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Disseminação, compartilhamento e apropriação da informação no Youtube: uma análise do canal LGBTQ “PÕE NA RODA”
Daniel MARTÍNEZ-ÁVILA; Caroline Kraus LUVIZOTTO; Jean Fernandes BRITO;
Daniel MARTÍNEZ-ÁVILA; Caroline Kraus LUVIZOTTO; Jean Fernandes BRITO; Rafaela Carolina da SILVA
Disseminação, compartilhamento e apropriação da informação no Youtube: uma análise do canal LGBTQ “PÕE NA RODA”
Dissemination, sharing and appropriation of information on YouTube: an analysis of the LGBTQ channel “Põe na Roda”
Encontros Bibli: revista eletrônica de biblioteconomia e ciência da informação, vol. 25, pp. 1-18, 2020
Universidade Federal de Santa Catarina
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Resumo: Objetivo: Ao abarcar o contexto histórico-social de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Queer (LGBTQ), compreende-se a existência de dimensões de visibilidade, via espaços físicos e virtuais, onde o fortalecimento de uma identidade trafega a ideia de movimento enquanto comunidade. Logo, este estudo investigou as maneiras pelas quais o canal do YouTube “Põe na Roda” trabalha com a disseminação da informação para a apropriação LGBTQ.

Método: Utilizou-se o método Netnografia, com abordagem qualitativa, do tipo exploratória e aplicada, com a análise do vídeo intitulado “Opção Sexual: você nasceu ou virou hétero?”, a partir dos critérios de visibilidade ‘mais visualizações’ e ‘mais comentários’.

Resultado: A troca da informação é percebida pelo criador de conteúdo e pelas formas de relacionamento público-plataforma, dando ao usuário os recursos necessários ao como proceder em caso de alguma necessidade informacional relacionada ao gênero trabalhado. Fica evidente a preocupação e o comprometimento do criador de conteúdo enquanto um profissional disseminador da informação, seja na construção e no desenvolvimento dos seus vídeos, seja na manutenção de uma estrutura coerente do assunto abordado, contando que, ao mediar as informações aos seus usuários, ele se torna um pesquisador.

Conclusões: O movimento LGBTQ apropria-se de informações e proporciona a troca de conhecimentos entre eles e para com o criador de conteúdo do canal analisado. Observa-se, assim, a importância de plataformas como o YouTube para a Ciência da Informação, contando que esses ambientes cumprem para com o tratamento da informação e para com a geração de conhecimento em sociedade.

Palavras-chave:Disseminação da InformaçãoDisseminação da Informação,Apropriação da informaçãoApropriação da informação,Comunidade LGBTQComunidade LGBTQ,YouTubeYouTube,Canal “Põe na Roda”Canal “Põe na Roda”.

Abstract: Objective: When working with the social and historic context of Lesbian, Gay, Bisexual, Transgender and Queer (LGBTQ) people, it is possible to see the existence of several dimensions of visibility in physical and virtual spaces where a community is created to strengthen the movement. In this sense, this paper studied the ways in which the “Põe na Roda” YouTube channel works with the dissemination of information for the appropriation of LGBTQ information.

Methods: The research method was a netnography, with qualitative and exploratory approaches to an applied study in order to analyze the video “Opção Sexual: você nasceu ou virou hétero?”, based on the criteria of ‘more views’ and ‘more comments.’

Results: The exchange of information can be perceived both in the youtuber and in the ways of the relationships between the audience and platform, giving the users knowledge on how to face information needs on the topic of the channel. This aspect reveals the youtuber’s concern and commitment as a professional who disseminates information and at the same time makes videos in a coherent way in order to mediate the information to the users.

Conclusions: The LGBTQ’s movement appropriates and shares information between its community in the YouTube platform and the youtubers. Thus, we observed the importance of platforms such as YouTube for the Information Science field as these environments complement the information processing and the generation of knowledge in society.

Keywords: Dissemination of information, Appropriation of information, LGBTQ community, “Põe na Roda” channel.

Carátula del artículo

Estudos de Caso

Disseminação, compartilhamento e apropriação da informação no Youtube: uma análise do canal LGBTQ “PÕE NA RODA”

Dissemination, sharing and appropriation of information on YouTube: an analysis of the LGBTQ channel “Põe na Roda”

Daniel MARTÍNEZ-ÁVILA
Universidade Carlos III Madrid, España
Caroline Kraus LUVIZOTTO
Universidade Estadual Paulista, Brasil
Jean Fernandes BRITO
Universidade Estadual Paulista, Brasil
Rafaela Carolina da SILVA
Universidade Estadual Paulista, Brasil
Encontros Bibli: revista eletrônica de biblioteconomia e ciência da informação, vol. 25, pp. 1-18, 2020
Universidade Federal de Santa Catarina

Recepção: 23 Setembro 2019

Aprovação: 14 Outubro 2019

Publicado: 03 Janeiro 2020

1 INTRODUÇÃO

Os recursos e as tecnologias de comunicação foram aprimorados rapidamente, democratizando de maneira inédita o acesso à informação. Com a internet e as ferramentas Web 2.0, a informação, antes centralizada pela mídia de massa dos grandes conglomerados midiáticos, passa a ser produzida e disseminada com possibilidade de interação dos seus usuários. Hoje, cidadãos, movimentos e grupos sociais, governo e organizações podem propagar suas ideias para todo o mundo, criando novas fontes de informação, produzindo e divulgando conteúdo à sua maneira.

