Artigos

Informação, Verdade e Pós-Verdade: uma crítica pragmaticista na Ciência da Informação

Information, Truth and Post-truth: a pragmaticist critique on Information Science

Sonia Cristina MORAES
Universidade Estadual Paulista, Brasil
Carlos Cândido de ALMEIDA
Universidade Estadual Paulista, Marília, Brasil
Marcus Rei de Lima ALVES
Universidade Estadual Paulista, Brasil

Informação, Verdade e Pós-Verdade: uma crítica pragmaticista na Ciência da Informação

Encontros Bibli: revista eletrônica de biblioteconomia e ciência da informação, vol. 25, pp. 1-22, 2020

Universidade Federal de Santa Catarina

Recepção: 28 Maio 2019

Aprovação: 07 Outubro 2019

Publicado: 03 Janeiro 2020

Resumo: Objetivo: O artigo procura destacar os critérios de verdade contidos nos processos informacionais, tanto os científicos, abarcados pela Ciência da Informação, como os que circulam nas representações dos fatos na sociedade, e indicar o uso do método pragmático para manter a Ciência da Informação (CI), como provedora da comprovação verdadeira da realidade, demonstrada cientificamente. Dada a disseminação de conteúdos nas redes que fazem parte da internet e são chamados informação sem a devida correlação com os fatos, deve-se elencar elementos dentro do campo científico para entender estes conteúdos, que tendem a ser aceitos como verdadeiros sem esta comprovação pelos grupos sociais.

Método: A verificação da atuação dos usuários em rede de computadores noticiada como informação, assim como a abordagem na CI da difusão de conhecimento dentro da sociedade são comparados para o entendimento do uso da informação. A partir da revisão bibliográfica, usada na fundamentação do Pragmatismo Peirceano, apresenta-se esta base metodológica para estrutura do argumento.

Resultado: A divulgação de conhecimento científico determinado verdadeiro é o paradigma contido na CI, que deve ser estendido para as relações informacionais divulgadas para a sociedade. O conceito de informação implica nas maneiras de comunicação. Esta inter-relação da informação e seu caráter epistemológico estão implícitos no processo de significação visto no pragmatismo peirceano. A inter-relação entre mensagem e informação é parte fundamental da semiose verdadeira. A produção de inferência que produz conhecimento para o sujeito, mediada pelo signo, implica em informação.

Conclusões: Cabe à CI promover o método científico de fixação da verdade, e aqui é considerada a proposta Pragmatista como aquela que dá conta de tratar tanto a verdade científica quanto a verdade dos fatos, considerados então informação.

Palavras-chave: Informação, Pragmatismo Peirceano, Verdade, Ciência da Informação, Semiose.

Abstract: Objective: The article seeks to highlight the truth criteria contained in the informational processes, both the scientific ones that circulate in the representations of the facts in the society, and to maintain Information Science (IS), as a provider of the true proof of reality. Given the dissemination of content in networks that are part of the Internet and are called information without the correct correlation with the facts, it is necessary to list elements within the scientific field to understand these contents, which tend to be accepted as true without this proof.

Methods: The action of the users in the computer network reported as information, as well as the approach in the IS of the diffusion of knowledge within the society, has in the bibliographical revision the revision of the foundation of the Peircean Pragmatism for use of the Pragmatic Method as a possibility of instrument of the IS.

Results: The disclosure of true scientific knowledge is the paradigm contained in the IS, which must be extended to the informational relations disclosed to society. The concept of information implies in the ways of communication. This interrelationship of information and its epistemological character are implicit in the process of signification. The interrelation between message and information is a fundamental part of true semiosis. The production of inference that produces knowledge for the subject, mediated by the sign, implies in information.

Conclusions: It is up to the IS to promote the scientific method of fixing the truth, and here the Pragmatist proposal is considered as that which deals with both the scientific truth and the truth of the facts.

Keywords: Information, Peircean Pragmatism, Truth, Information Science, Semiosis.

1 INTRODUÇÃO

Segundo o trecho de Borko (1968, p. 3), a “Ciência da Informação é a ciência que investiga propriedades e comportamento da informação, as forças que governam o fluxo de informação e os meios de processar informação para otimizar o acesso e uso.” Esta definição, ainda vigente, condiz com o escopo das investigações da Ciência da Informação (CI), isto é, “[...] o corpo de conhecimento relacionado com origem, coleção, organização, armazenamento, recuperação, interpretação, transmissão, transformação, e utilização da informação.” (BORKO, 1968, p. 3). O caráter de conhecimento científico, ou aquele aceito pela comunidade científica, organizado em uma coleção, e com valor social a ser preservado também se mantém nos dias de hoje.

A comunidade, enquanto grupo com interesses diversos tem a sua territorialidade modificada com as redes digitais. O grande volume de dados produzidos com características de possível informação útil às diversas comunidades é um dos interesses principais da Ciência da Informação.

A Ciência da Informação deve preocupar-se tanto com a informação considerada científica e especializada quanto aquilo que é apontado como informação no contexto social. Com o avanço da internet, e principalmente das redes sociais em diversos países desenvolvidos e subdesenvolvidos, tem-se banalizado e disseminado conteúdos chamados de informação que não estão relacionados à existência dos fatos. Contudo, o acesso digital às informações, quaisquer que sejam, condiciona a infraestrutura e as condições de vida de uma população, de tal modo, que sem o acesso livre a informações as relações socioeconômicas ficam limitadas. O acesso digital, segundo a UNESCO, está centrado na vida das cidades (PHILBECK, 2017).

Considera-se necessário delimitar os conteúdos informacionais presentes tanto no campo científico custodiado nos acervos, quanto aqueles conteúdos ditos informacionais presentes nas comunidades, que têm o acesso com velocidade acelerada pelas redes sociais e são disseminados enquanto informação. A cientificidade e crença popular devem ter seu caráter diferenciado no tratamento conferido pela Ciência da Informação. A cientificidade atribuída à informação deve ter seu caráter lógico determinado. O objetivo deste trabalho é demonstrar que a informação verdadeira é possível enquanto parte do processo em uma semiose verdadeira, visto à maneira do pragmatismo peirceano.

O conhecimento da verdade dentro da ciência implica uma análise do trabalho do filósofo e lógico estadunidense Charles Peirce. Ele desenvolveu uma obra extensa, tanto em quantidade quanto em qualidade. Seus escritos, na maioria sem publicações em vida, estão reunidos nos Collected Papers[1], a partir dos quais são feitas as citações. Trabalhou sua vida toda naquilo que resultou num método científico, no qual a partir dos signos é possível demonstrar a verdade científica simultaneamente à sua justificação lógica.

2 CONTEÚDOS INFORMACIONAIS NA SOCIEDADE

Pinheiro (1999) compreende a CI como algo que sobre-excede a recuperação da informação e qualquer outra raiz discutida por autores em diferentes épocas, e afirma que essa ciência está diretamente relacionada com os processos da comunicação humana. Porém, ainda destaca a natureza interdisciplinar, principalmente por sua relação intrínseca com a Biblioteconomia, a Ciência da Computação e a Comunicação - também exposto nos trabalhos de Saracevic (1970; 1978; 1996; 1999). Pinheiro (1999) discute essa interdisciplinaridade, sugerindo uma fusão da CI com a Comunicação, sendo a “Infocomunicação”.

