políticas, a partir de uma análise antropológica dessas representações (BRUM, 2007).
No que se trata da análise marxista, o autor diz que nas articulações tendentes à elaboração da memória coletiva em São Nicolau, o turismo se apresenta como uma importante fonte para o seu estudo, pois permite perceber um feixe de discursos sobre o passado a ser consumido no presente, através dos pacotes turísticos que se desenvolvem no município.
Percebe-se então que o autor se apoiou no marxismo seguindo as evidências mercadológicas do capitalismo, a partir do resgate do passado a ser comercializado como produto. Além dessa identificação do método, observou, ainda, que o autor apresenta sucintamente a dialética entre preservar ou não o patrimônio histórico.
A resenha de livro que contém um termo a respeito do marxismo identificado nas revistas científicas de turismo é um trabalho da professora Barreto (2007), que tem prestígio e enorme reconhecimento acadêmico no turismo. A professora resenhou o livro de Ricardo Ouriques que tece críticas a respeito da produção do turismo.
O primeiro artigo analisado de 2008 aborda uma discussão crítica acerca do turismo em uma perspectiva materialista histórica. Para o autor, o turismo enquanto prática deve ser entendido a partir da constituição do mundo moderno, além de acompanhar suas transformações. A formação do turismo de massa na Inglaterra, passando por momentos fundamentais como o Estado de Bem-Estar Social, a Guerra Fria e o Neoliberalismo são marcas do mundo contemporâneo. Por fim, o autor acredita que o turismo se desenvolve à medida que o capitalismo se consolida (MAGALHÃES, 2008).
Essa proposta científica de Magalhães está de acordo com o que Sbardelotto, Dalarosa e Nascimento (2009, p. 65) afirmam como pesquisa científica fundamentada no método materialista histórico-dialético que é aquela que pretende explicitar a realidade com vistas à transformação.
Os trechos que definem a pesquisa de Magalhães (2008, p. 96) como marxista se revelam quando o autor afirma que “o modo como o turismo se insere no mundo do trabalho, tendo em vista que conceitos como ócio, lazer e tempo livre estão presentes nas relações de produção e nos conflitos de classe”. E, ainda, quando questiona o “tipo de trabalho que é gerado pelo turismo e qual seu impacto tanto na legislação trabalhista como nas formas tradicionais de produção”.
Magalhães faz diversos questionamentos a respeito das contradições do turismo. Com essas indagações, ele instiga futuras pesquisas com viés marxistas. Para ele, deve-se estudar como as interações sociais afetam a prática do turismo.
No entanto, o autor limitou-se a estudar uma perspectiva materialista histórica, em especial no que se refere à relação turismo e trabalho.
Santos Filho é o autor do segundo artigo analisado em 2008. Ele já havia escrito um primeiro ensaio em 2004, conforme analisado anteriormente. Dessa vez, o tema escolhido para seu artigo foi relacionado à hospitalidade. Esse artigo faz parte de um estudo que o autor afirma desenvolver sobre a literatura de escritores estrangeiros do século XVI ao XIX que vieram para o Brasil para compreender assim a história da hospitalidade na América Latina (SANTOS FILHO, 2008).
O autor faz um recorte histórico-temporal do período que o naturalista George Gardner esteve no País apresentando suas impressões e relatos da hospitalidade brasileira. Para tanto, dentro do materialismo histórico, esse artigo contribui para a historiografia brasileira, referente ao fenômeno do turismo e da hospitalidade, pois o fenômeno histórico para a teoria marxiana “só atinge a concreticidade quando é historicizado, ou seja, analisado como verdade construída pelos homens, de acordo com suas possibilidades e seu momento histórico” (SBARDELOTTO; DALAROSA; NASCIMENTO, 2009, p. 65).
O último artigo analisado de 2008 aborda a relação entre atividade turística, apropriação do território e patrimônio. Os autores pretenderam com o artigo contribuir para o planejamento sustentável do turismo na Bahia. O objetivo principal do estudo foi analisar a relação entre a apropriação do território pela atividade turística e seus impactos na cultura e no ambiente, chamando atenção para a necessidade do planejamento sustentável na Costa do Cacau – Bahia (ARGÔLO; BOMFIM, 2008).
