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ARQUITETURA DAS IDEIAS: PAUL OTLET, O OBJETO, O LIVRO E O DOCUMENTO
Architecture of ideas: Paul Otlet, the object, the book and the document
Encontros Bibli: revista eletrônica de biblioteconomia e ciência da informação, vol. 26, e73450, 2021
Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação - Universidade Federal de Santa Catarina

Artigo Original


Recepção: 30 Abril 2020

Aprovação: 01 Dezembro 2020

DOI: https://doi.org/10.5007/1518-2924.2021.e73450

RESUMO

Objetivo: Compreender, a partir de três dimensões, o entendimento Otletiano sobre o que vem a ser um livro: a material, a simbólica e a filosófica.

Método: Pesquisa bibliográfica documental, onde o Traité de Documentation é a base para a formulação das considerações acerca do pensamento de Paul Otlet, logo, nossos apontamentos partem dele e a ele retornam.

Resultado: O livro, como constructo da humanidade para a Humanidade, tem seu papel social, com o acúmulo constante e incessante de saberes e conhecimentos fixados materialmente, corporificando-se e recorporificando-se de geração em geração, visando o desenvolvimento e o progresso das diferentes ciências e artes.

Conclusões: O livro não é construído ao acaso, ele precisa se estruturar segundo parâmetros, além disso, as ideias não podem ser jogadas ao bel prazer, elas também precisam de uma estruturação que reflita as intenções do autor, suas vontades e sua linha de pensamento. Na noção da arquitetura das ideias, o autor e o leitor precisam compreender que aquele livro é uma pequena parte da obra universal, tão cara ao projeto Otletiano.

PALAVRAS-CHAVE: Arquitetura das ideias, Biblion, Documento, Livro, Paul Otlet.

ABSTRACT

Objective: Understand, from three dimensions, the Otletian understanding of what a book is: material, symbolic and philosophical.

Methods: Documentary bibliographic research, where the Traité de Documentation is the basis for the formulation of the considerations about the thought of Paul Otlet, therefore, our notes start from him and return to him.

Results: The book, as a construct of humanity for Humanity, has its social role, with the constant and incessant accumulation of knowledge and knowledge fixed materially, embodying and incorporating from generation to generation, aiming at the development and progress of different sciences and arts.

Conclusions: The book is not built at random; it needs to be structured according to parameters, in addition, ideas cannot be thrown at will, they also need a structure that reflects the author's intentions, his wishes and his line of thought. In the notion of the architecture of ideas, the author and the reader need to understand that that book is a small part of the universal work, so dear to the Otletian project.

KEYWORDS: Architecture of ideas, Biblion, Book, Document, Paul Otlet.

1 INTRODUÇÃO1

Paul Otlet (1868-1944) tem no Traité de Documentation: le livre sur le livre a expressão máxima de suas ideias; publicada em 1934, a obra é considerada o ápice na construção do pensamento desenvolvido desde a década de 1890, quando inicia seus estudos bibliográficos e documentalistas. Seu subtítulo nos chama atenção - Le livre sur le livre (o livro sobre o livro) -, já que sendo um tratado um “estudo a respeito de uma ciência, arte etc.” (AULETE, [2013]) ou uma “obra que expõe ordenadamente os princípios de uma ciência ou arte” (MIACHAELIS..., c2020), ele enuncia o objeto de estudo da obra: o livro. Mas nos suscita também várias questões, dentre elas, o que é o livro para Paul Otlet?

Buscando uma resposta a esta pergunta, articulamos três dimensões ao entendimento otletiano sobre o que vem a ser um livro: o material, o simbólico e o filosófico. Tais categorias não são originais do autor, mas sim criadas por nós como tentativa de compreender esse complexo objeto de estudo do Traité de Documentation. Logo, na dimensão material, articulamos o pensamento do jurista belga à fisicalidade do livro e suas partes. Sob o prisma simbólico, abordamos o livro como ente social e seu poder frente às comunidades. Por fim, o caráter filosófico é evidenciado pela articulação das noções de biblion, organização das ciências e edifício documental.

Nossa metodologia foi a bibliográfica documental, onde o Traité de Documentation é a nossa base para a formulação das considerações acerca do pensamento de Paul Otlet, logo, nossos apontamentos dele partem e a ele retornam.