No início do século XXI, Hjørland (2002) considerou que o objeto de estudo da Ciência da Informação está nas discussões e estudos das relações entre as diversas áreas do conhecimento e, também, de um determinado contexto de um grupo de usuários. Isto posto, o autor propõe a concepção de que o objeto de estudo da Ciência da Informação é a “informação” - assim como Borko (1968) também afirmou -, mas destaca tanto a sua relação quanto seu desenvolvimento, com a sociedade e sua formação, uma vez que são interdependentes.

O critério de relevância, de reconhecimento da verdade a ser divulgada torna-se cada vez mais importante para se considerar algo como informação, dada a quantidade de acesso a meios informacionais que não tem regulamentação, como é o caso do WhatsApp. Este aplicativo permite mensagens instantâneas, e que foi incorporado a outro, o Facebook, desde 2014, e este conecta bilhões de usuários no mundo (WHATSAPP…, 2017; FACEBOOK…, 2018). O Twitter embora bastante acessado fica atrás no número de usuários (TWITTER…, 2018).

Um fenômeno que é típico das grandes cidades é o multipertencimento das pessoas a grupos que não tem mais necessariamente a proximidade física, mas estão interconectados pelas redes sociais (ASCHER, 2010). Além das alterações nas constituições físicas, estas diferenças de interação causam uma recomposição, que implica numa acentuação da individualidade, e são estabelecidos ocasionalmente nas redes de computadores. Esses grupos têm assumido os conteúdos veiculados com supostas informações sobre os mais distintos fatos, tais como os relacionados à moda, política, economia, violência, costumes, e demais ações que implicam em ação na sociedade, além de conteúdo comprovadamente científico.

O crescimento da individualidade é característica da sociedade industrial. A sociedade no sistema capitalista, após a revolução industrial, está concentrada nas cidades e alia a capacidade de produção dos indivíduos ao poder de consumo para dar vazão aos produtos industrializados. Esta capacidade de variedade de consumo incrementa a produção, mas aliena o cidadão das suas responsabilidades comunitárias e é consolidado pelo fato de cada indivíduo se comportar apenas como um consumidor em potencial, mais que um cidadão que exerce seus direitos democráticos (SANTOS, 1993). Este usuário deve ter suas demandas atendidas, uma vez que isto aumenta o volume de consumo. O papel de cidadão que reivindica seus direitos fica em segundo plano, ou simplesmente desaparece, e a satisfação imediata de interesses para aquele que consome tende a ser cada vez mais rápida, com a velocidade que a internet pode proporcionar.

O comportamento do sujeito diante das veiculações em redes tem uma conotação individual, mas tem padrões de conexão com a maneira articulada pela propaganda de produtos que estimula o consumo e a satisfação momentânea de um desejo, normalmente aliado à maneira de descarte rápido dos produtos consumidos. A maneira de uso rápido de determinada notícia ou informação nas redes sociais é diferente daquela tida enquanto informação verdadeira, ou seja, aquela que corresponde aos fatos comprovadamente. A velocidade de propagação e volume de transmissões acontece sem um controle determinado, mas dependente do entendimento e comportamento do usuário da internet.

O que, atualmente, é radicalmente diferente é o poder e a influência das plataformas de tecnologia na disseminação de qualquer tipo de notícia que, por razões variadas e muitas vezes inexplicáveis, ganham engajamento e, de uma hora para outra, crescem exponencialmente sua audiência. São gostadas ou detestadas (likes e similares), compartilhadas e comentadas em um processo de combustão espontânea descontrolada (GENESINE, 2018, p. 54).

De acordo com Santaella, o termo “bolha” foi cunhado em 2011, por Eli Pariser, referindo-se à personalização de busca no Google (SANTAELLA, 2018). Caracteriza aquilo que é encontrado na busca por um termo e simultaneamente é um espelho daquilo que buscamos, uma vez que a referência encontrada será sempre a mais afinada com aquilo que é procurado. A tendência é encontrar e reafirmar a opinião para aquilo que é esperado. Esta ação em contrapartida oferece um algoritmo que mapeia cada escolha e em resumo mostra quem somos (SANTAELLA, 2018). Baseado nisto, podemos deduzir que esperamos sempre a resposta que mais se ajusta aos nossos interesses quando acessamos as redes e não estamos dispostos à contraposição. O direcionamento ético de busca, mesmo com valores sociais ou morais distorcidos, confirma aquele individualismo e prioridade de consumo, regras do capitalismo contemporâneo.

Protegida em suas relações nas redes, tecidas por pessoas de opiniões semelhantes, as pessoas sentem-se à vontade para compartilhar aquilo que moralmente não é aceito, mas disfarçado de piada, ou corroborando uma postagem anterior. De acordo com Chapman (2017), conteúdos sensacionalistas tendem a despertar reações emocionais e entre estas reações, a raiva é a mais comum, seguida daquelas que despertam riso e, em terceiro, as agradáveis. Ou seja, a motivação não depende de análise racional aprofundada, mas de click instantâneo que mostra a manifestação do usuário aos seus pares de maneira quase emocional.

O interesse por notícias - informações - classificadas como sensacionalistas não é novidade. A diferença é que na internet a propagação e velocidade de propagação destas supostas notícias ganham abrangência e alcance que não se reduz a uma localidade física ou apenas a um veículo de difusão como acontecia anteriormente. Uma notícia dada por um jornal impresso ou noticiário televisivo tinha a garantia de suposta de checagem da veracidade.

Portanto, a irresistível atração que o sensacionalismo exerce sobre as emoções humanas está longe de ser uma invenção da internet, embora esta tenha levado isso ao extremo, com a adição agora da dificuldade de se diferenciar o trágico factual do trágico fantasiado (SANTAELLA, 2018, p. 32).

As variações das notícias falsas, ou aquilo que caracteriza “pós-verdade” é difuso e apresenta um conjunto de problemas (SANTAELLA, 2018). Neste conjunto de afirmações que não correspondem à veracidade dos fatos existe conteúdo político que é deliberadamente falso; mensagens que são enganadoras, mas não necessariamente falsas; e os memes que não são verdadeiros nem falsos, mas na maioria das vezes se utiliza de um grau de ridicularização das pessoas ou situações para apresentar um conteúdo engraçado.

Quando as difusões do verdadeiro e do falso foram comparadas, a falsidade é significativamente difundida com mais rapidez, extensão, profundidade e amplitude em todas as categorias. Quando foi estimado um modelo para a probabilidade de se retuitar uma notícia, a falsidade é 70% mais provável do que a verdade (SANTAELLA, 2018, p. 39).

Em outras palavras, informações falsas são veiculadas com maior rapidez que informações precisas, mas do ponto de vista da Ciência da Informação, o importante não seria considerar tudo como informação, desde que o usuário valide a sugestão recebida e a tome como conteúdo útil? As posições enraiadas nas próprias crenças já aconteciam antes do advento das comunidades presentes na internet. A diferença é que a mudança não ocorre apenas na estrutura e quantidade de informação, mas as experiências qualitativas são diferentes depois do big data[2], conforme explica a autora: “Agora o oceano de dados dos milhões de informações emitidas por pessoas, coisas, robôs e dispositivos não podem mais ser gerenciadas por humanos, mas sim por algoritmos, softwares e inteligência artificial.” (SANTAELLA, 2018, p. 22).

