Artigos Originais

As motivações para a hospitalidade

The motivations for hospitality

Las motivaciones de la hospitalidade

Gilberto de Araujo Guimarães
Universidade Anhembi Morumbi (UAM), Brasil
Laura Marques Castelhano
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Brasil

As motivações para a hospitalidade

Caderno Virtual de Turismo, vol. 23, núm. 1, 2023

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Recepción: 12 Diciembre 2022

Aprobación: 25 Marzo 2023

Resumo: O artigo busca fazer um estudo teórico sobre as razões e motivações da hospitalidade. Foram consideradas tanto as motivações extrínsecas, impostas pela cultura ou por políticas organizacionais; como as intrínsecas, fruto de características próprias do indivíduo. Hospitalidade é formação de vínculo: para avaliar a necessidade de ser hospitaleiro, é preciso compreender as motivações e as causas da formação de vínculos. A análise foi realizada pela confrontação das conceituações de hospitalidade com as motivações humanas. A hospitalidade pode estar centrada no instinto de autopreservação. Além disso, ela pode ser motivada pelo instinto gregário e sentimentos de empatia. Como está presente em todas as religiões, ela pode ser motivada por imposição ética e religiosa. Ela é também uma forma de socialização. A hospitalidade pode ser motivada por códigos e leis, mas pode ir além e ser vista como um dever moral incondicional e entendida como uma característica fundamental inerente ao humano. A análise permitiu estabelecer quais delas estavam na causa da ação humana no processo hospitaleiro. O estudo mostrou que a hospitalidade é resultante de várias forças motivacionais.

Palavras-chave: Motivação, empatia, hospitalidade.

Abstract: The article seeks to develop a theoretical study on the reasons and motivations behind hospitality. Both extrinsic motivations imposed by one’s culture or by organizational policies, as well as intrinsic ones resulting from one’s own characteristics were considered. Hospitality is emotional bonding: in order to assess the need to be hospitable, it is required to understand the motivations and causes for bondings. This analysis was carried out by confronting concepts of hospitality with human motivations. Hospitality may be centered on the instinct of self-preservation. In addition, it may be motivated by gregarious instinct and feelings of empathy. As it is present in all religions, it may be motivated by ethical and religious imposition. It is, as well, a form of socialization. Hospitality may be motivated by codes and laws, but it can go further and be perceived as an unconditional moral duty and understood as a fundamental and inherent characteristic of being human. The analysis has allowed establishing which of them were the cause of human action in the hospitable process. The study showed that hospitality is the result of several motivational forces.

Keywords: Motivation, Empathy, Hospitality.

Resumen: El artículo busca hacer un estudio teórico sobre las razones y motivaciones de la hospitalidad. Se consideraron tanto las motivaciones extrínsecas, impuestas por la cultura o las políticas organizacionales, como las intrínsecas, derivadas de las características propias del individuo. La hospitalidad es unión. Para evaluar la necesidad de ser hospitalario, es necesario comprender las motivaciones y causas de la formación de vínculos. El análisis se realizó confrontando los conceptos de hospitalidad con las motivaciones humanas. La hospitalidad se puede centrar en el instinto de conservación. Además, puede estar motivada por el instinto de rebaño y los sentimientos de empatía. Como está presente en todas las religiones, puede estar motivado por una imposición ética y religiosa. También sería una forma de socialización. La hospitalidad puede estar motivada por códigos y leyes, pero puede ir más allá y ser vista como un deber moral incondicional y entendida como una característica fundamental inherente al ser humano. El análisis permitió establecer cuáles de ellos fueron causantes de la acción humana en el proceso hospitalario. El estudio mostró que la hospitalidad es el resultado de varias fuerzas motivacionales.

Palabras clave: Motivación, Empatía, Hospitalidad.

1. Introdução

O artigo procura apresentar os resultados do estudo teórico sobre as razões e motivações para hospitalidade e de como essas motivações estão relacionadas com a capacidade de alguém ser hospitaleiro, ou seja, ter a capacidade de receber, acolher, alimentar e entreter o hóspede, cliente ou convidado. A pergunta a ser respondida é: quais são as razões e motivações para a hospitalidade? Seriam elas diferentes para cada indivíduo?

Foram consideradas tanto as motivações extrínsecas, aquelas impostas pela cultura, pela sociedade ou por políticas organizacionais, como as motivações internas, intrínsecas, fruto de características próprias de cada indivíduo, da empatia e do comportamento.

Para a construção teórica, optou-se por focar em autores que dentro da psicologia e da filosofia trataram do tema da motivação humana, buscando fazer um contraponto com os autores que tratam a hospitalidade sob os pontos de vista social e humano. O conceito de hospitalidade tem sido mais estudado sob o ponto de vista da ação hospitaleira (Godbout, 1999; Lashley et al., 2007; Montandon, 2011). No entanto, o que ainda precisaria de maior aprofundamento é a busca das razões motivadoras do comportamento hospitaleiro, contemplada por esse artigo.

O estudo se justifica devido à hospitalidade enquanto tema amplo e complexo que exige uma abordagem interdisciplinar. Para se falar de encontro e acolhimento, pode ser importante buscar apoio nas relações humanas. A compreensão das motivações permite entender a profundidade da ação hospitaleira e as consequências sociais da hospitalidade.

A hospitalidade está associada com a execução de atos e serviços que requerem um intenso relacionamento entre os participantes. O fator humano é, portanto, um dos ingredientes importantes para que haja a percepção de uma experiência positiva no encontro hospitaleiro.

Hospitalidade é formação de vínculo. Para avaliar a necessidade de ser hospitaleiro, é preciso compreender as motivações e as causas da formação de vínculos. Para Zimerman (2009) a noção de vínculo está relacionada com apego e relacionamento. Para Bowlby “a teoria do apego considera a propensão para estabelecer laços emocionais íntimos com indivíduos como sendo um componente básico da natureza humana” (1989, p. 118). Para Bion (1966), os vínculos são elos emocionais e relacionais que unem duas ou mais pessoas. Ele considerou que existem emoções básicas que inevitavelmente estão presentes em toda relação. Ele destacou três emoções básicas que relacionam continente e conteúdo, com características de três vínculos fundamentais: o do Amor (L - love); o do ódio (H - hate); e o do conhecimento (K - knowledge). Zimerman (2009), posteriormente, acrescentou um quarto vínculo, o do reconhecimento (R). Para Bion (1966) estas emoções são intrínsecas ao vínculo, já que uma experiência emocional não pode ser concebida isoladamente de uma relação.

2. Fundamentação Teórica

2.1 As motivações humanas

Von Mises (2010) definia como Praxeologia a ciência ou a teoria geral da ação humana, o estudo dos fatores que levam as pessoas a atingir seus propósitos. Para ele, a ação é uma manifestação da vontade humana. Para Von Mises (2010), o ser humano realiza uma ação em busca de sua felicidade. O objetivo final da ação humana é, sempre, a satisfação do desejo. Não há outra medida de maior ou menor satisfação, a não ser o julgamento individual de valor, diferente de uma pessoa para outra e para a mesma pessoa em diferentes momentos.