Convém, contudo, antes de elaborarmos nossas discussões, elucidar o contexto do pensamento de Otlet. Mergulhado nas discussões de inúmeras sociedades internacionais que levantavam a bandeira em prol da união e paz perpétua, ele vê o florescimento e desenvolvimento das ciências sociais no final do século XIX:

O desenvolvimento das relações entre os povos é o traço mais característico da civilização atual. O internacionalismo da nossa época não é apenas uma concepção do espírito; ele é baseado em um conjunto de realidades. São elas: a expansão do homem por toda a terra; a rede de comunicação que ele estabeleceu para o transporte de pessoas, de mercadorias e de ideias; a economia tornou-se mundial em todos os ramos de trabalho, da indústria, do comércio e das finanças; as ciências, a literatura e as artes constituindo gradualmente, de todos os pensamentos nacionais e étnicos, um pensamento mundial, graças às viagens, às publicações, aos congressos, às exposições; finalmente, a formação de unidades políticas mais e mais consideráveis, substituindo um governo unificado por uma infinidade de soberanias secundárias ou federações de povos, por acordos cada vez mais numerosos e abrangentes (LA FONTAINE; OTLET, 1912, p. 9, tradução nossa).

Com toda a superfície do globo ocupada e/ou mapeada, seria então a hora de construir uma única nação em escala global e que acolhesse a todos. A dupla belga vai além, pois determina a função de cada setor da sociedade e seu papel na vida internacional, diz que os três poderes do Estado devem apoiar a causa internacional, bem como suas instituições; que serviços tais como correios e telégrafos devem ser internacionais e facilitar a comunicação entre as pessoas; que assuntos de interesse supranacionais devem ser discutidos globalmente; e que haja equilíbrio nas transações comerciais e melhor distribuição dos produtos manufaturados (LA FONTAINE; OTLET, 1912). Já com relação à organização do conhecimento produzido nesse novo modelo de organização global, eles observam que:

A conservação dos resultados científicos se faz por intermédio do Livro. No entanto, este último tem sido objeto de acordos importantes que têm como objetivo criar uma organização internacional de documentação. O Instituto Internacional de Bibliografia, o International Catalog of Scientific Litteratur, as Comissões Internacionais de Intercâmbio presidem essa organização. Todos os escritos publicados são inventariados, classificados e, mediante vastos repertórios, levados ao conhecimento dos interessados. Eles são conservados em bibliotecas nacionais, internacionais ou especiais, sendo intercambiáveis entre si; todos os organismos publicadores, administrações públicas, instituições científicas e sociedades científicas mantêm relações de trocas para todas as suas publicações. Regras são aprovadas para a impressão de textos, tratados, periódicos, anuários, corpus, a fim de centralizar todas as informações, de torná-las comparáveis, de realizar conjuntos sistemáticos de publicações e de atingir, no futuro, todas as publicações científicas particulares e que possam ser consideradas como elementos, as partes, os capítulos, os parágrafos de uma vasta enciclopédia documentária que constitui o Livro Universal do conhecimento, contando de dia para dia, com todo o trabalho intelectual dos dois Mundos2 (LA FONTAINE; OTLET, 1912, p. 26, tradução e grifos nossos).

O livro, então, seria o resultado materializado do pensamento - ou na acepção otletiana, espírito - humano, sendo ele o meio pelo qual as pessoas se comunicam e podem transformar o mundo. Contudo, ele deve ser inventariado, classificado, descrito de acordo com preceitos internacionais. Isso nada mais é do que um reflexo dos ideais do século XIX, onde um inventário completo da Terra será formado através dos estudos da evolução de Darwin, das classificações da fauna e flora pelas expedições científicas ao redor do Globo, maior especialização das ciências etc. (MATTELART, 2009).

Além desse contexto, há ainda, para Otlet, o contato com os ideais positivistas de Auguste Comte (1851) que, além de outras coisas, tem por lema “[...] o amor por princípio, a ordem por base, o progresso por fim3”. E tal pensamento é perceptível na visão de mundo do jurista belga, quando, invertendo a colocação Comtiana, podemos perceber a “ordem” vindo em primeiro lugar, afinal, ele fez missão de sua vida a organização de todo o conhecimento produzido pelo espírito humano, logo se alcançaria o desenvolvimento das ciências, das pessoas, das técnicas e tecnologias. Assim, do acumulado de conhecimento organizado e acessível viria o “progresso”. E, por fim, o “amor” seria a paz, esta poderia reinar em nossas sociedades a partir do momento em que as pessoas se conhecessem e reconhecessem como iguais, mas tal condição do espírito só poderia ser atingido pelo conhecimento (LA FONTAINE; OTLET, 1912). Além disso, todo o seu pensamento é para o bem da humanidade que, também, é a Deusa da religião Positivista (CARVALHO, 2007).