Em relação à abordagem marxista nesse estudo, os autores comentam a questão da materialização capitalista do espaço produzido pelo turismo e possível sustentabilidade da atividade por meio de um desenvolvimento regional e/ou local. Ressaltam, ainda, a importância da identidade e memória do local a ser trabalhado nessa dialética.
O artigo de 2010 pesquisou o turismo e as vicissitudes do desenvolvimento. A proposta é analisar as expectativas dos proprietários de barracas de praia no litoral areia-branquense, do Rio Grande do Norte (COSTA; SOUZA, 2010).
O artigo apresenta uma discussão conceitual sobre turismo e desenvolvimento local, contextualiza o turismo na cidade de Areia Branca/RN e faz uma discussão sobre as expectativas de uma classe específica diante do desenvolvimento do turismo.
Para caracterizar a abordagem marxista, os autores consideraram a pesquisa baseada no materialismo histórico-dialético visando compreender as expectativas dos barraqueiros a partir de sua existência material. Dessa forma, caracteriza uma classe social perante as modificações estruturais de uma realidade.
De acordo com Ferreira (2002), na prática, o mundo ainda materializa uma realidade constituída pela supremacia de uma classe minoritária e de seus interesses, em detrimento de condições dignas de vida para a maioria. Assim, por serem as teses marxistas associadas à crítica dessa condição de existência, elas continuam representando a melhor teoria já elaborada para pensar sobre essa realidade.
Portanto, quando se pretende pesquisar sobre interesses e conflitos de classes sociais, o marxismo apresenta as bases científicas capazes de contextualizar historicamente, assim como revelar particularidades para poder transformar a realidade.
Em 2013 o artigo publicado pesquisa sobre a transversalidade da questão social nas políticas públicas setoriais. Realizou um ensaio sobre as políticas públicas de turismo. O artigo se desenvolve com o debate das políticas públicas sob a óptica da dialética materialista, a questão social pautada no trabalho e as políticas públicas de turismo, considerando os limites e possibilidades para a inclusão pelo trabalho.
O artigo é fundamentado na dialética marxista sobre as categorias Estado, Política Pública e Questão Social. As autoras abordaram a dialética do papel do Estado perante a sociedade.
A pesquisa traz traços do marxismo quando De Paula e Moesch (2013) afirmam que as políticas públicas analisadas são apreendidas como um “momento da totalidade” (BEHRING; BOSCHETTI, 2011, p. 40), e por isso devem ser assimiladas em sua pluricausalidade e funcionalidade, inseridas no espaço concreto da sociedade capitalista burguesa, portanto possuidoras de um lugar histórico e não naturais e óbvias a qualquer sociedade e/ou modo de produção.
Esse ensaio é um artigo que deve ser referenciado nos estudos futuros para aqueles que pretendem investigar as políticas públicas de turismo, pois metodologicamente é uma contribuição coerente da corrente filosófica marxista no campo do turismo.
O método científico para Sbardelotto, Dalarosa e Nascimento (2009), além de ser um pressuposto teórico e metodológico, é um posicionamento político, uma visão de mundo e concepção de realidade.
A reflexão teórica sobre a realidade tem o objetivo de conhecê-la para transformá-la, portanto, o método de pesquisa se caracteriza enquanto práxis, a unidade entre teoria e prática que busca tanto formular novos conhecimentos para a compreensão da história, quanto desencadear a transformação. E é essa contribuição que De Paula e Moesch pretendem dar com seu artigo publicado em 2013.
Por fim, o último artigo publicado (2014) e analisado atentou-se para discutir o papel das fotografias da cidade de Natal concatenadas com a atividade turística, buscando o que há de específico que contribuiu para a construção de paisagens turísticas na cidade de Natal e analisando os elementos ideológicos que motivaram sua materialização nos espaços da cidade.
As autoras citam Lefebvre quando afirmam que ele usa de maneira criativa o materialismo histórico-dialético para análise da categoria espacial. Busca revelar como o espaço é vivido, percebido, praticado, concebido, pensado, significado, produzido e reproduzido (SILVA; ALVES, 2014).
