Artigos
Recepção: 28 Abril 2020
Aprovação: 25 Setembro 2020
Publicado: 25 Outubro 2020
DOI: https://doi.org/10.5007/1518-2924.2020.e73374
Resumo:
Objetivo: Apresentar o potencial de geração e compartilhamento de informação e conhecimento na plataforma digital YouTube®.
Método: Por meio de uma análise webmétrica foram estudados os dez canais culinários brasileiros com maior número de seguidores, visando quantificar seus vídeos produzidos, número de seguidores, curtidas dos vídeos principais, número de visualizações do canal e do vídeo favorito, além do número de comentários.
Resultado: Observou-se a aplicação das teorias da gestão do conhecimento nestes canais e que a plataforma possui um grande potencial no que se refere à geração e disseminação de informação. Os dez canais culinários analisados, disponíveis por meio da Web 2.0, possuem a habilidade de apresentar os conhecimentos tácitos e explícitos dos Youtubers aos seus seguidores visando o compartilhamento da informação e do conhecimento.
Conclusões: Pôde-se compreender que a plataforma digital YouTube® pode ser um ótimo meio pelo qual o compartilhamento de informação e conhecimento ocorrem no que tange à Gestão do Conhecimento. A visualização prática dos resultados aqui encontrados oportuniza a possibilidade da inferência no que se refere à dinamicidade da produção e compartilhamento da informação na atualidade por meio de tal plataforma digital. Tendo em vista a era informacional posta na atualidade, torna-se fundamental compreender como a Gestão do Conhecimento pode figurar neste cenário, dentro do contexto gastronômico.
Palavras-chave: Compartilhamento do Conhecimento, Gestão do Conhecimento, Tecnologias de Informação e Comunicação, YouTube, Gastronomia.
Abstract:
Objective: Present the potential for generating and sharing information and knowledge on the YouTube® digital platform.
Methods: Through a webmetric analysis, the ten Brazilian culinary channels with the largest number of followers were studied, aiming to quantify their videos produced, number of followers, likes of the main videos, number of views of the channel and favorite video, in addition to the number of comments.
Results: It was observed the application of theories of knowledge management in these channels and that the platform has great potential with regard to the generation and dissemination of information. The ten culinary channels analyzed, available through Web 2.0, have the ability to present the Youtubers tacit and explicit knowledge to their followers in order to share information and knowledge
Conclusions: It was possible to understand that the YouTube® digital platform can be a great means by which the sharing of information and knowledge occurs with regard to Knowledge Management. The practical visualization of the results found here allows the possibility of inference regarding the dynamics of the production and sharing of information today through such a digital platform. In view of the informational era put in place today, it is essential to understand how Knowledge Management can figure in this scenario, within the gastronomic context.
Keywords: Knowledge Sharing, Knowledge management, Information and Communication Technologies, YouTube, Gastronomy.
1 INTRODUÇÃO
Dados os avanços tecnológicos da área de Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) e da era da informação e conhecimento, muito se discute acerca destes dois últimos eixos na academia. A Informação, como algo que pode ser compartilhada a alguém é observada sob o prisma da necessidade comunicacional de levar dados que, absorvidos por algum receptor, serão codificados em dados relevantes – informações (BUCKLAND, 1991; SARACEVICI, 1996). Na mesma perspectiva, diversos autores como, por exemplo, Choo (2003) e Takeuchi e Nonaka (2008), vêm discutir o entendimento do conhecimento, a sua dinâmica de produção, de compartilhamento, entre outras demandas.
A Gestão do Conhecimento (GC), subárea da Ciência da Informação (CI), é amplamente discutida por autores clássicos que a apresentam em diversas situações nas quais pode se moldar e adaptar nos variados contextos nos quais está posta. Sob olhares diferentes, autores como Davenport e Prussak (1998), Choo (2003), Takeuchi e Nonaka (2008) discutem a dinamicidade dos processos do conhecimento, avaliam os ‘contextos capacitantes’ a ‘espiral do conhecimento’, assim como a proposição da GC enquanto ferramenta de geração de vantagem competitiva às organizações, por exemplo.