O processo de informatização e digitalização dos meios e das ferramentas de informação e comunicação ampliou o número de usuários e de comunidades virtuais desterritorializadas e até multiculturais. Por meio da disseminação da informação na internet, temas às vezes restritos à esfera privada ganharam destaque na esfera pública, concedendo espaço e dando voz a inúmeros sujeitos ou grupos sociais. Segundo Luvizotto, Gonzales e Calonego (2017, p. 114) com a Web e as mídias digitais, as formas de comunicação “[...] e consumo de informação se modificaram, deixando de ser unilaterais – marca dos meios de comunicação de massa – e passam a ser mais participativas e democráticas”, sendo possível ultrapassar a censura ideológica e as políticas editoriais dos meios de comunicação tradicionais, como a televisão, o rádio e a mídia impressa.

Entre os ambientes digitais com maior utilização nos dias de hoje, tem-se o YouTube, uma plataforma de distribuição de vídeos (vlogs) que, ao disseminar a informação por meio dos seus canais de variados tipos, permite a participação dos usuários em seus espaços. Tratam-se de espaços que disseminam a informação, além de proporcionarem a apropriação dos sujeitos que estão envoltos.

Estudos recentes indicam que a internet e as mídias digitais possibilitam uma nova compreensão e sentido para a participação, para a democracia, para o ativismo e para as identidades coletivas (CASTELLS, 2013; PERUZZO, 2015; SHERER-WARREN; LUCHMANN, 2015; VOLPATO et al., 2019). Dentre seus usuários mais ativos, uma população com forte vínculo identitário é a de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Queer (LGBTQ), uma comunidade que utiliza desse ambiente como forma de expressão do seu estilo de vida; um meio de manifestar suas demandas e de evidenciar a luta pelos seus direitos em sociedade.

Ao abarcar o contexto histórico-social LGBTQ, compreende-se a existência de dimensões de visibilidade, onde o fortalecimento de uma identidade trafega a ideia de movimento enquanto comunidade (FACHINI; FRANÇA, 2009). Essas comunidades buscam espaços físicos e virtuais seguros (safe spaces) para interagirem e fortalecerem seus pontos de vista, características essas próprias da Web 2.0. Destaca-se que o movimento LGBTQ transformou-se, nos últimos anos, em um dos movimentos sociais mais expressivos do país (LAVALLE; CASTELLO; BICHIR, 2004), impactando, ativamente, na sociedade.

Entende-se que a comunidade LGBTQ se apropria das informações do YouTube na medida em que esses ambientes criam um espaço de visibilidade, divulgação e ampliação do acesso à informação. De acordo com Volpato et al. (2019, p. 354) “podemos compreender a necessidade de desenvolver, junto aos movimentos sociais, habilidades para que possam conquistar uma participação nos espaços de visibilidade pública”. A internet possibilita muito mais que isso: além de dar visibilidade à comunidade LGBTQ, permite que seus membros produzam conteúdos sobre si e para si. Neste sentido, este estudo investigou as maneiras pelas quais um dos canais mais completos e reconhecidos por esse público no YouTube, o canal “Põe na Roda”, trabalha com a disseminação da informação para a apropriação LGBTQ. Mais especificamente, objetivou compreender como é feito o compartilhamento da informação nesse ambiente.

Tendo em vista que a Ciência da Informação (CI) lida, diretamente, com os processos relacionados com a produção, acumulação, organização, interpretação, armazenamento, recuperação, divulgação, transformação e uso da informação e que um dos focos da área é discutir o uso da informação e o comportamento dos sujeitos perante as tecnologias presentes nas unidades de informação, neste estudo, enfatiza-se os meios de disseminação e de apropriação da informação.

Para tanto, cabe ressaltar que o campo das Tecnologias de Informação e de Comunicação (TIC) vem potencializando-se na CI, sendo percebido

[...] nas estruturas e modelos de sistemas computacionais atuantes nos processos de produção, de armazenamento, de preservação, de representação, de recuperação, de acesso, de (re)uso e de disseminação de conteúdos informacionais (SANTOS; VIDOTTI, 2009).

Nesse contexto, ao passo que as facilidades do mundo digital proporcionam um número cada vez maior de adeptos às TIC, têm-se um cenário onde a interação e a troca da informação entre os usuários da web interligam processos de disseminação e de apropriação da informação, seja por meio das redes sociais, ou através de websites colaborativos.

Entende-se que, à medida que uma informação é disseminada, a sua apropriação depende da situação e do contexto em que ambos (receptores e emissores) estão inseridos. Desse modo, a efetiva apropriação da informação depende de como e onde ela é disseminada, além da história de vida das pessoas envolvidas nesse processo, dos seus conhecimentos prévios, bem como das suas possibilidades de acesso às tecnologias.