As pessoas não agem e reagem da mesma forma e nem pelas mesmas razões. Essa diversidade pode ser uma importante fonte para a compreensão do fenômeno da motivação. Os indivíduos são diferentes uns dos outros desde o nascimento, pela bagagem inata, e também porque ao longo da vida acumulam experiências únicas e pessoais. Os indivíduos têm expectativas diferentes e apresentam seus próprios organizadores ou preferências de comportamentos motivacionais (Bergamini, 1990).

Motivação é um estado de espírito que leva um indivíduo a seguir um determinado curso de ação ou comportamento. A motivação está ligada à intensidade e à persistência, porque se refere ao esforço do indivíduo para completar algum empreendimento e a sua recusa em desistir da ação (Spector, 2006).

Alguns sugerem que a força que conduz o comportamento motivado está fora do indivíduo, ou seja, é fruto de fatores extrínsecos que são alheios à sua vontade. Outros acreditam que as ações humanas são espontâneas e têm suas origens em impulsos interiores, ou seja, o ser humano traz em si o potencial e a fonte de origem do seu comportamento motivacional (Bergamini, 1990).

De fato, as pessoas podem agir movidas por agentes externos (extrínsecos) ou por suas forças interiores (intrínsecas), mas esses dois tipos de comportamento são qualitativamente distintos. Quando os determinantes do comportamento se encontram no meio ambiente, o que se tem é uma reação comportamental ao estímulo. Por outro lado, em termos comportamentais a ação pode ser identificada como motivação quando é originada por um fator interno. No primeiro caso, a atividade comportamental cessa com o desaparecimento da variável exterior, enquanto no segundo a pessoa continua a agir até que sua necessidade interior seja satisfeita (Herzberg et al., 2011).

Behavioristas acreditam que existe uma ligação entre o estímulo, considerado uma modificação ambiental, e a resposta comportamental, que é concebida como uma espécie de acomodação do organismo vivo às modificações operadas no meio ambiente (Milhollan & Forisha, 1972). Skinner (1983), com a Teoria do Reforço (reforço positivo e reforço negativo), retoma e reforça o conceito de recompensa proposto por Thorndike (1911). Segundo Skinner (1983), a personalidade do ser humano pode ser modelada por estímulos externos.

Herzberg et al. (2011) fazem a distinção entre fatores de motivação, intrínsecos, e fatores extrínsecos, que chamam de higiênicos. O conceito de motivação intrínseca é relevante porque as ferramentas de identificação dos estilos comportamentais se baseiam na autopercepção das preferências ou orientações motivacionais que revelam impulsos frequentemente manifestados em atitudes individuais intencionais ou influenciados pelas situações experimentadas em um contexto social (Deci & Flaste, 1998).

Para Bergamini (1990), na medida em que se aceite o caráter individual e intrínseco da motivação, fica evidente que cada pessoa é portadora de um estilo de comportamento motivacional preferencial. Apesar do seu caráter claramente intrínseco, a motivação pode servir-se de fatores do meio ambiente para satisfazer uma necessidade interna. Por exemplo, a sede é uma carência interna que se serve do fator externo, a água, para ser satisfeita. A necessidade não satisfeita é a sede e nela reside a motivação, não no fator de satisfação que é a água. Todo o processo se origina nas carências internas que predispõem o indivíduo a um comportamento de busca, que tem como finalidade satisfazê-las. (Bergamini, 1990).

Em princípio, como afirmam De Vries et al. (1985), as necessidades são próprias ao ser humano e podem ser consideradas, para todos, como forças impulsoras. No entanto, a maneira como as diferentes pessoas se organizam para atendê-las é única e pessoal. Para ele é possível considerar que a motivação do ser humano seja uma função tipicamente interna a cada pessoa, uma força propulsora que tem suas fontes frequentemente escondidas no interior de cada um e cuja satisfação ou insatisfação fazem parte integrante de sentimentos que são tão somente experimentados dentro de cada pessoa (Lévy-Leboyer, 2011).

Do ponto de vista psicanalítico, existe uma dimensão emocional intrínseca que justifica as necessidades. As pulsões instintivas passaram a ser estudadas como elementos dotados de energia própria e, portanto, capazes de ser fontes de condutas específicas. A psicanálise procura compreender o ser humano a partir da pesquisa das experiências de vida vividas, buscando descobrir como os sintomas e os comportamentos exibidos pelas pessoas que, no momento atual, poderiam estar ligados a acontecimentos vividos pelas mesmas em épocas anteriores, em particular na infância. Pela psicanálise há um caráter inconsciente na motivação, fruto dos conteúdos recalcados no inconsciente que, estando dotados de forças próprias (catexias), procuram liberação ao levarem o ser humano a agir de uma determinada maneira, numa determinada direção, sob o comando do princípio do prazer. Fica claro que, para a psicanálise, o objetivo motivacional é perseguido a cada momento de forma diferente e a direção dessa busca será prioritariamente determinada por um fator interno, individual e na maioria das vezes permanente.

Em resumo, alguns sugerem que a força que conduz o comportamento motivado está fora do indivíduo e é fruto de fatores extrínsecos, tais como pressões sociais, empresariais, familiares, regras, leis, etc.; outros acreditam que as ações humanas têm suas origens em impulsos interiores, intrínsecos, tais como características inatas, adquiridas, pulsões, impulsos, desejos, etc.; mas todos concordam que o ser humano sempre age em busca da satisfação de seus desejos ou necessidades (Bergamini, 1990).

2.2 As expectativas, escolhas e satisfação no encontro hospitaleiro

Expectativa é o estabelecimento do que se quer, do desejado. É esperar que aconteça aquilo que se quer a partir de uma decisão, da escolha de uma determinada alternativa ou uma linha de ação. O ponto de partida para a formulação da expectativa é a escolha de uma alternativa. O risco e a incerteza são partes indissolúveis da escolha de qualquer alternativa, de qualquer decisão (Buchanan & O’Connell, 2006).

Satisfação é o efeito de contentamento, é o estado de prazer advindo da realização de uma expectativa, do que se espera, do que se deseja. O bem-estar, ou felicidade, é o estado ou a situação em que a satisfação predomina. Os termos “bem-estar” e “felicidade” são aqui tratados como sinônimos. Aristóteles (2009) afirmava no século IV A.C que os seres humanos têm a inclinação natural pela felicidade e pelo bem-estar. Para ele a felicidade, mais do que qualquer outro bem, era considerada o bem supremo, pois é escolhida por si mesma e nunca por causa de algo mais. Por sua vez, a honra, o prazer e a razão, embora também escolhidos por si mesmos, o são por causa da felicidade, porque a posse deles trará felicidade. Ao contrário, ninguém escolhe a felicidade por qualquer outra coisa que não seja ela própria (Aristóteles, 2009).