Há, ainda, toda uma estrutura hierárquica de organização, tratamento e difusão da informação que é pensada para o progresso da humanidade e paz entre os povos, assim, começando com a Bibliografia, cria a Documentação e propaga seus ideais ao redor do mundo, colaborando com a ampliação do conceito de documento, talvez já influenciado pela École des Annales (BURKE, 2011).

2 O LIVRO MATERIAL

O primeiro conceito a ser abordado neste artigo é o de livro material, já que Otlet (1934, p. 43, tradução nossa) o define como “[...] órgãos por excelência da conservação, concentração e difusão do pensamento; e é possível considerá-los, também, como instrumentos de pesquisa, cultura, ensino, informação e recreação. Eles são o receptáculo e o meio de transporte das ideias”. Assim, ele pensa a dimensão material do livro sob vários prismas, de modo a ter forma, substância e conteúdo.

Composto por elementos materiais (dimensão, material que o compõe), gráficos (textos, ilustrações, esquemas e até aspectos de sua decoração), linguísticos (a língua em que o livro está escrito) e intelectuais (como está escrito, assunto que aborda, questões a que se propõe responder), o livro é uma criação humana fixada num suporte com vistas a comunicar algo (OTLET, 1934). Sua fórmula de representação é apresentada na Figura 1:


Figura 1
Equação do livro
Fonte: Otlet (1934, p. 46).

Assim, o livro (‘L’) seria o resultado de elementos (‘E’) sobre uma estrutura (‘S’), sendo tais elementos compostos por elementos materiais (‘M’), elementos gráficos (‘G’), elementos linguísticos (‘L’) e, por fim, elementos intelectuais (‘I’); já a estrutura seria composta por encadernação (‘r’), frontispício (‘f’), elementos preliminares (‘p’), corpo da obra (‘c’), tabelas (‘t’) e apêndices (‘a’). Logo, o livro seria o resultado das características bibliológicas que o permitem ser denominado de objeto “livro”, assumindo, assim, características que atravessam os tempos e o fazem ser reconhecido em todos os lugares do mundo.

Para além disso, ao racionalizar a existência do livro, outra concepção emerge, a de “livro-máquina”, peça chave na construção do conhecimento, sendo ele o meio de propagação das ideias. A engrenagem que move a produção do saber e alimenta a vontade de saber. Nesse sentido, a livro seria para o saber o que os animais são para a zoologia, as plantas para a botânica e os minerais para a mineralogia (OTLET, 1934, p. 45). Curioso é observar que para Otlet (1934) alguns aspectos fazem parte do livro e formam a sua essência, são eles: a) verdade: ele deve expressar a verdade em detrimento das falácias, falsidades ou erros, o livro, assim, tem o compromisso firmado com a gênese científica de buscar a veracidade e esclarecer os fatos; b) beleza: deve seguir certas normas, usar certos tipos de papel e ter uma ordem, como explicitado acima, há uma estrutura a ser seguida e elementos que ele deve conter; c) moral (bem): deve estar atento às normas e costumes morais e servir ao bem; d) originalidade: devem contribuir para o crescimento das ciências e do conhecimento; e) clareza: devem ser claros e seu propósito e utilizar os recursos necessários para que sejam entendidos, incluindo aí os recursos gráficos; f) valor econômico/comercial: sem esquecer o valor capital do livro, ele deve ser objeto de desejo do social, sendo insumo ao mercado, participando de sua produção e circulação os editores, livreiros, bibliotecários e demais interessados no livros4; g) novidade: atrelado à noção de originalidade, e às tecnologias, o livro deve se prestar às transformações que a época pede, nesse sentido, se tornar visual e/ou sonoro é uma opção ao final do século XIX, já evidenciando a sua visão pioneira para o futuro do livro e das tecnologias em nossa sociedade.

3 O LIVRO SIMBÓLICO

A faceta do livro como símbolo, para Otlet (1934), ultrapassa a forma de representação de erudição e cultura, que ainda povoa nosso imaginário, ela vai além. Quando o jurista belga posiciona o livro como um a capital que pode ser acumulado, atrelado, sobretudo, ao valor intelectual das obras, próximo ao que Bourdieu (1979) chama de capital intelectual; bem como um bem material, já que o livro circula como uma mercadoria, um insumo do capital. Logo, sendo o livro, um capital de ideias, como apregoa Otlet (1934), é possível que a elas se acumulem, bem como se acumulam produtos, dando origem a bibliotecas particulares ou públicas, centros de documentação e pesquisa etc.

