Artigo Original
Recepção: 27 Maio 2022
Aprovação: 05 Novembro 2022
Publicado: 30 Novembro 2022
DOI: https://doi.org/10.5007/1518-2924.2022.e88165
RESUMO
Objetivo: Compreender as autonomeações e autoclassificações praticadas em aplicativos de interação afetivo sexual norteando-se pelo marcador de raça no Brasil.
Método: estudo qualitativo de cunho documental, alicerçou-se em pesquisa bibliográfica, sob a forma de cartografia de documentos, tendo sua amostragem coletada em meio digital Scruff e Grindr (aplicativos mobile de interação social utilizado por homens que buscam relacionar-se afetivo-sexualmente com outros homens) recorrendo-se à técnica de Mineração de Textos por meio do software Voyant Tools, permitindo a visualização de correlações, coocorrências, fluxos e dispersão de temáticas textuais, além da técnica de análise de conteúdo para identificação dos principais assuntos contemplados no corpus.
Resultado: Em função na natureza abjeta com que o corpo negro foi historicamente construído tendo sua existência condicionada, as práticas laborativas e da exploração da sua força de trabalho seja ela no engenho, na lavoura ou como reprodutor onde o a hipermasculinização dos corpos tornaram os sujeitos vítimas de suas representações falocêntricas, o desejo se relaciona intimamente a objetificação dos corpos, engendrando uma complexa tessitura de silenciamento e de exclusão social.
Conclusões: Em sua autoclassificação e autonomeações, determinados sujeitos utilizam-se de termos que provocam deslizamentos de sentido, afastando-os de uma possível identidade homossexual e reforçando sua masculinidade, de forma a reforçar estereótipos e preconceitos fortalecendo uma hierarquização nas margens construídas socioculturalmente no decorrer da história.
PALAVRAS-CHAVE: Domínio das Homossexualidades, representação, corpo Negro, autonomeação, autoclassificação.
ABSTRACT
Objective: To understand the self-nominations and self-classifications practiced in sexual affective interaction apps guided by the race marker in Brazil.
Methods: qualitative study of a documental nature, based on bibliographic research, in the form of cartography of documents, with samples collected in digital media Scruff and Grindr (mobile applications for social interaction used by men who seek to relate affectively-sexually with others men) using the Text Mining technique through the Voyant Tools software, allowing the visualization of correlations, co-occurrences, flows and dispersion of textual themes, in addition to the content analysis technique to identify the main subjects covered in the corpus.
Results: Due to the abject nature with which the black body was historically constructed, having its existence conditioned, the labor practices and the exploitation of its workforce, be it in the mill, in the farming or as a reproducer where the hypermasculinization of bodies made the subjects victims of their phallocentric representations, desire is closely related to the objectification of bodies, engendering a complex fabric of silencing and social exclusion.
Conclusions: In their self-classification and self-nominations, certain subjects use terms that cause slips of meaning, moving them away from a possible homosexual identity and reinforcing their masculinity, in order to reinforce stereotypes and prejudices, strengthening a hierarchy on the margins socioculturally constructed throughout history.
KEYWORDS: Domain of Homosexualities, representation, black Body, self-appointment, self-classification.
1 INTRODUÇÃO
Imergir no domínio dos estudos de gênero utilizando-se de marcadores sociais de raça e sexualidade (SILVA, 2000), conferem a possibilidade de vislumbrar todo um subdomínio multifacetado e complexo alocado de forma subterrânea no tocante a narrativa histórica (POLLAK, 1989), uma vez que, a sexualidade e a própria construção social do sexo configuram-se como dispositivos disciplinares e biopolíticos que se instauram enquanto técnicas políticas necessárias para o governo das massas.
Em uma primeira aproximação com o fenômeno específico analisado, adotou-se a abordagem de Figari (2007) da interseccionalidade acerca do gênero, da sexualidade e inserindo o marcador de raça, de forma que, a materialidade formal foi dada pelas “relações eróticas/afetivas” estabelecidas em meio digital entre pessoas que de alguma maneira borram ou se “diferenciam” das interpelações normativas do discurso sexual dominante (Heteronormatividade), isto é, que se situam à margem da “binaridade sexual”. Configurando-se assim, enquanto uma estratégia que vislumbra a tentativa de controle simultaneamente individualizante e massificador (FOUCAULT, 1988; 2000), ajustando-as à dinâmica da produção e do consumo em ascensão na sociedade capitalista, onde a vida “[...] só é útil porque é, ao mesmo tempo, sã e dócil, ou seja, medicalizada e disciplinarizada” (REVEL, 2006, p.55-56).
