Artigo Original
Recepção: 06 Novembro 2021
Aprovação: 16 Março 2022
Publicado: 25 Março 2022
DOI: https://doi.org/10.5007/1518-2924.2022.e84748
RESUMO
Objetivo: Investigar a produção na base de dados Library & Information Science Abstracts e a produção brasileira na Base de dados em Ciência da Informação sobre a temática de análise documentária de literatura ficcional. Categorizar os documentos quanto as suas propostas. Identificar as técnicas e os critérios para a leitura documentária de obras ficcionais.
Método: A pesquisa é exploratória quanto aos objetivos e utiliza como procedimento técnico a revisão sistemática, como alguns documentos recuperados não abordavam o assunto em questão, adotou-se critérios de inclusão e exclusão para filtrar as pesquisas, na Library & Information Science Abstracts (LISA) constituiram o corpus de análise 29 artigos datados de 1978 a 2019, e na Base de Dados em Ciência da Informação (BRAPCI) sete pesquisas elaboradas entre 2007 e 2020. Os documentos recuperados foram sintetizados ressaltando objetivos, metodologias, resultados e conclusões, categorizados quanto à abordagem adotada, e também evidenciaram as técnicas para leitura documentária que se destacaram nos estudos.
Resultado: Identificou-se que o processo de indexação está sendo discutido há mais de 40 anos, e neste período, esquemas e métodos foram elaborados especificamente para a ficção com a finalidade de suprir os lapsos informacionais; foram elaboradas mais pesquisas empíricas focadas na avaliação de produtos, e as técnicas para leitura documentária destacadas foram as Quatro dimensões da ficção, os 11 Princípios do Annotated Card Program, o Percurso Gerativo de Sentido e o Modelo para Indexação da Ficção - MENTIF.
Conclusões: A ficção está sendo abordada no processo de indexação, mesmo que de forma lenta. Existem métodos e esquemas para a leitura documentária da ficção, mas precisam ser mais amplamente divulgados. O tratamento do assunto durante a formação de bibliotecários pode ser uma etapa importante para mudar esta realidade.
PALAVRAS-CHAVE: Indexação, análise documentária, literatura ficcional, revisão sistemática.
ABSTRACT
Objective: To investigate the production in the Library & Information Science Abstracts database and the Brazilian production in the Information Science Database on the theme of documentary analysis of fictional literature. To categorize the documents according to their proposals. To identify the techniques and criteria for the documentary reading of fictional works.
Methods: The research is exploratory as to the objectives and uses as technical procedure the systematic review, as some documents retrieved did not address the subject in question, we adopted inclusion and exclusion criteria to filter the research, in the Library & Information Science Abstracts (LISA) 29 articles dated from 1978 to 2019 were included, and in the Database on Information Science (BRAPCI) seven researches prepared between 2007 and 2020. The retrieved documents were synthesized highlighting objectives, methodologies, results and conclusions, categorized according to the approach adopted, and also showed the techniques for document reading that stood out in the studies.
Results: It was identified that the indexing process has been discussed for over 40 years, and in this period schemes and methods have been developed specifically for fiction in order to fill information gaps; more empirical research focused on product evaluation has been developed, and the techniques for documentary reading highlighted were the Four Dimensions of Fiction, the 11 Principles of the Annotated Card Program, the Generative Path of Sense, and the Model for Indexing Fiction - MENTIF.
Conclusions: Fiction is being addressed in the indexing process, even if slowly, and that there are methods and schemes for the documentary reading of fiction, but they need to be more widely disseminated, and addressing the subject during librarian training can be an important step to change this reality.
KEYWORDS: Indexing, documentary analysis, fictional literature, systematic review.
1 INTRODUÇÃO
Parece notório que um dos materiais mais populares em bibliotecas são as obras de literatura ficcional, sendo os materiais mais buscados em bibliotecas de caráter público, principalmente (SAARTI, 2019). No entanto, essas obras não são tratadas de forma adequada quanto à identificação dos assuntos, dificultando na recuperação realizada pelo usuário. Posto isto, esta pesquisa procura identificar as modificações e a evolução na produção técnico-científica quanto à análise documentária de literatura ficcional.
Quando se trata de associar um objetivo para a literatura ficcional, o entretenimento e lazer são destacados (PEREIRA, 2014), todavia, a literatura ficcional também é abordada como fonte para pesquisas e estudos, além de ser objeto de pesquisa no campo da Literatura e o vetor principal para o desenvolvimento de leitores.
Assim, a pesquisa em questão abrange essa primeira etapa da indexação de assunto, referida como Análise Documentária (AD) (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1992). Esta reflete a exploração da estrutura textual de um documento amparado por uma estratégia metodológica com a finalidade de extrair os principais elementos tratados (CUNHA, 1989).
Parece incontestável que todo material bibliográfico, científico ou ficcional, necessita de uma indexação adequada e objetiva, garantindo uma melhor qualidade na recuperação da informação, porém, quando se trata da indexação de literaturas ficcionais ocorrem lapsos e ausências informacionais, pois a AD dessas obras não tem uma estratégia previamente estabelecida como em documentos científicos, isso em virtude das diferenças nas estruturas textuais das obras de literaturas ficcionais, como aponta Almeida (2019), que analisa as tendências europeias sobre o tema.
Pesquisas, como a de Moraes (2012), sobre esta temática na área da Ciência da Informação (CI) introduzem outras estratégias para AD das obras ficcionais, com o intuito de garantir que seja identificado o conteúdo/temacidade desse tipo de literatura, e não somente o gênero do texto, a nacionalidade do autor, ou até mesmo, rótulos genéricos, como ocorre usualmente.
Sendo assim, a pesquisa propõe os seguintes objetivos: a) levantar a produção brasileira e global sobre o tema na Base de Dados Referenciais de Artigos de Periódicos em Ciência da Informação (BRAPCI) e Library and Information Science Abstracts (LISA), respectivamente; b) categorizar os documentos recuperados quanto às propostas, se constatadas; e c) identificar as técnicas e os critérios para a leitura documentária de obras ficcionais.
O propósito é contribuir para a área da CI e para as comunidades que buscam informações sobre o tema, visto que são afetadas com a carência na AD de obras literárias ficcionais.
ASPECTOS CONCEITUAIS: ANÁLISE DOCUMENTÁRIA E LITERATURA FICCIONAL
À Representação Temática (RT) está atribuída a identificação do assunto de um documento através de uma análise para fornecer informações, que posteriormente serão condensadas para termos/descritores e/ou notação de um sistema de classificação (SOUSA, 2013; SOUSA; FUJITA, 2014). A RT abrange os estudos e práticas cognitivas para o processamento da informação, visto que o primeiro instrumento utilizado é o raciocínio, para analisar e extrair conceitos (BOCCATO, 2012). Para apropriar-se dos conceitos é necessário dividir as práticas da RT em distintas tarefas, com o propósito de obter os produtos. Segundo Sousa (2013) são atividades da RT a elaboração de resumos, a classificação bibliográfica e a indexação para representar os assuntos principais do documento.
Como ponderado pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (1992), na NBR 12676, a indexação é um recurso utilizado para descrever o assunto de documentos, através de termos expressivos que compõem a linguagem de indexação e esse processo se divide em três estágios: (i) análise do documento; (ii) identificação dos conceitos; e (iii) seleção de termos de indexação. Nesse processo a AD é a primeira etapa em todas, ressaltando-se que é necessário analisar os documentos para identificar os conceitos e gerar “produtos”.
Concebe-se que a AD provém da decodificação de uma obra, ou seja, a exploração do conteúdo principal para esboçar uma linguagem de indexação e, dessa maneira, simplificar o processo de recuperação realizado por diferentes usuários (CUNHA, 1989). Assim, para realizar a AD é necessário empregar estratégias metodológicas para extrair o conteúdo dos documentos de forma universal. Entretanto, para Moraes (2012) as estratégias metodológicas adotadas para AD predominam para as particularidades dos textos científicos, posteriormente realizando a leitura do título, subtítulo, resumo, para extrair conceitos. Por essa razão, além da definição de uma estratégia, Gil Leiva (2008) e Sousa e Fujita (2014) consideram pertinente possuir conhecimento sobre a estrutura textual dos documentos, para analisar diferentes gêneros textuais. As obras de literatura são um exemplo da necessidade de conhecer as estruturas textuais, visto que, em virtude dos aspectos desta categoria de informação bibliográfica, a AD se torna pouco explorada.
Para tanto, é necessário conhecer os principais aspectos da literatura ficcional. Ataíde (1974) salienta, que a literatura pode ser conceituada como a arte que expõe as idealizações dos autores através de palavras escritas, formando uma narrativa. Já para Santana (2014, p. 11) “a literatura é um importante meio de informação para a reconstrução e, até mesmo, resgate da cultura e memória social”, indo além da arte.
No início do século XVIII a literatura deixou de ser uma palavra desacompanhada passando a utilizar a designação de lugar unido à palavra, ressaltando, portanto, a nacionalidade do autor (DEL PINO, 1970). Também passou a ser dividida em gêneros literários, ou seja, em categorias ou classes equivalentes.
Inicialmente foram concebidos três gêneros literários intitulados como o lírico, que se distingue pela utilização frequente de versos, como nos poemas, com a exploração das emoções; o dramático, composto por textos que permitem a encenação como em roteiros para o teatro ou cinema; e por último o épico, também reconhecido como épico-narrativo, que destaca justamente a narração de uma história ficcional, podendo essa ser considerada uma epopeia, novela, romance ou um conto (DEL PINO, 1970).