Tratando do bem-estar e da felicidade, Santos (2017) analisa os conceitos filosóficos de Bentham e Mill (1979). Para os autores, o hedonismo psicológico é a tese segundo a qual os seres humanos são motivados pelo prazer e por evitar a dor, enquanto o hedonismo ético é a tese segundo a qual toda a moralidade deve se basear na promoção de prazer e redução da dor. Em resumo, o que move as ações humanas é a ideia simples de busca da felicidade (Bentham & Mill, 1979, p. 4). Segundo Santos (2017), além da teoria do hedonismo de Bentham e Mill, existem outras teorias desenvolvidas sobre o bem-estar; são as chamadas teorias das preferências ou dos desejos, que dizem que ter bem-estar é ter as preferências satisfeitas.

No entanto, quando essa busca pela felicidade não é bem-sucedida, quando não há satisfação, surgem problemas e sintomas. A sequência emocional, formulada por Freud (1996) em 1912, assume importante papel na análise desses problemas e sintomas. Esta sequência se dá em uma cadeia de sentimentos e emoções, que segue a seguinte ordem: desejo; frustração; ódio; destruição; medo; culpa e necessidade de punição ou reparação.

O desejo, primeira fase da sequência emocional, refere-se especialmente ao desejo inconsciente, ligado a símbolos infantis. Já a frustração diz respeito ao estado daquele que, por ausência de um objeto ou por um obstáculo externo ou interno, é privado da satisfação de um desejo (Laplanche & Pontalis, 1988, pp. 203-204). Na descarga de energia psíquica gerada pela frustração, o desprazer é o fator precipitante do ódio. O sentimento de ódio faz com que o indivíduo tenha a intenção de destruir (impulso destrutivo) todos os objetos que, para ele, impediram sua satisfação, quer da afetiva, quer a da necessidade de sobrevivência (Laplanche & Pontalis, 1988). Após a fase da destruição surge o medo, fruto da expectativa da retaliação (lei do Talião), ou seja, o medo de ser castigado de forma semelhante ao delito praticado. O medo gera raiva de si próprio, e essa raiva introjetada cria um sentimento de culpa que vai gerar a autopunição, necessidade de reparação. O indivíduo pune-se, de modo inconsciente, por meio do sofrimento (Zimerman, 2009).

Segundo Klein (1991) a sequência emocional teve sua origem na relação mãe-bebê. Essa sequência — ódio; medo; culpa — é reprimida no inconsciente por não poder ser adequadamente elaborada devido à precariedade do ego infantil. Tudo que é reprimido no inconsciente retorna à consciência como medo ou ansiedade quando a pessoa, já adulta, depara-se com situações que percebe como equivalentes de desamparo (Klein, 1991). A sequência emocional é o processo vivido, em maior ou menor grau, na relação de hospitalidade pelo anfitrião e hóspede quando não conseguem a satisfação de suas expectativas no encontro hospitaleiro.

2.3 A empatia e a hospitalidade

De outro lado, em Lashley e Morrison (2004), hospitalidade é relacionamento e intersubjetividade. Intersubjetividade é a maneira de se conectar entre pessoas, tornando-as sensíveis ao mundo emocional um do outro. Intersubjetividade é, segundo Buber (2001), a capacidade do homem de se relacionar com o seu semelhante. Segundo Trevarthen (2009), a intersubjetividade seria a capacidade psicológica de ter e partilhar objetivos, interesses, emoções. Stern (1985) afirmou que a intersubjetividade pode ser definida como a partilha da experiência vivida entre duas pessoas que decorre de um sistema fundamental de motivação inata e essencial para a sobrevivência da espécie. Para Buber (2001) “existir é coexistir.” O ser humano se relaciona com seu mundo e com outros seres humanos e só pode ser compreendido em suas relações.

Além desses significados, a noção de intersubjetividade costuma ser definida em termos da tradição psicológica como sendo a situação na qual, por suas mútuas relações, dois ou mais sujeitos formam uma sociedade ou comunidade ou um campo comum e podem se identificar como “nós” (Coelho & Figueiredo, 2004).

A relação entre empatia e intersubjetividade é estreita (Agosta, 2014). Empatia, processo essencial da intersubjetividade, é uma forma de co-conhecimento adquirido por analogia. Husserl (2001) e Freud (1996), de maneira semelhante, fizeram da empatia a base da intersubjetividade pela capacidade de compreender e se identificar com as sensações, emoções e necessidades de outra pessoa.

Existe uma forte relação entre a empatia, a intersubjetividade e o encontro e isto está na raiz da percepção de hospitalidade, compreensão e acolhimento.

O fenômeno da empatia é característica universal e necessária do indivíduo. É o modo de percepção de “outro sujeito”. Existem inúmeras conceituações sobre empatia. Em uma concepção mais clássica, empatia é vista como fator essencial das relações e pressupõe a capacidade de compreender e se identificar com as sensações e emoções de outra pessoa (Duan & Hill, 1996). Hoffman (1994) definiu empatia como uma resposta afetiva mais apropriada à situação de outra pessoa do que à sua própria situação. Para ele a empatia seria uma resposta vicária à imagem mental que alguém tem do sofrimento do outro. Nesse sentido a empatia estaria mais relacionada ao desenvolvimento de uma consciência da existência do outro, o que se encontra ligado ao processo de diferenciação do self. O entendimento empático de perceber e sentir a dor ou o prazer do outro pressupõe o conseguir colocar-se no lugar do outro.

A empatia, em teorias filogenéticas, seria considerada a partir de pressupostos evolucionistas. Darwin e Spencer, os principais estruturadores dessa linha, tentaram encontrar na empatia um progresso evolutivo humano dentro da filogênese. Darwin (1872/2000) entendia a empatia como originária no indivíduo e que teria sido estendida à vida social como resultante do desenvolvimento da compreensão do próximo. Para ele a empatia era consequência do desenvolvimento social e o fenômeno da simpatia seria um fenômeno secundário e acessório do instinto natural gregário, típico das espécies que vivem em rebanho. Além disso, ele acreditava que os sentimentos de simpatia se desenvolvem a partir da existência de solidariedade entre os membros de um grupo ou sociedade (Darwin, 2000).

3. Discussão

3.1 Análise das motivações e da empatia no encontro hospitaleiro

A análise foi realizada pela confrontação entre as várias conceituações de hospitalidade, por diferentes escolas e autores, com as motivações e características humanas definidas anteriormente.