Para além disso, o acúmulo desse capital permite o desenvolvimento das ideias, aqui, tal acúmulo seria análogo aos "ombros de gigantes" de Newton (1675), em que o conhecimento se acumula e a partir dele é possível ver mais longe. Otlet (1934) imagina que é o acúmulo de saber que propicia novos conhecimentos e constrói toda uma simbologia sobre sua arquitetura. Para ele, a exposição das ideias se compara a um projeto arquitetônico, o modo como se diz as coisas, como e onde são postas no livro, fazem parte de um grande plano que resultará no Livro Universal.

Esse Livro Universal seria toda a história dos produtos do espírito humano, acumulado pelas sucessivas gerações visando o desenvolvimento da humanidade. Ele seria o legado das pessoas que povoaram a Terra. O Livro Universal estaria para Otlet como Mnemosyne5, a Deusa da Memória, mãe das nove musas, estaria para os gregos antigos, já que ela era a detentora dos saberes do passado, bem como o Livro Universal é seu custodiador. Da mesma forma que o ciclo dos mortais ante a vida e a água do esquecimento (VERNANT, 1973), o livro também detém um ciclo e se organiza a partir de algumas premissas.

O Livro Universal é escrito sem cessar, e nos mostra o panorama completo do conhecimento humano, a obra hercúlea que Otlet se propõe a realizar através da Documentação, utilizando técnicas de representação para construir o sumário dos sumários da história do conhecimento humano. Logo, a organização das ciências é um dos meios para se fixar os parâmetros arquitetônicos dos constructos do saber:

Essa linguagem [dos livros] será o instrumento adequado à identificação das imensas arquiteturas das ideias que constituirão de pouco em pouco nossas ciências, nossos ensinamentos, nossas letras e nossas artes, partindo, também elas, do saber e fazer primitivo para se elevar até a inteligência e ação racional (OTLET, 1934, p. 93, tradução nossa).

Ademais, Otlet (1934, p. 100, tradução nossa), observa que:

A apresentação [de um livro] é comparável a uma arquitetura de ideias. - A divisão de um discurso - que passa de uma simples frase para a sentença, para o parágrafo, para a seção e para o capítulo - é de suma importância. Trata-se de fazer o leitor entender a arquitetura do edifício intelectual que lhe é proposto: é também uma questão de permitir que ele se interesse por uma parte e não por outra. Ele deve ser capaz de se distrair com esse detalhe, mas recuperar o interesse em outra parte, sem que o fio seja perdido (OTLET, 1934, p. 100, tradução nossa).

O entendimento, então, da arquitetura das ideias otletiana perpassa, como já mencionamos na seção anterior, aspectos físicos do livro, mas, também, intencionalidades de seu autor e a área em que se desenvolve esse fruto do espírito humano.

Sob outra perspectiva, essa arquitetura das ideias remonta ao projeto do Mundaneum, o centro de confluência dos saberes, parte da Cidade Mundial por ele imagina e colocada no papel por Le Corbusier (1929), onde a pirâmide é a representação máxima da acumulação do saber derivada do Livro Universal (Figura 2). A Cidade Mundial seria a sede da Sociedade da Nações (1919-1939), onde as instituições de cunho universalista e mundialista se reuniriam, logo, nela funcionariam os tribunais arbitrais (a exemplo do de Haia, hoje em dia), os Bancos Mundiais (como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial) e várias outros órgãos com finalidades diversas. O Mundaneum, seria então, a parte responsável pelo ensino, ciência e cultura no plano Otletiano, o amadurecimento do Repertório Bibliográfico Universal e consolidação da sua Documentação no sentido mais amplo (RAYWARD, 1975; L’HOMME..., 2002; MATTELART, 2009).


Figura 2
Projeto para o Mundaneum
Fonte: Le Corbusier (1929).

Na Figura 2 podemos observar que a entrada no Mundaneum se dá pelo topo, ou seja, o momento atual, o presente, e vai se desenrolando rumo à base, ou seja, ao passado, nesse contexto, o conhecimento novo é construído a partir do que já se construiu e contribui para o desenvolvimento das inúmeras áreas do saber. O Mundaneum, então, seria o plano máximo e utópico de Otlet para a reunião do conhecimento humano, sendo um polo mundial e internacional para onde confluiriam todo o conhecimento produzido pelo espírito humano (MUNDANEUM, c2020), suas bases são os livros e os documentos, aos quais nos deteremos mais à frente.