Imersos, atualmente, em redes de comunicação impulsionadas pelas TIC, a população vem recebendo, cotidianamente, informações e até mesmo desinformações das mais variadas fontes em todas as áreas de suas vidas. Um dos maiores meios de disseminação de informação é o chamado ‘ciberespaço’ que, de acordo com Pérez-Martínez, Alcará e Monteiro (2019) são espaços virtuais de grande interação social por meio dos quais é possível se observar formas de construção, colaboração e compartilhamento de informação e conhecimento. No mesmo sentido, Lazzari et al., (2019) afirmam que cada vez mais a informação e o conhecimento estão conquistando os ambientes virtuais tornando-se digitais, dado o amadurecimento da Web – principalmente a Web (2.0), a qual lança mão de redes sociais para esse intercâmbio comunicacional.
A partir do exposto, a presente pesquisa visa responder como a rede social YouTube® tem sido utilizada para compartilhar informação e conhecimento gastronômico no Brasil. Para tanto, os pesquisadores buscaram identificar informações acerca dos canais brasileiros de gastronomia na plataforma em análise e observaram a dinâmica de produção de conteúdo digital informacional nestes canais, objetivando mensurar as práticas de compartilhamento de informação e conhecimento nos mesmos. Ao final da pesquisa buscou-se entender a interação entre os inscritos nos canais e os Youtubers no processo de compartilhamento de informação e conhecimento.
Entende-se a relevância deste estudo considerando-se a necessidade da discussão do compartilhamento de informação e conhecimento na área da Gastronomia, viés este deixado de lado devido à baixa produção científica da supracitada área no contexto nacional devido à popularidade do conceito exclusivamente prático e culinário da mesma (ROCHA, 2015). Nota-se ainda que esta pesquisa explicitará a atuação de uma plataforma digital no que tange à produção, compartilhamento e criação de informações e conhecimentos para a sociedade geral, considerando-se o alcance do YouTube® na atualidade. Por fim, destaca-se a importância para os pesquisadores, uma vez que o entendimento deste cenário de pesquisa abre novos horizontes para estudos futuros mais aprofundados no que se refere ao compartilhamento de informação e conhecimento.
O presente trabalho divide-se em cinco seções, sendo: os aspectos introdutórios, o referencial teórico que detalha os constructos e teorias bases do estudo, a descrição dos procedimentos metodológicos adotados; na sequência a análise dos dados coletados e por fim a apresentação das considerações finais desta pesquisa.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Gestão do Conhecimento
Iniciadas as discussões na década de 1980, a GC veio ao encontro das demandas organizacionais da necessidade de entender o aprendizado e as competências das empresas. Esta área da ciência ganhou grande visibilidade a partir do ideal de que o conhecimento pode ser algum bem intangível e subjetivo o qual sendo inimitável poderia gerar grande vantagem competitiva às organizações (SILVA, 2004; BARBOSA, 2008).
Dentro deste contexto alguns autores assumem papel de destaque no que tange às discussões sobre a GC. Takeuchi e Nonaka (2008) defendem amplamente os processos de GC em sua obra. Tais autores apresentam-na como uma lógica organizacional que atua na perspectiva da criação do conhecimento nos sujeitos e na própria organização. Dentro deste ideal os autores explanam acerca de dois tipos básicos de conhecimento, a saber: o tácito e o explícito. A perspectiva tácita do conhecimento observa o entendimento próprio do indivíduo, o que é do sujeito, o subjetivo; no caminho oposto o conhecimento explícito é todo aquele que é passível de ser verbalizado, ser demonstrado ou, até mesmo, ilustrado.
Sob o mesmo prisma Davenport e Prusak (1998) e Choo (2003) reconhecem na GC a capacidade de, dadas condições específicas, absorver informações, criar e compartilhar conhecimentos externos e internos visando a geração de vantagem competitiva às organizações. Tais condições específicas são apresentadas por Choo (2003) como o ‘contexto capacitante’ ou Ba que são necessariamente contextos nos quais serão facilitadas as trocas de informação, geração e compartilhamento de informação e conhecimento entre os sujeitos.
2.1.1 Compartilhamento do Conhecimento
Amparado no estudo de Takeuchi e Nonaka (2008), o compartilhamento de informação e conhecimento ganha robustez ao analisar a proposta dos autores da conhecida ‘Espiral do Conhecimento’; nela, os pesquisadores propõem quatro momentos pelos quais há um intercâmbio entre os dois tipos de conhecimento explicitados por eles e que, de forma contínua, geram infinitas combinações de informações e conhecimentos nas organizações e na humanidade.