Motivação para hospitalidade: O instinto de autopreservação e sobrevivência

O conceito da hospitalidade, de acordo com Walker (2002), “. . . é tão antigo quanto a própria civilização . . .” (p. 4) e, provavelmente, deve ter surgido como consequência da luta pela sobrevivência dos primeiros grupos humanos. Para todos os seres vivos, o objetivo mais importante, o “fim último” de cada pessoa, o fator motivador maior é a própria sobrevivência (Sagan, 1998). Trotter (1953) definia como sendo quatro os instintos básicos do ser humano: o instinto de autopreservação, o instinto de nutrição, o instinto sexual e o instinto gregário. Todos os instintos e objetivos se submetem a essa causa de autopreservação e existem para permitir a sobrevivência. O instinto gregário é aquele que faz com que os seres humanos busquem viver em grupos como uma forma darwiniana de se tornarem mais resistentes na seleção natural. Os animais e os seres humanos formam grupos porque coletivamente têm mais chances de sobrevivência (Barnard, 2004). Escolhem um líder, macho alfa ou fêmea dominante, porque percebem nele ou nela a capacidade de defender o grupo e o território e de conduzi-los para a sobrevivência.

Nesta linha de raciocínio a motivação para a hospitalidade está centrada no instinto intrínseco e universal básico de autopreservação.

Motivação para hospitalidade: Instinto gregário

A visão da hospitalidade como consequência da necessidade de luta pela sobrevivência dos primeiros grupos humanos é coerente com as teorias filogenéticas da empatia. Darwin (2000) entendia a empatia como originária no indivíduo e que teria sido estendida à vida social como resultante do desenvolvimento da compreensão do próximo. Ele acreditava que os sentimentos de simpatia mútua surgiram do desenvolvimento da solidariedade entre os membros de um grupo ou sociedade.

Segundo Rousseau (2007), quando os homens começaram a se reunir em grupos, a vida em sociedade foi pautada pelo processo de representação, ou seja, pelo olhar do outro. Surgiram os sentimentos de consideração pública, de estima, distinção e avaliação social; quem caçava melhor assumia lugar de destaque. No grupo, alguém deve ser capaz de parecer ser não apenas a pessoa que é, mas a pessoa que precisa ser nas regras e rituais do grupo. Dessa forma, é possível se destacar e corresponder às expectativas do público, cujo julgamento é decisivo para ser acolhido e valorizado (Rousseau, 2007).

Nos estudos das relações humanas a hospitalidade pode ser entendida como um valor, como um estágio avançado do comportamento humano em grupo. Essas relações podem ser entendidas pela conceituação da dádiva de Mauss (2012). A dádiva, na sua tríplice obrigação de dar, receber e retribuir constitui o fundamento sócio antropológico sobre o qual foram edificadas as sociedades. A dádiva representa a condição da vida (Mauss, 2012).

Motivação para hospitalidade: compreensão empática

Benveniste (1995) fundamenta a hospitalidade por meio da relação estreita entre os termos phílos e xénos, onde phílos (amor e lealdade entre amigos) expressa o comportamento obrigatório de um membro da comunidade em relação ao xénos (hóspede). Segundo Benveniste (1995), o conceito da hospitalidade sempre traz o fundamento de uma relação de compensação, como se fosse estabelecida uma obrigação de reciprocidade por algum préstimo. Essa relação de hospitalidade não era totalmente gratuita ou generosa, pois implicava para o hóspede a obrigação contraída de bem receber, na sequência, o seu anfitrião quando fosse ele, por sua vez, o estrangeiro, hóspede, efetivando então uma retribuição e uma reciprocidade entre os dois. A generosidade (ou civilidade) desta reciprocidade estava em não se definir nem o se, nem o como, e nem o quando, no futuro, ela seria feita. Todos tinham o dever de hospitalidade. Por meio da hospitalidade se formavam acordos de lealdade com outras famílias e tribos (O' Gorman, 2007). Assim, já nas sociedades primitivas os bens eram postos em circulação à maneira de dádivas, que geravam a obrigação social de retribuir, mesmo que não de imediato, o presente recebido. “A moeda primitiva não mede o valor das coisas, e sim das pessoas” (Godbout, 1999, p. 138). Dádiva e contradádiva eram os mecanismos fundamentais das relações entre diferentes. Era por meio da tríade dar-receber-retribuir que se estabelecia um vínculo entre os sujeitos e se criava o mecanismo para a construção dos vínculos sociais (Godbout, 1999, p. 235).

Com essa perspectiva, a hospitalidade pode ser percebida como sendo motivada pela compreensão empática do outro.

Motivação para hospitalidade: imposição ética; perspectivas religiosas

Hospitalidade, como afirma Montandon (2011), é uma teoxenia, isto é, “a visita de um deus à casa dos mortais para testar sua hospitalidade” (p. 42) que está presente em quase todas as religiões, mitologias e culturas. Para Hocart (2019) os gregos, na Grécia antiga, por estarem profundamente convencidos de que Zeus estava presente em cada hóspede, em cada suplicante, celebravam a chegada de um viajante. Seria, para eles, muito imprudente maltratar até mesmo um miserável andarilho, pois assim se poderia ofender uma divindade celestial. Por isso, a regra é dar boas-vindas e acolher indistintamente o estranho, pois talvez ele possa ser um Deus. Em muitas das histórias míticas, por causa de um comportamento honrado, os bons anfitriões humanos são recompensados pelos Deuses com tratamento privilegiado e os “não hospitaleiros” são castigados ou mortos (O’Gorman, 2007).

Em Gênesis 18 Abraão, em Canaã, na entrada de sua tenda avista de longe a chegada de algumas pessoas; corre ao encontro deles e se curva, pois percebe que não são pessoas comuns, mas a presença de Deus. “As três pessoas representam Pai, o Filho e o Espírito Santo . . . Preceito incentivado pela Bíblia, a todo momento, receber as três pessoas (em Um) de Deus em suas vidas” (Marcelino & Bastos, 2022).

A noção e a necessidade da hospitalidade aparecem claramente expressas na religião católica no conceito das “obras de misericórdia”. No Catecismo da Igreja Católica (1993), catecismo de São Pio X[1], há uma exposição do que são as “obras de misericórdia.” As obras de misericórdia são quatorze. Sete delas são chamadas de obras de misericórdia corporais e são claramente associáveis à hospitalidade (dar de comer a quem tem fome; dar de beber a quem tem sede; vestir os nus; dar abrigo aos peregrinos; assistir aos enfermos; visitar os presos; enterrar os mortos).

Nesta perspectiva a hospitalidade pode ser motivada como uma imposição ética moralmente definida por perspectivas religiosas

Motivação para hospitalidade: necessidade de socialização

Para Selwyn (2004), a função da hospitalidade é estabelecer e promover relacionamentos, consolidando e transformando estruturas sociais. Para Montandon (2003, p.132), “hospitalidade é uma maneira de se viver em conjunto, regida por regras, ritos e leis.”. A hospitalidade é concebida não apenas como uma forma essencial de interação social, mas também “como uma forma própria de humanização, ou, no mínimo, uma das formas essenciais de socialização." (Montandon, 2003, p. 132).