Assim, todo livro possui uma arquitetura livresca, acima de tudo, um simbolismo, como evidencia o apanhado de citações abaixo:

O homem passa, o livro fica. - O livro carrega às gerações futuras a iluminação, a consolação, e experiência e a força (Milton). - O impresso é a artilharia do pensamento (Rivarol). - O livro forma um círculo distinto, de modo algum barulhento, mas sempre vivo, na privacidade da qual se descansa no lazer (Montaigne). - Os livros realizam a conversa impressa (Ruskin). - Os livros são os amigos mortos que falam aos surdos (Provérbio Flamengo). - A organização humana mais poderosa, a maior vantagem para uma sociedade, é a colocação ao alcance de todos os tesouros do mundo armazenados em livros (Carnegie). A literatura é a força vital da civilização, o sal do corpo social (Wells) (apud OTLET, 1934, p. 44).

Nelas é possível perceber a força simbólica do livro, onde este é comparado à herança do passado, à voz dos mortos, à arma do pensamento, a um elemento cíclico e em constante transformação de si e da sociedade, à tesouros do pensamento. E é este último um dos mais interessantes, afinal, Otlet e La Fontaine (1895) escrevem sobre a necessidade de tornar acessíveis os “tesouros e preciosidade” presentes em diferentes acervos por meio do tratamento documental.

4 O LIVRO FILOSÓFICO

Por fim, o livro como ente filosófico é representado pelo Biblion, que seria:

[...] para nós a unidade intelectual e abstrata, mas que se pode encontrar concretamente e de forma real, mas em modalidades diversas. O biblion é concebido da mesma maneira que o átomo (íon) na física, a célula na Biologia, o espírito na psicologia, a agregação humana (o socion) na sociologia (OTLET, 1934, p. 43, tradução nossa).

Ele pode ser a palavra, o parágrafo, o sumário, o texto inteiro, o resumo, depende, apenas, do contexto de onde se observa o fenômeno. Do ponto de vista do Livro Universal, até mesmo a produção científica de uma área inteira pode ser o Biblion.

É possível, então, associar o Biblion à acumulação de saber e, conforme discutido na seção anterior, chegarmos a uma analogia da Biblioteca de Babel de Borges (1999), onde o acúmulo leva a uma biblioteca infinita, um organismo que não para de se expandir, composto por células (livros, ou seja, o Biblion), concretizando a utopia do Mundaneum.

Ademais, Otlet (1934) adverte que a Humanidade, aqui representada muito mais pela Deusa Positivista, nunca cessa de acumular conhecimento e que este incorpora nos seres, se desenvolve, retorna à sua alma (o livro) e reincorpora em outro ser para prosseguir o seu desenvolvimento perpétuo, retomando aqui a noção de ciclo da vida e reencarnação de Mnemosyne (VERNANT, 1973). Logo, o Livro Universal, a Humanidade, se constrói a partir do socion das ideias, onde elas são transmitidas às gerações se comunicando com o passado, o presente e o futuro tendo o livro como interlocutor dessa comunicação.

Conteúdo da massa de livros - a quem são consagrados esses milhões de obras, essas centenas de milhares de documentos escritos a cada dia, de vida mais ou menos durável [... que foram] inscritos na Realidade Universal? Todo o trabalho da inteligência resulta do pensamento, das uniões, combinações, dos ciclos de pensamento, constituindo os sistemas, as teorias, fatos das verdades, dos erros, das opiniões. Isso resulta, em uma palavra, em ideologias que tendem, por síntese e eliminação, à uma mentalidade Universal e Humana (OTLET, 1934, p. 106).

O pensamento circula, assim, de geração em geração, se transformando perpetuamente e incorporando em diversos corpos (mentes). Cada uma, em seu tempo e espaço contribuindo para a construção do Livro Universal, expressão essa evidenciada pela fórmula da Figura 3.


Figura 3
Equação social do livro
Fonte: Otlet (1934, p. 46).

Onde ‘L’ representa o livro e este resulta de uma Elementos ‘E’ fixados em uma Estrutura ‘S’ em seu espaço ‘e’ e tempo ‘t’. Daí se fixa o livro como um ente social, em constante transformação e influenciado pelo espaço e tempo que o construíram, inaugurando, assim, uma nova faceta no modo de olhar a informação e o seu constructo.

5 O LIVRO E O DOCUMENTO

Paul Otlet é reconhecido como um dos primeiros a pensar o documento de forma ampla; para além do manuscrito ou dos livros, o jurista belga o pensa incorporando as revoluções científicas e tecnológicas que sua época experimentava. Assim, o microfilme (ou livro microfotográfico), é apontado como uma boa forma para o intercâmbio de informações, bem como o cinema, o rádio e, mais tarde, a televisão, todos esses elencados em seu Traité como “ditos substitutos do livro”. Para além disso, ele ainda observa que:

Existe agora um termo genérico (Biblion ou Bibliogramme ou Documento) que cobre ao mesmo tempo todas as espécies: livros, folhetos, revistas, artigos, mapas, diagramas, fotografias, gravuras, patentes, estatísticas e até mesmo discos fonográficos, negativos de vidro ou filmes cinematográficos (OTLET, 1934, p. 43).

