DOSSIÊ: EXPERIÊNCIAS E REFLEXÕES SOBRE O PROJETO DE INVENTÁRIO DA OFERTA TURÍSTICA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (OIT-RJ) 2014-2019
DOSSIÊ: EXPERIÊNCIAS E REFLEXÕES SOBRE O PROJETO DE INVENTÁRIO DA OFERTA TURÍSTICA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO (OIT-RJ) 2014-2019
Caderno Virtual de Turismo, vol. 20, núm. 1, 2020
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Dossiê: Experiências e reflexões sobre o projeto de inventário da oferta turística do estado do Rio de Janeiro (IOT-RJ) 2014-2019
O dossiê ora apresentado compõem-se de artigos e relatos de experiências construídos a partir da experiência de implantação do Projeto do Inventariação da Oferta Turística nos Destinos Turísticos do Estado do Rio de Janeiro (IOT-RJ)[1], executado pelo Núcleo de Projetos de Turismo, Hotelaria e Serviços (NUPTHS) da Faculdade de Turismo e Hotelaria (FTH) da Universidade Federal Fluminense com a participação de docentes e discentes da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (CEFET Campi Nova Friburgo e Petrópolis), do Consórcio Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro (CEDERJ Polos de Resende e de Angra dos Reis) e da Escola Técnica Estadual (Etec) Helber Vignoli Muniz, em Saquarema. O projeto inseriu-se no âmbito do PRODETUR Rio de Janeiro, ação coordenada pela Secretaria de Estado de Turismo (SETUR-RJ) e resultou no levantamento dos dados da oferta turística de vinte e três municípios do estado, previamente selecionados pela SETUR-RJ.
Os resultados do processo estimularam alguns docentes e pesquisadores envolvidos a construírem alguns relatos sobre a experiência e reflexões sobre a importância do inventário para o planejamento e ordenamento do desenvolvimento turístico na atualidade.
O primeiro artigo (Moraes, Fogaça & Lidizia, 2020) apresenta o relato detalhado de todo o processo de execução do IOT-RJ, apontando para alguns aspectos positivos e algumas fragilidades, tanto do ponto de vista da metodologia como das ferramentas tecnológicas adotadas. Segundo os autores, que responderam pela coordenação técnica de todo o projeto “Apesar dos avanços tecnológico e dos resultados positivos obtidos, a experiência apontou para limitações, especialmente quanto a logística, ao uso da tecnologia, a disposição dos dados finais, a divulgação e a compreensão por parte dos usuários dos inventários, de seu valor no processo decisório de planejamento do turismo e necessidade de atualização constante.”
O segundo artigo (Trentin & Fonseca Filho, 2020), apresenta os resultados de pesquisas executadas com diversos participantes da equipe técnica do IOT-RJ com o objetivo de “compreender o processo de coordenação na execução do IOT-RJ, a fim de identificar falhas e aprendizagens no contexto do projeto” levando em consideração “os conceitos de ‘coordenação’ e ‘comunicação’ no âmbito teórico da gestão pública”. Segundo os autores, os resultados encontrados pelas pesquisas apontaram para algumas limitações vinculadas “às fragilidades da coordenação vertical e horizontal e da comunicação organizacional”.
O artigo de Edra & Dantas (2020), objetivou “identificar a distância turística existente no estado do Rio de Janeiro entre os subpolos do IOT RJ e fomentar a reflexão sobre a interface entre mobilidade e turismo”. Como resultados mais importantes, os autores indicam que ainda “percebe-se um hiato entre a mobilidade desses meios de transporte que podem prejudicar o desenvolvimento do estado do Rio de Janeiro.”
O quarto artigo (Fogaça, Mendonça, Costa & Catrambi, 2020), traz o relato de experiência da implantação do Observatório de Turismo e Lazer da Região Turística Baixada Verde da UFRRJ que, dentre outras ações, vem realizando os inventários da oferta turísticas dos municípios da região da Baixada Fluminense, ou Baixada Verde. Apesar daqueles municípios não terem sido contemplados pelo projeto do IOT-RJ, as autoras do artigo participaram do projeto e observaram uma série de reflexões sobre a importância do inventário da oferta turística para o processo de desenvolvimento do turismo fluminense, mesmo em uma região ainda não turistificada.
O último artigo (Fratucci & Moraes, 2020) apresenta uma reflexão teórica sobre os processos de inventariação da oferta turística e suas implicações nos processos de turistificação de determinados trechos do espaço. Para os autores, a inventariação é fundamental para a “obtenção de conhecimentos que possibilitem auxiliar o desenvolvimento de etapas e de intervenções no território por meio do planejamento turístico”. Apesar desse entendimento, os autores constatam que há uma distância entre o que se propõe nas políticas públicas de turismo mais recentes e o que efetivamente, vem sendo implementado pelos municípios brasileiros.
Tendo em mente a importância dos processos de inventariação da oferta turística para o desenvolvimento dos municípios fluminenses, entendemos que as experiências e reflexões ora apresentadas cumprem uma dupla missão: a) relatar e documentar as experiências do projeto do IOT-RJ, coordenado pela Faculdade de Turismo e Hotelaria da UFF, destacando aspectos observados no seu percurso, típicos da gestão de projetos públicos e, b) reforçar as lacunas entre os discursos propostos pelas políticas públicas de turismo mais recentes e as ações efetivamente executadas pelos municípios que almejam se inserir no competitivo mercado de destinos turísticos da atualidade. Por fim, vale ainda destacar que o IOT-RJ produziu uma base de dados inédita sobre a oferta turística de vinte e três municípios turísticos do estado do Rio de Janeiro, utilizando a metodologia indicada pelo Ministério do Turismo.
Niterói, abril de 2020.
Notas
Ligação alternative
http://www.ivt.coppe.ufrj.br/caderno/index.php/caderno/article/view/1810/668 (html)