Portanto, a literatura ficcional tem como principal definição expandir a imaginação do leitor, não se baseando, necessariamente, em um acontecimento verídico do mundo real (DEL PINO, 1970). Todavia, Ataíde (1974) destaca que para constituir uma obra de literatura narrativa ficcional é essencial abordar cinco tópicos:
Enredo: que apresenta o conteúdo através de vários acontecimentos, evidencia o conflito, clímax e desfecho da narrativa;
Personagens: que através deles ocorre o desenvolvimento da história;
Tempo: que decorre em torno do enredo e personagens, podendo ser cronológico (relógio) ou psicológico (memórias);
Espaço: destacando a questão geográfica, referente a locais reais ou fictícios; e
Ponto de vista: salientando a questão da narrativa, ou seja, obra narrada através de personagens ou pelo próprio autor.
Isto posto, na AD de literatura ficcional, observa-se que essa categoria de informação necessita de uma abordagem mais complexa (MORAES, 2012). Dessa forma, Moraes e Guimarães (2008), observam que muitos bibliotecários buscam se adaptar aos sistemas de indexação já existentes, adotando todas as etapas da forma tradicional em vez de explorarem novas estratégias de AD.
Saarti (2019) aponta como os principais desafios da análise da ficção está na (i) falta de atribuir significados concretos para o assunto; (ii) assim como em executar uma constante interação autor-texto-leitor; além da (iii) falta de pesquisas sobre as necessidades específicas dos usuários. Assim sendo, a indexação de obras literárias com narrativa ficcional acaba sendo muito negligenciada, e como acentua Almeida (2019), esta situação não ocasiona somente uma ruptura na imagem dos serviços oferecidos pela instituição, como também reflete nos hábitos de leitura dos usuários, observado que a falta de informações precisas provoca desinteresse pela busca.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Esta pesquisa é exploratória quanto aos objetivos, adotando como procedimento técnico a Revisão Sistemática (RS) de documentos recuperados nas bases de dados LISA e BRAPCI em março de 2020.
A RS é um estudo de caráter secundário, visto que abrange a revisão de literatura, porém, a revisão deve ser imparcial e reprodutível, com a finalidade de alcançar uma visão geral sobre a questão de pesquisa (BRASIL, 2014). Apesar de ser uma técnica utilizada na área da saúde majoritariamente, e geralmente associada à metanálise (GREENHALGH, 2013), a RS encontra espaço de utilização na Ciência da Informação, como em estudo sobre ciência aberta no Brasil (NASCIMENTO; ALBAGLI, 2019), metadados de preservação digital (TAUIL; CASTRO, 2018) e mapeamento de processos com uso de Business Process Management em organizações (BUENO; MACULAN; AGANETTE, 2019).
Bueno, Maculan e Aganette (2019) evidenciam três tópicos essenciais para a utilização da RS e que foram seguidas nesta pesquisa (grifos), a saber: a) planejamento de uma RS, sendo desenvolvido um protocolo de pesquisa , com a questão e os objetivos definidos, a estratégia de busca delineada, apontando as expressões de busca , datas dos processos de seleção preliminares e finais, além da elaboração de uma síntese das pesquisas recuperadas ; b) execução, referindo-se ao momento de identificar e selecionar as bases de dados , criando lista das informações recuperadas; c) seleção das pesquisas, através da análise e síntese dos estudos, evidenciando as datas .
Para selecionar os trabalhos foram elencados critérios de inclusão e exclusão, dispostos no Quadro 1.

A pesquisa na base LISA utilizou a expressão “subject indexing” AND fiction* recuperando 177 artigos. Entretanto, foi aplicado o refinamento por assunto, incluindo: subject indexing; fiction; information retrieval; literature; concept analysis; novels; knowledge organization; vocabularies e taxonomies; aboutness; content analysis, e excluindo nonfiction. E um filtro por idiomas: inglês, português e espanhol. Assim, 88 documentos foram definidos para uma análise manual.
Com a análise dos títulos e resumos foram excluídos 51 documentos, por não tratarem da temática em questão, sete por falta de acesso ao texto completo (ADAMS, 1983; ANDERSSON, 1996; GOODSTEIN, 1989; MACEWAN, 1997a, 1997b; RANSLEY, 1987a, 1987b) e outros três documentos duplicados, todos estão situados no Apêndice A. Assim, restaram 27 trabalhos eleitos para a RS, dispostos no Quadro 2 e ordenados por ano de publicação.

Na BRAPCI a expressão de busca inicial foi “ficc*”, com filtro por título, palavra-chave e resumo, recuperando 107 documentos. A análise dos títulos e resumos dos documentos recuperados resultou em 93 textos excluídos, além de sete duplicados, todos estão indicados no Apêndice B. Sendo assim, restaram sete trabalhos para compor a RS sobre a temática investigada na base, dispostos no Quadro 3 e ordenados por ano de publicação.

Para analisar os resultados evidenciados nas buscas, realizou-se a síntese de todas as pesquisas recuperadas, destacando os objetivos, as metodologias, os resultados e as conclusões. Através da síntese foi possível realizar a categorização dos documentos e a identificação de técnicas para leitura documentária.
RESULTADOS
A seção apresenta os resultados a partir dos objetivos propostos. Inicialmente há a síntese dos documentos recuperados nas bases LISA e BRAPCI, respectivamente, que é apresentada cronologicamente por base, como indica o protocolo da RS. Em seguida, na seção 4.3, os documentos são categorizados, considerando se a abordagem dos artigos é teórica ou empírica e é apresentado mais dois níveis de categorias a partir da identificação das abordagens. Por fim, na seção 4.4, são destacadas as técnicas identificadas.
4.1 Síntese dos documentos recuperados na base de dados LISA (19782020)
Pejtersen (1978) objetivou discutir os aspectos mais importantes nas obras de ficção e elaborar um esquema para classificar a ficção. Os objetivos foram alcançados através da análise das falhas e limitações nos esquemas desenvolvidos por outros pesquisadores, e por meio de 160 conversas entre bibliotecários e usuários. O resultado foi a elaboração de um esquema para classificar a ficção, nomeado Quatro dimensões da Ficção, a saber:
Assunto: conteúdo explícito da narrativa, a) ação e curso dos eventos, e/ou b) desenvolvimento psicológico e descrição, e/ou c) relações sociais entre os personagens;
Cenário: ambiente e o tempo que se passa a história, a) passado, presente ou futuro e/ou b) local geográfico, social ou profissional;
Intenção do autor: ideias e emoções que serão transmitidas aos leitores, a) experiência emocional e/ou b) cognição e informação;
Acessibilidade: como a informação é transmitida na questão linguística, a) legibilidade e/ou b) aspectos estruturais.
As três primeiras dimensões têm relação com os tópicos indicados por Ataíde (1974), sobre o que constitui uma obra de literatura ficcional. A última dimensão tem relação com gênero do texto e com a nacionalidade/idioma do autor, o que para Moraes (2012) é insuficiente, e não equivocado, para indexação de obras ficcionais.
Ainda na década de 1970, Pejtersen (1979) objetivou evidenciar como o termo ‘about’ é concebido no processo de indexação mediante a perspectiva dos usuários. Realizando uma revisão teórica sobre ‘about’ além da utilização de 300 conversas cotidianas gravadas com os usuários (PEJTERSEN, 1978). Concluiu que o “aboutness” quando tratado de forma unidimensional se torna falho e que um sistema de indexação de ficção evidencia as necessidades dos usuários.
Com essas duas pesquisas de Pejtersen na década de 1970 já era perceptível que a literatura de ficção merecia e necessitava de um tratamento temático diferenciado, visto a amplitude de conteúdos que essas obras detinham. Além de destacar que o usuário precisava fazer parte da construção das soluções, pois eles eram os destinatários que iriam recuperar por assunto essas obras.
Outra pesquisa de Pejtersen (1983; 1984), dividida em duas partes, buscou discutir as vantagens e desvantagens dos esquemas anteriormente utilizados. O trabalho foi realizado em três etapas: 1) construção de catálogo sistemático e um índice alfabético de 434 romances; 2) construção de um catálogo alfabético para um novo conjunto de romances; e 3) inserção dos catálogos no computador para testes online pelos usuários. A investigação concluiu que os usuários preferem termos de acesso normalizados e precisos.
Koger (1984) conduz sua pesquisa sobre a atribuição de cabeçalhos de assunto para as ficções infantis, com o objetivo de apresentar os procedimentos realizados através dos 11 princípios do Annotated Card Program (ACP) da Library of Congress na Nampa Public Library1:
Um termo consistente para aplicar em todos os trabalhos sobre o assunto;
Termo específico que reflita o assunto;
Entradas de assuntos suficientes;
Evitar sexo, etnia, idade e outros preconceitos;
Usar termos populares no idioma;
Estabelecer novos termos;
Indique o conteúdo de forma e gênero;
Indicar a definição geográfica ou histórica;
Termos para identificar personagens, grupos ou lugares fictícios populares;
Títulos dos principais prêmios literários e de mídia;
Indicar usos ou relações curriculares do material.
Foram analisadas as obras com atribuição dos cabeçalhos de assunto antes e depois da utilização dos 11 princípios do Annotated Card Program. A autora (KOGER, 1984) conclui que os 11 princípios do ACP estavam dando bons resultados, salientando ainda que ao dedicar-se a catalogação de assuntos na ficção infantil favorecem os usuários.
Observa-se que os 11 princípios do ACP, apresentam alguns elementos das “Dimensões da Ficção” de Pejtersen (1978; 1979), demonstrando muito potencial como instrumento para extrair o conteúdo da ficção. Além disso, os princípios um, dois, três e cinco indicam a necessidade de controlar os termos utilizados, além de questões de exaustividade na indexação de assunto, focando na padronização do esquema. O princípio 11 indica uma abordagem educativa e mais funcional desse tipo de literatura, por exemplo, as obras ficcionais podem colaborar no aprendizado de uma ciência, visto que são muito utilizadas, principalmente nos cursos de literatura.