Retomando a noção do Biblion, o documento também o poderia ser ao representar uma unidade documentária, um meio de fixação e comunicação de ideias, sendo:

[...] uma exposição de dados, fatos e ideias. Esta exposição [do documento] é mais ou menos bem ordenada, claramente formulada e bastante estilizada. O progresso é sempre possível em uma apresentação mais lúcida, uma coordenação mais exata, um equilíbrio mais harmonioso de informações conceituais (OTLET, 1934, p. 97, tradução nossa).

A partir de Otlet documento é tudo produzido pelo ser humano em suas múltiplas representações e formatos (BUCKLAND, 1991; BLANQUET, 2014), não é por menos que no Traité é comum que ele se refira ao Livro no sentido de documento e vice-versa. O documento, então, seria o objeto de estudo e trabalho da Documentação, disciplina por ele criada e desenvolvida.

Unindo as considerações até agora sobre o livro e que podem ser aplicadas ao documento, pode-se observar que sob os princípios documentalistas:

Devido ao documento não ser um dado natural, mas sim uma obra dependente da vontade humana, esse problema é de ordem da ação e seu progresso. Como todos os problemas práticos, ele só pode ser resolvido de forma gradual e por aproximação sucessiva. A solução depende de bons métodos, de cooperação no trabalho, de organização dos esforços. O problema se apresenta em duas partes: quanto à criação do livro e do documento; quanto à sua utilização (OTLET, 1934, p. 373).

Daí derivam as técnicas documentárias, a bandeira levantada em prol da Bibliografia e demais modos de representar os frutos do espírito humano, o incentivo à criação de serviços de Bibliografia e Documentação, a edição de Bibliografias Nacionais, a implementação de Serviços de Intercâmbio e de Depósito Legal, bem como a adesão a convenções internacionais, como a de Berna, que visa proteger os direitos do autor (OTLET, 1934).

O documento, como expressão do intelecto humano, é a forma para se alcançar o desenvolvimento pleno e o progresso elencado no lema positivista, alertando que:

Os documentos têm em comum com a palavra o poder não exprimir a verdade. Além disso, têm a possibilidade de se apresentar sob aparências enganadoras, falsas atribuições a autores ou pseudônimos errados, datas falsas, falsas indicações de editor, impressor, edição etc. O erro voluntário e a mentira voluntária podem ser cometidos pelo autor. A disseminação de documentos apócrifos, inventados ou desfigurados, e a disseminação intencional de informações falsas podem ser obras de terceiros. É provável que ambos causem danos à Verdade em si e às pessoas, físicas ou jurídicas, cujo prestígio diminui (OTLET, 1934, p. 45, tradução nossa).

Assim, encerrando o ciclo documentário do Livro ao Documento, Otlet o percebe como ente social, suscetível de manipulações pelo socion, se aproximando da máxima de Le Goff (2003) de que todo documento é uma mentira, já que é produto de um constructo social.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS OU UMA APOLOGIA OTLETIANA AO LIVRO

O Mundaneum é um universo projetado para a organização e progresso, sendo a casa do Livro Universal, esta obra construída cotidianamente por toda a produção do espírito humano e lido pela - deusa - Humanidade, que contempla a totalidade do pensamento humano, como Mnemosyne que guarda a memória de todas as vidas.

O livro, como constructo da humanidade para a Humanidade, tem seu papel social no acúmulo constante e incessante de saberes e conhecimentos fixados materialmente, corporificando-se de geração em geração, visando o desenvolvimento e o progresso das diferentes ciências e artes.

Mas o livro não é construído ao acaso, ele precisa se estruturar segundo parâmetros, até mesmo para ser reconhecido como um livro, além disso, as ideias não podem ser jogadas ao bel prazer, elas também precisam de uma estruturação que reflita as intenções do autor, suas vontades e sua linha de pensamento. Na noção da arquitetura das ideias, o autor e o leitor precisam compreender que aquele livro é uma pequena parte da obra universal, tão cara ao projeto otletiano.