Na construção social dos corpos negros, as relações estabelecidas no âmbito social por meio dos dispositivos de controle podem ser vislumbradas ao se lançar luz sobre zonas de sombra da sociedade que fazem uso do silenciamento, enquanto precursor do apagamento, parte constitutiva do dispositivo de controle social. Nesse interim, para um melhor entendimento do que se pretende discutir faz-se necessário a compreensão de determinados conceitos acerca da memória, do esquecimento, do apagamento e seus papéis na narrativa histórica acerca do corpo negro. Diante disso, sob a óptica dos sujeitos (pertencimento) Assmann (2011, p.146) afirma que “[...] a memória pertence a portadores vivos com perspectivas parciais; a história, ao contrário, ‘pertence a todos e a ninguém’, é objetiva e, por isso mesmo, neutra em relação a identidade”.
Halbwachs (1990) afirma que a memória é o resultado de uma reconstituição do passado dentro de um contexto de recordações comuns a determinado grupo, ou seja, só tem razão para um conjunto de indivíduos que fazem parte do mesmo meio social. A memória compartilhada por grupos classificados como marginais procura através de relatos, tornarem suas experiências fatos importantes para a história, uma vez que, as memórias desses grupos foram parciais ou totalmente apagadas da narrativa histórica em detrimento do Gênero, das Sexualidades, da Raça, da Classe Social e/ou da natureza geográfica de sua origem. Neste contexto pode-se destacar que a construção da memória ocorre em condições de interesses de poder, onde o dominante dita o que deve e o que não se deve ser lembrado pelo sujeito dominado. Essa seleção está em constante negociação com a memória individual de sujeitos ou de grupos (HALBWACHS, 1990).
Para Le Goff (1990, p.13) a “[...] matéria fundamental da história é o tempo”, diferentemente da Memória, que segundo Ricoeur (2007) tem por objeto a lembrança, tendo a recordação como processo de busca dessa lembrança, compreendendo que a lembrança é o resultado de um esforço de dupla atuação, tanto em favor da narrativa histórica, quanto dos movimentos de resistências que se manifestam em discursos margem/centro. É imprescindível compreender que em tal processo de busca o importante não é quem se lembra, mas sim o que é lembrado. Diante de tal concepção, se pode compreender a natureza político-ideológica do domínio da Memória, de onde emergem relações de poder envoltas em cenários que se interseccionam, hierarquizam-se em um movimento direcionado ao centro hegemônico, com o intuído de tornarem-se a norma. Burke (1991) discorre acerca de tal processo, onde,
Frequentemente se diz que a história é escrita pelos vencedores. Seria possível dizer, de igual modo: a história é esquecida pelos vencedores. Eles podem permitir-se esquecer o que os vencidos, que não se conformam com os acontecimentos, veem-se condenados a ter em mente, a reviver e reconsiderar, sob a perspectiva do que poderia ter sido diferente (BURKE, 1991, p. 297).
Logo, ao suscitar a percepção de que existem discursos hegemônicos que regulam, normatizam, instauram normas e produzem “verdades” e assim prevalecem e são perpetuados, Le Goff (1990) reitera que:
[...] tornar-se senhores da memória e do esquecimento é uma das grandes preocupações das classes, dos grupos, dos indivíduos que dominaram e dominam as sociedades históricas. Os esquecimentos e os silêncios da história são reveladores desses mecanismos de manipulação da memória coletiva (LE GOFF, 1990, p. 426).
Jelin (2002) conclui que,
[...] es entonces un espacio de lucha política, y no pocas veces esta lucha es concebida en términos de la lucha “contra el olvido”: recordar para no repetir. [...] La ‘memoria contra el olvido’ o ‘contra el silencio’ esconde lo que en realidad es una oposición entre distintas memorias rivales (cada una de ellas con sus propios olvidos). Esenverdad ‘memoria contra memoria’ (JELIN, 2002, p. 6).