Embora seja maior a abrangência, quantidade e possibilidades de dados serem gerenciados pelos algoritmos, o nível individual de atuação torna-se mais centrado em seus próprios preconceitos, e apenas reforçado pelas buscas efetuadas. Por um lado, o volume de informação produzido por likes e acessos torna-se cada vez maior, por outro, no nível do indivíduo a busca ocorre num aprofundamento daquilo que já era tido enquanto crença. A variação entre abrangência e profundidade da informação é um aspecto que pode ser mensurado.

A unilateralidade de uma visão quando repetida muitas vezes, fixa crenças em hábitos arraigados e petrificados de pensamento, numa confirmação de suas crenças de maneira distorcida, no caso das notícias ou mensagens falsas (fake news), pois existe um componente de preconceito embutido pela repetição causadora da crença.

O caso das fake news é só um exemplo do problema dos limites do conceito de informação admitido pela Ciência da Informação, isto é, tem-se um conteúdo com potencial significativo atribuído, criado e construído unicamente pelo usuário em um dado contexto social sem que isto tenha condições de verificação científica que atribua o caráter de verdade. Devemos reconhecer que uma noção relativista de informação nos traria a encruzilhada das pseudoinformações, contudo, necessitamos, sem cair em um tipo de fisicalismo ou cientificismo, reconhecer que uma noção de informação robusta, deve relacionar-se com o conceito realista de verdade. Para tanto, é necessário retomar a noção de verdade do Pragmaticismo, especialmente, da doutrina de Charles Peirce (1839-1914) e entrever as possíveis implicações à noção de informação na Ciência da Informação.

3 PRAGMATICISMO PEIRCIANO, VERDADE E PÓS-VERDADE

A definição de verdade encontrada no dicionário é: “Conformidade com o real; coisa verdadeira; princípio certo.” (FERREIRA, 2001, p. 707). A demonstração ou comprovação de verdade tem sido de interesse da filosofia desde a Antiguidade, e a consequente indagação do que é real. Desde o Iluminismo cabe à ciência a demonstração dos fatos, com comprovação empírica que confere aos fenômenos existentes o caráter de verdade. O objetivo desta seção é retomar a noção realista de verdade no interior do Pragmaticismo peirceano.

A Lógica, dentro do pragmatismo, ou Pragmaticismo que é a maneira denominada por Peirce, dá à filosofia instrumentos para analisar a maneira pela qual o conhecimento científico, na articulação dos signos, pode chegar a uma significação (PEIRCE, 1974, CP 5.120), com a verdade demonstrada para uma comunidade composta por pares que são capazes de reconhecer a verdade contida no processo descrito pela comunicação proposta. Em outras palavras, o Pragmaticismo é um método capaz de conduzir a uma representação verdadeira do objetivo desencadeado pela relação do signo com seu interpretante, isto é, a própria verdade disponível e alcançada pela inquirição.

[...] O resultado final do pensamento é o exercício de volição, e não faz parte mais deste pensamento; mas a crença é apenas um estágio da ação mental, um efeito sobre nossa natureza adequada ao pensamento, que influenciará o pensamento futuro (PEIRCE, 1974, p. 255, grifo do autor, CP 5.397).

A crença e a maneira de ação, vão se constituir em um hábito (PEIRCE, 1974, CP 5.398), que é a maneira pela qual agimos sem ter que a cada momento deduzirmos novos métodos para aquilo que é a atuação no cotidiano. A significação vai ao encontro da expectativa de um resultado que podemos deduzir, numa inferência que torna real a possibilidade para qual se encaminha o raciocínio. O signo se interpõe entre o objeto que representa e o efeito que pode causar em uma mente interpretante, seja para confirmar o hábito ou abrir novas possibilidades de significação.

A Lógica, enquanto Semiótica, tem o método científico na articulação entre signo, objeto e interpretante relacionados em uma mente capaz de aprender com a experiência (PEIRCE, 1974, CP 2.227). O signo é alguma coisa que representa algo para alguém, ou seja, representa algum objeto para um intérprete, no caso do conhecimento humano. A relação entre signo e objeto cria para aquele intérprete aquilo que chamamos interpretante do signo (PEIRCE, 1974, CP 2.228). O interpretante, sempre passível de transformação a cada relação, tem na sua continuidade a caracterização do hábito (PEIRCE, 1974, CP 1.410). O interpretante, sendo também um signo representa esta relação de modo a representar esta mediação entre o objeto e sua significação de forma convencional, forma esta que Peirce chama símbolo (PEIRCE, 1974, CP 8.335). A Semiótica está dividida em Gramática Especulativa, Lógica Pura e Retórica Especulativa.

A Lógica ao tratar dos símbolos, ou seja, a maneira de representação, após delimitada a relação entre os signos e seus objetos, têm possibilidades de serem comunicados, por várias formas de linguagem. A Retórica Especulativa “É a doutrina das condições gerais da referência de símbolos e outros sinais aos intérpretes que eles pretendem determinar” (PEIRCE, 1974, p. 52, CP 2.93).

A produção de novos conceitos implica na formação de interpretantes que trazem consigo os signos a partir dos quais foram gerados. Em um hábito consolidado, a generalidade presente nele, e sua verificação em um caso particular acontece de maneira a confirmar a regra geral.

Bird (1959) discute, a partir da visão peirceana, a natureza do artigo científico e como diferenciá-lo daqueles que não são científicos. As possibilidades de comunicação de uma mente humana para outra implicam em linguagens que são tratadas dentro da estrutura científica peirceana pela Retórica. Dentre as divisões que esta comunicação possibilita temos aquelas que contemplam um Discurso Poético, Prático e Científico (BIRD, 1959).

Cabe lembrar que na arquitetura das ciências de Peirce, a Semiótica está inserida nas Ciências Normativas, além da Ética e Estética, as quais estão relacionadas ao procedimento pragmático, isto é, ao Pragmaticismo. Há uma relação direta entre significado dos signos e a verdade da concepção na proposta pragmatista.

A doutrina de que todo o "significado" de uma concepção se expressa em consequências práticas, consequências tanto na forma de conduta a ser recomendada, quanto na das experiências a serem esperadas, se a concepção for verdadeira; quais consequências seriam diferentes se fossem falsas, e devem ser diferentes das consequências pelas quais o significado de outras concepções é, por sua vez, expresso. Se uma segunda concepção não deve parecer ter outras consequências, então deve ser apenas a primeira concepção sob um nome diferente. Na metodologia, é certo que traçar e comparar suas respectivas consequências é uma maneira admirável de estabelecer os diferentes significados das diferentes concepções (PEIRCE, 1974, p. 1, CP 5.2).