Saap (1986) descreveu e avaliou esquemas de classificação de ficção na perspectiva de como eles respondem as prováveis perguntas dos usuários sobre o assunto de um romance. Foram apresentados diferentes esquemas de classificação, detalhando suas características favoráveis e desfavoráveis, baseando-se em dois níveis de acesso para o exame:
Nível de detalhamento dos assuntos: especificidade de transmissão do assunto de forma útil; e
Número de pontos de acesso: quantidade de conceitos benéficos para expressar o assunto.
Assim foram analisados alguns esquemas para classificar a ficção, como:
Sistemas de Classificação, como os mais utilizados no cotidiano de bibliotecários: “Dewey Decimal Classification” (CDD) e o “Library of Congress Classification” (LCC);
Sistemas para classificar a ficção, propostos por Haigh2, em 1933, e Burgess3, em 1936;
Sistemas de arranjos de prateleiras;
Cabeçalhos de assunto, como o Library of Congress Subject Headings (LCSH); e a Lista de autoridade da Hennepin County Library (HCL);
Índices de ficção impressos, como o livro “A Guide to the Best Fiction” de Baker e Peckman4; e o “Reader's Guide to Prose Fiction” de Lenrow; e
Sistema de indexação, apresentando as “Quatro Dimensões da Ficção” de Pejtersen (1978).
Saap (1986) conclui que sistemas universais não vão expressar o conteúdo da ficção, e que a indexação é o método mais preciso para representar o assunto na ficção, nesse caso a exaustividade melhora a indexação.
MacPherson (1987) analisa na sua pesquisa obras de literatura infantil, com o foco no índice de assunto de ficção da Moray House College of Education5, possuindo o objetivo de apresentar a origem e construção dos cartões com os índices de assunto. O método salienta uma pesquisa na biblioteca da Moray House, sobre a origem e construção do índice de ficção que se divide em sete facetas (Poema, Música, Ficção, Bíblia, Mitologia, Conto de fadas, Pessoas famosas) identificadas através da leitura completa da obra. O autor concluiu que o índice demonstrava um serviço satisfatório, considerando que garantia uma economia de tempo na pesquisa, além de melhorar e promover a imagem da biblioteca (MACPHERSON, 1987).
Baker e Shepherd (1987) discutiram cinco princípios para subdividir a ficção nos esquemas de classificação. Elaboraram uma revisão bibliográfica analisando pesquisas que medem a satisfação dos usuários com os esquemas de classificação da ficção e confrontando as mesmas com os cinco princípios. Os cinco princípios são:
Facilitar que os usuários encontrem os tipos de ficções desejadas;
Utilizar qualquer método de subdivisão que facilite a busca, por exemplo: assuntos amplos (Segunda Guerra Mundial), gênero (Mistérios), formato da obra (Contos), qualidade literária (Ficção contemporânea);
Expor os usuários a autores que poderiam ser ignorados;
Não separar fisicamente as obras de cada gênero; e
Não separar as obras do mesmo autor.
Os autores destacam ser importante identificar as necessidades dos usuários e a utilização de esquemas de categorias também é muito influente para ocasionar o aumento da busca por livros de ficção afetando diretamente na circulação da ficção, constatações que refletem ao primeiro princípio. Em contraste com o segundo princípio, observou-se que os usuários sentem a necessidade de uma variedade de métodos para a classificação da ficção, como por assunto, formato, gênero, entre outros, para auxiliar na recuperação das obras. Em relação ao terceiro princípio, constatou-se que usuários buscam novos autores. Já o quarto e quinto princípios não são totalmente aceitos por bibliotecários, pois, de acordo com eles poderiam distanciar os usuários de bons livros. Conforme os resultados obtidos, se confirmou que os cinco princípios e o desenvolvimento de esquemas para classificação da ficção devem continuar e ser mais explorados, observado que tiveram um reconhecimento favorável por parte dos usuários (BAKER; SHEPHERD, 1987).
DeHart e Matthews (1988) examinaram a aplicação dos cabeçalhos de assunto da Library of Congress (LC) englobados na LCSH, para, consequentemente, identificar as áreas que poderiam ser melhoradas com descritores codificados pela Modern Language Association International Bibliography (MLA):
AWK (Subject Author/Work/Folkwork): indica o nome de autores, nome de uma obra ou obras de literatura popular, ex.: “KAFKA, Franz”;
GEN (Genre): indica os gêneros como formas literárias, ex.: “Poesia”;
GRP (Group): indica movimentos ou grupos literários dos autores, ex.: “Realismo”;
LFE (Literary Feature): indica características distintas de obras literárias, ex.: “Estilo literário”;
LIF (Literary Influence on): indica a influência literária, ex.: “Literatura Russa”;
LOC (Placet/Time Period): indica o local e/ou período de tempo associado ao autor, ex.: “Brasil, 1881-1893 Realismo”;
LPR (Process): indica o processo literário, ex.: “Processo criativo”;
LSO (Source): indica a fonte (“inspiração” externa) das obras, ex.: “Revolução francesa”; “Mitologia”;
LTC (Technique): indica a técnica utilizada pelo autor, ex.: “Metáfora”;
LTH (Theme/Motif/Character): indica termos representados por elementos narrativos referentes ao tema, motivo e personagem literário, ex.: “Capitolina (Personagem)”;
LWK (Alternative Language of Literary Work): indica a idioma, ex.: “Francês”;
MED (Performance Medium): indica os meios de atuação/realização, ex.: “Teatro”;
SAP (Scholarly Approach): indica a abordagem acadêmica específica da obra, ex.: “Biográfica”;
SCH (Scholar): indica nomes de estudiosos que tiveram suas teorias discutidas nas obras, ex.: “GREIMAS, Julian”;
SCP (Scholarly Theory/Discipline/Type): indica o tipo de teoria, disciplina ou crítica representada em uma obra literária, ex.: “Estudo de manuscrito”;
SDV (Scholarly ToolPevice): indica o instrumento acadêmico aplicado para auxiliar na análise do material literário, ex.: “Computador”;
SJC (Subject Classification Term): indica termo de classificação de assunto quando não consta nos descritores do MLA, ex.: “Teoria literária estruturalista e crítica”
SLN (Specific Language): indica idioma específico em discussão em uma obra, ex.: “Língua portuguesa”;
SLT (Specific Literature): indica de forma específica a nacionalidade do tipo de literatura, ex.: “Literatura francesa”.
Conforme os autores foram analisadas 50 monografias de ficção francesa, indexadas na base da MLA. DeHart e Matthews (1988) constataram que as 50 monografias ficaram distribuídas em 14 códigos do MLA (AWK, GEN, GRP, LFE, LOC, LTC, LTH, SAP, SCH, SCP, SDV, SJC, SLN, SLT), totalizando 348 descritores, destes 45% foram representados pelos 157 cabeçalhos da LCSH, todavia, muitos cabeçalhos da LCSH poderiam ter sido unidos e sintetizados em 57 cabeçalhos consistentes. DeHart e Matthews (1988) encerram relatando estarem preocupados com as falhas do LCSH, e que em todos os casos os descritores da MLA puderam ser elaborados a partir da LCSH.
Beghtol (1989) explorou o princípio da classificação por criador (autor) para a ficção, além de evidenciar como um acesso detalhado do conteúdo de obras ficcionais pode ser favorável. Atribuindo como método a descrição dos sistemas de classificação anteriormente utilizados e elaboração de uma lista com sistemas de análise para a ficção. Obtendo como resultados que a classificação por criador é uma boa alternativa para manter as obras de uma coleção unidas, no entanto, não auxilia os usuários a encontrarem ficções pelo conteúdo.
Foram situados alguns sistemas de classificação desenvolvidos para diminuir o estigma de classificação por criador, ou seja, focada apenas nas informações de autoria, como: DD3 de Haigh6 (adaptação da CDD); Genre Identification Systems; Fantasy Classification System; Classification for Science Fiction; Problem Child; e Analysis and Mediation of Publications de Pejtersen (popularmente conhecido como “Quatro dimensões da ficção”). Por fim, ressalta que todas foram boas iniciativas, no entanto, falham em não elaborar instruções para a tomada de decisões sobre a importância dos elementos (BEGHTOL, 1989).
Bradley (1989) objetivou ponderar a opinião de diferentes classes de indivíduos envolvidas com a ficção (autores, editores, leitores, sociedades literárias e indexadores) para evidenciar se na perspectiva deles um índice de ficção é um recurso necessário neste gênero literário, além de analisar alguns romances ingleses e franceses que já foram indexados. Nos resultados foram evidenciados que os autores, editores e leitores não fazem muita questão, julgando como uma atividade desnecessária e um desperdício econômico; as sociedades literárias consideram importante a elaboração de índices, pois eles estudam sobre literatura e este recurso pode auxiliar em suas atividades; os indexadores apreciam a ideia, todavia, julgam que não são todas as obras ficcionais que necessitam de um índice. Concluindo que os índices de ficção só eram apoiados para obras clássicas que poderiam ser utilizadas futuramente na academia, excluindo obras julgadas para lazer que logo seriam esquecidas (BRADLEY, 1989).
Bell (1991) identificou os problemas e benefícios de preparar índices de lista de personagens e assuntos para a ficção, analisando simultaneamente como as técnicas para indexação de biografias podem ser aplicáveis nas obras de ficção. Relatou sua experiência analisando e indexando dois livros com histórias consideradas complexas de A.S Byatt (“The virgin in the garden” e “Still life”) para expressar os problemas durante o processo de indexação.
Bell (1991) evidenciou que a ficção detém de uma abundância de conteúdo, visto a quantidade de acontecimentos. Por fim, Bell (1991) relata que a ficção detém muitos problemas evidenciados na indexação de obras biográficas, e ainda alguns mais singulares da ficção, como muitos personagens e mudanças cronológicas (passado, presente, futuro).