A figura 1 explicita a proposta dos autores apresentada em Nonaka e Takeuchi (1997). É possível observar os quatro momentos propostos no modelo nos quais haverá a transação dos conhecimentos propostos pelos autores.

Iniciando pela ‘socialização’ entende-se da conversão primordial do conhecimento tácito-tácito, ou seja, há neste momento diálogos entre sujeitos, discussões em grupos que estimulem os conhecimentos subjetivos de cada qual. No segundo momento a explicitação baseia-se no sentido do tácito-explícito, cenário no qual haverá a exemplificação, a representação, descrição e, até mesmo, gravações orais ou de imagens que apresentem de forma explícita o conhecimento tácito de alguém. A combinação é o momento no qual a conversão se norteará pela associação dos conhecimentos gerados, pelo agrupamento, classificação e processamento das informações expostas anteriormente (explícito-explícito). Por fim o quarto quadrante trata da incorporação (internalização), momento no qual os sujeitos reinterpretarão suas práticas anteriores e reexperimentarão as situações estudadas ou vividas; a conversão baseia-se no explícito-tácito.
Para corroborar o modelo trazido anteriormente, Choo (2003) e Takeuchi e Nonaka (2008) argumentam ser necessário um contexto capacitante para ocorrer o compartilhamento do conhecimento o qual eles nomeiam de Ba. Para os pesquisadores Ba é dado contexto com condições que propiciem às pessoas o compartilhamento dos conhecimentos sem medo de cometer erros e julgamentos, visando a possibilidade de discussão e aumento do aprendizado. É relevante também entender a argumentação de Nonaka e Konno (1998) ao afirmarem que Ba pode ser dado por meio físico, virtual ou mental; ou seja, a essência do compartilhamento do conhecimento está presente dado este contexto capacitante, seja ele mediado de qualquer forma e por qualquer meio.
Dentro desta perspectiva, AGUIAR, A. S., NASSIF M. E. (2016) vêm reforçar o ideal do compartilhamento da informação e do conhecimento considerando-se o contexto econômico no qual a sociedade se encontra na atualidade. O processo de compartilhamento possibilitaria às organizações e aos sujeitos um constante ciclo de geração de novos conhecimentos, os quais oportunizariam: inovações, competitividade, e processos mais dinâmicos, por exemplo.
2.2 Tecnologia da Informação e da Comunicação
A importância da disseminação da informação e conhecimento, apresentada acima, é também pauta da discussão de Qureshi et al. (2018), ao questionarem a importância das redes sociais de relacionamentos interpessoais no que tange à comunicação dos sujeitos. Os autores argumentam que dentro de redes de informação e conhecimento a presença de laços fortes é fator preponderante para um compartilhamento efetivo das informações e geração de confiança e construção de conhecimento.
Nesta perspectiva tanto Qureshi et al. (2018) quanto Leonardi (2015), indicam a importância do canal de comunicação que é utilizado nestas redes sociais de compartilhamento. Determinado meio de compartilhamento pode ser efetivo em dado contexto que não se replica em termos de funcionalidade a outro contexto. Observando as estruturas organizacionais e sociais, Qureshi et al. (2018) argumentam que as Tecnologias da Informação e da Comunicação tem sido grandes aliadas partindo do ideal da facilitação e da velocidade comunicacional na atualidade.
Em seu estudo Leonardi (2015) apresenta a efetividade da utilização de redes sociais, dentro do contexto organizacional, no que se refere a benefícios para os próprios sujeitos e para a organização. A utilização de “rede social pode ajudar as pessoas a melhorar a precisão do seu conhecimento. Os dados sugerem que tecnologias sociais podem ser úteis para o compartilhamento de conhecimento e colaboração dentro das organizações” (LEONARDI, 2015, p. 760). O autor reforça, portanto, o poder das redes de evidenciarem conhecimentos de determinados sujeitos para seus pares, a fim de explanarem com precisão e riqueza de detalhes sua bagagem intelectual, cultural e social, por exemplo.