O método de busca da significação é uma ação que norteia a conduta de maneira ética em busca da verdade enquanto bem estético (PEIRCE, 1974, CP 5.34). A verdade científica tem o respaldo ético e moral das instituições de divulgação de notícia, por outro lado a correspondência das notícias aos fatos mantém o respeito da sociedade pelos jornais e agências de notícias que se dizem primar pela investigação e mostra imparcial dos fatos. A delimitação científica da informação, em uma sociedade de governo laico e democrático, deve ter o objeto de estudo contido na Ciência da Informação. A divulgação de conhecimento passa por formas variadas de informação que devem ser conteúdo da Ciência da Informação.

O espaço público e formação de opinião ganham novos contornos, uma vez que o volume de informações pode ser aumentado em quantidades que não existiam antes das mídias sociais.

Essa distinção é bastante crucial quando se sabe quanta ambiguidade, com teor inclusive político, existe em torno do prefixo “pós” desde os debates sobre pós-moderno e pós-modernidade, especialmente nos anos 1980 (ver HARVEY, 1989) e hoje em torno do pós-digital (ver Santaella, 2016) (SANTAELLA, 2018, p. 49).

Em artigo que descreve a tendência da chamada pós-verdade se basear na versão dos fatos, e não numa comprovação de existência, Kofman (2018) cita o trabalho do filósofo Bruno Latour e os livros de sua autoria que tratam do conhecimento científico enquanto fatos que são construídos na relação de pesquisa.

[…] os fatos permanecem robustos apenas quando são apoiados por uma cultura comum, por instituições que podem ser confiadas, por uma vida pública mais ou menos decente, mais ou menos com a ascensão de fatos alternativos, ficou claro que, acredite-se ou não uma afirmação, depende-se muito menos de sua veracidade do que das condições de sua “construção” (LATOUR apud KOFMAN, 2018, tradução nossa, documento online).

Na visão de Latour os fatos são sociais porque envolvem pessoas, e esta comunidade pertence a um ambiente que também determina a ocorrência destes fatos, eles são interligados e mantém influência recíproca. Neste poder coletivo de inter-relação social e entre a sociedade e o ambiente no qual está inserida, está a ação e a mudança do mundo. Desta visão exacerbada do poder da comunidade em interferir na demarcação da veracidade dos fatos temos o lado popular da manipulação das Fake News.

A climatologia tem uma previsão corroborada pela comunidade científica, porém, o consenso sobre o aquecimento global, que demanda medidas importantes na maneira de produção e consumo globais, tem interesses que são mais determinantes para a sociedade capitalista do que a comprovação da incapacidade de o Planeta Terra manter as condições climáticas conhecidas até o século XX, e assim não são consideradas na manifestação dos interesses defendidos pelo presidente norte americano eleito em 2017 (TRUMP…, 2017). As eleições dos Estados Unidos deflagram o questionamento dos múltiplos acionamentos das redes sociais para a disseminação de conteúdos que não têm relação com fatos existentes, mas acabam tornados reais dada a insistência e volume de apresentação deles para os usuários das redes sociais que são eleitores (NEWSWHIP, 2017). Os consumidores em potencial daquela “verdade” são seus multiplicadores nas redes sociais de maneira gratuita e voluntária.

Os usuários das redes sociais são motivados emocionalmente a interpretar as mensagens. Aquelas que motivam raiva são as de maior ocorrência, seguidas daquelas engraçadas (CHAPMAN, 2018). ‘Produzir o fato’ implica em um critério de verdade que tem o procedimento ético moralmente aceito pela comunidade, pelo menos em parte. Nas redes sociais esta comunidade não tem relação espacial física, mas está interligada pela base de crenças comuns que tende a ser reforçada a cada novo like referente ao fato, ou comentário, ou versão do fato em questão.

Em vista às manipulações ocorridas pelas redes sociais nas campanhas eleitorais, especificamente quando existe descrição de fatos que não correspondem ao acontecimento deles, Santos (2018) destaca a condição política da frágil democracia brasileira, assim como ocorre em outros países. As campanhas eleitorais demonstram o senso moral distorcido para influenciar o voto e, como decorrência, o procedimento ético das pessoas que se sentem protegidas pela semelhança com seus pares em suas bolhas de relacionamento é valerem-se da propagação do conteúdo que interessa.

Por um lado, as notícias falsas são veiculadas e replicadas sem qualquer critério.

Isto é, sobretudo, grave em países como a Índia e o Brasil, em que as redes sociais, sobretudo o Whatsapp (o conteúdo menos controlável por ser encriptado), são amplamente usadas, a ponto de serem a grande, ou mesmo a única, fonte de informação dos cidadãos (no Brasil, 120 milhões usam o Whatsapp) (WHATSAPP…, 2017; SANTOS, 2018).

Por outro lado, complementa Santos (2018), os algoritmos que influenciam o volume de informações dos chamados big data tem manipulação por empresas que têm poder econômico para gerenciar este tipo de operação para os interesses de quem possa pagar pelos serviços de acesso. A custódia da informação passa a ser gerida pelo capital financeiro e não pelo âmbito da ciência.

Nesta relação entre a dedução das consequências previstas e a indução que comprova os acontecimentos temos uma questão que é política, e não apenas de veracidade dos fatos, o que seria moralmente correto. Mais do que a credibilidade da comunidade científica, a pós-verdade trabalha com a reafirmação daquilo que interessa ser considerado, o critério de verdade é aceito desde que confirme a tendência de um hábito estabelecido, de acordo com o interesse vigente. A mudança demanda esforços de controle, ou novas ações que não interessa serem estabelecidos a quem tem poderes e privilégios mantidos.

Um bom órgão de imprensa avisa sobre o que se passa e, com isso, ajuda o cidadão a modular suas expectativas em relação ao futuro próximo. A questão filosófica da verdade, por ele entendida como uma categoria que se situa além do registro dos fatos, escaparia ao jornalismo (BUCCI, 2018, p. 23).

A racionalidade humana pressupõe autocontrole no encaminhamento dos processos de comunicação que podem manter ou alterar hábitos de ação. Hábitos entendidos à maneira dos conceitos incorporados, de acordo com o entendimento peirceano. Uma vez que a constituição do self está no processo de mediação no qual participam o indivíduo que apresenta conjuntamente as substâncias corpo e mente, a racionalidade humana está apresentada neste tipo especial de mente. A racionalidade da mente humana está fundamentada em três “elementos chave” que são a semiose, o hábito e a autonomia de autocontrole (COLAPIETRO, 1989, p. 108).

A semiose é a ação do signo, numa disposição para agir, que é o hábito, num autocontrole que é a disposição ética do indivíduo de procedimento. O self relaciona o indivíduo, dentro do processo sígnico de acordo com aquilo a ser alcançado, porém moldando sua conduta pelas normas, que na grande maioria das vezes são comunitárias, sociais, com vistas ao objetivo a ser alcançado. E isto ao ser representado enquanto o percurso a ser planejado e realizado regula a conduta de acordo com os ideais. A capacidade de planejar e autodeterminar os procedimentos distingue a mente enquanto possibilidade racional dos seres humanos.