Para atingir o objetivo proposto, este artigo compreende cinco seções, a saber: a seção 1 apresenta as considerações iniciais, o problema e os objetivos da pesquisa; a seção 2 demonstra uma tessitura teórica sobre a Disseminação da Informação no YouTube e a Apropriação da Informação pela comunidade LGBTQ; a seção 3 considera os aspectos metodológicos que subsidiaram o desenvolvimento deste estudo; a seção 4, a análise e a discussão dos resultados; por fim, a seção 5 designa as considerações finais do estudo.

2 DISSEMINAÇÃO DA INFORMAÇÃO NO YOUTUBE E APROPRIAÇÃO DA INFORMAÇÃO PELA COMUNIDADE LGBTQ

Com a modernização dos meios de criação, uso e disseminação da informação, as maneiras de organizá-la foram alteradas, passando o processo a ocorrer não mais de modo linear, mas, descontinuado, seguindo a estrutura do funcionamento da mente humana. Nesse contexto, pensar as problemáticas vinculadas à informação, ao conhecimento e, principalmente, à sociedade, torna-se essencial para a compreensão da influência dos movimentos sociais na atual concepção de ciência, pois, é a partir dela que o ser humano passa a compreender que o conhecimento e a realidade são socialmente construídos (BERGER; LUCKMANN, 2002, p. 14).

A comunidade LGBTQ possui uma busca histórica por espaço e direitos na sociedade brasileira. Enquanto movimento social, encontra nos ambientes digitais um locus de visibilidade e de apropriação. Os movimentos sociais, aqui compreendidos como “ações coletivas caracterizadas pelo ajuntamento de pessoas que se identificam em torno de uma causa ou demanda específica”, que pode ser de cunho político, social, cultural ou identitário, possuem uma estrutura, uma sociabilidade e mecanismos de ação próprios de acordo com cada época e circunstância (LUVIZOTTO, 2017, p. 62). Atualmente, grande parte dos movimentos sociais utiliza a internet para expressar suas demandas, gerar saberes e reforçar os vínculos indenitários e de pertencimento ao grupo.

Tomando como paradigma empírico o objeto de estudo deste artigo, qual seja um canal LGBTQ no YouTube e, compreendendo a importância da informação produzida, disseminada e apropriada por esse grupo, é possível convergir para a importância da CI para essa abordagem de estudo. Foi a partir da criação das concepções de disseminação e de apropriação da informação que se buscou promover mudanças e ampliar a participação do profissional da informação para além das unidades informacionais, tradicionalmente pesquisadas na área de CI. Compreende-se que "o processo de disseminação da informação pressupõe dois aspectos: 1) existir informações e 2) [...] estratégias e técnicas de comunicação" (BARROS, 2003, p. 53), presumindo a participação de emissores e de receptores de informação.

Nessas circunstâncias, o profissional da informação deve ser capaz de identificar de que maneira os sujeitos acessam e filtram as informações disponibilizadas, trabalhando entre o que o usuário busca recuperar e as necessidades que surgem das suas pesquisas (RAMOS; SANTANA; SANTOS NETO, 2016). Nesse caso, a troca de informação entre o emissor (profissional da informação) e o receptor (usuário) acontece nas estratégias adotadas pelo profissional da informação no atendimento às dúvidas dos usuários.

Para Barreto (2005), a apropriação da informação presume a assimilação e a modificação do estoque mental de informações do indivíduo, trazendo benefícios tanto ao seu desenvolvimento como à sociedade em que ele vive. Dito isso, a apropriação da informação pressupõe o cognitivo do ser humano, para que ele pense sobre a informação que recebe, gerando seu próprio significado e, posteriormente, disseminando-o em sociedade. Assim, a disseminação da informação expressa o funcionamento adequado das atividades-meio de uma unidade de informação, sendo que, no YouTube, ela pode ser caracterizada pelas informações a serem comunicadas pelo criador de conteúdo (emissor), aos seus receptores (usuários da plataforma), e vice-versa.

Destaca-se que o YouTube foi lançado em maio de 2005 para que as pessoas pudessem descobrir, assistir e compartilhar vídeos criados por cidadãos comuns em seu dia a dia. Para tanto, a plataforma oferece fóruns para que as pessoas se conectem, se informem e inspirem umas às outras por todo o mundo, atuando como espaço de distribuição para criadores de conteúdo e anunciantes de grandes e pequenos portes (YOUTUBE, 2018).

O processo de disseminação da informação no YouTube se inicia quando um vídeo é gravado pelo criador de conteúdo. O arquivo do vídeo gravado é enviado ao serviço de pacotes de dados e recebido pelos servidores, que o prepara para o processamento, ou seja, para a conversão do vídeo em vários formatos e resoluções. Em seguida, os vídeos são replicados em servidores do YouTube e espalhados pelo mundo.