Baptista (2002) considera a hospitalidade como um encontro interpessoal marcado pela aceitação e acolhimento em relação ao outro. As práticas de hospitalidade devem marcar todas as situações da vida. Ela apresenta a hospitalidade surgindo como “um dos traços fundamentais da subjetividade humana na medida em que representa a disponibilidade da consciência para acolher a realidade do fora de si.” (Baptista, 2002, p. 157). Para Baptista (2002) hospitalidade é relacionamento e é uma das formas essenciais de socialização. Na relação humana a hospitalidade é vista como um encontro, uma relação interpessoal. Como afirma Camargo (2015, p. 48), “a relação interpessoal é o componente básico da cena hospitaleira.”.

Motivação para hospitalidade: como um dever moral

A hospitalidade como uma das bases das estruturas sociais se configura em códigos, regras e leis que, mesmo quando não formalizadas, são resultantes da própria dinâmica do desenvolvimento social passando da normalidade para a moralidade e desta para a legalidade. Pitt-Rivers (2012) trata dessa construção de códigos, regras e leis que conformam o conceito da hospitalidade e como os grupos humanos lidam com estrangeiros.

Segundo Kant (2008) a hospitalidade está inserida dentro de uma reflexão maior, considerando por um lado o âmbito da liberdade interna e do respeito ao imperativo categórico e por outro o âmbito da legislação da liberdade externa e do respeito à lei jurídica. Para se ter um modo de vida virtuoso, entre outras coisas é necessário tratar bem aos seus convidados. É preciso exercitar os deveres de virtude com os outros como um dever, não por piedade ou compaixão. A observância de tais deveres não resulta na obrigação da parte dos outros, mas de um dever que é devido pelo anfitrião em relação ao princípio supremo da moralidade. (Kant, 2008).

Telfer (2004) também definiu hospitalidade como uma virtude moral. Para ela virtudes morais têm três características. Primeiro, podem ser fruto de qualidades intrínsecas, pessoais, e se aplicam para o próprio bem, em causa própria, e para o bem dos outros. Segundo, podem ser fruto de qualidades da vontade e não da razão, do intelecto ou da situação ou física. Terceiro, podem ser correções de tendências (desvios) humanas, excesso ou deficiência de motivação.

Aristóteles (2009) explica que virtude (aretê) significa excelência no exercício de uma capacidade humana, a realização de uma função natural. Para Aristóteles (2009) a finalidade (télos) da vida é alcançar a felicidade (eudaimonía). Para alcançar a felicidade precisa-se viver racionalmente, e viver racionalmente significa viver segundo a virtude. Nas ações humanas, de acordo com Aristóteles (2009) é necessário evitar tanto o excesso como a deficiência, sendo a virtude o meio termo (mesótês), a justa medida entre essas ações. Nesta linha, a hospitalidade seria o meio termo, a justa medida, entre a não aceitação por inospitalidade ou até mesmo por hostilidade; e a recepção excessiva, intrusiva, quase sequestro do hóspede pelo anfitrião.

Ricoeur (2001) propõe que a hospitalidade é uma forma de promover a justiça, já que ela implica em acolher os outros e reconhecer suas diferenças. Ricoeur (2001) vê na virtude da hospitalidade a expressão emblemática da justa distância, porque o hóspede é alguém que está próximo por ter sido acolhido, mas é ao mesmo tempo distante porque não pertence ao lugar que o acolheu.

Para Kant (2008) a hospitalidade é moral, mas também se resolve juridicamente. Na obra de 1795, À paz perpétua, ele parte do princípio de que a paz não é um estado natural e, portanto, deve ser instaurada ou possibilitada por meio de condições de juridicidade, com o objetivo de evitar o estado de guerra. Para o autor, a hospitalidade deve ser ordenada e estabelecida pela sociedade, desenvolvida como cultura.

Kant (1995) introduz a noção de ação moral, entendendo por tal toda ação determinada exclusivamente pelo dever. Ele enfatiza que somente são ações morais aquelas realizadas por dever, livres de qualquer tipo de inclinação empírica. Com a noção de dever ele busca assegurar que o ser humano pode ser efetivamente um ser moral. Para o autor, a bondade da vontade para os seres humanos deve tomar a forma do agir por dever e o motivo do dever é, portanto, uma parte da vida moral.

Para ter um modo de vida virtuoso, entre outras coisas deve-se tratar bem aos convidados. Tratar bem aos convidados é para Kant (1995) uma máxima que se corresponde ao imperativo categórico.

Segundo Kant (2008) o homem é um ser social, mas também é antissocial. Esta dualidade é característica da natureza humana. Ao mesmo tempo em que, sendo animal gregário, sente uma propensão a se relacionar, tem também uma inclinação a se isolar, se recolher, se proteger. Desse processo de atração e repulsa, próprias da sociabilidade humana, surgem as noções de hospitalidade e também de antagonismo e hostilidade como “causalidade não só da guerra entre os homens, mas também da dinâmica do progresso”.

Esta conceituação pressupõe a hospitalidade como uma motivação extrínseca, resultante dessas regras e leis socialmente estabelecidas.

Motivação para hospitalidade: transcendental, inerente ao humano

Nas sociedades ocidentais contemporâneas há uma verdadeira crise de hospitalidade. A recusa em dar refúgio aos estrangeiros significa que esta sociedade é afetada por uma crise que não é apenas de sua relação com o estrangeiro, mas consigo mesma. Mas que crise é essa? O que a sociedade perde quando perde o senso de hospitalidade? Dir-se-á que existe o medo (Robertson, 2019). A decisão de não receber o estranho seria fruto do medo do outro, do desconhecido. As escolhas e decisões humanas são fortemente influenciadas pelo contexto: o comportamento varia e é sujeito a vieses cognitivos, emoções e influências sociais (Ariely & Loewenstein, 2006). Kahneman e Tversky (1979) identificaram fatores capazes de levar alguém a decisões e escolhas contrárias ao seu próprio interesse, mesmo quando ciente disso. Isso acontece porque o ser humano tem maior aversão à dor, à perda, do que apreço por um ganho equivalente: a busca do prazer (Kahneman & Tversky, 1979).

No entanto, Levinas (1988) diz que o outro não é apenas “um igual ou semelhante,” mas é o absolutamente outro, e que se deve servir ao outro sem perguntar pelo nome. Diz ele que é “o outro que nos constitui” e que por isso se é responsável por ele, mesmo que não se saiba quem é o outro, “se é de boa família ou um bárbaro”. Levinas (1988) vai além do direito. Segundo Derrida (2003) o dever moral é a obrigação única que cada um de nós tem com o outro, levando a uma hospitalidade pura ou incondicional. Para Derrida, estabelecer uma lei da hospitalidade e definir um direito de hospitalidade resulta na perda de sua incondicionalidade. Propõe-se uma hospitalidade incondicional, que manda “abrir as portas a cada um e a cada uma, a todo e a qualquer outro, a todo o recém-chegado, sem perguntas, mesmo sem identificação, de onde quer que ele viesse e fosse ele quem fosse. ” (Derrida, 2003, p. 47).