O grande volume de dados, sem as correlações que atribuem significação, pode não ter conotação de valor, porém a determinação da conduta que a informação gerada por eles pode desencadear tem embutida uma intencionalidade com fins bem definidos, mesmo que eles não sejam percebidos em um primeiro momento. A produção de fatos e então fabricação de “verdade” a partir do conteúdo postado, geradores e fomentadores de grande conteúdo de dados é recente, ainda assim, os big data têm uma apropriação feita pelo capital que tem resultados com valoração de modos de produção decorrentes da ação dos usuários. O e-commerce é o mais básico dos meios de obtenção de lucro, com a venda de produto, porém esta ação dos indivíduos associa-se a outras formas de interação nas redes que favorecem a atuação do capitalismo enquanto sistema sempre em expansão. Por outro lado, esta produção de conteúdo aumentada acarreta perda de valores tidos como consolidados moralmente pela sociedade, como é a propagação de violência nas mais diversas formas.

Nelas, [nas redes sociais] os usuários entram no jogo como mão de obra (gratuita e, logo, escrava), como matéria-prima (também gratuita) e, por fim, como mercadoria. Graças a esse modelo originalíssimo, o Facebook não precisa gastar um centavo para “gerar conteúdo” (no jargão horroroso da indústria), pois seus usuários atuam como digitadores, fotógrafos, locutores, atores, sonoplastas, escritores e tudo o mais (BUCCI, 2018, p. 29).

Os critérios subliminares que envolvem características morais e sociais dos usuários da rede social, dentro de sua própria bolha, a partir do momento que são estimuladas a participar daquilo que de alguma maneira vem respaldado em seu grupo de escolha, tendem a se replicar. Fica então considerado como um interesse e opinião própria, aprofundando o interesse individual. A circularidade de retroalimentação e reafirmação da mesma ideia então cristaliza a opinião e faz crescer a quantidade de dados circulantes naquele nicho de informação identificado como big data.

A relação entre os interpretantes imediato, dinâmico e lógico podem ter na temporalidade de apresentações a distinção entre eles. O interpretante Imediato é aquele que se apresenta enquanto um primeiro, dada a relação entre signo e o objeto ao qual se refere. O interpretante dinâmico implica na ação decorrente desta mediação (PEIRCE, 1974, CP 8.343). O interpretante Lógico, através da dedução e indução, pressupõe o caminho percorrido pelos anteriores para chegar à generalidade da representação, obtida enquanto um conceito.

A meta a ser alcançada por uma série infinita de interpretantes lógicos, que convergem para a melhor representação do objeto, será, deste modo, reconhecida por Peirce como sendo da natureza do hábito ou, mais precisamente, da dinâmica interna de crescimento e expansão desse hábito: - mudança de hábito, aperfeiçoamento autocontrolado e autoconsciente do espírito (SILVEIRA, 2007, p. 55, grifo do autor)

As categorias da primeiridade, secundidade e terceiridade permeiam desde a percepção até a comprovação verdadeira que deve percorrer os procedimentos de abdução, dedução e indução determinados pela lógica (PEIRCE, 1974, CP 2.100). O Discurso Poético fala às emoções em primeiridade, abre o leque de expectativas que nos levam a relacionarmos com os fatos na secundidade, num Discurso Prático, e tem no Discurso Científico a verdade demonstrada em seu processo de significação.

A transformação de um conceito, e consequente quebra de hábito necessita de novos elementos que mobilizem o processo que é repetido e torne a determinação da conduta, enquanto uma atividade ética, voltada a um bem estético que tenha maior abrangência que o imediatismo da satisfação de reafirmação das próprias convicções.

A verdade dos fatos, a relação entre o acontecimento atual e sua descrição nas fake news não tem correspondência. O usuário das redes sociais levado pelas emoções em um estado de primeiridade replica aquela comoção sem o devido sequenciamento lógico que pode indutivamente comprovar este Discurso Prático.

A Ciência da Informação, por meio do pragmatismo peirceano tem o método para pesquisa da maneira como a formação dos interpretantes, dentro da semiótica, permite o entendimento tanto do discurso Prático, quanto do Discurso Científico. A Retórica Especulativa é a maneira do pragmatismo, através da semiótica, compartilhar entre a comunidade aquilo que é obtido enquanto significação. A verdade científica está no tratamento lógico dado à relação dos fatos na geração de conhecimento e esta é contemplada pela epistemologia da Ciência da Informação.

A Verdade Científica tem a custódia e disseminação na Ciência da Informação, e esta deve necessariamente percorrer o caminho lógico para comunicação entre os pares. Apesar disto, o Discurso Científico e o Discurso Prático devem em algum momento ser contemplados conjuntamente nas questões epistemológicas da Ciência da Informação.

“É preciso se dar conta da maneira pela qual os dados são coletados e utilizados.” (SANTAELLA, 2018, p. 28). Acompanhado de uma formação educacional nas redes e para os usuários, é o caminho apontado pela autora para existir questionamento e interpretação que não seja aquela repentina de apenas um clickpara concordar ou discordar de uma produção de ideias que não é própria, mas replicada a cada manifestação do usuário.

A formação de interpretantes contempla a evolução desde o interpretante emocional, que é aquele que tem o sentimento motivando a ação, o interpretante energético, para então produzir o interpretante lógico (SILVEIRA, 2007). As mensagens replicadas apenas motivadas pelo impulso de uma qualidade não tem a necessária avaliação para serem analisadas antes de ser feita sua reprodução.

Embora um interpretante emocional ou energético seja capaz de produzir representação, apenas o interpretante lógico passa pelo crivo das etapas sucessivas de comprovação lógica, possibilitadas pela dedução e indução. Os fatos verdadeiros tem uma realidade mediada entre o sujeito que pensa e a factualidade que pode ser comprovada. Assim como o conhecimento verdadeiro dentro da ciência deve ter comprovação indutiva, a realidade das informações ditas verdadeiras deve condizer com a existência dos fatos. Estas informações devem ser comprovadas pela experiência, mesmo que seja do senso comum, para sua a qualificação de sua existência. Neste ponto existe a confluência tanto da ciência quanto do senso comum. Na vida cotidiana os fatos, ou a existência deles que pode ser compartilhada, caracteriza a verdade aceita pela sociedade; e também em uma comunidade em particular, como são os participantes das disciplinas científicas específicas que partilham informações comprovadamente verdadeiras e desenvolvem o conhecimento a partir delas.

A determinação da verdade é um processo semiótico no qual a representação do objeto é comparada à sua falsidade, “sem cair no equívoco nominalista que separava a forma das representações de seu conteúdo” (SILVEIRA, 2007, p. 229), tem no juízo perceptivo, na sua forma, o convite à construção de um diagrama e as correções devidas para a obtenção da melhor representação, considerando-se sempre a falibilidade ocasional do processo. A aproximação do objeto, feita por uma visão realista, implica em uma correção lógica daquilo que é o fenômeno observado, assim a verdade material tem na correção formal a mediação em um processo evolucionário (SILVEIRA, 2007). A representação o mais aproximado possível da verdade é o objetivo científico no processo de significação.