No processo de apropriação da informação dos usuários em relação aos criadores de conteúdos, assim que o usuário do YouTube encontra um vídeo de seu interesse, ele clica no botão "Play" para assisti-lo. O YouTube identifica a qualidade da conexão ou o histórico do usuário para definir a melhor qualidade de transmissão. Os vídeos, então, são enviados em blocos de dados, que representam poucos segundos do vídeo, ficando em constante carregamento.

Em relação à troca de informações, a opção de patrocínio por marcas possibilita o pagamento ao criador de conteúdo por propagandas exibidas em seus vídeos, o que também se caracteriza por ser um processo de disseminação da informação. Além disso, o usuário pode tornar-se membro de um canal, assinando conteúdos exclusivos, não acessíveis na opção gratuita.

O processo de troca de informações e de interação entre usuários e criadores de conteúdo pode ser percebido nas opções de o usuário se inscrever, bem como de ativar o botão "Sininho" em um canal e, assim, receber os novos vídeos postados; e nos botões "Gostei" e "Não Gostei", onde os usuários mostram se gostaram ou não dos conteúdos postados. Na segunda descrição, o criador de conteúdo, por sua vez, recebe visualizações todas as vezes que um desses botões é clicado, o que aumenta a sua popularidade e, consequentemente, sua visibilidade para usuários que desconhecem seu trabalho.

Além disso, há a opção de compartilhar vídeo, onde o usuário pode copiar o link do vídeo ou compartilhá-lo, automaticamente, em redes sociais como o Facebook, o WhatsApp, o Linkedin, o Twitter, o Blogger, o Tumblr, o Reddit, o Pinterest, o BKOHTAKTE, o Goo, o Digg, o próprio YouTube e e-mails em geral. Nos comentários, que podem ser ou não abertos ao público pelo criador de conteúdo, há a possibilidade de os usuários conversarem entre si e com o criador de conteúdo, sendo uma rica fonte de criação de novos vídeos.

A troca de informações também pode ser vista pelas opções que o YouTube oferece ao usuário para salvar um vídeo em playlists de seu interesse, assim como nas alternativas de denunciar um vídeo que pense ser impróprio à sua faixa etária, ou que fira determinados valores, reforçando a ideia de apropriação da informação. Há, do mesmo modo, a viabilidade do criador de conteúdo transcrever seu vídeo em uma língua estrangeira ou do próprio usuário adicionar uma tradução ao conteúdo postado.

Em relação ao tema deste estudo, segundo Vianna (2015), alguns traços da expressão LGBTQ são desenhados pela presença de suas “rotinas” de ações, de seus interesses, de seus aliados e da sua representação em diversos espaços da sociedade, levando em conta o uso das tecnologias em seus diversos contextos, como por exemplo, turismo, relacionamentos e fóruns de discussão. Logo, pensar na disseminação e na apropriação da informação para esse público é ampliar a participação dessa comunidade em sociedade, otimizando seu acesso à informação seja por meio de plataformas analógicas ou digitais.

Da mesma maneira que os espaços LGBTQ em certa medida visibilizam a homossexualidade, é também, por meio deles que a população LGBTQ se mostra como um meio sociável de militância pelo movimento (FACHINI; FRANÇA, 2009). Sendo assim, os espaços das mídias e a web contribuem significativamente para a socialização e para a apropriação da informação da comunidade LGBTQ, na medida em que permitem a sociabilidade nesses ambientes informacionais digitais.

Segundo Luvizotto (2017, p. 63) “a sociedade precisa discutir, debater, manifestar-se sobre as demandas do movimento social para que ele tenha legitimidade e seja reconhecido como uma mobilização cidadã”. Neste contexto, a internet é um elemento importante na relação entre a sociedade e os movimentos sociais, pois ela possibilita visibilidade, difunde suas informações e possibilita a participação e o engajamento daqueles que se identificam com alguma causa. Volpato et al. (2019, p. 345) conjugam desse pensamento ao afirmarem que o uso da internet e de dispositivos móveis, bem como “seu baixo custo, a possibilidade de interação, o rompimento com as barreiras de tempo e espaço são algumas das características que fazem da internet um meio fundamental para os movimentos sociais”.

Cabe destacar que o YouTube opera por meio da flexibilização do tempo e do local de trabalho, devido à facilidade existente na interação com o usuário e o avanço do uso dos meios digitais. Dessa maneira, a visibilidade LGBTQ, pauta recorrente nas últimas décadas, torna-se um termo ambíguo: refere-se a obter grande quantidade de visualizações no site e também proporcionar relações sociais (ainda que virtuais) que gerem debates acerca do reconhecimento de pessoas LGBTQ enquanto cidadãos e cidadãs de direito (LIMA; GERMANO, 2017).

O canal de humor Põe na Roda foi criado em 26 de janeiro de 2014, por Pedro Henrique Mendes Castilho, mais conhecido por Pedro HMC, homossexual, apresentador de programas de televisão e autor de livros do gênero, com o objetivo de realizar conversas com seu público sobre como se assumir publicamente, saúde LGBTQ, relacionamentos homoafetivos, notícias semanais sobre o que acontece no mundo LGBTQ e quadros para ajudar os pais que possuem filhos LGBTQ ao como lidarem com a situação. Até a elaboração deste artigo, o canal contava com 992.897 inscritos, não necessariamente da comunidade LGBTQ, mas também heterossexuais presentes no mundo todo.