Mas esta hospitalidade pura não seria uma ideia ou ideal regulador senão algo inegavelmente real, tão real quanto o totalmente outro. E não poderia ser resolvido nos termos da aplicação de uma regra moral ou jurídica, porque reduziria o problema a um cálculo cognitivo. A lei abstrata e incondicional da hospitalidade exigiria que se transgredissem as leis da hospitalidade. Assim para Derrida (2003), estando a lei incondicional da hospitalidade acima das leis, a ideia da “hospitalidade incondicional” seria um ultrapassar das barreiras jurídicas para além do político e para além do jurídico.

A partir dessa perspectiva, a hospitalidade pode ser entendida como uma característica fundamental, onipresente na vida humana. (Lashley et al. 2007).

4. Considerações Finais

O objetivo do artigo foi apresentar os resultados do estudo teórico sobre as razões e motivações para hospitalidade e analisar as possíveis motivações que determinam e influenciam o anfitrião e o hóspede no rito e no processo do encontro hospitaleiro. O confronto entre as diferentes conceituações sobre a hospitalidade e as motivações e características humanas permitiu que se pudesse estabelecer quais delas estavam na causa da ação humana no rito e no processo hospitaleiro. Dessa forma é possível responder à pergunta de quais são as razões e motivações para a hospitalidade. Em princípio, seriam elas:

O instinto de autopreservação e sobrevivência;

O Instinto gregário;

A compreensão empática;

A imposição ética, perspectivas religiosas;

A necessidade de socialização;

Um dever moral;

Um aspecto transcendental, inerente ao humano.

O estudo mostrou que a capacidade de ser hospitaleiro é resultante dessas várias “forças motivacionais” distintas: motivações externas, extrínsecas; e motivações internas, intrínsecas. Algumas delas são universais e outras específicas, variando segundo características próprias de cada indivíduo. Assim sendo, pode-se também responder a pergunta afirmando que as motivações poderiam ser diferentes para cada indivíduo em cada situação.

A definição dessas forças motivacionais de diferentes intensidades, dependendo das circunstâncias e das características das pessoas envolvidas, é importante para a compreensão da ação hospitaleira.

No entanto, algumas limitações deste estudo podem ser destacadas. A primeira refere-se ao fato de ser apenas um estudo teórico. Além disso, a construção do enquadre analítico selecionou alguns autores e conceitos de acordo com a temática da relação entre motivação e hospitalidade.

Embora com seus limites, este estudo pode contribuir para uma melhor compreensão das motivações e entender a profundidade da ação hospitaleira e as consequências sociais da hospitalidade.

Para dar continuidade ao estudo, é importante a realização de pesquisas de campo para explorar mais profundamente como cada um desses aspectos motivacionais pode ser identificado em situações de encontros hospitaleiros.

5. Referências

Agosta, L. (2014). A rumor of empathy: rewriting empathy in the context of philosophy.Palgrave MacMillan. https://doi.org/10.1057/9781137465344

Ariely, D., & Loewenstein, G. (2006). The heat of the moment: The effect of sexual arousal on sexual decision making. Journal of Behavioral Decision Making, 19(2), 87–98. https://doi.org/10.1002/bdm.501

Aristóteles (2009). Ética a Nicômaco. São Paulo: Abril Cultural.

Baptista, I. (2002). Lugares de hospitalidade. In C. M. M. Dias (Org.), Hospitalidade, reflexões e perspectivas (pp. 157-164). Barueri, SP: Manole.

Barnard, A. (Ed.). (2004) Hunter-gatherers in history, archaeology and anthropology: introductory essay. Londres: Routledge. https://doi.org/10.4324/9781003085645

Bentham, J., & Mill, J. S. (1979). Uma introdução aos princípios da moral e da legislação. São Paulo: Abril Cultural.

Benveniste, E. (1995). O vocabulário das instituições indo-européias. Campinas, SP: Unicamp.

Bergamini, C. W. (1990). Motivação: Mitos, crenças e mal-entendidos. Revista de Administração de Empresas, 30(2), 23–34. https://doi.org/10.1590/S0034-75901990000200003

Bion, W. R. (1966). Os elementos da psicanálise: Inclui o aprender com a experiência. Rio de Janeiro: Zahar.

Bowlby, J. (1989). Uma base segura: Aplicações clínicas da teoria do apego. Porto Alegre: Artes Médicas.

Buber, M. (2001). Eu e tu (10a ed.). São Paulo: Centauro.

Buchanan, L., & O’Connell, A. (2006). Uma breve história da tomada de decisão. Harvard Business Review, 1, 20-29.

Camargo, L. O. L. (2015). Os interstícios da hospitalidade. Revista Hospitalidade. 12[especial], 42–69. https://www.revhosp.org/hospitalidade/article/view/574

Catecismo da Igreja Católica (1993) (3a ed.). Petrópolis: Vozes; São Paulo:Paulinas, Loyola, Ave-Maria.

Coelho, N. E., & Figueiredo, L. C. (2004). Figuras da intersubjetividade na constituição subjetiva: dimensões da alteridade. Interações, 9(17), 9-28.

Darwin, C. (2000). A expressão das emoções no homem e nos animais. São Paulo: Companhia das Letras.

De Vries, M. F. R. K., Loudière, G., Miller, D. (1985). L’entreprise névrosée. Paris: McGraw-Hill.

Deci, E. L., & Flaste, R. (1998). Por que fazemos o que fazemos: Entendendo a automotivação. São Paulo: Negócio.

Derrida, J. (2003). Anne Dufourmantelle convida Jacques Derrida a falar da hospitalidade. São Paulo: Escuta.

Duan, C., & Hill, C. E. (1996). The current state of empathy research. Journal of Counseling Psychology, 43(3), 261–274.

Freud, S. (1996). Obras completas. Rio de Janeiro: Imago.

Godbout, J. (1999). O espírito da dádiva. Rio de Janeiro: Editora FGV.

Herzberg, F., Mausner, B., & Snyderman, B. B. (2011). The motivation to work. Piscataway, Nova Jérsei: Transaction Publishers.

Hocart, A. (2019). Les lois sacrées de la hospitalite. Revue du MAUSS 1(53) 81-88.

Hoffman, M. L. (1994). The contribution of empathy to justice and moral judgment. In B. Puka (Ed.), Reaching out: Caring, altruism, and prosocial behavior(Vol. 7, pp. 161–194). Londres: Routledge.

Husserl, E. (2001). Meditações cartesianas: Introdução à fenomenologia. São Paulo: Madras.

Kahneman, D., & Tversky, A. (1979). Prospect theory: An analysis of decision under risk. In L. C. MacLean, & W. T. Ziemba (Eds.). Handbook of the fundamentals of financial decision making (Part I, pp. 99-127). Singapura: World Scientific Publishing.