Diante disso, ao compreender o esquecimento como a cessação da memória que se tinha e em tratando-se de uma ação involuntária que supõe deixar de conservar na memória alguma informação que tinha sido adquirida e voltar-se para as questões acerca dos silenciamentos, compreende-se diante do que fora exposto que os silenciamentos são dispositivos para a promoção do esquecimento. Sob as linhas de Foucault (2000, p. 144) dispositivo é conceituado como,
[...] um conjunto decididamente heterogêneo que engloba discursos, instituições, organizações arquitetônicas, decisões regulamentares, leis, medidas administrativas, enunciados científicos, proposições filosóficas, morais, filantrópicas. Em suma, o dito e o não dito são os elementos do dispositivo. O dispositivo é a rede que se pode tecer entre estes elementos (FOUCAULT, 2000, p. 144).
Compreende-se, assim, que o corpo tal como as identidades, são construídos a partir dos discursos. Logo, um corpo discursivamente construído, não pode ser desvinculado dos atos linguísticos que os nomeiam e constituem. Moreira (2011, p. 2919) ressalta que, no ato de nomear, “[...] as posições sociais de quem nomeia e do que é nomeado devem ser obedecidas, e essas posições revelam quem tem poder e autoridade para nomear e quem, ou o que, está subordinado a esse poder”. Bourdieu (1996, p. 87), destaca que “[...] o poder das palavras é apenas o poder delegado do porta-voz”, diante disso, criam-se como forma de serem aceitos, os estereótipos são desejados, construídos a partir dos discursos que ecoam dentro dos grupos sociais e da própria sociedade. Ressalta-se que os grupos sociais estão imersos em um contexto social e não separados atuando de forma independente e distinta. São, sim, independentes em uma relação de simbiose. Assim, pode-se dizer que o estereótipo é uma simplificação falsa de representação de uma dada realidade porque é uma forma presa, fixa, de representação que, ao negar a diferença, constitui um problema para a representação do sujeito nas relações sociais. Albuquerque Jr (2010) afirma que:
O discurso da esteriótipia é um discurso assertivo, repetitivo, é uma fala arrogante, uma linguagem que leva à estabilidade acrítica, é fruto de uma voz segura e auto-suficiente que se arroga o direito de dizer o que é o outro em poucas palavras. O estereótipo nasce de uma caracterização grosseira e indiscriminada do grupo estranho, em que as multiplicidades e as diferenças individuais são apagadas, em nome de semelhanças superficiais do grupo (ALBUQUERQUE JÚNIOR, 2010, p. 20).
Para além de uma superficialidade, o estereótipo requer, para uma significação bemsucedida, uma cadeia contínua e repetida de outros estereótipos. Sempre as mesmas histórias devem ser contadas sobre um determinado elemento da identidade cultural, para garantir sua eficácia. Isto aparece como um reconhecimento espontâneo e visível da diferença. No entanto, Bhabha (2005) afirma que “[...] o estereótipo é uma pré-construção ou uma montagem ingênua da diferença que autoriza a discriminação”.
Compreende-se, assim, que o corpo tal como as identidades, são construídos a partir dos discursos. Para Silva (2000, p. 81) “[...] a identidade e a diferença são resultado de um processo de produção simbólica e discursiva”, onde a “[...] identidade e diferença partilham uma importante característica: elas são o resultado de atos de criação linguística” (SILVA, 2000, p. 76). Logo, um corpo discursivamente construído, não pode ser desvinculado dos atos linguísticos que o nomeiam e constituem. Ressalta-se que, toda política identitária é “anti-diversitária”, uma vez que a identidade não apenas não comporta, mas sim segrega toda e qualquer singularidade, “minoritiza” nos sistemas de classificação, em palavras de Campbell (2000). Diante disso, objetivou-se compreender as autonomeações e autoclassificações praticadas em aplicativos de interação afetivo sexual norteando-se pelo marcador de raça no Brasil.
2 METODOLOGIA
A pesquisa aqui apresentada configura-se enquanto um estudo qualitativo de cunho documental, apoiado em pesquisa bibliográfica, sob a forma de cartografia. Alicerçando-se em tal construção cartográfica e norteando-se por meio da compreensão tanto do dispositivo histórico da sexualidade, quando das linhas constitutivas do mesmo além das relações sociais simbióticas desenvolvidas no domínio das sexualidades humanas, sob os recortes das homossexualidades e do marcador social de raça, se pode vislumbrar o cenário no qual se desenvolve o estudo aqui apresentado, uma vez que o mesmo faz uso da compreensão deleuzeana acerca do “[...] desemaranhar das linhas constitutivas de um dispositivo” (DELEUZE, 1990, p.155) como forma de aproximação e análise de um determinado objeto por meio de viés pós estruturalista de base foucaultiana.