Em suma, o pensamento predominante entre os autores aqui trazidos e reforçado por Götzke et al. (2019, p. 8) ao concluírem sua pesquisa, é que “a gestão do conhecimento aliada ao uso adequado das tecnologias da informação e comunicação é uma importante ferramenta que permite criar, adquirir e compartilhar conhecimento”. Na era da informação e conhecimento se faz primordial lançar mão de ‘novas’ tecnologias para permitir aos usuários novas formas de por em prática a espiral do conhecimento nos mais variados contextos de Ba que possam surgir.
2.2.1 YouTube® – Plataforma digital social
Em meio às plataformas digitais que compõem a tessitura atual de redes de compartilhamento de informação e conhecimento, uma que tem ganhado protagonismo no Brasil é a YouTube®. Lançado no ano de 2005, tal plataforma objetivava inicialmente facilitar o compartilhamento de vídeos na internet; de forma simples, qualquer usuário poderia participar e fazer o upload de seus vídeos visando conectar amigos, outros usuários, compartilhar e comentar produções de outros sujeitos (CORUJA, 2017).
Sendo comprado em 2006 pelo grupo Google® a plataforma inicia um processo de profissionalização de sua estrutura dada a maior popularidade que a mesma conquista por parte dos espectadores. Coruja (2017) e Santos (2019) vem reforçar que o YouTube® é um dos maiores meios da atualidade no que tange à criação e compartilhamento de informações, uma vez que envolve a dinamicidade da participação dos usuários, a co-criação de conteúdo e a liberdade de geração de informações de pessoas especializadas em dado assunto, ou mesmo amadores – o que atrai a atenção de públicos variados. Veado (2017) reforça este ideal ao afirmar que, atualmente, o YouTube® é comparável, como meio de informação e entretenimento, à televisão, por exemplo.
Santos (2019) afirma que a facilidade da produção e do compartilhamento do conteúdo por parte dos usuários, instiga cada vez mais a curiosidade dos expectadores e a utilização de uma linguagem informal, empregada por muitos dos canais, atrai cada vez mais a atenção por meio da aproximação e similaridade entre os sujeitos. Coruja (2017) vai ao encontro desta afirmação reiterando o ideal da participação dos sujeitos, da cultura participativa presente em tal plataforma; por meio de seus vídeos a interação entre as pessoas é muito mais dinâmica, forte e gera laços de compartilhamento da informação e geração de conhecimento, dadas conversas e diálogos realizados via plataforma.
No mesmo sentido, Oliveira e Nunes (2016) argumentam que tal plataforma digital entrega conteúdos e informações das mais variadas naturezas, sejam elas: políticas, humor, entretenimento e culinária, por exemplo, por meio de diálogos ativos entre criadores e seguidores de tais canais. Tal afirmação apenas reforça o anunciado por Coruja (2017) da importância desta plataforma no que tange à interação; neste momento a autora vem nominar como um ‘espaço de diálogo múltiplo’, ou seja, há no YouTube® a possibilidade de uma interação real (mesmo que de forma virtual – mediada por uma TIC) entre os sujeitos por meio dos vídeos, comentários, réplicas, tréplicas e caixas de comentários abertas a qualquer momento por qualquer usuário.
Neste contexto, emerge a figura do Youtuber, sujeito o qual é responsável pela criação dos canais, vídeos e compartilhamento dos mesmos. Tais personalidades tem ganhado mais notoriedade, na atualidade, do que muitos outros produtores e disseminadores de informação, exatamente pelo fato de que tais sujeitos conseguem se aproximar e interagir – por meio dos vídeos e comentários, de uma forma muito mais fluida e dinâmica com seus ‘seguidores’ – denominação dada aos usuários que se inscrevem nos canais de vídeos e os acompanham (OLIVEIRA; NUNES, 2016; CORUJA, 2017; SANTOS, 2019).
Vale ressaltar que a plataforma YouTube® não produz conteúdo, ela tem a funcionalidade do compartilhamento de informação gerado pelos usuários e youtubers, como ressaltado anteriormente. Por meio desta função, a plataforma permite a interação, o diálogo e os feedbacks entre espectadores e youtubers (CORUJA, 2017; SANTOS, 2019).
