Editorial
EDITORIAL
EDITORIAL
Caderno Virtual de Turismo, vol. 20, núm. 3, 2020
Universidade Federal do Rio de Janeiro
EDITORIAL
No final de 2019, o CVT anunciou em seu editorial "O CVT no Limiar de uma Nova Fase" (v13n3) a intenção de iniciar uma nova fase, na qual se propunha a abrir uma outra frente, e que, além de prosseguir recebendo e publicando textos em torno do eixo Turismo, já consolidado na Revista, passaria também a receber contribuições relacionadas à temática do Patrimônio
Olhando para o que foi 2020, ficamos satisfeitos por perceber que apesar vivermos um ano atípico, conseguimos caminhar na direção que nos propusemos perseguir.
Vários pesquisadores atenderam ao chamado desta nova fase da Revista e, desde o primeiro número de 2020, passamos a contar com artigos que apontam para esta fase Tempespaço do CVT.
Apresentamos nesse último número de 2020 (v20n3) uma entrevista internacional com a pesquisadora Adriana Careaga, integrante do Conselho do ICOMOS Internacional, membro do Comitê Nacional do ICOMOS Uruguai, ex-presidente da Associação Turística de Montevidéu e idealizadora e diretora do Espaço Cultural “Al pie de la muralla” em Montevidéu. Ela conversa com a nossa editora Flávia Mattos sobre temas relacionados a Turismo e Patrimônio, considerando sua multifacetada trajetória de atuação no tema.
Como segunda leitura trazemos um texto do filósofo Vilém Flusser, intitulado “Por uma Fenomenologia do Turismo” e traduzido pelo professor Roberto Bartholo, editor-chefe do CVT. Nele Flusser reflete sobre o turismo contemporâneo, aproximando-o do filosofar da Antiguidade. Além disso, traça retratos atuais do turista, levando em conta diferenças entre turistas europeus e sul-americanos e apontando o turista como antecipador do futuro do homem.
Ainda na primeira parte da Revista, destacamos o artigo “A Reificação do Infinito”, do arquiteto Pedro Marques de Abreu, professor da Faculdade de Arquitectura, Universidade de Lisboa. Trata-se de um texto instigante sobre como a perspectiva e a linha do horizonte nas obras de arte afetaram a percepção e a forma como o homem se relaciona com o mundo e consigo mesmo. Apoiado em ampla bibliografia, com destaque para filósofos e historiadores da arte, o autor tece reflexões profundas e originais sobre a noção do infinito.
Na segunda parte desta edição, publicamos seis artigos originais. Em “Turismo de base comunitária na Área de Proteção Ambiental Guapi-Mirim: uma proposta de guia de campo para a Interpretação Ambiental”, Letícia Schumacher e Camila Rodrigues abordam a interação entre TBC e a questão ambiental na primeira unidade de conservação federal criada para a proteção de manguezais no Brasil, a Área de Proteção Ambiental (APA) de Guapimirim localizada na Baia de Guanabara.
“Turismo de Base Comunitária, Culinária e Cultura Alimentar: um estudo de caso no litoral do Paraná” de Beatriz Leite Ferreira Cabral Cabral e Dirson Teixeira Junior demonstra como a culinária e a cultura alimentar de comunidades tradicionais influenciam o Turismo de Base Comunitária (TBC), a partir de um caso no litoral paranaense.
Mudando o cenário para os subúrbios cariocas, “A festa das turmas de fantasia como patrimônio territorial”, de autoria de Jorge Luiz Barbosa e Monique Bezerra da Silva, propõe uma reflexão crítica sobre os limites e as possibilidades de tratamento de festas populares como patrimônios da cultura, exemplificadas nas turmas de fantasia das periferias e subúrbios cariocas.
“Representações do Brasil nas brochuras turísticas luso-inglesas: próximas do paraíso e distantes da civilizaçãoR”, assinado por Lélian Silveira e Danielly Leal aborda a existência (e persistência) de determinados tópicos presentes no olhar estrangeiro europeu sobre o Brasil desde o período colonial.
“A questão do turismo em Cotijuba, Belém - PA: mudanças, permanências e (co)existências no cotidiano ilhéu” de Nabila Suelly Souza Pereira e Maria Goretti da Costa Tavares, trata de mudanças, permanências e coexistências que a questão turística enfrenta em processos de metropolização, refletidas a partir do caso da ilha de Cotijuba, em Belém do Pará.
Encerrando este volume, um artigo que reflete sobre a essencialidade da arte, em tempos de pandemia. “Você tem fome de quê? A experiência artística como elemento essencial da cidade”, de Vítor Silva Freire reflete sobre a relevância da experiência artística na criação de vínculos sociais e apropriação do espaço urbano, usando como mote as lives musicais que se multiplicaram durante o período de isolamento social provocado pela pandemia de Covid-19 em 2020.
E desta forma prosseguimos, apostando nas trilhas e caminhos que decidimos percorrer, acreditando que mais alguns passos nessa direção estão sendo dados na presente edição.
Boa leitura!