Assim, tem-se o entendimento de que a cartografia se constrói à medida que os afetos se manifestam, criando um território e, consequentemente, uma paisagem psicossocial cartografável (ROLNIK, 1989; DELEUZE, 1990; GUATTARI; ROLNIK, 1996). Compreende-se que os objetos de análise carregam em si sua própria teoria, pois tem em sua constituição uma construção própria de natureza singular. Logo, tentou-se compreender as estratégias de manifestação do desejo no campo social.
O corpus da pesquisa fora cartografado utilizando o Scruff e o Grindr (aplicativos mobile de interação social utilizado por homens que buscam relacionar-se afetivosexualmente com outros homens), recorrendo-se à técnica de Mineração de Textos por meio dos softwares Voyant Tools (https://voyant-tools.org/) e Wordcounter (https://wordcounter.net/), permitindo a visualização de correlações, coocorrências, fluxos e dispersão de temáticas textuais. As ferramentas utilizadas para este estudo foram a nuvem de tags, o gráfico de links e a análise da densidade dos termos de forma a compreender o corpus de 3.086 palavras extraídas de 1.126 títulos de perfis de usuários.
Nesse interim, é importante compreender que, os perfis foram selecionados segundo os dados que os usuários forneciam em três campos específicos, a saber: os campos de identificação racial (espaço específico destinado a raça ou na descrição do perfil), a fotografia, quando a mesma, era disponibilizada pelo usuário e o título do perfil. Assim, perfis que apresentavam no título e/ou em sua descrição nomenclaturas que são comumente associadas a imagem do corpo negro homossexual masculino (negro, preto, mulato, negão, entre outros), que apresentavam fotografias, além de terem assinalado a questão negra no espaço para a identificação racial, foram inseridos no universo do estudo. Da mesma forma, a exclusão ou não inclusão de perfis no universo foi realizada quando por algum motivo, o usuário não preenchia ou deixava dúvidas acerca de sua raça, um exemplo disso seriam perfis que apresentavam apenas um título que fazia alusão ao corpo negro, mas não apresentavam descrição ou preenchimento do campo de identificação racial ou fotografia.
Em última etapa utilizou-se da técnica de análise de conteúdo (BARDIN, 2011) para identificação dos principais assuntos contemplados no corpus, de forma a melhor compreender os assuntos emergentes dos perfis.
3 REVISÃO DA LITERATURA
Avtar Brah (2006, p. 351) afirma que “[...] estruturas de classe, racismo, gênero e sexualidade não podem ser tratadas como ‘variáveis independentes’ porque a opressão de cada uma está inscrita dentro da outra - é constituída pela outra e é constitutiva dela” em consonância com Brah (2006) Davis (2017, p. 22) é taxativa ao afirmar que “[...] as raízes do sexismo e da homofobia se encontram nas mesmas instituições econômicas e políticas que servem de base para o racismo”, tal afirmação acerca do cenário norte-americano aplica-se de forma contundente ao cenário brasileiro, uma vez que, o país utilizou-se de mão de obra escrava durante 338 anos (1550-1888). Segundo Moura (1988, p. 14) “[...] o escravo negro foi, em algumas regiões, a mão de obra exclusiva desde os primórdios da colônia. Durante todo esse período, a história do trabalho é, sobretudo, a história do escravo”. Tal sistema socioeconômico coisificou o negro esvaziando o mesmo de sua humanidade para que o mesmo fosse bestializado e comercializado enquanto coisa, mercadoria, bem e mão de obra que movimentou a economia brasileira durante todo o período colonial (1500-1822) e quase a totalidade do Brasil Império (1822-1889). Cabe ressaltar que, “[...] o racismo é uma relação social, não um simples delírio de sujeitos racistas” (BALIBAR; WALLERSTEIN, 2010, p.41).
