Editorial
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Caderno Virtual de Turismo, vol. 21, núm. 2, 2021
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Editorial v12 n2 - agosto 2021
Prezadas e prezados leitores,
Em continuidade às comemorações dos 20 anos do CVT - Tempespaço, nesta edição estão publicados trabalhos que consolidam o novo marco da revista: a fundamental articulação entre turismo e patrimônio desde uma perspectiva interdisciplinar.
Primeiramente, é apresentada a entrevista realizada por Aline Brufatto, pesquisadora do Laboratório de Tecnologia, Diálogo e Sítios (LTDS), com a empreendedora responsável pelo Tejo Bar, Miracelia Fragoso. O lugar intimista, localizado em Alfama, bairro de Lisboa, é considerado um atrativo turístico peculiar, que numa mistura de improvisações, se torna um espaço de referência cultural na cidade.
Na seção de artigos originais, o tema do patrimônio surge desde uma perspectiva do turismo cultural e natural. O primeiro artigo apresentado, intitulado “Percepção dos turistas frente ao patrimônio histórico-cultural: análise dos principais marcos religiosos de Tiradentes – MG a partir da Social Media Mining” de Karine de Almeida Paula e Teresa Cristina de Almeida Faria, analisa a partir da plataforma Trip Advisor, a percepção dos turistas em relação aos bens religiosos da cidade de Tiradentes. As autoras, por meio do conceito de social media mining e visualização de dados por nuvem de palavras, indicam padrões de percepção dos turistas em torno do patrimônio.
No texto “Identificação da paisagem industrial ferroviária em Rio Claro como recurso cultural ao Turismo - SP” os autores Ana Paula Marques Gonçalves e Eduardo Romero de Oliveira, utilizam do conceito de paisagem cultural para (re)identificar e (re)interpretar o patrimônio ferroviário de Rio Claro na perspectiva de proteção e uso para o turismo.
João Paulo Bloch de Farias, Juliana Maria Vaz Pimentel e Letícia Cassiano Santos, em “Turismo étnico-afro: uma possível alternativa para empreendedorismo e empoderamento negro no Brasil”, caracterizam o turismo étnico-afro como uma vertente do turismo cultural capaz de, além do resgate de memória, empoderar o empreendedor da cultura negra e afrodescendente.
Já o “Turismo e (res)significações da imagem de Nordeste brasileiro: uma análise a partir dos livros didáticos de Geografia e da Revista Veja de Ilana Kiyotani e Maria Aparecida Pontes da Fonseca, analisa a partir das imagens contidas nas publicações, como se deram as mudanças de narrativas sobre o nordeste brasileiro, da pobreza e precariedade ao paraíso tropical.
Para fechar a seção, contamos com o texto que descreve o potencial do turismo cultural, do distrito de Santo Amaro, na cidade de São Paulo. O texto “Turismo urbano de subcentro: roteiro arquitetônico e paisagístico de Santo Amaro, São Paulo” de Luciana Oliveira e Maria Augusta Pisani, mostra que a criação da roteirização turística é um meio de resguardar a memória e a cultura dos patrimônios edificados.
Completando o presente volume do CVT, publicamos o Dossiê Temático “Patrimônio e presente: o ‘discurso autorizado’ e os diversos sentidos do patrimônio cultural”, organizado por Claudia Feierabend Baeta Leal e Edney Sanchez. A partir de diferentes experiências e contextos no Brasil, o conjunto dos textos aponta para a importância de entender o patrimônio cultural como uma prática essencialmente do tempo presente. O dossiê se encerra com um texto inédito da pesquisadora australiana Laurajane Smith, no qual apresenta seu conceito de “discurso autorizado de patrimônio” e suas implicações sociais, culturais e políticas para a preservação do patrimônio.
Esta edição do CVT - Tempespaço reforça que o tema turismo-patrimônio é um campo profícuo de ideias, conceitos, metodologias e críticas, a ser investigado e descoberto.
Boa leitura!