4 INFORMAÇÃO NA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO E VERDADE

O conceito de informação vem da tradição clássica que alia forma, in formar ao conceito moderno de dizer algo para alguém (CAPURRO, 2009) A transmissão de uma mensagem por um meio físico, deslocado de um contexto epistemológico, como é a proposta da teoria de Shannon abre possibilidades do conceito de informação ter significado (meaning) dependente do contexto no qual a linguagem é usada (CAPURRO, 2009). Aqui a linguagem pode e deve ser entendida não só como a mensagem transmitida pela língua, mas as capacidades de comunicação nos vários âmbitos permitidos pela tecnologia.

A conceituação de uma Ciência que trata a Informação está diretamente relacionada com o seu contexto de inserção (CAPURRO; HJORLAND, 2007). Tanto a CI como a própria informação, são identificadas pelas suas alterações conceituais, acompanhadas de inúmeros avanços tecnológicos e digitais, que devem ser considerados na concepção de Capurro e Hjørland (2007).

O termo informação, versado por Buckland (1991), é caracterizado pelos seus três principais usos: processo, conhecimento e coisa. A informação-como-processo é qualificada pelo ato de informar, ou seja, de comunicar, e assim trazer algo novo, que modifique o estado de conhecimento daquele que é informado; a informação-como-conhecimento, apesar da relação intrínseca, ultrapassa o conceito de informação-como-processo, e caracteriza-se pela redução da incerteza de algo. Como expressa Buckland (1991, p. 1), “[…] às vezes informação aumenta a incerteza”, e, quando isso acontece, deixa de ser informação-como-conhecimento; a noção de informação-como-coisa relaciona-se ao significado de uso do termo, algo que corresponde a um substantivo (por exemplo), ou seja, identificada pela tangibilidade que a compõem.

Desta maneira, o autor destaca que a “[...] informação-como-coisa é circunstancial e que determinando se a coisa é utilizável ou não depende de uma composição de julgamentos subjetivos.” (BUCKLAND, 1991, p. 10). Então, evidencia o significado de informação-como-coisa em dois sentidos:

(1) Em situações específicas e em determinado momento um objeto ou evento pode ser informativo, isto é, constituir evidencia que é utilizada de modo que interfere nas crenças de alguém; e (2) Desde que o uso da evidencia seja previsível, embora imperfeitamente, o termo “informação” é comumente usado para denotar uma classe de objetos que provavelmente são considerados úteis o bastante para serem informativos no futuro (BUCKLAND, 1991, p. 11, grifos nossos).

As considerações do autor marcam a relação entre utilização do meio físico ao qual a informação acontece dentro de um contexto. A informação não está no objeto, mas no contexto que possibilita a informação. Se a relação de percepção e entendimento da informação não ocorre, não faz nenhuma diferença o contexto. A significação depende do contexto para promover a relação de informação.

A verdade, segundo o método científico contido no pragmatismo peirceano, certamente contribui para Ciência da Informação e as definições epistemológicas que incluem a difusão de conceitos. A verdade para Peirce é um signo mental, num processo lógico de mediação, de um sujeito no caso do pensamento humano, que faz a mediação entre aquilo que é percebido (o objeto) e o efeito sobre este intérprete (o interpretante). Este signo mental tem a condição de uma proposição lógica com valor de verdade, que depende por um lado dos recursos conceituais deste sujeito usuário de signos, e por outro das condições pragmáticas que relacionam o objeto e usuário do signo, ou seja, a ambientação desta semiose. Desta maneira a determinação do interpretante, ou a melhor proposição verdadeira, é sempre um processo de aprendizagem no qual mudam as condições dos interpretantes produzidos, nos vários níveis de interação (HOUSER, 2006).

O conceito de informação discutido por Capurro e Hjørland (2007, p. 170), é versado como uma “não propriedade de fatos, mas é dependente do contexto e das limitações.” Ou seja, é impossível estudar a Ciência da Informação, e seu objeto de estudo, sem considerar o contexto em que a norteia. Assim, para Capurro e Hjørland (2007), tudo pode ser informação, desde que forneça uma resposta às necessidades informacionais àqueles que a procuram, comumente chamados de usuários, imersos em um contexto histórico e social. A respeito desta conceitualização contextual, Saracevic (1978, p. 9), propõem os objetivos que devem estar fortemente aplicados à CI, sendo: “(a) demanda e necessidade de informação da sociedade e da nova civilização com (b) o estado de tendências de nossos sistemas de informação com (c) o estado e tendências de nossa compreensão básica dos fenómenos e processos envolvidos”.

A comunidade científica, da qual a Ciência da Informação é parte, deve promover verdadeiramente a informação, considerando o grande volume produzido atualmente, dentro da contradição do sistema capitalista. Dentre as contradições que implicam em riquezas e predação de recursos naturais, tecnologia e baixas condições de vida, liberdade e dominação (HARVEY, 2016), cabe à Ciência da Informação tentar entender uma nova aparente contradição que é o grande volume de notícias produzido pelas redes sociais, que em princípio poderia democratizar o acesso ao conhecimento, e a qualidade desta informação transmitida, mas que na maioria das vezes reafirma aquilo que já está estabelecido numa sociedade injusta.

A hipótese de Hjørland e Albrechtsen do paradigma domínio analítico dentro da CI é.

[…] primeiramente um paradigma social concebido em CI como parte das ciências sociais. Em segundo lugar é uma abordagem funcionalista, tentando explicar as funções explicitas e implícitas da informação e comunicação; e traçar os mecanismos adjacentes desta percepção. Em terceiro esta é uma abordagem filosófico- realista tentando encontrar bases para CI que são externas para percepção subjetiva individualista do usuário, por exemplo, como oposição ao paradigma cognitivo e comportamental. (HJØRLAND; ALBRECHTSEN, 1995, p. 400, tradução nossa).

As descobertas científicas estão no âmbito de uma comunidade, o paradigma social ao qual pertence a Ciência da Informação implica em uma divulgação de representação do conhecimento que se adeque ao entendimento mais abrangente que aquele da comunidade relacionada à área científica. O modo de explicação e “mecanismos adjacentes da percepção de informação” (HJØRLAND; ALBRECHTSEN, 1995, p. 400, tradução nossa) tem nos processos de semiose a funcionalidade prática de análise dos processos informacionais. A abordagem do Idealismo Objetivo peirceana, na qual o signo pertence tanto à realidade quanto a percepção dos fatos embasa consistentemente a cognição e comportamento do usuário de uma maneira que não é reduzida apenas à funcionalidade, reduzida apenas a análise de conteúdo.

Capurro (2009, documento online, grifo nosso) afirma que a CI possui duas raízes de marco histórico: “[...] a biblioteconomia clássica ou, em termos mais gerais, o estudo dos problemas relacionados com a transmissão de mensagens, [...] a computação digital”; e a outra raiz de “caráter tecnológico recente”, referindo-se ao encontro prático que as novas tecnologias de informação e comunicação, e até mesmo os estudos da Ciência da Computação, oferecem, como a “produção, coleta, organização, interpretação, armazenagem, recuperação, disseminação, transformação e uso” do objeto de estudo da ciência em questão.

Mesmo não existindo um consenso a respeito do conceito de informação, a relação entre comunicação e informação está no escopo desta conceituação (CAPURRO, 2009, 135). A linguagem pode ser entendida como apenas produto da ação humana, mas deve ser entendida também enquanto manifestação de representação em qualquer substrato material. A semiose, contemplada no método pragmático, trata o processo de significação de maneira não antropocêntrica, embora a condição da ciência esteja sob o enfoque do conhecimento humano.