Segundo Farias (2016, p. 41) “[...] no Brasil, a medida inicial para pôr fim ao tráfico de africanos ocorre nas primeiras décadas do século XIX, tendo sua implementação efetiva somente em 1850”. Esse processo de transformação do regime econômico baseado no trabalho compulsório foi de forma progressiva uma transformação também no dispositivo de controle social, que se adaptou para melhor servir ao poder, uma vez que, “[...] a situação se renova, mantendo traços do regime anterior” (SANTOS, 2016, p. 41). Moura (1988, p.65) ao referir-se a esse processo reitera que nesse processo “[...] complexo e ao mesmo tempo contraditório da passagem da escravidão para o trabalho livre, o negro é logrado socialmente e apresentado, sistematicamente, como sendo incapaz de trabalhar como assalariado”.
A extensão do impacto social causado pela construção social que balizou todo o entendimento acerca das relações de raça no Brasil é evidenciado por Corrêa (1998, p. 53) a afirmar que “[...] Antes de ser pensada em termos de cultura, ou em termos econômicos, a nação foi pensada em termos de raça”, o modelo que imperou por três séculos e meio era a família patriarcal escravagista, ilustrada por Santos (1985, p. 302) “[...] no centro, absoluto, o macho branco; à sua volta, em círculos concêntricos, e pela ordem: seus familiares de sangue, agregados brancos e mestiços e, por último, índios e negros”.
Nesse interim, Bourdieu (2005, p. 142) afirma que
O conhecimento do mundo social e, mais precisamente, as categorias que o tornam possível são o que está, por excelência, em jogo na luta política, luta ao mesmo tempo teórica e prática pelo poder de conservar ou de transformar o mundo social conservando ou transformando as categorias de percepção desse mundo.
Logo, "[...] para entender as relações raciais, colocando-se no terreno político e epistemológico de desconstrução mental [...]" (GOMES, 2009, p. 429), ressignificando e descolonizando conceitos e categorias, torna-se essencial para o rompimento do que fora construído sobre a questão não apenas racional, mas também das sexualidades que permeiam este estudo.
Segundo Bourdieu (2002) como se trata de construir e representar uma categoria social dominada (Negro e Homossexual), ou seja, constituída sobre termos negativos, deve-se levar em consideração que sua representação envolve o rompimento com as categorias de percepção que fundamentam a inferioridade. Esse rompimento permitiria que experiências vividas de forma tácita ou dissimulada ganhassem visibilidade a partir de sua enunciação pública e que se construam em signos de pertencimento a um grupo social, a uma identidade.
Michael Pollak (1989) percebeu que:
Para certas vítimas de uma forma limite da classificação social, aquela que quis reduzi-las à condição de "sub-homens", o silêncio, além da acomodação ao meio social, poderia representar também uma recusa em deixar que a experiência do campo, uma situação limite da experiência humana, fosse integrada em uma forma qualquer de "memória enquadrada" que, por princípio, não escapa ao trabalho de definição de fronteiras sociais. É como se esse sofrimento extremo exigisse uma ancoragem numa memória muito geral, a da humanidade, uma memória que não dispõe nem de porta-voz nem de pessoal de enquadramento adequado (POLLAK, 1989, p. 15).
Quando se trata de corpos negros relacionada a homens e esse corpo designa um sujeito homossexual, a repulsa aos olhos da sociedade é ainda maior. Estereótipos construídos de forma a legitimar as desigualdades sociais e raciais, colocando o sujeito branco como superior para legitimar as invasões em territórios não ocidental, foram pautados na concepção de corpos negros. Segundo Medeiros (2018) pesquisadores de grande relevância nacional que abordaram o tema da escravidão e do racismo, se dedicaram aos limites “do nacional”, criando a categoria nacional: o “negro”.
O negro, enquanto categoria, é uma espécie de filtro das diferenças étnicas, unificando-as em torno de um “novo sujeito” alocado em um não lugar, ou seja, abjetificado, nas palavras de Frantz Fanon (2008, p. 26) uma “zona de não ser”.
Segundo Fanon (2008), um homem negro não é um homem e sim um negro, nesse sentido tudo que é atrelado ao corpo do sujeito negro é tratado como objetificação. Tal entendimento foi certificado e consolidado por estudos de natureza “racista pessimista” (PEREIRA; SILVA, 2007, p.77) como o de Rodrigues (1938), “racista otimista” (PEREIRA; SILVA, 2007, p.78), como o de Vianna (1956) além do racialismo de (ROMERO, 1902, 1906, 1949; SEYFERTH, 1988,1991, 1994, 1995; VAINER, 1990).