3 METODOLOGIA
A presente pesquisa, visando alcançar seus objetivos, realizou um estudo documental webmétrico (VANTI, 2002) com vistas a explicitar dados quantitativos acerca do compartilhamento da informação e do conhecimento gastronômico na plataforma digital YouTube®. Tratando-se de uma pesquisa dedutiva e descritiva (PRODANOV; FREITAS, 2013), os autores buscaram inicialmente o aporte teórico sobre as temáticas pertinentes, a saber: Gestão do Conhecimento e Tecnologias da Informação e da Comunicação, para que, em posse de tal marco teórico, pudessem analisar os dados coletados posteriormente de uma forma mais precisa.
A coleta de dados deu-se no dia 24/03/2020 de forma única, visando minimizar possíveis alterações de dados que pudessem beneficiar ou desfavorecer determinados canais observados em detrimento de outros. Quanto à amostra analisada, teve-se por critérios de inclusão os seguintes crivos: canais de culinária inscritos na plataforma YouTube®; canais culinários criados e mantidos por brasileiros; canais inscritos que versassem sobre Gastronomia/Culinária; opção pelos dez canais com maior número de seguidores.
Dada esta seleção, os pesquisadores buscaram informações específicas nos canais da rede social objetivando entender melhor a dinâmica de compartilhamento de informação e conhecimento por meio de tais influenciadores digitais. As análises dos dados coletados se deram de forma estatística simples, tendo por base o preconizado pela metodologia da análise webmétrica, a qual mensura, quantitativamente, determinado objeto de estudo exposto na Web 2.0 (VANTI, 2002).
Cabe ressaltar que o recorte metodológico aqui proposto toma como norte três grandes eixos, a saber: o compartilhamento da informação (por meio da espiral do conhecimento), as TICs e a Gastronomia. Para esta proposta de estudo os autores acharam pertinente trilharem este caminho mesmo sendo claro para os pesquisadores que há vários outros teóricos que discutem o compartilhamento do conhecimento. Optou-se aqui, contudo, pelos autores apresentados anteriormente visto a consolidada discussão destes na área da Ciência da Informação e o entendimento de que poderiam trazer uma melhor contribuição teórica para as discussões dos dados coletados.
4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS
4.1 Cenário da pesquisa
Dados os procedimentos metodológicos estabelecidos, foi possível coletar as informações necessárias para realizar as análises estabelecidas nos objetivos da pesquisa. Faz-se necessário, contudo, inicialmente apresentar o cenário de análise encontrado tendo por base os crivos de inclusão estabelecidos na seção anterior.
O quadro 1 apresenta de forma sucinta quais são os dez canais culinários brasileiros com o maior número de inscritos. Em ordem decrescente, os ranqueados perfazem um total de 26.720.000 inscritos em seus canais. Cabe ressaltar que os dois primeiros colocados no ranking somam 36% do total de inscritos gerais, ou seja, apenas dois canais abarcam mais de 1/3 dos seguidores de canais culinários neste cenário.

É pertinente ressaltar que os valores acima relacionados totalizam números aproximados em virtude de a plataforma não explicitar de forma pormenorizada os totais de inscritos, são expostos apenas os valores na casa do milhão, a saber: 5,52 mi de inscritos (canal da Tata Pereira).
Outra informação relevante se refere às datas de criação dos canais. O pioneiro foi o ‘Ana Maria Brogui’ criado em setembro no ano de 2006 e o último a integrar o grupo foi o ‘Nhac – GNT’ em agosto de 2015. Ao longo do tempo foi perceptível que os anos de 2012, 2015 e 2014 foram os mais propícios para a criação dos canais, com as marcas de duas, duas e três implementações na plataforma, respectivamente.
4.2 Dados webmétricos
Dando sequência às análises dos dados coletados, foi possível realizar associações no que tange à geração de informação, compartilhamento, visualizações e comentários das mesmas. Foi possível, ainda, observar as relações que os Youtubers mantêm com outras mídias sociais, o que poderia potencializar ainda mais o seu poder de geração de informação e criação de conhecimento com os seus seguidores.
O gráfico 1 explicita o quantitativo de vídeos produzidos pelos canais analisados. É notório que, mesmo sendo o canal que ocupa a 10ª posição no ranking apresentado no quadro 1 e sendo, também, o mais novo (analisando a data de criação), o ‘Nhac – GNT’, é o canal que assume a liderança quanto à geração de informação no YouTube®, com a produção de 1.528 vídeos.