Kant, I. (2008). A paz perpétua: um projecto filosófico. In A paz perpétua e outros opúsculos. Lisboa: Edições 70.

Kant, I. (1995). Fundamentação da metafísica dos costumes. Lisboa: Edições 70.

Klein, M. (1991). Inveja e gratidão. In Inveja e gratidão e outros trabalhos (1946-1963) (pp. 207-267). Rio de Janeiro: Imago.

Laplanche, J., & Pontalis, J. B. (1988). Vocabulário da psicanálise. São Paulo: Martins Fontes.

Lashley, C., Lynch, P., & Morrison, A. J. (2007). Hospitality: A social lens. Oxford: Elsevier.

Lashley, C., Morrison, A. (2004). Em busca da hospitalidade: Perspectivas para um mundo globalizado. Barueri, SP: Manole.

Levinas, E. (1988). Ética e infinito. Lisboa: Edições 70.

Lévy-Leboyer, C. (2011). La motivation au travail: modèles et stratégies. Paris: Eyrolles.

Marcelino, G. K. & Bastos, S. R. (2022). Relações de hospitalidade na bíblia. Cadernos CERU, 33(2), 145-164.

Mauss, M. (2012). Ensaio sobre a dádiva: Forma e razão da troca nas sociedades arcaicas. São Paulo: Cosac Naify.

Milhollan, F. & Forisha, B. E. (1972). From skinner to rogers; contrasting approaches to education. Lincoln, Nebraska: Professional Educators Publications.

Montandon, A. (2003). Hospitalidade ontem e hoje. In A. F. M. Dencker & M. S. Bueno (Orgs.). Hospitalidade: Cenários e oportunidades (p. 132). São Paulo: Pioneira Thompson Learning.

Montandon, A. (2011). O livro da hospitalidade: Acolhida do estrangeiro na história e nas culturas. São Paulo: SENAC.

O’Gorman, K. D. (2007). Dimensions of hospitality: Exploring ancient and classical origins. In C. Lashley, P. Lynch, & A. J. Morrison. Hospitality: A social lens. (pp. 17-32). Oxford: Elsevier.

Pitt-Rivers, J. (2012). The law of hospitality. HAU: Journal of Ethnographic Theory, 2(1), 501-517. https://doi.org/10.14318/hau2.1.022

Ricoeur, P. (2001). Le juste 2. Paris: Éditions Esprit.

Robertson, F. (2019). Que perdent nos sociétés quand elles perdent le sens de l’hospitalité?. Revue du MAUSS, 53, 141-158. https://doi.org/10.3917/rdm.053.0141

Rousseau, J.J. (2007). A origem da desigualdade entre os homens. São Paulo: Escala.

Sagan, C. (1998). Bilhões e bilhões: Reflexões sobre a vida e morte na virada do milênio. São Paulo: Companhia das Letras.

Santos, B. A. G. (2015, jul-dez). Uma teoria da lista objetiva acerca do bem-estar e a objeção do requerimento de forte ligação. Fundamento - Revista de Pesquisa em Filosofia, 11, 29-57.

Selwyn, T. (2004). Uma antropologia da hospitalidade. In C. Lashley, & A. Morrison (Orgs.). Em busca da hospitalidade: Perspectivas para um mundo globalizado (pp. 25-50). Barueri, SP: Manole.

Skinner, B. F. (1983). O mito da liberdade. (3a ed.). São Paulo: Summus.

Spector, P. E. (2006). Psicologia nas organizações. São Paulo: Saraiva.

Stern, D. N. (1985). The interpersonal world of the infant: A view from psychoanalysis and developmental psychology. Londres: Karnac Books.

Telfer, E. A filosofia da “hospitabilidade”. In Lashley, C., & Morrison, A. (Orgs.). Em busca da hospitalidade: Perspectivas para um mundo globalizado (pp. 53-78). Barueri, SP: Manole.

Thorndike, E. L. (1911). Animal intelligence: Experimental studies. Nova Iorque: Macmillan.

Trevarthen, C. (2009). The intersubjective psychobiology of human meaning: Learning of culture depends on interest for co-operative practical work – and affection for the joyful art of good company. PsychoanalyticDialogues, 19(5), 507–518. https://doi.org/10.1080/10481880903231894

Trotter, W. (1953). Instincts of the herd in peace and war. Oxford: Oxford University Press.

Von Mises, L. (2010). Ação humana: Um tratado de economia. São Paulo: Instituto Ludwig Von Mises.

Walker, J. R. (2002). Introdução à hospitalidade (2a ed.). Barueri, SP: Manole.

Zimerman, D. E. (2009). Os quatro vínculos: Amor, ódio, conhecimento e reconhecimento na psicanálise e em nossas vidas. Porto Alegre: Artmed.

[1] Escrito em 1905 pelo Papa Pio X como um resumo do Catecismo Romano, do Concílio de Trento (realizado de 1545 a 1563).

5. Referências

Agosta, L. (2014). A rumor of empathy: rewriting empathy in the context of philosophy. Palgrave MacMillan. https://doi.org/10.1057/9781137465344

Ariely, D., & Loewenstein, G. (2006). The heat of the moment: The effect of sexual arousal on sexual decision making. Journal of Behavioral Decision Making, 19(2), 87–98. https://doi.org/10.1002/bdm.501

Aristóteles (2009). Ética a Nicômaco. São Paulo: Abril Cultural.

Baptista, I. (2002). Lugares de hospitalidade. In C. M. M. Dias (Org.), Hospitalidade, reflexões e perspectivas (pp. 157-164). Barueri, SP: Manole.

Barnard, A. (Ed.). (2004) Hunter-gatherers in history, archaeology and anthropology: introductory essay. Londres: Routledge. https://doi.org/10.4324/9781003085645

Bentham, J., & Mill, J. S. (1979). Uma introdução aos princípios da moral e da legislação. São Paulo: Abril Cultural.

Benveniste, E. (1995). O vocabulário das instituições indo-européias. Campinas, SP: Unicamp.

Bergamini, C. W. (1990). Motivação: Mitos, crenças e mal-entendidos. Revista de Administração de Empresas, 30(2), 23–34. https://doi.org/10.1590/S0034-75901990000200003

Bion, W. R. (1966). Os elementos da psicanálise: Inclui o aprender com a experiência. Rio de Janeiro: Zahar.

Bowlby, J. (1989). Uma base segura: Aplicações clínicas da teoria do apego. Porto Alegre: Artes Médicas.

Buber, M. (2001). Eu e tu (10a ed.). São Paulo: Centauro

Buchanan, L., & O’Connell, A. (2006). Uma breve história da tomada de decisão. Harvard Business Review, 1, 20-29.

Camargo, L. O. L. (2015). Os interstícios da hospitalidade. Revista Hospitalidade. 12[especial], 42–69. https://www.revhosp.org/hospitalidade/article/view/574

Catecismo da Igreja Católica (1993) (3a ed.). Petrópolis: Vozes; São Paulo:Paulinas, Loyola, Ave-Maria.