A denominação de Medeiros (2018) atribuída ao “Negro” enquanto “novo sujeito” se torna adequada e compreensível, uma vez que, se é um novo sujeito, seu passado é nebuloso, pouco compreensível e “borrado” pela ação dos grupos hegemônicos que não apenas escravizaram, mas também trataram de apagar toda a narrativa histórica acerca do corpo negro, alocando os descendentes de africanos no Brasil a condição abjeta, sendo os mesmos retratados sociologicamente em dois momentos: o escravo e o negro.
Para Hall (1997) o corpo negro é encarado como um texto lido pelo olhar da branquitude. Nesse sentido, as pessoas negras são identificadas por quem tem o direito a observação, a fala e a representação, ou seja, ser negro diante o branco (FANON, 2008). No primeiro contato com os corpos negros, diversos experimentos foram feitos utilizandose das ciências naturais baseada na classificação de animais e vegetais. Nesse sentido, distinções raciais são dadas de modo a afirmar uma supremacia branca em oposição à uma inferioridade negra. Tanto a Zoologia quanto a Botânica valeram-se deste discurso na classificação de animais e vegetais como modo de legitimar as relações de dominação e sujeição entre classes sociais na França (MUNANGA, 2003).
A partir dos experimentos, exposição de corpos negros como forma de denominálos como seres inferiores aconteceu em ambos os gêneros. Conforme Damaceno (2008) Khoi-San, jovem sul africana, conhecida como Sarah Baartman, a Vênus Hotentote, nascida em 1789, foi um corpo feminino utilizado cientificamente para provar a inferioridade da mulher negra. O corpo de Sarah, por ser um corpo grande (em específico, as nádegas e os grandes lábios), atuou como referência na percepção de superioridade do homem branco e serviu de espetáculo científico europeu durante muitos anos. Mesmo depois de sua morte, em 1815, parte de seu corpo ainda permaneciam em exposição, conforme Damaceno (2008),
A exibição pública de Baartman não cessou com a sua morte em 1815. Ela deveria ceder à ciência de uma maneira definitiva o que tinha de mais importante e, assim, após ser dissecada por Cuvier1, sua genitália, seu esqueleto e o molde de seu corpo passaram a ser expostos publicamente no Museu do Homem de Paris até 1985 (DAMACENO, 2008, p. 4).
A avaliação entorno do corpo negro, feita por meio da dissecação, no século XIX por procedimentos da medicina, serviu como práticas discursivas para diferenciação entre corpo negros e corpos brancos construindo a inferioridade e superioridade via racialização. Além de tratar o homem negro e a mulher negra como algo diferente, suas genitálias serviram para demonstração e também para estereotipação e fetichismo. Com relação ao homem negro a exposição se pautou no pênis avantajado, o que serviu para homogeneizar todos os homens negros no imaginário branco europeu enquanto sua sexualidade.
Nesse sentido, os homens negros se transformam em ameaças aos homens brancos em relação a sexualidade (SOUZA, 2009) e tornaram-se alvo para incluí-los situação privativa de liberdade seja em presídios ou em manicômios, quando estes se tornam ameaça na estrutura brancocentro de poder.
Portanto, estereótipos baseados na sexualidade masculina tanto feminina da pessoa negra serviram e ainda servem para essencializar e por este motivo fixar significados negativos que desumanizam tornando estes sujeitos em objetos.
Os significados surgem em uma relação triádica na mente humana (SANTAELLA, 2000). Se o significado é oriundo de signos que origina uma ideia na mente do indivíduo, portanto este é equivalente uma representação. As representações são criadas em contextos sociocultural e discursivos, essa questão nos remete a teoria das representações sociais evidenciada primeiramente como representação coletiva por Émile Durkheim e posterior por Serge Moscovici com o termo representação social, já que as representações sociais não se dão somente via indivíduo, mas por meio da interação entre o indivíduo e o coletivo.
A representação social, nos auxiliam no modo de nomear conjuntamente os diversos aspectos da realidade, sua materialidade se manifesta via discurso, manifestada eventualmente por palavras via mensagens e/ou imagens midiáticas (JODELET, 2001).Não é o foco deste estudo se aprofundar na Teoria das Representações sociais, mas é bom evidenciar que o estereótipo surge do senso comum, é uma representação que pode ser, tanto positiva quanto negativa construída na interação entre indivíduo e o coletivo, ou seja, o estereótipo se configura em uma representação social. Estas representações, de certa forma, aprisionam o corpo, “[...] produzem estratagemas de endosso, contestação e ressignificação dos estereótipos e mitos” (SOUZA, 2017, p. 3). Portanto, o corpo negro se configurou e se configura durante longo tempo em um corpo que carrega as representações negativas que os julgas como inferiores, objetificados e animalizados.