Observando, contudo, as visualizações dos canais que poderiam apresentar a adesão dos seguidores ao Youtuber e, também, o ideal da geração do conhecimento nos sujeitos, por meio da visualização dos vídeos – etapa de ‘internalização’ da espiral do conhecimento, conforme enuncia Takeuchi e Nonaka (2008), é notório que, como apresentado no quadro 2, não há uma correlação no que tange ao número de inscritos com o total de visualizações dos vídeos do canal.
‘Tata Pereira’ apresenta o maior número de inscritos e ao mesmo tempo o maior número de visualizações de seus vídeos, porém, pode-se tomar como exemplo ‘Dani Noce’ que possui praticamente metade dos seguidores da 1ª colocada, contudo, apresenta o segundo maior quantitativo de visualizações do seu canal, aproximando-se de ‘Tata Pereira’.

Aprofundando as análises nos canais que compõem o cenário deste estudo, foi possível mensurar quais foram os vídeos mais visualizados, curtidos e comentados. No que tange à relação dos vídeos favoritos, mais visualizados, o quadro 3 apresenta os nomes dos vídeos e os canais produtores. Tais vídeos foram utilizados para as análises que se seguem nesta subseção.

Como pode ser observado no quadro exposto acima, há um vídeo que é comum a dois canais, ‘Bolo de chocolate fácil e rápido da Cris’. Faz-se necessário destacar que, inicialmente, este vídeo foi publicado pelo canal ‘Receitas da Cris’ e, devido ao grande número de visualizações em seu canal, ‘Dani Noce’ optou por replicar a receita original. Neste sentido tal vídeo alcançou a marca total de 50.583.318 views o que totaliza 50,5% de todas as visualizações deste cenário.
Visando ratificar a informação acima, o gráfico 2 aponta, proporcionalmente, o quantitativo de visualizações dos respectivos vídeos favoritos – nomeados pelos canais produtores, objetivando apresentar a efetiva participação dos canais deste cenário no que tange à geração da informação.

Prosseguindo as análises relacionadas aos vídeos é perceptível que, em relação ao total geral de visualizações dos mesmos, há uma taxa média de 10,1% de comentários postados, ou seja, houve uma interação efetiva entre os sujeitos da rede na ordem de 101.365 comentários no que tange todos os vídeos mais visualizados (100.217.089 views). O quadro 4 apresenta esta taxa de proporção e, por meio dele, percebe-se que há uma baixa relação entre as visualizações e os comentários postados; os usuários valem-se da informação ofertada e postam um percentual baixo de comentários. Cabe ressaltar que, devido ao recorte deste estudo, foram computados apenas os comentários postados; não foram mensuradas as respostas de outros usuários os comentários registrados pela plataforma digital.

Como dito anteriormente, o ‘Bolo de chocolate fácil e rápido da Cris’ foi o vídeo com o maior número de visualizações (50.486.318 views), foi ainda favorecido no número de comentários (70.898) e, por fim, no número de curtidas perfazendo um total de 1.252.000 likes. Reforça-se que estes valores são um somatório dos quantitativos dos dois vídeos publicados nos dois canais com a mesma receita (hachurados no quadro 4).
Finalizando a apresentação dos dados, é relevante acrescentar que todos os canais possuem outras plataformas digitais de interação com os usuários. Tais interações podem potencializar ainda mais o compartilhamento de informações e conhecimento, porém, como não é o recorte do referido trabalho, os autores optaram por apenas apresentar os quantitativos. Em relação ao Facebook® e Instagram®, 90% dos canais possuem contas ativas. Os usuários podem interagir com 50% dos canais via Twitter®, 40% via sites próprios e 30% por meio da plataforma Pinterest®. Apenas um canal possui loja virtual própria.
4.3 Discussão dos dados
A partir dos dados apresentados e com base na bibliografia trazida anteriormente é possível analisar os dados coletados de maneira promissora no que tange ao compartilhamento das informações e conhecimento. É necessário ressaltar ainda que, conforme elucida Rocha (2015), a Gastronomia – assim como diversas áreas do conhecimento, vale-se tanto do cunho prático quanto do viés teórico, conceitual e científico. Quando levantada a discussão acerca do conhecimento em Gastronomia é necessário lembrar que esta área ainda traz consigo um estereótipo de práticas e repetições que são errôneos; enquanto corpo da ciência, a Gastronomia deve apresentar contínuas discussões que a aproximem cada vez mais de conversas com grandes teóricos de outras áreas.