Pejtersen (1991) apresentou e descreveu o banco de dados Book House (sistema de informação para recuperação da ficção). Analisando a perspectiva dos usuários através de questionários tradicionais e online, observações e entrevistas. Pejtersen (1991) concluiu que o sistema avaliado por usuários infantis (7 a 16 anos) e adultos (17 a 70 anos) através de questionários, entrevistas e observações, recebeu muitos retornos positivos tanto pelos usuários como por bibliotecários, visto que a descrição dos livros favorece ambas as partes.
Beghtol (1995) analisou e testou a frequência que as 19 categorias são repetidas nas obras indexadas no MLA, mesmo esquema estudado por DeHart e Matthews (1988). Para alcançar os resultados, primeiro buscou investigar se alguma das 19 categorias foi utilizada com mais frequência. Evidenciou-se que 10 categorias (AWK; GEN; GRP; LFE; LOC; LSO; LTC; LTH; SJC; e SLT) foram mais frequentes. Beghtol (1995) conclui que a repetição dos termos nos códigos evidencia que autores com pontos de vista diversos conseguem utilizar de tópicos gerais para descrever as obras.
O uso das categorias de descritores da MLA foi um recurso evidenciado anteriormente (DEHART; MATTHEWS, 1988), como já salientado, porém, no ponto de vista de como ele se apresenta quando comparado com o LCSH. Nesta última pesquisa (BEGHTOL, 1995) foi possível absorver uma afinidade entre a subjetividade e a padronização na ficção, para se distanciar da primeira. Evidenciou que, mesmo as obras de ficção sendo consideradas muito subjetivas para o processo de indexação, através de um instrumento de padronização apropriado, esta concepção pode ser reduzida.
Down (1995) apresentou o OCLC/LC Fiction Project7 (projeto que seleciona bibliotecas para utilizar o sistema OCLC PRISM) do qual fez parte como catalogador participante a partir de 1991. Down (1995) realizou as atividades na Biblioteca da Bowling Green State University, catalogando cerca de 150 obras de ficção por ano, utilizando o cabeçalho de assunto da LC que se divide em quatro categorias: 1) Forma/Gênero; 2) Personagens; 3) Cenário; e 4) Título assunto. A autora concluiu ser necessário aprimorar constantemente os registros na base de dados da biblioteca para melhorar o acesso à ficção, e que este projeto a fez refletir sobre o que e como realizar o processo da catalogação da ficção.
Dezelar-Tiedemann (1996) buscou evidenciar se as capas, contracapas, e abas de livros ficcionais fornecem informações suficientes para extrair o tema da obra através das Guidelines on Subject Access to individual works of Fiction, Drama (GSAFD) e suas quatro áreas de cobertura: 1) Gênero ou Forma; 2) Personagens; 3) Cenário; e 4) Assunto. Determinou uma pequena amostra de obras novas de ficção, drama e poesia da University of Idaho Library, totalizando 50 livros para análise e para se atribuir cabeçalhos de assuntos conforme as GSAFD e utilizando a 18º ed. do LCSH para aplicar tópicos, temas e nomes.
Evidenciou-se que os livros de capa dura apresentavam mais informações, que segundo o autor poderia ser devido ao espaço extra que essas obras tinham quando comparadas às de brochura. Dezelar-Tiedman (1996) encerra apontando que a capa ou contracapa é um recurso apropriado para fornecer o assunto de obras de ficção, e que este pode ser um método eficiente e econômico para utilizar as GSAFD em bibliotecas.
MacEwan (1997) retratou a iniciativa da Britsh Library (BL) para indexar a ficção, focado em favorecer o acesso ao assunto da ficção de forma remota para ampliar a autonomia dos usuários. Salientando que o desenvolvimento de OPACs utilizando a estrutura de tesauro do LCSH ampliaria a indexação da ficção. Por fim, ressalta que o acesso eletrônico da ficção depende da harmonia informacional da indexação com o progresso de tecnologias projetadas para recuperação de informações (MACEWAN, 1997). Através desta pesquisa, foi possível observar como a ampliação da internet nos anos 1990 levantou a discussão sobre indexação da ficção em ambientes digitais, visto que o autor retratou a elaboração de catálogos onlines projetados com recursos para favorecer a recuperação da ficção.
Wilson et al. (2000) analisaram se a presença dos cabeçalhos de assuntos proporcionou algum efeito na circulação das obras em bibliotecas acadêmicas, realizando uma revisão dos registros das obras ficcionais do catálogo da Evans Library. Constatou que o acesso à ficção através de cabeçalhos de assunto comumente não era previsto, ainda mais em bibliotecas acadêmicas. Por essa razão os resultados não foram suficientes, visto que presumivelmente os usuários da Evans Library não receberam instruções de utilização dos cabeçalhos, e que muitas bibliotecas acadêmicas dos Estados Unidos (EUA) não sentiam necessidade de acesso à ficção para as disciplinas dos cursos (WILSON et al., 2000).
Hayes (2001) realizou sua pesquisa para explorar se a análise de assunto de ficção pode ser realizada através de críticas populares (resenhas, livros, peças) ou críticas acadêmicas (artigos, monografias). Como local de estudo foi adotada a Butler Library8 que possuía a maior coleção de materiais de pesquisa de ciências humanas e história da Columbia University, os assuntos foram analisados através dos registros no catálogo online, sendo filtrados para recuperar obras de literatura ficcional/imaginativa em inglês e obras de volume único de poesia e drama, resultando na recuperação de 98 textos. Logo foi realizada uma revisão de literatura na Butler Library para identificar se essas obras haviam gerado alguma crítica, para, por fim, realizar de fato a análise de assunto de cada obra com a tradução para termos da LCSH (HAYES, 2001).
Dentre os resultados verificou-se que 88,8% da amostra possuíam críticas acadêmicas ou populares. Hayes (2001) destacou que as críticas de uma mesma obra deveriam exibir consenso para se tornarem úteis no processo de atribuição de descritores. Além de verificar que a crítica popular se adapta melhor aos termos da LCSH, pela questão da semelhança no vocabulário, diferente da crítica acadêmica (HAYES, 2001). Hayes (2001) concluiu que mesmo a análise de assunto através de críticas, sendo uma função demorada, tem um impacto favorável para a ampliação da indexação de ficção.
Saarti (2002) verificou a consistência e as diferenças durante a indexação de assunto dos romances através de profissionais e usuários de bibliotecas públicas. Selecionando cinco bibliotecas finlandesas como local para indexar cinco títulos preestabelecidos. Para efetuar este experimento 30 pessoas no total (três bibliotecários e três usuários de cada biblioteca) participaram da indexação dos livros durante dois meses, sendo convocados posteriormente para um grupo de discussão e preenchimento de um questionário. Saarti (2002) inicialmente apresentou e instruiu as 30 pessoas a utilizarem o tesauro finlandês de ficção Kaunokki9 publicado em 1996, este era organizado como um dicionário de sinônimos e dividido em seis facetas: 1. Gêneros ficcionais; 2. Eventos, motivos e temas; 3. Protagonistas; 4. Cenário; 5. Tempo; e 6. Aspectos técnicos e tipográficos.
O experimento resultou na utilização de 632 palavras-chave para indexar todas as obras, em que, os bibliotecários atribuíram descritores mais consistentes e menos distintos que os usuários, isto em razão da experiência do profissional nesta atividade, o autor também evidenciou que as obras mais complexas receberam mais termos (SAARTI, 2002). Saarti (2002) constata que a ficção é multifacetada, portanto, necessita de ferramentas específicas para analisar esta categoria de material e manter a consistência na atribuição de termos.
Miller (2003) retrata o desenvolvimento da mudança cultural na atribuição de descritores de assuntos durante a catalogação da ficção. O autor realizou um ensaio para explorar o fator que motivou a ampliação das discussões sobre a necessidade de descritores de assunto para o acesso à ficção, observado que desde a publicação da primeira edição da GSAFD em 1990, se tornaram mais frequentes pesquisas sobre esta temática.
Segundo Miller (2003) através desta investigação foi possível evidenciar que a ficção passou a ser mais valorizada no processo de representação temática cerca de 20 anos após o período do pós-modernismo literário, visto que autores passaram a utilizar a ficção para retratar historiografias, ou seja, envolvendo questões mais sociais e culturais nas narrativas imaginativas. No entanto, o autor ainda salienta que o progresso desta temática na Biblioteconomia está seguindo de forma lenta. Miller (2003) conclui que a sua pesquisa não foi um estudo que busca viabilizar a extração de assunto de obras ficcionais, mas para lembrar que existe uma história sobre o desenvolvimento dessa necessidade.
Dentre todas as pesquisas a de Miller (2003) foi a que mais se distanciou em atribuir um recurso para auxiliar na análise da ficção, porém, ela contribuiu para ressaltar que a indexação da ficção é uma questão que já estava em pauta há muito tempo, mas que por falta de dedicação ou tecnologia não se desenvolveu em um ritmo acelerado, dando a entender que somente após a GSAFD em 1990 que se cogitou investigar a ficção.
Hypén e Mäkelä (2011) apresentaram um modelo de sistema de recuperação de informação para a ficção que estava sendo desenvolvido e foi nomeado como projeto Kirjasampo. Conforme Hypén e Mäkelä (2011) Kirjasampo consistia-se em uma base para busca de informações literárias, com o objetivo de descrever o conteúdo de obras ficcionais de forma satisfatória, desenvolvida desde 2008, era financiada pelo Finnish Ministry of Education and Culture e coordenada pela Turku City Library.