Os vídeos são postados duas vezes por semana (às terças-feiras e às sextas-feiras), somando um total de 143.028.417 visualizações até o momento, o que mostra a sua abrangência em contexto mundial. A troca de informações fornecida pelo canal pode ser vista na ênfase dada ao intercâmbio entre o que é postado pelo criador de conteúdo e como os usuários do canal interagem com os vlogs postados, uma vez em que o conteúdo do canal é retirado, em sua maior parte, da demanda dos usuários, além das conversas no item dos comentários, que permite a troca de informações não somente entre o criador de conteúdo e os usuários, mas também entre os usuários.

3 ASPECTOS METODOLÓGICOS

Este estudo possui natureza qualitativa, do tipo exploratória e aplicada, tendo como escopo o método da Netnografia para a coleta e análise dos dados. Segundo Almeida, Sousa e Oliveira (2018), a Netnografia é um ramo da Etnografia que estuda as tecnologias e o comportamento de grupos sociais na internet.

Optou-se por desenvolver uma pesquisa exploratória, uma vez que existem poucos estudos sobre a temática na área, já que a “investigação exploratória é realizada em área na qual há pouco conhecimento acumulado e sistematizado. [...] É, normalmente, o primeiro passo para quem não conhece suficientemente o campo que pretende abordar” (MORESI, 2003, p. 9).

O universo de estudo abarcou o canal “Põe na Roda”, como locus digital de troca de informações na comunidade LGBTQ. Foi selecionado para análise um vídeo do canal intitulado “Opção Sexual: você nasceu ou virou hétero?”, utilizando o critério de visibilidade: mais visualizações e mais comentários. A análise do vídeo foi realizada no dia 21 de junho de 2019, utilizando-se da técnica de observação direta. Vale destacar que o vídeo foi publicado no dia 19 de agosto de 2014, pelo idealizador do canal, e conta, até o momento de sua análise, com um milhão de visualizações e mais de três mil comentários.

Para o procedimento de coleta e análise dos dados, os elementos se caracterizaram pela relação entre os usuários do canal e a fidedignidade do criador de conteúdo para com o seu público. Muriel-Torrado e Gonçalves (2017) explicam que o YouTube tem a intenção de criar um melhor relacionamento entre os públicos de interesse de uma determinada comunidade e as suas relações no ambiente web, tanto por meio do alcance, nos vídeos publicados, das necessidades informacionais de seus usuários, como pelas formas de relacionamento da plataforma e dos criadores de conteúdo para com essas pessoas. Diante disso, através da Netnografia, e com base nos autores supracitados, verificou-se: 1) os objetivos de criação do canal, 2) a criação de vídeos de acordo com a demanda dos usuários, 3) as formas de relacionamento com o público por parte do criador de conteúdo, 4) a estrutura das temáticas dos vídeos, e 5) as formas de interação dos usuários para com a plataforma YouTube.

4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Nesta seção, apresenta-se a análise e a discussão dos resultados de pesquisa, que incluem, primeiramente, a análise geral do canal “Põe na Roda” e sua relação com o processo de disseminação e de apropriação da informação pela comunidade LGBTQ. A segunda análise focou em um dos vídeos do canal, de modo a observar a intercessão entre os comentários dos usuários.

4.1 Análise do Canal Põe na Roda: apropriação e disseminação da informação LGBTQ

A troca de informação, no que tange à disseminação e à apropriação explícitas da informação, mediante a presença do usuário, pode ser constatada no ambiente dos vlogs quando há interação entre os produtores de conteúdo e os usuários via comentários. Além disso, pode ser percebida quando ambos discutem o conteúdo postado, inserindo complementos ou discutindo possíveis temas.

Em relação aos elementos de análise elencados, observou-se que no item 1 (objetivos de criação do canal) o “Põe na Roda” trata de temas como notícias semanais sobre o público LGBTQ; variações no tratamento dessas pessoas nos diferentes países; explicação de denominações (trans, gays, lésbicas etc.); entrevistas com héteros sobre o que eles pensam sobre o modo de viver da comunidade LGBTQ; bem como entrevistas com o público LGBTQ, buscando sua compreensão sobre um determinado enunciado. Percebe-se, portanto, que são proposições que fazem um intercâmbio de interesses sociais, sempre tratadas com humor, a fim de se trabalhar a importância da sua presença na web. Há, também, uma forte relação entre o conteúdo postado, os comentários dos usuários e as respostas a esses comentários pelo criador de conteúdo do canal, o que o torna disseminador de informação nesse processo.

O item 2 (criação de vídeos de acordo com a demanda dos usuários) trata das temáticas abordadas pelo criador de conteúdo e o quanto elas estão relacionadas com o que o público pede em rede social ou não. Observou-se que, além de trazer pessoas de outros canais do YouTube, ou figuras públicas, Pedro realiza entrevistas nos centros das grandes cidades para saber o que as pessoas entendem sobre o assunto e os discute publicamente. Ademais, há um quadro chamado "Ajuda Põe na Roda", onde psicólogos e estudiosos do assunto são chamados para conversarem sobre um determinado tema, tirando as dúvidas que os usuários enviam para o criador de conteúdo.