O estereótipo como estratégia discursiva, disseminada geralmente pelas mídias, demarca e reafirma hierarquia de opressão (SOUZA, 2017). Essa demarcação e a hierarquia de opressão, vinda de período colonialista que demarcava a barbárie e a civilização (BHABHA, 2005), ou seja, o que não é civilizado era tido como bárbaro e nesse sentido suscetível a estereotipação que nomeia e classifica o indivíduo tendo como parâmetro uma perspectiva ocidental é tida como não civilizada como veremos nos resultados a seguir.
4 RESULTADOS
Diante do que fora observado no decorrer deste estudo se pode compreender que a figura do corpo negro, especificamente do corpo negro homossexual tem sua existência condicionada aos padrões sociais e ao próprio desejo do discurso hegemônico que norteia as relações sociais. Ressalta-se que no mundo virtual, cria-se um espectro, uma performance que se ancora no desejo. Tal entendimento engloba o entendimento de si, onde “[...] compreender a si mesmo e […] arquitetar a sociabilidade através da compatibilidade afetiva” (ILLOUZ, 2011, p. 110), ou seja, a construção desse espectro no mundo virtual é fruto de uma negociação entre aquilo que o sujeito é, aquilo que ele percebe de si e aquilo que o outro deseja dele. A construção de um espaço de socialização seguro e diferenciado do mundo real ou de um gueto urbano onde determinada minoria ou grupo social sinta-se confortável em manifestar seus desejos e práticas sem receios e/ou represálias torna o mundo virtual um espaço atrativo, acessível e seguro.
CERTEAU (1998) afirma de forma contundente que é nos espaços “invisíveis” que existe a possibilidade de encontrar “[...] os praticantes ordinários da cidade” (CERTEAU, 1998, p. 171), esses espaços são descritos por Eribon (2008, p. 127) que afirma, que “[...] o espaço público é heterossexual e os homossexuais são relegados no espaço da sua vida privada”. É necessário compreender que os espaços “íntimos” e/ou “privados” os quais os autores se referem certificam a existência condicionada a qual os sujeitos praticantes de modalidades alternativas de sexualidades são submetidos em prol de uma existência subalterna, tendo suas representações nos “armários”, “guetos”, “becos” e “porões” “[...] íntimos de cada ser desviante, locais subjetivamente repressivos e institucionalizados pela sociedade heteronormativa dominante, como os únicos lugares possíveis para as manifestações afetivas e sexuais dos indivíduos homossexuais e/ou transgressores da norma” (SOUSA, 2019, p. 39). Cabe ressaltar que, os dois mundos coexistem, bem como os sujeitos que neles transitam:
A cidade, como escreveu o sociólogo Robert Park, em 1916, faz coexistir “um mosaico de pequenos mundos sociais”. E esse encaixamento de mundos sociais oferece aos indivíduos a possibilidade de pertencer a vários universos ao mesmo tempo e de ter por conseguinte várias identidades sociais, com freqüência [sic], nitidamente separadas umas das outras: profissional, étnica ou religiosa, sexual [...] por conseguinte, um homossexual pode participar do “mundo gay” sem perder seu lugar no mundo heterossexual: ele terá, então, duas (ou várias) identidades; uma, ligada à sua inserção profissional (ou sua origem étnica) e outra, ligada ao tempo de lazer; uma identidade para o dia e outra para a noite e os fins de semana (o que, com freqüência [sic], engendrou a tensão inerente às dificuldades da “dupla vida”, mas também permitiu que muitos homossexuais resistissem à opressão e à marginalização) (ERIBON, 2008, p. 41).