O Livro Escrito tornou possível a concentração de espírito necessária para produzir obras profundas e equilibradas, ricas em substância e impecáveis ​​em forma. A memória do criador deixada para si nunca poderia ter alcançado esse resultado; o pensamento é tão sutil, tão fugaz que é necessário saber como fixá-lo (OTLET, 1934, p. 93, tradução nossa).

Tomado pelos projetos universais de seu tempo, Otlet acredita que a o fim da guerra se dará pela Humanidade, pela compressão mútua que só o conhecimento pode oferecer, sendo a Documentação uma das chamadas “ciências da paz” - expressão esta cunhada por Otlet, segundo Mattelart (2009) -, já que ela surge imbuída dos anseios pacifistas de seus criadores e do contexto social de sua época. Não podemos deixar de mencionar o Prêmio Nobel da Paz recebido por Henri La Fontaine em 1913 como um dos maiores expoentes da filosofia seguida pela dupla belga.

Assim, o objetivo de Paul Otlet e Henri La Fontaine é permitir a perpétua produção de conhecimento por meio da sua organização e disponibilização para todos:

Um livro representa uma coleção de ideias e fatos organizados em uma determinada ordem. Por classificação e bibliografia, poderíamos desenhar um mapa muito interessante dos livros feitos e dos livros ainda por serem escritos ou possíveis. Em tais línguas existem tais livros, em outros não (possíveis livros); da mesma forma, em tal ciência estudamos essa questão em tal época, ou em um país ou sob esse aspecto; não foi realizado um estudo integral de todos os países, épocas ou aspectos; ou não fizemos o mesmo em outras ciências (OTLET, 1934, p. 109, tradução nossa).

Os livros possíveis, então, seriam aqueles ainda por escrever à luz de seus antecessores, do acumulado no Livro Universal, dos conhecimentos das gerações passadas. Mas não é somente o livro que compõe o Livro Universal, mas, sim, toda sorte de documento, entendido em sua forma mais ampla a partir das novas tecnologias que surgem ao final do século XIX e no alvorecer do século XX. O rádio, o cinema, a fotografia, o microfilme, o telégrafo, o telefone e a televisão seriam, então, novas possibilidades de produção de documentos e ampliação do alcance do livro.

O documento, posto em microfilme, poderia ser reproduzido em tela, remotamente pelos sistemas televisivos e os cabos submarinos de telefones e telégrafos para que mais pessoas tivessem acesso a ele. A partir da representação contida no Repertório Bibliográfico Universal (RBU) o acesso à toda a produção contida no Livro Universal seria possível e, com as novas tecnologias, o acesso facilitado, independente de barreiras físicas ou fronteiras políticas, o conhecimento seria, realmente, da humanidade. Nos últimos parágrafos de seu tratado sobre o livro, Otlet declara:

Estar em toda parte, tudo ver, tudo ouvir e tudo conhecer, mas essa não é a perfeição e a plenitude que o homem, em soberana homenagem e louvação, atribui ao próprio Deus? Por esses instrumentos de onipresença, universalidade e eternidade, o homem terá, portanto, se aproximado do estado de divindade, o estado que se presume ser o dos eleitos diante de Deus, isto é, a contemplação radiante da Realidade Total.

Tudo isso, nada menos, talvez mais, é encontrado no livro! (OTLET, 1934, p. 431, tradução nossa).

Assim, o livro, enfim, entra para o rol das divindades, daqueles que contemplam a sabedoria total, a Humanidade.

Mas o livro e o documento para Otlet têm sua visão ancorada nos preceitos positivistas onde a ordenação, sua estabilidade, o caráter divino e a bússola moral povoam a noção para ambos e são as bases da sua arquitetura das ideias. O livro otletiano, é o livro cartesiano, o livro máquina, perfeito e rígido em seus elementos. Nele reside sempre a dicotomia do belo/feio, bom/mal, útil/inútil, reflexo da visão científica dos positivistas, “[...] uma concepção de mundo determinista, configurado em coordenadas cartesianas de um sistema perfeito e harmônico, sem imprecisões e inutilidades” (CHAVES FILHO; CHAVES, 2000, p. 73). Exemplo maior desse modo de pensar de Otlet é a construção de fórmulas matemáticas para representar o livro.

Aliás, é marca do positivismo a organização do mundo e sua tendência por antagonizar pessoas, estilos etc. De fato, Enders (2014) nos alerta que sua doutrina baseia-se na visão de que existiam os líderes - que nasceram para comandar e ordenar o mundo - e as grandes massas - que deveriam ser ordenadas e controladas de modo a gerar progresso para a humanidade.