Um quadro de entrevistas realizado no canal é o “24 Perguntas”, onde Pedro faz perguntas do dia a dia LGBTQ a uma figura pública, em prol de entender sua opinião sobre a comunidade em questão, e respeitando os pedidos de entrevistas realizados pelos seguidores do canal nos comentários do YouTube. Alguns dos participantes desse quadro foram: Anitta, Pabllo Vittar, Fernanda Souza e Gretchen.

Outro exemplo relacionado ao item 2 é o blog de viagens, em que Pedro vai para algum país famoso em sua acessibilidade ao público LGBTQ, como Israel e Caribe, e entrevista os cidadãos locais e/ou participantes de um evento LGBTQ em específico, comparando-os com a atual situação do Brasil. Nessa perspectiva, percebe-se o papel de disseminador da informação de Pedro, ao passo que busca e traz informações atualizadas, de interesse social e político, ao público com quem trabalha.

No que se refere às formas de relacionamento com o público por parte do criador de conteúdo (item 3), elas ocorrem por meio das oportunidades que a plataforma YouTube dá, como os comentários em cada vídeo postado, os cliques em “Gostei” e “Não Gostei”, além das redes sociais do canal (Facebook, Instagram e Twitter), assim como com as redes sociais de Pedro e dos convidados para os quadros do canal. Ressalta-se que Pedro está constantemente em convívio com seu público, respondendo questões levantadas e fazendo enquetes sobre os assuntos a serem trabalhados em seus vídeos.

Aliás, o quadro “Ajuda Põe na Roda” trata de assuntos mais específicos ao dia a dia político, econômico e social da comunidade LGBTQ. Em muitos dos vídeos postados, são contadas histórias dos usuários que resolveram relatar para a sociedade sua opção sexual e o como as pessoas ao seu redor reagiram, assim como enredos dos familiares desses personagens quando para com a notícia dada.

No item 4 (estrutura das temáticas dos vídeos) destaca-se que o canal aborda temas da cultura LGBTQ por meio do esclarecimento de dúvidas a pessoas que acompanham o canal, de informações sobre como é fazer parte dessas siglas, da quebra de preconceitos que ainda existem sobre os estereótipos, além de mostrar como é ser um LGBTQ pelo mundo afora. A título de exemplificação, no quadro “Deu na Semana”, Pedro faz um noticiário das figuras públicas que se assumiram LGBTQ nos últimos dias, de atitudes desrespeitosas de políticos e famosos para com os diferentes gêneros e dos avanços na quebra de preconceitos dada por um determinado país ou localidade.

Por fim, as formas de interação dos usuários para com a plataforma YouTube (item 5) são destacadas pelos vídeos em tempo real (lives) realizadas no canal, onde, ao vivo, são realizados bate papos entre o público do canal e o criador de conteúdo que, na maioria das vezes, chama seu namorado (um homem trans) para participar da videoconferência. Além do mais, também são realizadas lives individuais e/ou em conjunto com algum usuário ou figura pública, assim como a troca de informações via comentários no YouTube, ou nas redes sociais do criador de conteúdo, onde as perguntas destacadas pelos usuários são utilizadas e respondidas nos vlogs do canal.

Com o uso da internet e especialmente da plataforma YouTube, pode-se observar uma mudança nos sujeitos protagonistas dos movimentos sociais, que passam a falar de si e para si. Também existem mudanças na forma como os sujeitos se organizam, se articulam e atuam nos movimentos sociais contemporâneos, por meio de redes. A internet potencializa a capacidade dos movimentos sociais de “transformar atores sociais em sujeitos sociopolíticos, coletivos, construtores de suas histórias”, uma vez que, conforme sugerido por esse estudo, possibilita a eles “realizar alianças, se inserir em redes, realizar parcerias, articular-se com outros movimentos com princípios e valores similares, e outras ações expressas no agir político de um movimento” (GOHN, 2008, p. 38).

4.2 Análise do vídeo: Opção Sexual: você nasceu ou virou hétero?”

Para a complementação da análise dos resultados da pesquisa, foi selecionado o vídeo intitulado “Opção Sexual: você nasceu ou virou hétero?”. O mesmo trabalha com o paradigma da sexualidade hétero versus a homoafetiva, indo ao encontro do entendimento de como a pessoa se percebeu enquanto uma das duas opções. O conteúdo tem duração de seis minutos e trinta e três segundos e faz uma desconstrução da ideia de heterossexualidade e de homossexualidade.

O vídeo possui uma linguagem coloquial, uma vez que procura atingir o maior número de pessoas possíveis, independentemente de seu nível educacional. Ressalta-se que, nessa época (agosto de 2014), o canal contava com outros integrantes, também criadores de conteúdo, como é o caso de Nelson Carneiro, vulgo Nelson Sheep, um dos entrevistadores do vídeo, que deixou o canal em 2016.