O sistema foi desenvolvido para realizar a descrição em dois níveis:
Descrição do conteúdo da obra: título, autor, tipo (ex.: romance, novelas), gênero (ex.: romance policial), assuntos/temas, atores (criança, médico), personagens principais (nomes próprios), tempo do evento (ex.: verão, idade média), local do evento (ex.: biblioteca, zona urbana), resumo ou apresentação textual, idioma da obra original, adaptações da obra (ex.: teatro), obras relacionadas (recomendação do bibliotecário), informações na web relacionadas à obra, e prêmios.
Descrição física/estrutural (informações bibliográficas) da obra: título original e traduzido, idioma, editora, data da publicação, número de páginas, tradutor, ilustrador, editor e contribuidores, série, e informações adicionais sobre a história da publicação.
Hypén e Mäkelä (2011) ressaltam que o Kirjasampo foi implementado para utilizar conceitos através de ontologias como o tesauro Kaunokki (baseado no glossário Kaunokki) em vez de palavras-chave, mas uma de suas características mais relevantes é possibilitar que bibliotecários descrevam o conteúdo da ficção, recomendem e vinculem obras. Os autores concluem que com todas as características expostas, este seria o modelo ideal de sistema enriquecido sistematicamente, pois possibilita visualizar os metadados produzidos e os conhecimentos literários dos bibliotecários em harmonia com outros conteúdos da web (HYPÉN; MÄKELÄ, 2011).
Moraes (2012) propôs uma estratégia para analisar textos narrativos de ficção utilizando o Percurso Gerativo de Sentido (PGS) para identificar o aboutness (temacidade) e os meanings (significados) presentes no conteúdo dos textos. Moraes (2012) adotou como amostra de estudo a fábula “Mudanças Imutáveis” de Millôr Fernandes, dividindo sua pesquisa em três etapas, sendo a primeira identificar se o texto é narrativo (utilizando a teoria da Superestrutura; Macroestrutura; e Dimensão linguística de superfície de Van Dijk em 1997 e Koch e Fávero em 1987). A segunda era analisar e aplicar o PGS e suas três estruturas:
Fundamental: identifica o par de oposição no texto;
Narrativa: identifica as partes canônicas, através de
Manipulação: transmissão de um querer ou poder para outro sujeito, ex: ordem ou pedido;
Competência: atribui um saber ou poder fazer para outro sujeito;
Performance: transformação da narrativa; e
Sanção cognitiva: a competência se realizou, e
Sanção pragmática: manifestação de prêmios ou castigos; e
Discursiva: identifica o percurso temático: elementos abstratos; percurso figurativo: elementos concretos).
A terceira etapa foi verificar se o PGS possibilita a indicação do aboutness e meanings dos textos. Moraes (2012) aplicou todas as etapas extraindo conceitos para descrever o conteúdo, e conseguiu evidenciar como aboutness como a oposição “Alteração” vs “Permanência”. Concluindo que o PGS pode servir como esquema para auxiliar no processo de análise do conteúdo da ficção, para principalmente determinar o aboutness desses textos ficcionais (MORAES, 2012).
Saarinen e Vakkari (2013) buscaram destacar e analisar as particularidades que os leitores atribuem como indicadores de bons romances e evidenciar às estratégias utilizadas para encontrar esses romances nas bibliotecas. Realizaram uma pesquisa de campo na Turku City Library através de uma entrevista semiestruturada com 16 usuários adultos, com perguntas referentes aos interesses literários, hábitos de leitura, como eles caracterizam um bom romance e como eles buscam e selecionam no catálogo.
Saarinen e Vakkari (2013) identificaram que os leitores adotam como indicativos de bons romances atributos como: nome do autor, título, aparência externa do livro, leitura da contracapa ou dos capítulos iniciais, no entanto, varia muito entre leitores. Já referente as estratégias utilizadas, foram evidenciadas: a busca por romances conhecidos, busca diretamente nas prateleiras, busca por recomendação de outros leitores, mediante a exploração da seção de empréstimos devolvidos, e apenas alguns realizavam buscas através de descritores aplicados à ficção no banco de dados. Os autores findam que tanto os atributos de um bom romance como seus indicativos e estratégias de busca são possíveis de identificar, todavia, variam conforme os tipos de leitores, e ressaltam a necessidade de abordar mais estas questões para melhorar o acesso à ficção (SAARINEN; VAKKARI, 2013).
Conforme destacado, dentre as estratégias de busca, alguns usuários realizam pesquisas pelos descritores das obras. Mesmo sendo a última alternativa deles e que apenas alguns utilizam esta abordagem, é relevante refletir o motivo de a maioria não utilizar a recuperação através de descritores, visto que esses são elaborados especificamente para esta função. Não estão expostas respostas concretas para este contexto, porém, ressalta-se para reflexão duas indagações: será que os leitores estão sendo instruídos sobre as funcionalidades dos descritores? E a qualidade do catálogo: Será que a indicação dos assuntos está sendo satisfatória para esboçar o conteúdo das obras?
Sauperl (2013) discutiu a descrição da ficção sob a perspectiva de quatro grupos: bibliotecários, editores, teóricos literários e leitores, através de uma revisão de investigações elaboradas por pesquisadores eslovenos. Como resultados identificou que bibliotecários utilizam sistemas de classificação, cabeçalhos de assunto e anotações (resumos); editores abordam a categorização de itens para navegação, cabeçalhos de assunto para navegação e resumos; teóricos literários elaboram resenhas para demonstrar a avaliação das obras; e leitores exteriorizam suas concepções através de comentários, principalmente em ambientes digitais (SAUPERL, 2013). Concluiu que a utilização dos sistemas apresentados pelos grupos pode melhorar a descrição de assunto em catálogos de bibliotecas, fornecendo informações mais confiáveis e menos parciais, e almeja que futuramente com a ampliação dos e-books os catalogadores trabalhem relacionando e criando links para informações na web sobre as obras (SAUPERL, 2013).
A pesquisa de Almeida (2019) é recente, e a autora objetivou verificar se as Bibliotecas Nacionais europeias estão realizando a indexação da ficção, além de identificar alguma possível tendência regional. Ela realizou um estudo de caso na Europa, através da consulta de catálogos online das bibliotecas nacionais.
Com a investigação de todas as 54 bibliotecas, Almeida (2019) situa que 47 apresentavam o campo para descritores de assunto, no entanto, um total de 20 preencheram os campos de assunto. Em algumas, somente a última edição não apresentava descritores, indicando uma possível descontinuidade. Também observou-se que em sua maioria os descritores eram referentes a forma, gênero, classificação, edição e autoria, destacando-se apenas seis bibliotecas localizadas no norte da Europa que indexaram conforme o conteúdo da obra. Se torna notório salientar que a instituição Biblioteca Nacional da Polônia se destacou positivamente em relação às outras, visto que apresentou oito descritores específicos para o conteúdo (ALMEIDA, 2019).
Almeida (2019) conclui que as bibliotecas preenchem os campos destinados aos descritores de indexação, no entanto, salienta que não se deve apenas preencher os campos pela existência dos mesmos, é necessário atribuir termos úteis sobre o conteúdo das obras literárias. A autora ainda enfatiza que a insuficiência na indexação pode estar atrelada com a falta de utilização de instrumentos adequados para a ficção, notando que apenas a Biblioteca Nacional da Suécia utilizou de um instrumento (LCSH) (ALMEIDA, 2019).
Este último texto da base LISA apresenta os benefícios que pesquisas realizadas há 40 anos buscavam proporcionar. Ressaltou-se que as bibliotecas situadas no norte da Europa foram as que mais se mostraram preocupadas em indexar as obras ficcionais conforme seu conteúdo, ou seja, essas bibliotecas situadas na região escandinava que foram ambientes de estudo de alguns pesquisadores, como Pejtersen (1978; 1979; 1983; 1984; 1991); e Saarti (2002), Hypén e Mäkelä (2011), Saarine e Vakkari (2013) na Finlândia.
A autora aborda a falta de utilização de instrumentos para indexação da ficção, questão essa já observada em outros textos, e que considera um dos fatores que acarreta a insuficiência de informações na exploração do conteúdo da ficção. Contudo, trata-se de uma época a partir dos anos 2000, então existem recursos evidenciados por pesquisadores desde 1978, que podem ser adaptados para a realidade de distintos ambientes. Parece interessante refletir na premissa de que existem recursos para auxiliar a indexação de ficção, mas ainda é necessário que eles sejam divulgados, utilizados e adaptados. A seção 4.4 destaca quatro desses recursos identificados nesta revisão.
4.2 Síntese dos documentos recuperados na BRAPCI (2007-2020)
Moreira e Dias (2007) trabalharam na perspectiva da literatura infantil. Os objetivos foram: identificar como o processo de análise de assunto está sendo realizado em bibliotecas escolares; investigar a perspectiva dos bibliotecários quanto a indexação de literatura ficcional e quais as demandas dos usuários; e aplicar um exercício com as “Quatro Dimensões da Ficção”, de Pejtersen. A pesquisa se desenvolveu em quatro estágios:
Formulário do perfil de nove leitores (crianças entre 8 e 12 anos de escolas públicas e privadas, situadas em Belo Horizonte/MG), e a leitura de uma das três obras selecionadas de literatura ficcional infantil;
Sistematização das palavras e frases atribuídas pelos leitores utilizando o instrumento de Pejtersen;
Entrevistas semiestruturadas com os indexadores, além da utilização do Protocolo Verbal durante realização da indexação com três bibliotecários sorteados; e
Exercício com os indexadores, utilizando as Quatro Dimensões da Ficção, e a realização de uma nova entrevista semiestruturada (MOREIRA; DIAS, 2007).