Mesmo quando coloca o documento e o livro como frutos do socion, Otlet insiste em categorizá-los, sobretudo em verdadeiro ou falso. Um livro apresentar-se como verdadeiro também é um contrassenso, já que o próprio jurista o determina como um fruto do social e, portanto, resultado de uma fabricação e de intenções, logo, a verdade ali apresentada pode tomar várias formas e ser interpretada de diferente maneiras, contudo, essa é uma visão diversa àquela professada por Comte no século XIX e que prevaleceu (e ainda prevalece) em vários meios científicos. Mesmo sendo contemporâneo da Escola dos Annales e ampliando a visão de documento, a doutrina positivista prevalece em seus estudos, buscando sempre uma verdade única e universal.

Universal este que por sua vez não alcança todo o seu significado, fato é que, apesar de buscar o inventário da produção humana, o intento belga é voltado à cultura ocidental, sobretudo europeia e estadunidense. Tanto é que outros formatos de livros, lidos e escritos de forma diversa à da tradição ocidental, sequer são considerados na obra.

Otlet evidencia todos os aspectos de sua visão cartesiana ao elaborar a organização dos frutos do espírito humano de forma central no Mundaneum, já que, apesar da busca pela cooperação internacional, era dele que emanavam as técnicas para ordenar a produção intelectual humana, o centralismo leva ao personalismo de seu intento e da sua visão sobre a produção humana.

O livro matéria, símbolo e filosofia comporta muito mais aspectos do que Otlet (1934) enumera ou qualifica, fato é, que a obra no plano das ideias, como imaginamos que tenha sido pensada pelo jurista belga, se comporta da forma e maneira que ele quer, permitindo a sua mecanização, mas, a bem da verdade, uma obra posta no mundo se inventa e reinventa sempre, o documento é apropriado de diferentes formas em diferentes contextos com o passar dos anos.

A arquitetura das ideias otletiana é reflexo de um homem oitocentista europeu que se deixou levar pela utopia do universal e que mesmo pregando a paz perpétua entre as nações chegou a oferecer o seu projeto da Cidade Mundial e do Mundaneum aos governos nazistas da Alemanha de Hitler e fascista da Itália de Mussolini, evidenciando que, no fundo, o seu desejo era ver a realização de sua obra máxima e não os preceitos que a norteavam desde a sua fundação.

REFERÊNCIAS

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Notas

1 "Este artigo é resultado da comunicação homônima proferida no VI Seminário Internacional A Arte da Bibliografia, realizado em Florianópolis nos dias 5 e 6 de dezembro de 2019, organizado em parceria pelo PPGInfo/UDESC e pelo PGCIN/UFSC, devendo ser compreendido como parte do dossiê temático do evento"
2 Mundo científico e não científico.
3 No original: “L’amour pour principe et l’ordre pour base ; le progrès pour fin”.
4 Para maiores informações sobre o papel de livreiros, editores e bibliotecários no circuito do livro e na produção do conhecimento ver Otlet e La Fontaine (1895).
5 Para saber mais sobre o mito de Mnemosyne, recomendamos a leitura de Vernant (1973).
AGRADECIMENTOS Não se aplica.
CONJUNTO DE DADOS DE PESQUISA Todo o conjunto de dados que dá suporte aos resultados deste estudo foi publicado no próprio artigo.
FINANCIAMENTO Não se aplica.
CONSENTIMENTO DE USO DE IMAGEM Não se aplica.
APROVAÇÃO DE COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA Não se aplica.
LICENÇA DE USO Os autores cedem à Encontros Bibli os direitos exclusivos de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution (CC BY) 4.0 International. Estra licença permite que terceiros remixem, adaptem e criem a partir do trabalho publicado, atribuindo o devido crédito de autoria e publicação inicial neste periódico. Os autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não exclusiva da versão do trabalho publicada neste periódico (ex.: publicar em repositório institucional, em site pessoal, publicar uma tradução, ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial neste periódico.
PUBLISHER Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação. Publicação no Portal de Periódicos UFSC. As ideias expressadas neste artigo são de responsabilidade de seus autores, não representando, necessariamente, a opinião dos editores ou da universidade.
EDITORES Enrique Muriel-Torrado, Edgar Bisset Alvarez, Camila Barros.

Autor notes

CONTRIBUIÇÃO DE AUTORIA Concepção e elaboração do manuscrito: C. H. Juvêncio Coleta de dados: C. H. Juvêncio Análise de dados: C. H. Juvêncio Discussão dos resultados: C. H. Juvêncio Revisão e aprovação: C. H. Juvêncio

Declaração de interesses

CONFLITO DE INTERESSES Não se aplica.


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