O vídeo se inicia com a indagação sobre o que seria opção sexual, explicando que a palavra opção significa faculdade, ação de optar, de escolher entre duas ou mais coisas, uma escolha, uma seleção. Nesse contexto, Pedro e Nelson explicam que não se lembram de terem feito opções para a sua sexualidade, no caso, homoafetiva e, para tanto, foram entrevistar pessoas aleatórias nas ruas da cidade de São Paulo, capital, com o intuito de verificarem as suas opiniões sobre o assunto.

Foram entrevistadas 25 pessoas, essas questionadas com seguinte indagação: “Nasce gay ou vira gay?”. Do total de pessoas entrevistas, onze disseram que todos nasceram gay, nove afirmaram que era uma opção e seis estavam indecisos ou não sabiam responder.

Dos que afirmaram ser uma opção, vieram discursos homofóbicos e transfóbicos, alegando as seguintes situações cotidianas, todas voltadas ao meio ao qual o indivíduo vive: a) convivência com os amigos, que podem se tornar más influências; b) sem-vergonhice da pessoa, que quer experimentar coisas novas ou ir na onda do que todo mundo faz; culpa da família, que não repreendeu o indivíduo para que ele “deixasse de ser gay”; c) falta de fé em Deus, já que ser LGBTQ significa não acreditar ou seguir os desígnios de Deus; e d) culpa da mãe, que não educou seu(a) filho(a) adequadamente – nas palavras do entrevistado “No tempo em que o menino era pequeno, a mãe não deu todo o afeto de que ele precisava”. Nesse último caso, Pedro rebate o entrevistado, dizendo que é gay, e teve todo o carinho necessário da sua mãe, mas, o mesmo se recusa a entender e diz que, então, de jeito nenhum Pedro égay.

Nesse ponto de vista, percebe-se a não vontade do entrevistado de compreender a situação e de complementar a informação adquirida ao seu conhecimento prévio. A Figura 1 apresenta o printscreen da thumbnail, ou seja, da imagem em miniatura do vídeo analisado.


Figura 1
Vídeo analisado
Fonte: YouTube / Canal Põe na Roda (2014). Captura: 21 de junho de 2019.

Durante as entrevistas, com tom de humor, os criadores de conteúdo rebateram algumas das respostas dadas pelos entrevistados, como é o caso de um espectador que respondeu que as pessoas viram gay. Nessa conjuntura, os entrevistadores o perguntam quando foi que ele virou hétero, e o sujeito disse já ter nascido hétero.

Diferentemente desse caso, outros entrevistados ficaram sem reação ao serem rebatidos sobre a mesma questão. Vê-se, portanto, uma contraposição entre o nascer hétero (uma condição dada “normal” pela sociedade) e o tornar-segay, levando à indagação de que essa é uma situação ainda anormal para alguns dos padrões brasileiros.

Cabe destacar que a maioria dos entrevistados que afirmaram ser gay uma condição de nascença, e que realmente entenderam a situação desejada pelo vídeo, são do público LGBTQ. Desse modo, percebeu-se que os paulistas, em geral, ainda têm dúvidas em relação à vivência desses indivíduos, seja por falta de informação ou, até mesmo, por ocasiões de preconceito.

Um caso interessante de se observar é o de duas mulheres entrevistadas, gêmeas, criadas em um mesmo contexto familiar, mas, que divergiram em suas opiniões: uma disse que as pessoas viram gay, e a outra que o indivíduo já nasce gay. Nesse cenário, pode-se dizer que essa visão diversificada vem do modo como as mesmas pretendem, de modo individual, enxergar a condição LGBTQ, já que infere-se a natureza similar da educação dada para ambas. Assim, o conhecimento adquirido com suas experiências possibilitou as discordantes opiniões.

Além do mais, muitos dos entrevistados possuíam dúvidas sobre o significado dos termos “heterossexual” e “homossexual”, na medida em que perguntavam - “Hétero é quem pega mulher, né?” - ou afirmavam - “Eu me tornei hétero quando eu fiz 20 anos, pois foi quando eu perdi a virgindade”, “Você não é gay, você é homem”. Logo, percebeu-se a necessidade da maior disseminação desse tipo de informação, o que é rotineiro do canal “Põe na Roda”.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por meio desta pesquisa, pôde-se elucidar que a disseminação, compartilhamento e a apropriação da informação ocorrem em qualquer momento e contexto, mas que, atualmente, elas se concentram, em grande parte, no uso das TIC, existindo um volume considerável de vlogs no YouTube. No que se refere ao público LGBTQ, o Canal Põe na Roda proporciona a disseminação de conteúdos aos seus usuários, que se apropriam da informação recebida, e passam a trocar informações com o criador de conteúdo e outros usuários.

Nessa conjuntura, os assuntos tratados são de diversos domínios, indo além do entretenimento, ao destacar informações a respeito da legislação LGBTQ, bem como instituições específicas, que podem ser consultadas em caso de dúvidas ou de violação dos direitos dessa comunidade. Feito isso, o canal Põe na Roda se mostrou eficiente na busca e na recuperação de informações relacionadas às dimensões políticas e sociais pertinentes aos direitos da comunidade LGBTQ.