Dentre os resultados, Moreira e Dias (2007) observaram que os bibliotecários estavam indexando as obras de literatura ficcional infantil com as mesmas estratégias adotadas para textos científicos, e com o início do experimento, ou seja, utilizando o esquema de Pejtersen, foram apresentadas algumas dificuldades por parte dos indexadores. No entanto, com o decorrer da aplicação, eles foram se familiarizando com o esquema, e realizaram algumas constatações sobre as categorias, como, por exemplo, que o “Assunto” é a base, mas as categorias “Cenário” e “Intenção do autor” descrevem exatamente o que os leitores desse experimento buscariam. Alguns julgaram a Intenção do autor muito subjetiva acarretando um pouco mais de dificuldade de identificá-la. Já a categoria “Acessibilidade” se demonstrou muito útil, principalmente para professores. Moreira e Dias (2007) concluem que a estratégia de Pejtersen se torna viável para ser utilizada durante a análise documentária das obras de literatura ficcional infantil, auxiliando nas atividades do leitor-indexador.
Lima, Ribeiro e Moraes (2012) objetivaram propor um esquema para sistematizar a AD de textos com narrativas ficcionais com base na relação interdisciplinar da AD e a linguística, e assim testar a aplicabilidade do PGS em uma crônica. Dessa forma, empregou-se como amostra para o experimento a crônica “Do lar”, de Fabrício Carpinejar, para ser analisada nos três níveis estruturais da Semântica Discursiva de Greimas. Após a aplicação de todos os níveis do PGS observou-se que o texto retrata a inversão de atribuições na sociedade, descrevendo o assunto como a oposição: “submissão” versus “poder”. Conforme a finalização da pesquisa, salienta-se que se tornou viável extrair conceitos e o aboutness do texto ficcional com o PGS, e que para dar certo é necessário inverter a ordem dos níveis estruturais para se tornar mais simples e esclarecedor (LIMA; RIBEIRO; MORAES, 2012).
Alves e Moraes (2016) buscaram propor procedimentos para a elaboração de resumos de textos narrativos ficcionais infantojuvenis com o intuito de efetivar o processo de análise documental, através da especificação dos aspectos estruturais e de aboutness, e também os aspectos característicos textuais por meio do PGS. Realizaram a elaboração de um resumo na obra “A ilha perdida”, de Maria José Dupré, utilizando a técnica de questionamentos, mediante 15 indagações:
Qual a persuasão ou manipulação principal?
Quais as demais manipulações?
Quem é o manipulador?
Quem é o manipulado?
Onde aconteceu a história?
Quando aconteceu a história?
Qual o tempo da narrativa?
Qual o tipo de narrador?
Qual o gênero literário?
Quais os subgêneros literários?
Como o manipulado (herói) se tornou competente para a ação e transformação de estado (competência)?
Como ocorreu a transformação de estado ou performance?
Qual o estado final do manipulado (herói) ou sanção?
Qual o estado final do manipulador (vilão) ou sanção?
Qual o tema principal abstrato (categorias semânticas)?
Apresentaram como resultados quatro resumos (informativo discursivo, informativo em tópicos, informativo-indicativo discursivo, e indicativo discursivo). Concluíram que conseguiram realizar os resumos definindo o aboutness do texto conforme os elementos das estruturas textuais do PGS para nortear e expor a estrutura profunda do aboutness, e a Teoria Narrativa para evidenciar as características das narrativas (ALVES; MORAES, 2016).
O que parece significativo na pesquisa é que as perguntas também podem ser utilizadas para a definição de termos utilizados na indexação de assuntos de obras ficcionais. O aboutness ainda é um grande desafio, mas os estudos mostram que os personagens são importantes, (PEJTERSEN, 1978;1979; KOGER, 1984; SAPP, 1986; MACPHERSON, 1987; DEHART; MATTHEWS, 1988; BELL, 1991; BEGHTOL, 1995; DOWN, 1995; DEZELAR-TIEDMANN, 1996; SAARTI, 2002; HYPÉN; MÄKELÄ, 2011; MOREIRA; DIAS, 2007), como indicam as questões três e quatro, assim como o cenário (PEJTERSEN, 1978;1979; KOGER, 1984; SAPP, 1986; DEHART; MATTHEWS, 1988; BEGHTOL, 1995; DOWN, 1995; DEZELAR-TIEDMANN, 1996; SAARTI, 2002; HYPÉN; MÄKELÄ, 2011; MOREIRA; DIAS, 2007), como indicam as questões cinco, seis e sete, o gênero literário (KOGER, 1984; SAPP, 1986; MACPHERSON, 1987; BAKER; SHEPHERD, 1987; DEHART; MATTHEWS, 1988; BEGHTOL, 1987;1989;1995; DOWN, 1995; DEZELAR-TIEDMANN, 1996; MACEWAN, 1997; SAARTI, 2002; HYPÉN; MÄKELÄ, 2011), como indicam as questões nove e 10.
Essas indicações podem ser adicionadas em notas nos registros bibliográficos, mas também e principalmente como elemento de subdivisões de assunto. Além disso, é possível criar produtos como índices, bibliografias e/ou catálogos, a partir das questões propostas para um número definido de obras em um determinado contexto. Mas uma grande questão é transformar um esquema complexo em um esquema utilizável para os bibliotecários e depois para os usuários. Ou seja, o desafio de melhorar a indexação das obras ficcionais está no desenvolvimento de novos métodos, mas também no treinamento do bibliotecário indexador, do usuário desse tipo de informação, no envolvimento de especialistas de outras áreas etc.
Caprioli et al. (2017) objetivaram expor a influência dos elementos científicos da obra “Vigiar e punir”, de Michel Foucault, sob o paralelo do conceito de Panóptico, na obra ficcional “Jogos Vorazes”, de Suzanne Collins. Através da realização de uma pesquisa de revisão, com a análise de ambas as obras. Evidenciam que os conceitos de Foucault referentes a panóptico estão presentes na obra de Collins, ressaltando a possibilidade de observar as questões de vigilância, poder e disciplinas em distintas sociedades, até mesmo nas fictícias. Concluem, a partir disto, que até mesmo um texto com narrativa ficcional possui paralelo com o discurso de obras científicas, e que a compreensão superficial de uma obra, já pode ser útil na representação da mesma (CAPRIOLI et al., 2017).
Neste texto, observa-se que foram abordados os conceitos de discurso e como a ficção pode também retratar contextos científicos, compreende-se esta comparação no sentido de atribuição de descritores. Dessa forma, enfatiza-se que terminologias da produção científica poderiam ser utilizadas para descrever a ficção. No entanto, ressaltase que a última pesquisa não buscou uma tentativa de realizar uma análise documental, em vista de todas as particularidades estruturais da ficção, assim como destaca que métodos para analisar a produção científica se tornam falhos para evidenciar as temáticas da ficção.
Fujita et al. (2017) buscaram evidenciar a avaliação e adequação do Modelo para Indexação de Ficção (MENTIF) elaborada com catalogadores de bibliotecas, para melhorar o recurso com a interação da teoria e prática. Conforme Fujita et al. (2017) a avaliação do MENTIF foi realizada no acervo de obras de ficção da rede de Bibliotecas da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” - UNESP, dividida em quatro etapas:
análise dos registros bibliográficos após capacitação dos catalogadores (termos de busca: literatura e ficção);
aplicação de questionário para 10 catalogadores (para avaliar a satisfação, insatisfação e dificuldades);
análise dos registros bibliográficos após readequação do MENTIF; e
aplicação de questionário aos catalogadores após readequação do MENTIF (para avaliar a satisfação, insatisfação e dificuldades).
Concluíram que esta pesquisa oportunizou o teste das questões teóricas, na prática, com o intuito de melhorar a construção do modelo, e com os refinamentos o MENTIF se mostrou uma metodologia de indexação de ficção adequada (FUJITA et al., 2017).
O MENTIF como relatado é um modelo de indexação específico para a ficção, elaborado para bibliotecas universitárias. Neste modelo, as informações são identificadas através de um quadro com cinco colunas, que expressam as seguintes informações:
Categorias: personagem, evento, espaço e tempo
Questionamento: “Há seres ou atores que existem e participam no mundo da ficção (inclui o narrador quando for o caso)?”; “Existem ocorrências e acontecimentos do mundo real e não real (inclui atos humanos e não humanos)?”; “A narração acontece em um determinado lugar geográfico ou localização (ou ambiente) no mundo ficcional?”; “Existe uma unidade de tempo no mundo ficcional?”;
Partes da estrutura textual: Capa e contracapa, Orelhas, Primeiro capítulo, Segundo capítulo, Último capítulo; Resenhas;
Identificação dos conceitos: orientado pelo conteúdo;
Seleção de conceitos: orientado pelo uso.
Essas orientações já estão sendo usadas para realizar a indexação de obras ficcionais na Unesp, inclusive o documento das orientações está exposto no site da biblioteca10. O que mais se destaca neste documento é a riqueza de detalhes para instruir os bibliotecários, um problema recorrente nos esquemas para analisar a ficção, tendo em vista, a dificuldade de adotar um método quando este só enfatiza o que encontrar, mas não há instruções de onde encontrar as informações.
Gandier e Pinho (2018) buscaram verificar a pertinência e adequação do percurso figurativo e do percurso temático de Greimas como esquema para AD de textos ficcionais e/ou poéticos. Realizaram a análise de uma crônica, adotando como base para a análise as duas fases do modelo canônico do PGS (Manipulação e Performance) para identificar temas (elementos abstratos) e figuras (elementos concretos), além de utilizar as pesquisas de Moraes em 2011 e Sabbag em 2013 para formalizar conceitos. Após aplicação do PGS conseguiram identificar o tema geral da obra analisada. Gandier e Pinho (2018) encerram sua pesquisa relatando que o PGS é um excelente esquema para identificar o tema de textos ficcionais e que a concentração na utilização do percurso temático e figurativo possibilitou apontar de forma precisa e equilibrada a representação temática de textos de ficção (GANDIER; PINHO, 2018).