Para explanar estas análises de forma mais clara as análises aqui realizadas, os autores optaram por elaborar, baseado na espiral do conhecimento de Nonaka e Takeuchi (1997) – fio condutor deste estudo, a figura 2 que apresenta os momentos de ação e os quantitativos de desempenho dos referidos canais no que tange à proposta inicial dos autores.

Os dez canais analisados apresentam, de forma associada, uma produção de 8.907 vídeos; e este quantitativo cresce diariamente, uma vez que cada um dos canais posta novos vídeos de forma semanal ou até mesmo diária. Tais vídeos poderiam ser vistos como formas de divulgação de informação e conhecimento dos sujeitos produtores. De acordo com o ideal de Takeuchi e Nonaka (2008) por meio do processo da divulgação dos vídeos, os Youtubers iriam socializar e externalizar os seus conhecimentos tácitos e explícitos aos seus seguidores. Entende-se, também, que os canais hospedados na plataforma digital, poderiam ser vistos como um contexto capacitante ou Ba; à luz de Choo (2003), estes ambientes seriam propícios para a troca de informações por parte de um emissor e um receptor.
Observando-se o quantitativo de visualizações dos canais estudados, é perceptível que há um alto impacto quanto ao alcance dos canais culinários. Totalizando mais de 2,31 bilhões de acessos, estes dez Youtuberspossuem um canal aberto de comunicação com a sociedade que, como visto nas análises acima, gerariam mais de 100 milhões de momentos de interação com os usuários via seus próprios vídeos (considerando-se os dez vídeos analisados).
Baseando-se na espiral do conhecimento, os processos de combinação e internalização preconizados por Takeuchi e Nonaka (2008), podem ser observados de forma contundente na interação dos sujeitos em dois momentos distintos, a saber: visualização dos vídeos e postagem de comentários na plataforma digital. Dada a dedicação em visualizar as postagens dos canais culinários, os sujeitos poderiam combinar e internalizar em suas mentes os conhecimentos explícitos apresentados pelos Youtubers durante a confecção das preparações. Na mesma vertente ao discutir com outros usuários da rede – por meio dos comentários, acerca das preparações, os sujeitos estariam, novamente, produzindo conhecimento e compartilhando entre si outros conhecimentos além dos explícitos externalizados ali pelos Youtubers, por exemplo.
Mesmo que a porcentagem média de comentários postados em relação ao número de visualizações dos vídeos analisados seja baixa (na casa dos 10,1%), é válido lembrar que os dados apresentados aqui se referem apenas aos comentários postados de forma inicial, não foram computadas as respostas dos demais usuários aos comentários iniciais. Entende-se, portanto, que o alcance das informações e o potencial de geração do conhecimento é superior ao explicitado aqui, devido ao recorte da pesquisa.
Para exemplificar de maneira irrefutável o potencial da plataforma e dos Youtubers, pode-se tomar por exemplo o vídeo ‘Bolo de chocolate fácil e rápido da Cris’. Ao analisar de forma específica este documento, nota-se o seu alto poder de compartilhamento de informação e conhecimento dada a observação de seus elevados números trazidos anteriormente. Ele pode ser visto como um exemplo tão claro da efetividade dos Youtubers que outro canal resolveu replicar a mesma receita, considerando-se o seu alto grau de visualizações, curtidas e comentários. Publicado em seu canal original, nenhum outro vídeo aproxima-se dos valores alcançados por este; tal fato demonstra, novamente, o poder de inserção e atuação da plataforma YouTube® na atualidade.