Com a análise do vídeo “Opção Sexual: você nasceu ou virou hétero?” foi possível observar que a troca da informação é percebida quando o canal, por meio de seu criador de conteúdo e das formas de relacionamento público-plataforma, dá ao usuário os recursos necessários ao como proceder em caso de alguma necessidade informacional relacionada ao gênero trabalhado.

Nessa perspectiva, fica evidente a preocupação e o comprometimento do criador de conteúdo enquanto um profissional disseminador da informação, seja na construção e no desenvolvimento dos seus vídeos, seja na manutenção de uma estrutura coerente do assunto abordado, contando que, ao mediar as informações aos seus usuários, ele se torna um pesquisador. Por outro lado, os usuários se comprometem a interagir, de maneira gradativa, com o canal, aumentando a visibilidade do mesmo.

Os usuários, então, apropriam-se de informações e proporcionam a troca de conhecimentos entre eles e para com o criador de conteúdo. Trata-se da elaboração de uma temática social, a fim de que a sociedade seja capaz de colaborar para com o tema abordado.

Observa-se, assim, a importância de plataformas como o YouTube para a CI, contando que esses ambientes cumprem para com o tratamento da informação e para com a geração de conhecimento em sociedade. O acesso à informação, como princípio neural da Ciência da informação, apresenta-se como um direito fundamental da cidadania, sendo vital para a igualdade de oportunidades.

Nesse ponto de vista, têm-se a inclusão informacional, que visa a participação plena do cidadão na sociedade. Por outro lado, o fenômeno da infoexclusão se materializa em cenários onde não há acesso, políticas, competências informacionais ou recursos de informação que convergem na dinâmica diária de disseminação e de acesso à informação. A partir do exemplo do movimento LGBTQ, sugere-se que a informação é um primeiro passo importante para combater a criminalização dos movimentos sociais e reconhece-los como um processo histórico e necessário para a sociedade contemporânea.

Plataformas como o YouTube mostram-se relevantes para a atuação dos profissionais da informação, uma vez que eles são especialistas nos processos de disseminação da informação, podendo otimizar a apropriação e a troca de informações nesses espaços. Ressalta-se que o corpus teórico-metodológico tradicional da CI se caracteriza pela exclusão de visões alternativas e infoinclusivas, o que impede a adoção de discursos e práticas minoritárias e, portanto, priva o direito à cidadania plena. Em contrapartida, em razão de sua flexibilidade, o YouTube se torna uma plataforma propiciadora da troca de informação, na medida em que permite a disseminação e a apropriação de informações entre criadores de conteúdo e usuários.

Por fim, cabe destacar que há uma ausência, na área da Ciência da Informação, de pesquisas que discutem o YouTube no contexto LGBTQ, sendo esses estudos incipientes, principalmente no que se refere ao uso das TIC pelo público LGBTQ ou para falar sobre essa comunidade. Nessa perspectiva, para pesquisas futuras, sugere-se um maior aprofundamento do assunto, como é o caso da análise mais a fundo do próprio Canal Põe na Roda ou, até mesmo, de outros canais LGBTQ, de modo a entender como a informação está sendo disseminada, compartilhada e apropriada por essa comunidade.

Material suplementar
Informação adicional

CONTRIBUIÇÃO DE AUTORIA: Concepção e elaboração do manuscrito: J.F Brito, R.C. Silva, C. K Luvizotto, D. Martínez-Ávila Coleta de dados: J.F Brito, R.C. Silva, D. Martínez-Ávila Análise de dados: J.F Brito, R.C. Silva, D. Martínez-Ávila Discussão dos resultados: J.F Brito, R.C. Silva, C. K Luvizotto, D. Martínez-Ávila Revisão e aprovação: J.F Brito, R.C. Silva, C. K Luvizotto, D. Martínez-Ávila

CONJUNTO DE DADOS DE PESQUISA: Todo o conjunto de dados que dá suporte aos resultados deste estudo foi publicado no próprio artigo

LICENÇA DE USO: Os autores cedem à Encontros Bibli os direitos exclusivos de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution (CC BY) 4.0 International. Estra licença permite que terceiros remixem, adaptem e criem a partir do trabalho publicado, atribuindo o devido crédito de autoria e publicação inicial neste periódico. Os autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não exclusiva da versão do trabalho publicada neste periódico (ex.: publicar em repositório institucional, em site pessoal, publicar uma tradução, ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial neste periódico.

PUBLISHER: Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação. Publicação no Portal de Periódicos UFSC. As ideias expressadas neste artigo são de responsabilidade de seus autores, não representando, necessariamente, a opinião dos editores ou da universidade.

EDITORES: Enrique Muriel-Torrado, Edgar Bisset Alvarez, Camila Barros.

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Notas

Figura 1
Vídeo analisado
Fonte: YouTube / Canal Põe na Roda (2014). Captura: 21 de junho de 2019.
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