Portanto, pode-se dizer que o artigo contribui para a ciência marxista quando afirma que o que existe é uma representação, uma memória fragmentada das situações, o devir do fluxo e em fluxo, passíveis de interpretações contínuas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As pesquisas científicas de turismo encontradas nas principais revistas científicas da área, que abordam o método marxista do materialismo histórico-dialético, em geral, apresentam traços da concepção de mundo apresentada por Marx e alimentada por diversos pensadores que contribuíram dialeticamente para a formação do conhecimento que temos hoje sobre esse método.
É preciso entender que o pesquisador define sua totalidade a ser investigada reconhecendo suas limitações para, após compreendê-lo, poder aprofundar uma análise entre as partes que compõem o objeto podendo estabelecer as contradições do turismo.
As temáticas apresentadas nos artigos foram diversificadas, o que demonstra e reforça a ideia de que o campo de investigação do turismo é imenso e, também, que o método dialético pode conversar em diversos segmentos do setor.
O que se observou ao levantar, estudar e analisar cada artigo que adotou alguma característica do método marxista foi que aos poucos a academia vai contribuindo para o fazer ciência no turismo.
No entanto, foram poucos artigos identificados. Apenas 14, sendo que um é uma resenha de livro e outro teve que ser descartado por não abordar o marxismo como método de análise.
Portanto, 12 artigos publicados entre 2004 e 2014 adotaram o método do materialismo histórico-dialético. Então, se em dez anos encontramos apenas 12 artigos que adotou esse método podemos afirmar que a pesquisa científica em turismo não está motivada a utilizá-lo.
Desses 12 artigos que adotaram realmente o método, ou pelo menos manifestaram isso, poucos demonstraram pleno domínio da abordagem. As formas utilizadas do método envolveram as descrições do histórico da sociedade, do Estado e da política, relacionando-as com as transformações do turismo e a hospitalidade na sociedade, a teoria da luta de classes, por meio do conflito de interesses, trabalho e lazer e, por fim, o capital evidenciado no turismo.
Nas pesquisas das ciências sociais aplicadas muito se investiga os sujeitos e suas relações com objetos. Especificamente no turismo, deve-se considerar toda intervenção do homem para que, com essas informações, seja possível apresentar variáveis de análise individuais para, consequentemente, realizar a análise da totalidade.
A abordagem marxista como método científico em turismo pode investigar, profundamente, os conflitos de interesses entre comunidades locais x turistas, setor público x setor privado, sustentabilidade x desenvolvimento, preservação x apropriação, entre outras infinitas possibilidades que podem ser enxergadas na produção plena da atividade. O aprofundamento da discussão dialética de ideais contraditórios no turismo só tem a enriquecer a atividade, que, historicamente, é fruto do contexto revolucionário capitalista da humanidade.
Portanto, os pesquisadores em turismo devem se preocupar em responder às demandas por planejamento da atividade turística; capacidade de carga em locais sensíveis à ocupação humana, minimizando seus impactos; melhoria na distribuição de renda advinda da produção do turismo; formas de valorizar culturas locais, promovendo o intercâmbio cultural; promover a inclusão participativa no processo de desenvolvimento local, entre outros diversos assuntos.
Quanto mais se produz adotando diversos princípios epistemológicos, mais se concretiza a ciência sobre determinado assunto. No turismo, a realidade das pesquisas científicas não é tão favorável para ser digna de reconhecimento acadêmico. Pelo menos não por enquanto.
O papel dos novos pesquisadores em turismo e dos cursos de pós-graduação da área deve ser o de contribuir para que esse quadro se reverta e que tenhamos cada vez mais publicações com diversas abordagens e perspectivas.
Este estudo pretende contribuir demonstrando essa realidade na área do turismo e, também, mostrar como pesquisadores de outras áreas orientam o método marxista de fazer pesquisa.
Acredita-se que essa orientação sirva para estimular novos pesquisadores a adotarem esse método, pois a dialética tende a ser transformadora da realidade, e é isso que a sociedade e a atividade turística esperam da academia.
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