Em linhas gerais, tendo por base os pensamentos de Choo (2003), Takeuchi e Nonaka (2008), Oliveira e Nunes (2016), além de Coruja (2017) e Santos (2019) é notório que esta plataforma digital, por meio de seus canais culinários – que são apenas uma das milhares vertentes existentes na mesma, tem um alcance significativo no que tange ao compartilhamento de informação e conhecimento. Apenas nestes dez canais analisados, há mais de 2,315 bilhões de seguidores, valor este que representa, proporcionalmente, dez vezes a população do país na atualidade. Ademais este fato, os dez vídeos mais visualizados, neste cenário de pesquisa, totalizam mais de 100 milhões de views, ou seja, por mais de 100 milhões de vezes o ciclo proposto por Nonaka e Takeuchi (2008) poderiam ser replicados e gerariam conhecimentos novos nos sujeitos.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Visto o exposto nas análises trazidas acima, pode-se entender uma pequena parte de um todo muito mais complexo que seria plataforma YouTube® enquanto potencial de compartilhamento da informação e geração do conhecimento. Tal recurso das TIC é efetiva no que tange à difusão do conhecimento nas mais variadas áreas, sendo explanada aqui por meio da área gastronômica.
O presente trabalho alcançou seu objetivo inicial de avaliar o processo de geração e compartilhamento de informações e conhecimento gastronômico no país via YouTube®. Foram explanados os canais, deste cenário, que possuem maior relevância e presença nas mídias sociais. Pode-se perceber, também, o grau de alcance que a plataforma em análise possui ao avaliar quantitativamente os números observados ao longo da pesquisa.
A GC, por meio da espiral do conhecimento, é visualizada ocorrendo de forma contínua na plataforma, mas não necessariamente de forma intencional. Os Youtubers, mesmo que de forma leiga e alheia, poderiam inserir os seus seguidores no processo contínuo de compartilhamento de informação e geração do conhecimento gastronômico. A espiral, neste cenário em especial, poderia encaminhar para um processo de compartilhamento de conhecimento para diversos públicos, em diversos contextos e com variadas pretensões.
Visto os dados levantados e analisados à luz dos constructos teóricos é possível ressaltar a importância desta plataforma digital não apenas para a área gastronômica, mas para a GC como um todo. Como dito anteriormente, o YouTube® não possui limites de conteúdo, o que garante a uma TIC um potencial grandioso – quando pensando em escala regional, nacional e internacional, de compartilhamento de informação e geração do conhecimento nos sujeitos. O princípio da GC de gerar vantagem competitiva – não apenas às organizações, mas também às pessoas, pode ser claramente aplicado neste cenário.
Entende-se por fim que, mesmo alcançando seus objetivos, tal pesquisa teve em si limitações as quais devem ser superadas por meio de outros trabalhos que deem sequência aos estudos aqui iniciados. O recorte metodológico em específico, o total de canais e vídeos para análise, podem ter restringido de alguma forma investigações mais profundas – até mesmo de cunho qualitativo, para detalhar o potencial e a efetividade do YouTube® no que tange à GC. Deixa-se aqui como sugestão a realização de novas pesquisas que trabalhem canais culinários específicos, ou mesmo análises webmétricas e netnográficas de um vídeo de cada canal, por exemplo, ou outras análises para ratificar a robustez desta TIC auxiliando a GC em seus processos.
REFERÊNCIAS
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Informação adicional
CONTRIBUIÇÃO DE AUTORIA: Concepção e elaboração do manuscrito: F. D. Dias, A. S. Aguiar Filho. Coleta de dados: F. D. Dias. Análise de dados: F. D. Dias. Discussão dos resultados: F. D. Dias, A. S. Aguiar Filho. Revisão e aprovação: A. S. Aguiar Filho
CONJUNTO DE DADOS DE PESQUISA: Todo o conjunto de dados que dá suporte aos resultados deste estudo foi publicado no próprio artigo.
LICENÇA DE USO: Os autores cedem à Encontros Bibli os direitos exclusivos de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution (CC BY) 4.0 International. Estra licença permite que terceiros remixem, adaptem e criem a partir do trabalho publicado, atribuindo o devido crédito de autoria e publicação inicial neste periódico. Os autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não exclusiva da versão do trabalho publicada neste periódico (ex.: publicar em repositório institucional, em site pessoal, publicar uma tradução, ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial neste periódico.
PUBLISHER: Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação. Publicação no Portal de Periódicos UFSC. As ideias expressadas neste artigo são de responsabilidade de seus autores, não representando, necessariamente, a opinião dos editores ou da universidade.
EDITORES: Enrique Muriel-Torrado, Edgar Bisset Alvarez, Camila Barros.