Os processos informacionais são dependentes tanto da forma como é apresentada a maneira de interação com o usuário quanto o meio físico no qual este sinal, ou signo está inserido. Não existe dissociação entre o meio físico e a capacidade de interação do signo com a mente que aprende no pragmatismo peirceano. Esta inter-relação da informação e seu caráter epistemológico estão implícitos no processo de significação. A inter-relação entre mensagem e informação é parte fundamental da semiose verdadeira. A produção de inferência que produz conhecimento para o sujeito, mediada pelo signo, implica em informação. A comprovação pelo método científico é capaz de validar e demonstrar a verdade do conteúdo, mesmo que esta verdade seja provisória, seja passível de alteração no futuro porque tanto a realidade quanto os fenômenos da natureza estão em constante mudança. Ser falível, para Peirce (1974, CP 1.171), não implica em falsidade, mas em adequar a realidade aos fatos da melhor maneira possível. E sempre que isto não ocorra, uma correção ética da conduta repõe o processo de semiose na busca para obtenção desta significação verdadeira.

A relação entre signo, objeto e interpretante na obtenção da verdade em um processo semiótico genuíno dá ao método pragmático sua eficiência científica. Esta verdade não tem um conhecimento que deva ser testado e apresentado enquanto um produto acabado, mas é um processo com vistas a uma verdade futura (SILVEIRA, 2007), na qual a ética deste procedimento levará à melhor adequação da representação, valendo-se da técnica mais adequada ao desenrolar do processo de significação, sempre passível de revisão e adequação.

Cabe à Ciência da Informação promover o método científico de fixação da verdade, e aqui é considerada a proposta Pragmatista como aquela que dá conta de tratar tanto a verdade científica quanto a verdade dos fatos. Cabe também à Ciência da Informação a árdua tarefa política de ação naqueles meios de informação que foge ao escopo contido na custódia tradicional da área, uma vez que é urgente a necessidade de regulamentação daquilo que circula nas redes sociais dado o poder de convencimento e rapidez de propagação de conteúdos informacionais.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Ciência da Informação trata da informação distribuída de modo coletivo, de maneira a atender uma comunidade na qual a contribuição do sujeito é parte deste conjunto. Os processos de construção científica devem ter o aval da coletividade para serem partilhados enquanto informação verdadeira. A discussão do conceito de informação e o critério de verdade para a disseminação da informação devem estar no escopo dos objetos desta disciplina científica. A visão pragmática implica na relação entre o substrato físico e a mensagem obtida no processo de significação traduzido em uma nova forma a ser divulgada. Assim informação não é uma “coisa” da qual haja apropriação, mas é um processo relacional de significação, na qual signo, objeto e interpretante numa tríade genuína fornecem um novo signo que representa esta relação e produz informação.

As contribuições do Pragmatismo Peirceano, dentro do método científico de atribuição de verdade, são importantes para a caracterização verdadeira do conteúdo a ser divulgado. Tratando-se de um processo semiótico genuíno os critérios de obtenção de verdade são passíveis de demonstração. A inter-relação entre a informação e verdade no processo genuíno confere autenticidade à divulgação do processo enquanto produto científico deste processo que pode ser disseminado. Mesmo sabendo que ele pode ser alterado no futuro e que novas adequações deverão ser ajustadas.

Materiales Suplementarios

Parecer (pdf)

REFERÊNCIAS

ASCHER, F. Os novos princípios do urbanismo. São Paulo: Romano Guerra, 2010.

BIRD, O. Peirce's theory of methodology. Philosophy of Science, v. 26, n. 3, p. 187-200, 1959. Disponível em: http://www.journals.uchicago.edu/t-and-c. Acesso em: 05 ago. 2018.

BORKO, H. Information Science: what is it? American Documentation, v. 19, n. 1, p. 3-5, Jan. 1968. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/mod/resource/view.php?id=1329191. Acesso em: 9 maio 2018. Tradução Livre.

BUCCI, E. Pós-política e corrosão da verdade. Revista USP, São Paulo, n. 116, p. 19-30, jan./mar. 2018. Disponível em: http://www.revistas.usp.br/revusp/article/view/146574/140220. Acesso em: 20 out. 2018.

BUCKLAND, M. Information is thing. Journal of the American Society for Information Science​, v. 42, p. 351-360, 1991. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/2532319/mod_resource/content/1/Informa%C3%A7%C3%A3oComoCoisa.pdf. Acesso em: 02 ago. 2018. Tradução livre de Luciane Artêncio.

CAPURRO, R.; HJORLAND, B. O conceito de informação. Perspectivas em Ciência da Informação, Belo Horizonte, v. 12, n. 1, p. 148-207, jan./abr. 2007. Tradução de: Ana Maria Pereira Cardoso; Maria da Glória Achtschin Ferreira; Marco Antônio de Azevedo. Disponível em: http://portaldeperiodicos.eci.ufmg.br/index.php/pci/article/view/54. Acesso em: 06 abr. 2018.

CAPURRO, R. Past, present, and future of the concept of information. Creative Commons License, v. 7, n. 2, p. 125-141, 2009. Disponível em: http://www.capurro.de/infoconcept.pdf. Acesso em: 29 out. 2018.

CHAPMAN, M. Fake news, echo chambers and filter bubbles: what you need to know. Better Internet for Kids. Disponível em: https://www.betterinternetforkids.eu/web/portal/practice/awareness/detail?articleId=1990814. 2017. Acesso: 27 out. 2018.

COLAPIETRO, V. M. Peirce’s approach to the self: a semiotic perspective on human subjectivity. New York: State University of N.Y. Press, 1989.

ENGLISH OXFORD LIVING DICTIONARIES. Big Data. 201?. Disponível em: https://en.oxforddictionaries.com/definition/big_data. Acesso em: 29 out. 2018.

FACEBOOK chega a 2,13 bilhões de usuários em todo o mundo. Disponível em: https://link.estadao.com.br/noticias/empresas_facebook-chega-a-2-13-bilhoes-de-usuarios-em-todo-o-mundo_70002173062.

FERREIRA, A. B. de H. Verdade. In: FERREIRA, A. B. de H. Miniaurélio Século XXI Escolar: o minidicionário da língua portuguesa. 4. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001. p. 707.

GENESINI, S. A pós-verdade é uma notícia falsa. Revista USP, São Paulo, v. 1, n. 116, p. 45-58, jan./mar. 2018. Disponível em: https://jornal.usp.br/wp-content/uploads/5-Silvio-Genesini.pdf. Acesso em: 29 out. 2018.

HARVEY, D. 17 Contradições e o Fim do Capitalismo. São Paulo: Boitempo, 2016.

HJORLAND, B. Principia Informatica: Foundational Theory of Information and Principles of Information Services. Digital Library of Information Science & Technology, Tucson, p. 109-121. 2002. Disponível em: https://repository.arizona.edu/handle/10150/105735. Acesso em: 06 abr. 2018.