Logo, se pode compreender que “[...] hegemônicos e subalternos não estão definidos essencialmente, mas sim como sujeitos políticos engajados em jogos de poder e dominação que ocorrem em contextos sociais estruturados, porém abertos à inovação” (PINHO, 2004, p.65). Partindo-se do pressuposto de que “[...] a masculinidade é uma experiência coletiva em que um homem busca reconhecimento através de práticas com as quais conquistará visibilidade e status social perante seu grupo [...] passível de variação conforme região, classe, origem étnica, religião.” (SOUZA, 2013, p.36), para além de que “[...] a masculinidade hegemônica representa a estrutura de poder das relações sexuais buscando excluir qualquer variação de comportamento masculino que não se adeque a seus preceitos” (OLIVEIRA, 1998, p.4) logo, pode-se perceber que “[...] o que se encontra em disputa no caso da masculinidade negra é a posição de falar sobre si e sobre a sociedade, a possibilidade de construir um discurso sobre sua condição subalterna na sociedade racista e sexista” (ROSA, 2006, p.4).
Tal compreensão pode ser vislumbrada nas Figuras 1 e 2 e na Tabela 1, os termos de maior ocorrência na amostra foram listados e sua relação com a corporeidade negra e/ou atributos da personalidade dos sujeitos que os afastam de qualquer estereótipo homossexual, reafirmando sua masculinidade, tais como: discreto, negro, ativo, preto, dotado, utilizando-se termos em conjunto ou separado, são os descritores de maior ocorrência. Este fato tem a ver com a ideologia do racismo que impregnou no imaginário social os estereótipos atrelados ao corpo negro desde o período colonial. Segundo Caneiro (2016, p.13) “[...] o racismo é um sistema de dominação, exploração e exclusão que exige a resistência sistemática dos grupos por ele oprimidos”, objetificando e tornando o sujeito negro desumanizados. Tal entendimento, repercute na colonialidade do poder, saber e do ser manifestadas em representações simbólicas de forma negativa na sociedade.



Na Tabela 1 se pode observar que o fato do termo “discreto” está em maior ocorrência entre os demais significa que o corpo negro serve somente para o prazer proibido de pessoas branca, já que estes corpos não servem para relacionamento duradouro quanto este não possuem bens e poder, por serem corpos colonizados e tratados como coisas, supérfluas, sem nenhum valor.
5 CONCLUSÕES
Compreender a construção social do negro no Brasil, faz com que se possa vislumbrar a forma perversa com que o corpo negro foi alocado em um sistema de poder que se instaurou utilizando-se de todo um mecanismo de controle social que diminui, abjetifica e certifica o poder ancorando-se sobre estereótipos e construções superficiais que se alastram tanto em direção horizontal como vertical na sociedade, sendo interseccionado por variáveis como econômico, político e cultural, sendo atravessados por marcadores da diferença como a sexualidade, o gênero e a geração.
Nesse interim, em função na natureza abjeta com que o corpo negro foi historicamente construído tendo sua existência condicionada, às práticas laborativas e da exploração da sua força de trabalho seja ela no engenho, na lavoura ou como reprodutor onde o a hipermasculinização dos corpos tornaram os sujeitos vítimas de suas representações falocêntricas, o desejo se relaciona intimamente a objetificação dos corpos, engendrando uma complexa tessitura de silenciamento e de exclusão social. Assim, em sua autoclassificação, os sujeitos utilizam-se termos que provocam deslizamentos de sentido, afastando-os da identidade homossexual e reforçando sua masculinidade, baseando-se em estereótipos e preconceitos criando e certificando toda uma hierarquia ancorada no machismo e que se utiliza de forma profunda dos marcadores da diferença de forma a certificar discursos hegemônicos. Discursos esses, utilizados anteriormente para marginalizar os sujeitos, alocando-os de forma abjeta no âmbito social.
Logo, se pode perceber ao termino das análises que os sujeitos negros e praticantes de modalidades alternativas de sexualidade internalizam o dispositivo de controle social sob o marcador da diferença de forma a se autoafirmarem frente a sociedade que os segrega condicionando-os a uma existência que só é possível sob a vivificação do estereótipo da masculinização, hipervirilização além de atrelar tais estereótipos ao imaginário social falocentrico. Tal configuração da sociedade, delineia uma economia do desejo tão perversa quando o sistema econômico baseado no trabalho compulsório (escravidão) onde só se pode existir de uma forma cristalizada para a satisfação do desejo de um grupo hegemônico instaurado historicamente pela sociedade.
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Notas
Autor notes
Coleta de dados: F. A. Nascimento, G. dos S. Lima.
Análise de dados: F. A. Nascimento, G. dos S. Lima.
Discussão dos resultados: F. A. Nascimento, G. dos S. Lima.
Revisão e aprovação: F. A. Nascimento, G. dos S. Lima.
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