Com o PGS novamente em evidência, nesta pesquisa notou-se a utilização do PGS de forma reduzida, pois, não foram abordados todos os elementos, sendo focado mais o nível discursivo. Com esta noção, o PGS poderia ser concebido, assim como as Quatro dimensões da ficção, como um esquema de etapas independentes, mesmo sendo conceituado como um percurso a ser seguido. Ao observar o tema geral identificado, transparece uma dúvida: será que essa sentença pode ser denominada como um tema? Aqui nota-se que os autores utilizaram o formato de criar títulos temáticos e não descritores, passo este que seria o próximo. Nesta perspectiva, esta revisão compreende o tema dos autores como um panorama referente ao misticismo e religiosidade perante as estruturas arquitetônicas modernas de uma cidade urbana.
Alves (2020) analisou as garantias literárias, de ficção e de uso e como elas podem contribuir para a fundamentação e elaboração de um modelo de Leitura Documental para obras de literatura infantojuvenil em prosa. A autora iniciou com uma pesquisa bibliográfica e um estudo exploratório para elaborar a proposta do modelo de leitura documental, cujo objetivo era evidenciar os elementos necessários para a indexação e relacionar com as garantias. Depois, realizou uma avaliação do modelo através do Protocolo Verbal Individual com dois bibliotecários de escolas do estado de São Paulo que analisaram duas obras de literatura infantojuvenis com base no modelo. Posteriormente realizou uma entrevista com os profissionais, de modo a adequar o modelo com base na realidade de bibliotecas escolares (ALVES, 2020).
Conforme Alves (2020), o modelo de leitura documental foi apresentado aos bibliotecários e eles utilizaram para indexar as duas obras. Durante a entrevista relataram algumas sugestões, como: que o tema não se encontra somente nas ações, mas também nos sentimentos dos personagens, características sociais dos personagens são relevantes, assim como os nomes dos personagens, como já indicado em outros estudos nesta revisão (PEJTERSEN, 1978;1979;1991; KOGER, 1984; SAPP, 1986; MACPHERSON, 1987; BAKER; SHEPHERD, 1987; DEHART; MATTHEWS, 1988; BEGHTOL, 1987;1989;1995; DOWN, 1995; DEZELAR-TIEDMANN, 1996; MACEWAN, 1997; SAARTI, 2002; HYPÉN; MÄKELÄ, 2011; SAUPERL, 2013; MOREIRA; DIAS, 2007; ALVES; MORAES, 2016), e a busca por leitura com base na faixa etária dos usuários. Ao final do experimento, eles relataram que o modelo contribuiu muito para a indexação das obras, não precisando ler a obra no todo (ALVES, 2020).
Com a realização da avaliação do modelo, Alves (2020) aprimorou o modelo de leitura documental com as sugestões dos bibliotecários, dividindo o modelo em partes que demonstravam o que encontrar, onde encontrar e como se questionar. Por exemplo, no quadro elaborado por Alves (2020) para evidenciar as partes do modelo, destaca-se que conceitos para o “Gênero e os subgêneros textuais” (conceitos da estrutura textual) podem ser encontrados na estrutura do texto nos “Elementos preliminares” (capa, folha de rosto, contracapa, orelhas/abas, elementos pré-textuais, folhetos anexos, sumário) e “Capítulos iniciais” (folhas iniciais), com o auxílio do seguinte “Questionamento para identificação do tema ou assunto”: “quais são os gêneros e os subgêneros textuais?” (questionamentos para identificação dos assuntos). Alves (2020) concluiu que as garantias literárias, de ficção e de uso favoreceram a fundamentação e a elaboração da proposta de modelo, visto que tornaram a identificação e seleção menos imprecisas, possibilitando a estruturação de um esquema de análise documentária adequado para a realidade das obras e para o ambiente das bibliotecas escolares.
Esse estudo é o mais recente, e está embasando a elaboração de um modelo para análise da ficção. Nota-se semelhanças com o modelo evidenciado por Fujita et al. (2017), visto que ambos orientam sobre os questionamentos que devem ser realizados para cada conceito, os locais para encontrá-los, e os conceitos a serem buscados, mas destaca-se que o modelo de Alves (2020) expõe uma abrangência nas opções de conceitos mais ampla que o MENTIF.
Com isto, acredita-se que a produção brasileira, mesmo começando a pesquisar sobre a temática de análise documentária de obras ficções, quase 30 anos após outros países, está no caminho certo para elaboração de métodos específicos para extrair o conteúdo, os quais mensuram o processo de indexação com instruções objetivas. Nesta perspectiva, a BRAPCI enquanto uma base de dados de divulgação da produção brasileira - e também de algumas produções de países de língua espanhola -, no âmbito da Ciência da Informação, está auxiliando na disseminação das pesquisas sobre análise documentária de obras ficcionais no Brasil.
4.3 Categorização dos documentos
No decorrer da leitura e síntese dos documentos ocorreu mutuamente uma categorização que transparece as categorias de abordagens que foram mais utilizadas. Salienta-se que esta pesquisa não visa realizar uma análise bibliométrica dos dados recuperados, no entanto, para elaborar uma categorização dos documentos e assim evidenciar a contribuição da produção é necessário ressaltar algumas particularidades dos trabalhos analisados.
Inicialmente notou-se a questão das datas das pesquisas. Observou-se que os anos mais promissores para a temática foram na década de 1980 e entre 2010 e 2019. Nesta última ressalta-se que a maioria das pesquisas integra a produção brasileira. Analisando as datas destaca-se que as pesquisas começaram em 1978 na Dinamarca, ou seja, há mais de 40 anos, mas apenas em 2007 foi realizada a primeira pesquisa brasileira sobre a temática. Desta forma, reflete-se como a indexação da ficção está sendo desenvolvida de forma lenta no Brasil. Na presente década de 2020, apenas uma pesquisa foi recuperada (ALVES, 2020), salientando-se que a última busca nas bases de dados foi em outubro de 2020, portanto, produções divulgadas posteriormente a esta data não foram incluídas nesta pesquisa.
Em relação à abordagem metodológica de cada autor, foram evidenciadas pesquisas empíricas e teóricas. Identificou-se que 29 trabalhos se caracterizam como pesquisas empíricas, se dividindo entre pesquisas com pessoas, através de entrevistas, questionários e observações com sujeitos; e pesquisas que buscavam desenvolver e avaliar produtos. Quanto à abordagem teórica, evidenciou-se um número reduzido, totalizando sete trabalhos, esses realizaram pesquisas destacando a temática através de revisão de literatura. O Quadro 4 expõe a categorização adotada para esta pesquisa.

As categorias de primeiro nível evidenciam o tipo de análise mais generalizada, já as categorias de segundo nível especificam as primeiras, relatando sobre o que ou com quem a pesquisa se aprofundou. Notando-se que em algumas categorias da abordagem empírica tiveram pesquisas repetidas, visto que elas atendiam a mais de uma categoria.
Observa-se que os autores situados na categoria produtos, adotaram em suas pesquisas, dois panoramas: o desenvolvimento de um produto novo e a avaliação de produtos existentes, como, modelos para análise e leitura documentária (Quatro dimensões da ficção; 11 princípios da ACP; PGS; MENTIF; Críticas; Capas), base de dados com ênfase nas obras de ficção (BookHouse; MLA; Kirjasampo) e tesauros ou cabeçalhos de assunto (LCSH; GSAFD; Kaunokki; índice de cartões da Moray House).
Neste contexto, nota-se que as pesquisas referentes à avaliação foram mais abrangentes, aludindo ao que foi relatado por Moraes e Guimarães (2008) no referencial teórico sobre os bibliotecários preferirem se adaptar aos métodos existentes em vez de elaborarem novos. Noção esta que não está sendo julgada como errônea, pois, o ideal seria ter um produto específico para extrair o conteúdo da ficção de forma universal, ou seja, permitindo a adaptação conforme as necessidades de cada biblioteca, para manter um padrão de indexação para a ficção.
A categoria nomeada sujeitos, destinou-se a exibir pesquisas realizadas com os usuários finais, referindo-se aos leitores, pesquisadores e professores que precisam recuperar as informações referentes ao conteúdo da obra. E com os profissionais como autores, editores e bibliotecários.
No decorrer desta pesquisa constatou-se que a busca pela concepção dos usuários para realizar a indexação se tornou cada vez mais essencial, visto que são esses que mais se beneficiam com o aprimoramento dos descritores nos registros de obras de ficção. No entanto, nota-se que apenas duas pesquisas buscaram a perspectiva dos profissionais (BRADLEY, 1989; FUJITA et al., 2017). Acredita-se que esta abordagem também é muito válida, principalmente para observar o ponto de vista dos bibliotecários e evidenciar os principais fatores que induzem aos lapsos informacionais, com base no panorama dos bibliotecários que realizam o tratamento temático dos materiais.
A categoria revisão, relacionada à abordagem teórica, compreendeu todas as pesquisas que levantaram dados com base em outros trabalhos, realizando uma avaliação ampla referente à descrição e elementos da ficção. Também evidenciou as informações sobre esquemas e sistemas para classificar a ficção. Além disso, foram identificadas pesquisas com sujeitos discorrendo sobre as distintas opiniões evidenciadas por pesquisadores sobre a indexação da ficção.
A categorização emergiu como uma consequência dos dados evidenciados no decorrer da revisão dos textos. E se tornou benéfica para ressaltar a escassez de pesquisas de usuários com profissionais, visto que as perspectivas destes assim como a dos usuários finais é essencial para aprofundar a discussão sobre a temática da indexação de obras ficcionais.