HJORLAND, B.; ALBRECHTSEN, H. Toward a new horizon in information science: Domain-analysis. Journal of the American Society for Information Science, v. 46, n. 6, p. 400-425, jul. 1995. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1002/%28SICI%291097-4571%28199507%2946%3A6%3C400%3A%3AAID-ASI2%3E3.0.CO%3B2-Y. Acesso em: 06 abr. 2018.

HOUSER, N .Peirce’s Contrite Fallibilism, In: Semiotics and Philosophy in Charles Sanders Peirce. New Castle: Cambridge Scholar Press, p. 1-21, 2006. Disponível em: https://www.academia.edu/people/search?utf8=%E2%9C%93&q=PEIRCE%E2%80%99S+CONTRITE+FALLIBILISM+. Acesso em: 06 abr. 2018.

KOFMAN, A. Bruno Latour, the Post-Truth Philosopher, Mounts a Defense of Science. Disponível em: https://www.nytimes.com/2018/10/25/magazine/bruno-latour-post-truth-philosopher-science.html?fbclid=IwAR3IPNBhQzRGjAXIuyKFW1tGada4ybEF7KfqgHzADG0mmuVXRIRPLMtTGdQ. Acesso em: 25 out. 2018.

NEWSWHIP. The Rise of Hyper-Political Publishers. 2017. Disponível em: https://www.newswhip.com/wp-content/uploads/2017/05/The-Rise-Of-Hyper-Political-Publishers.pdf. Acesso em: 25 out. 2018.

PEIRCE, C. S. Collected Papers of Charles Sanders Peirce. Ed. Hartshorne, Charles; Weiss, Paul; Burks, Arthur. Cambridge, MA: Harvard University Press, 1931-1958. 8 v. (Quarta reimpressão, 1974).

PHILBECK, I. Connecting the unconnected: Working together to achieve Connect 2020 Agenda Targets. In: Special session of the Broadband Commission and the World Economic Forum at Davos Annual Meeting. Davos, 2017. Disponível em: https://www.broadbandcommission.org/Documents/ITU_discussion-paper_Davos2017.pdf. Acesso em: 29 out. 2018

PINHEIRO, L. V. R. Campo Interdisciplinar da Ciência da Informação: fronteiras remotas e recentes. In: PINHEIRO, L. V. R. (Org.). Ciência da Informação, Ciências Sociais e Interdisciplinaridade. Brasília; Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Informação em Ciência da Informação, 1999. Cap. 9. p. 155-182.

SANTAELLA, L. A Pós-verdade é verdadeira ou falsa?. São Paulo: Estação das Letras e Cores, 2018.

SANTOS, B. S. O que são os Iluminismos? 2018. Disponível em: http://alice.ces.uc.pt/en/index.php/opinion/boaventura-de-sousa-santos-o-que-sao-os-iluminismos-jornal-de-letras-1254/. Acesso em: 29 out. 2018.

SANTOS, M. A urbanização brasileira. São Paulo: Hucitec, 1993.

SARACEVIC, T. Ciência da informação: origem, evolução e relações. Perspectivas em Ciência da Informação, Belo Horizonte, v. 1, n. 1, p. 41-62, jan./jun. 1996. Disponível em: http://portaldeperiodicos.eci.ufmg.br/index.php/pci/article/view/235/22. Acesso em: 06 abr. 2018.

SARACEVIC, T. Educação em ciência da informação na década de 1980. Ciência da Informação, Rio de Janeiro, v. 7, n. 1, p. 3-12, dez. 1978. Disponível em: http://revista.ibict.br/ciinf/article/view/120. Acesso em: 06 abr. 2018.

SARACEVIC, T. Information Science. Journal of the American Society for Information Science, Hoboken, p. 1051-1063, out. 1999. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/epdf/10.1002/%28SICI%291097-4571%281999%2950%3A12%3C1051%3A%3AAID-ASI2%3E3.0.CO%3B2-Z. Acesso em: 06 abr. 2018.

SARACEVIC, T. Introduction to information science. New York: Bowker, 1970.

SILVEIRA, L. F. B. Curso de semiótica geral. São Paulo: Quartier Latin, 2007.

TRUMP anuncia saída dos EUA do Acordo de Paris sobre mudanças climáticas. 2017. Disponível em: https://g1.globo.com/natureza/noticia/trump-anuncia-saida-dos-eua-do-acordo-de-paris-sobre-mudancas-climaticas.ghtml. Acesso em: 25 out. 2018.

TWITTER tem pior crescimento em número de usuários. Disponível em: https://forbes.uol.com.br/negocios/2018/08/twitter-tem-pior-crescimento-em-numero-de-usuarios/ Acesso em: 29 out. 2018.

WHATSAPP atinge marca de 1 bilhão de usuários ativos por dia. 2017. Disponível em: https://g1.globo.com/tecnologia/noticia/whatsapp-atinge-marca-de-1-bilhao-de-usuarios-ativos-por-dia.ghtml. Acesso em: 29 out. 2018.

Notas

[1] Collected Papers é uma coletânea dos trabalhos de Charles Sanders Peirce(1839-1914) publicados em 1931 e 1958. Seguindo uma convenção dos estudiosos desta obra, será usada a seguinte referência: CP indica a obra Collected Papers. O primeiro número, usado logo a seguir da abreviação “CP” corresponde ao volume da obra indicada; e o segundo número corresponde ao parágrafo citado. Será usada desta maneira a referência quando for citada esta publicação de Charles S. Peirce, além da indicação do ano de publicação e da paginação, como definido pela norma ABNT
[2] Big data são “conjuntos de dados extremamente grandes que podem ser analisados computacionalmente para revelar padrões, tendências e associações, especialmente relacionados ao comportamento e às interações humanas” (ENGLISH OXFORD LIVING DICTIONARES, 2019, tradução nossa).

Informação adicional

CONTRIBUIÇÃO DE AUTORIA : Concepção e elaboração do manuscrito: S. C. B. Moraes, C. C. Almeida. Coleta de dados: M.R. L. Alves, S. C. B. Moraes, C. C. Almeida Análise de dados: S. C. B. Moraes, C. C. Almeida. Discussão dos resultados: M.R. L. Alves, S. C. B. Moraes, C. C. Almeida Revisão e aprovação: S. C. B. Moraes, C. C. Almeida.

CONJUNTO DE DADOS DE PESQUISA: Todo o conjunto de dados que dá suporte aos resultados deste estudo foi publicado no próprio artigo.

LICENÇA DE USO: Os autores cedem à Encontros Bibli os direitos exclusivos de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution (CC BY) 4.0 International. Estra licença permite que terceiros remixem, adaptem e criem a partir do trabalho publicado, atribuindo o devido crédito de autoria e publicação inicial neste periódico. Os autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não exclusiva da versão do trabalho publicada neste periódico (ex.: publicar em repositório institucional, em site pessoal, publicar uma tradução, ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial neste periódico.

PUBLISHER: Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação. Publicação no Portal de Periódicos UFSC. As ideias expressadas neste artigo são de responsabilidade de seus autores, não representando, necessariamente, a opinião dos editores ou da universidade.

EDITORES: Enrique Muriel-Torrado, Edgar Bisset Alvarez, Camila Barros.

HMTL gerado a partir de XML JATS4R por