Coelho, N. E., & Figueiredo, L. C. (2004). Figuras da intersubjetividade na constituição subjetiva: dimensões da alteridade. Interações, 9(17), 9-28

Darwin, C. (2000). A expressão das emoções no homem e nos animais. São Paulo: Companhia das Letras.

De Vries, M. F. R. K., Loudière, G., Miller, D. (1985). L’entreprise névrosée. Paris: McGraw-Hill.

Deci, E. L., & Flaste, R. (1998). Por que fazemos o que fazemos: Entendendo a automotivação. São Paulo: Negócio.

Derrida, J. (2003). Anne Dufourmantelle convida Jacques Derrida a falar da hospitalidade. São Paulo: Escuta.

Duan, C., & Hill, C. E. (1996). The current state of empathy research. Journal of Counseling Psychology, 43(3), 261–274.

Freud, S. (1996). Obras completas. Rio de Janeiro: Imago.

Godbout, J. (1999). O espírito da dádiva. Rio de Janeiro: Editora FGV.

Herzberg, F., Mausner, B., & Snyderman, B. B. (2011). The motivation to work. Piscataway, Nova Jérsei: Transaction Publishers.

Hocart, A. (2019). Les lois sacrées de la hospitalite. Revue du MAUSS 1(53) 81-88.

Hoffman, M. L. (1994). The contribution of empathy to justice and moral judgment. In B. Puka (Ed.), Reaching out: Caring, altruism, and prosocial behavior (Vol. 7, pp. 161–194). Londres: Routledge.

Husserl, E. (2001). Meditações cartesianas: Introdução à fenomenologia. São Paulo: Madras.

Kahneman, D., & Tversky, A. (1979). Prospect theory: An analysis of decision under risk. In L. C. MacLean, & W. T. Ziemba (Eds.). Handbook of the fundamentals of financial decision making (Part I, pp. 99-127). Singapura: World Scientific Publishing.

Kant, I. (2008). A paz perpétua: um projecto filosófico. In A paz perpétua e outros opúsculos. Lisboa: Edições 70.

Kant, I. (1995). Fundamentação da metafísica dos costumes. Lisboa: Edições 70.

Klein, M. (1991). Inveja e gratidão. In Inveja e gratidão e outros trabalhos (1946-1963) (pp. 207-267). Rio de Janeiro: Imago.

Laplanche, J., & Pontalis, J. B. (1988). Vocabulário da psicanálise. São Paulo: Martins Fontes.

Lashley, C., Lynch, P., & Morrison, A. J. (2007). Hospitality: A social lens. Oxford: Elsevier.

Lashley, C., Morrison, A. (2004). Em busca da hospitalidade: Perspectivas para um mundo globalizado. Barueri, SP: Manole.

Levinas, E. (1988). Ética e infinito. Lisboa: Edições 70.

Lévy-Leboyer, C. (2011). La motivation au travail: modèles et stratégies. Paris: Eyrolles.

Marcelino, G. K. & Bastos, S. R. (2022). Relações de hospitalidade na bíblia. Cadernos CERU, 33(2), 145-164.

Mauss, M. (2012). Ensaio sobre a dádiva: Forma e razão da troca nas sociedades arcaicas. São Paulo: Cosac Naify.

Milhollan, F. & Forisha, B. E. (1972). From skinner to rogers; contrasting approaches to education. Lincoln, Nebraska: Professional Educators Publications.

Montandon, A. (2003). Hospitalidade ontem e hoje. In A. F. M. Dencker & M. S. Bueno (Orgs.). Hospitalidade: Cenários e oportunidades (p. 132). São Paulo: Pioneira Thompson Learning.

Montandon, A. (2011). O livro da hospitalidade: Acolhida do estrangeiro na história e nas culturas. São Paulo: SENAC.

O’Gorman, K. D. (2007). Dimensions of hospitality: Exploring ancient and classical origins. In C. Lashley, P. Lynch, & A. J. Morrison. Hospitality: A social lens. (pp. 17-32). Oxford: Elsevier.

Pitt-Rivers, J. (2012). The law of hospitality. HAU: Journal of Ethnographic Theory, 2(1), 501-517. https://doi.org/10.14318/hau2.1.022

Ricoeur, P. (2001). Le juste 2. Paris: Éditions Esprit.

Robertson, F. (2019). Que perdent nos sociétés quand elles perdent le sens de l’hospitalité?. Revue du MAUSS, 53, 141-158. https://doi.org/10.3917/rdm.053.0141

Rousseau, J.J. (2007). A origem da desigualdade entre os homens. São Paulo: Escala.

Sagan, C. (1998). Bilhões e bilhões: Reflexões sobre a vida e morte na virada do milênio. São Paulo: Companhia das Letras

Santos, B. A. G. (2015, jul-dez). Uma teoria da lista objetiva acerca do bem-estar e a objeção do requerimento de forte ligação. Fundamento - Revista de Pesquisa em Filosofia, 11, 29-57.

Selwyn, T. (2004). Uma antropologia da hospitalidade. In C. Lashley, & A. Morrison (Orgs.). Em busca da hospitalidade: Perspectivas para um mundo globalizado (pp. 25-50). Barueri, SP: Manole.

Skinner, B. F. (1983). O mito da liberdade. (3a ed.). São Paulo: Summus.

Spector, P. E. (2006). Psicologia nas organizações. São Paulo: Saraiva.

Stern, D. N. (1985). The interpersonal world of the infant: A view from psychoanalysis and developmental psychology. Londres: Karnac Books.

Telfer, E. A filosofia da “hospitabilidade”. In Lashley, C., & Morrison, A. (Orgs.). Em busca da hospitalidade: Perspectivas para um mundo globalizado (pp. 53-78). Barueri, SP: Manole.

Thorndike, E. L. (1911). Animal intelligence: Experimental studies. Nova Iorque: Macmillan.

Trevarthen, C. (2009). The intersubjective psychobiology of human meaning: Learning of culture depends on interest for co-operative practical work – and affection for the joyful art of good company. Psychoanalytic Dialogues, 19(5), 507–518. https://doi.org/10.1080/10481880903231894

Trotter, W. (1953). Instincts of the herd in peace and war. Oxford: Oxford University Press.

Von Mises, L. (2010). Ação humana: Um tratado de economia. São Paulo: Instituto Ludwig Von Mises.

Walker, J. R. (2002). Introdução à hospitalidade (2a ed.). Barueri, SP: Manole.

Zimerman, D. E. (2009). Os quatro vínculos: Amor, ódio, conhecimento e reconhecimento na psicanálise e em nossas vidas. Porto Alegre: Artmed.

Notas

[1] Escrito em 1905 pelo Papa Pio X como um resumo do Catecismo Romano, do Concílio de Trento (realizado de 1545 a 1563).
HTML generado a partir de XML-JATS4R por