4.4 Identificação das técnicas para leitura documentária da ficção
Com a síntese e categorização de todas as pesquisas, foram identificadas algumas técnicas utilizadas para realizar o processo de leitura documentária de obras ficcionais. As técnicas são fundamentais para auxiliar os profissionais na extração do conteúdo durante a indexação de documentos. Portanto, através desta pesquisa, foram identificadas as seguintes técnicas:
Quatro dimensões da ficção (PEJTERSEN, 1978; 1979; 1991; SAPP, 1986; BAKER; SHEPHERD, 1987; BEGHTOL, 1989; MOREIRA, 2007);
11 Princípios do Annotated Card Program - ACP (KOGER, 1984);
Percurso Gerativo de Sentido - PGS (MORAES, 2012; LIMA; RIBEIRO; MORAES, 2012; ALVES; MORAES, 2016;);
Modelo de Indexação de Ficção - MENTIF (FUJITA et al., 2017).
As Quatro dimensões da ficção ficaram em evidência, pois, não só foi a primeira técnica identificada na literatura especificamente para indexar a ficção, como também se tornou a mais mencionada entre as pesquisas incluídas (PEJTERSEN, 1978; 1979; 1983; 1984; 1991; SAPP, 1986; BAKER; SHEPHERD, 1987; BEGHTOL, 1987; 1989; MOREIRA; DIAS, 2007). Mesmo sendo uma técnica elaborada em 1978, ou seja, em uma realidade tecnológica distinta da que vivenciamos atualmente, mostrou relevância para continuar sendo utilizada. Além disso, se apresenta muito promissora, visto que suas dimensões são independentes umas das outras, ou seja, não sendo obrigatório utilizar todas, pois, nem todas as obras exteriorizam todas as dimensões para o indexador. Como, por exemplo, na declaração de Moreira e Dias (2007) sobre a intenção do autor não ser muito abordada.
Os 11 princípios do ACP se preocupam com a estrutura das entradas de assuntos, dessa forma, embasa como recomendações viabilizar o desenvolvimento de termos mais consistentes, em quantidades suficientes, sempre buscando acrescentar termos novos ao índice de assuntos e manter um padrão de idioma popular para os usuários. Já em relação à leitura documentária para extração de conteúdo, ressalta-se que é importante identificar assuntos específicos, indicar a forma e gênero, definições geográficas e históricas, assim como é essencial destacar personagens, grupos ou lugares fictícios. No entanto, em um dos princípios, situa-se que devem ser evitadas algumas características dos personagens. Este princípio de evitar características não seria conveniente atualmente, visto a importância de expor a multiplicidade/pluralidade de características que sujeitos e grupos possuem.
Além disso, os 11 princípios do ACP permitem indicar os principais prêmios literários, os usos e relações curriculares das obras. Revelando um panorama que se preocupa com as sociedades literárias. Este demonstra ser mais um produto eficiente para lidar com a estruturação dos termos e análise das obras, e que poderia ser mais explorado em futuras pesquisas, para detalhar e utilizar cada princípio.
O Percurso Gerativo de Sentido enfatiza a interdisciplinaridade da Ciência da Informação com a Linguística, atribuindo a Semântica Discursiva Greimasiana no processo de indexação. Esta técnica se destacou nas pesquisas brasileiras, mais especificamente através dos discentes e pesquisadores do Departamento de Ciência da Informação da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” - Unesp (MORAES, 2012; LIMA; RIBEIRO; MORAES, 2012; ALVES; MORAES, 2016; GANDIER; PINHO, 2018). Para ser aplicado no processo de indexação da ficção, os três níveis do PGS devem ser realizados no sentido inverso ao utilizado na linguística. O PGS necessita da abordagem de todos os níveis, todavia, não exige a obrigatoriedade de todos os campos contidos nos níveis, como enfatizado na pesquisa de Gandier e Pinho (2018), que focaram na utilização dos campos do nível Discursivo, e apenas utilizaram uma parte dos campos do nível Narrativo.
O MENTIF também foi concebido através dos pesquisadores da Unesp e é atualmente utilizado no Sistema de Bibliotecas da mesma universidade para orientar a indexação da ficção. Dentre todos os modelos apresentados, compreende-se o MENTIF como o mais eficiente para orientar bibliotecários, pois ele apresenta as categorias, os questionamentos e o local para encontrar essas informações na estrutura textual da obra, atribuição esta que falta na maioria das técnicas e esquemas para a leitura documentária da ficção. Todavia, falha em relação às Quatro dimensões da ficção e os 11 princípios da ACP, por não apresentar uma categoria que explora o assunto específico.
Como destaque para a utilização dos modelos na realidade das bibliotecas brasileiras, as Quatro dimensões da ficção foram inicialmente elaboradas para bibliotecas públicas dinamarquesas, mas no Brasil o esquema foi abordado em bibliotecas escolares (MOREIRA; DIAS, 2007). Não ocorreram, nesta pesquisa, constatações sobre a utilização dos 11 princípios do ACP como técnica ou método para leitura documentária no Brasil. O PGS não especifica uma natureza de biblioteca para ser utilizado, mas nas pesquisas analisadas fez-se referência à leitura documentária de obras infantojuvenis, além de contos e crônicas, ressaltando que poderia ser utilizado em bibliotecas escolares, públicas, especializadas, etc. (MORAES, 2012; LIMA; RIBEIRO; MORAES, 2012; ALVES, 2016). O MENTIF foi concebido especialmente para ser utilizado em uma biblioteca universitária (FUJITA et al., 2017).
Mesmo sendo aplicados em bibliotecas de naturezas singulares, julga-se que poderiam ser recursos utilizáveis em todas as categorias de bibliotecas, porém, para afirmar esta constatação seria necessária uma pesquisa para abordar essas informações.
Finaliza-se esta parte da pesquisa destacando que todas as técnicas/esquemas propostos têm suas particularidades e auxiliam para melhorar a indexação da ficção, fato que dificulta indicar o melhor ou mais apropriado, observado que este também não é o propósito deste trabalho. Por possuírem objetivos distintos, dificulta realizar um confronto entre as quatro técnicas, sendo possível, neste ângulo, realizar uma divisão em três categorias de finalidades:
Primeira categoria: as Dimensões da ficção e o MENTIF, por atribuírem a determinação de categorias a serem buscadas no documento, e no caso do MENTIF ainda orienta onde e como identificar o conteúdo;
Segunda categoria: os 11 princípios do ACP, que também apresenta categorias, no entanto, ainda ressaltam a estruturação e padronização para manter as entradas consistentes e favoráveis para os usuários; e
Terceira categoria: o PGS que indica como explorar a obra. Ou seja, é possível escolher uma categoria das Dimensões da ficção, usar um termo popular do ACP para indexar a partir da categoria e usar um Percurso temático ou narrativo para identificação dos termos.
Portanto, para este tópico, salienta-se que foram expostas as técnicas específicas para a leitura documentária da ficção. Contudo, não foram apresentados todos os produtos desenvolvidos e avaliados, como pode ser observado no Quadro 4, visto que muitos não enfatizavam métodos para realizar a leitura para indexação do documento, e essa condição foge ao escopo dos objetivos propostos. Ou seja, há possibilidades para a continuidade e o desdobramento da pesquisa.
Considerações finais
Os resultados foram satisfatórios, visto que foi possível evidenciar como a análise documentária de literatura ficcional foi e está sendo tratada no Brasil e no mundo, ainda que tenha havido a limitação de acesso ao texto completo de sete artigos, como mencionado nos procedimentos metodológicos. Embora mantenha-se seguindo de forma lenta e reduzida quando comparada com outras temáticas da Ciência da Informação, a Análise Documentária está em pauta há mais de 40 anos em pesquisas internacionais e há quase 15 anos no Brasil, destacando-se que nos últimos anos está ganhando mais força na produção brasileira.
Com a categorização quanto às suas propostas, destacou-se que a maioria das pesquisas foram elaboradas para avaliar produtos e recursos, portanto, podemos observar que esses são muito bem recebidos para o processo de indexação da ficção. Nota-se então, que as técnicas e esquemas são relevantes para indexação, visto que são auxiliares para mensurar o processo de extração do conteúdo. Diante de todas as particularidades da literatura ficcional quando comparada à literatura científica, um produto específico para analisar o conteúdo da ficção torna-se um amparo conveniente.
Desta forma, através das sínteses e categorizações das pesquisas se tornou possível identificar algumas técnicas para leitura documentária de obras ficcionais, como as Quatro dimensões da ficção, os 11 Princípios da ACP, o PGS e o MENTIF.
A proposta de Quatro dimensões da ficção de Pejtersen se destacou por ser a mais citada pelos pesquisadores internacionais. O esquema/modelo 11 princípios do ACP, mesmo pouco abordado na produção científica merece destaque por explorar as categorias e a estruturação de entradas. O Percurso Gerativo de Sentido (PGS) não foi relacionado a nenhuma produção internacional, todavia, está sendo abordado pela maioria dos pesquisadores brasileiros. O MENTIF já está sendo utilizado na Unesp, foi mencionado em apenas uma pesquisa desta revisão, todavia, considerou-se nesta pesquisa satisfatório por atribuir instruções de uso detalhadas. Enfatiza-se que todos os esquemas evidenciados são convenientes para a ficção, principalmente por serem passíveis de adaptação em distintas naturezas de bibliotecas.
Por fim, ressalta-se a importância do processo de indexação da ficção, e principalmente a necessidade de ampliar este conteúdo que está caminhando de forma lenta nas produções científicas e no cotidiano de bibliotecas. Portanto, espera-se que esta pesquisa possa se expandir e contribuir para disseminação e discussão da temática de análise documentária de literatura ficcional, com o intuito de, a longo prazo, a atual realidade ser modificada.
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Notas
Autor notes
Coleta de dados: P. G. Ramires.
Análise de dados: P. G. Ramires, R. A. Carvalho.
Discussão dos resultados: P. G. Ramires, R. A. Carvalho.
Revisão e aprovação: P. G. Ramires, R. B. Gonçalves, R. A. Carvalho.
pietragomes.gr@gmail.comrenatas.braz@gmail.comrodrigocarvalho@furg.br