Sociedades científicas

História e Audiovisual: formação e percursos de um grupo de pesquisa

History and Audiovisual: formation and paths of a research group

Eduardo Morettin
Universidade de São Paulo , Brasil
Marcos Napolitano
Universidade de São Paulo, Brasil

História e Audiovisual: formação e percursos de um grupo de pesquisa

Antíteses, vol. 12, núm. 23, pp. 563-578, 2019

Universidade Estadual de Londrina

Recepção: 23 Maio 2019

Aprovação: 01 Julho 2019

Resumo: O artigo recupera a trajetória do Grupo de Pesquisa CNPq “História e Audiovisual: circularidades e formas de comunicação”, identificando as principais questões de método que orientam sua produção intelectual. Elenca os resultados obtidos ao longo de seus quinze anos de existência e sintetiza os principais avanços obtidos no campo.

Palavras-chave: Cinema e história, História do cinema, História cultural.

Abstract: The article recovers the trajectory of the Research Group CNPq “History and Audiovisual: Circularities and Forms of Communication”, identifying the main questions of method that guide its intellectual production. It summarizes the results obtained during its fifteen years of existence and synthesizes the main advances obtained in the field.

Keywords: Film and history, Film history, Cultural history.

História e Audiovisual: circularidades e formas de comunicação é o nome do Grupo de pesquisa cadastrado no CNPq no início de 2007, coordenado pelos autores deste artigo1. O primeiro passo, no entanto, para a sua constituição ocorreu em 2004, quando a nossa proposta de seminário temático foi aceita para o XVII Encontro Regional de História – O lugar da História, promovido pela Associação Nacional de História, seção São Paulo (ANPUH-SP), e realizado na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Intitulado “Lugares da visualidade na História”, recebeu sete inscrições de pesquisadores vinculados à Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal do Paraná (UFPR), Universidade Estadual de São Paulo – Franca (UNESP), Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUCAMP), entre outros2.

O objetivo do Seminário Temático era discutir o lugar ocupado pelo cinema na pesquisa histórica. Esta análise foi pautada por quatro eixos: o primeiro dizia respeito às noções que comandam a reflexão dos historiadores sobre esta questão; o segundo se referia ao estatuto documental conferido ao cinema por cada pesquisador em seu trabalho; em seguida, a observação de como o arcabouço teórico era mobilizado no exame de casos concretos; por último, mas não menos importante, o enfrentamento do específico cinematográfico por meio da análise fílmica. Este último aspecto já indicava que a metodologia exercitada nas pesquisas basilares do Grupo se afastavam dos eixos mais consagrados acerca da relação entre história e cinema, tais como o princípio do filme como “contra-análise” da sociedade, conforme o expresso por Marc Ferro (1976), o cotejo entre representação e realidade histórica ou a deriva em torno de uma certa “historiofotia” que preencheria as lacunas historiográficas. No nosso caso, a reflexão sobre as relações da história com o audiovisual leva em conta como o jogo de representações, as opções ideológicas, a heurística documental e a figuração da matéria histórica se materializam no específico fílmico, explicitado a partir da incorporação na exegese do material dos elementos constitutivos da linguagem fílmica.

Este último eixo constitui o partis pris do Grupo de pesquisa, sempre reiterado nas ações empreendidas. A valorização do estético retomava as questões trazidas por Ismail Xavier, em particular. Em Sertão Mar: Glauber Rocha e a estética da fome (1983), o autor explicitou um método que se tornou decisivo no processo de leitura do filme como documento histórico. Para ele, é preciso, no trajeto de pesquisa, “dar a palavra ao cinema, imagem e som” (XAVIER, 1983, p. 10), gesto que traz implicado o tratar da figura da mise en scène, do narrador, da teoria do ponto de vista, da montagem, da articulação dos diferentes níveis de sentido em uma obra, dentre outros aspectos. Assim, a reflexão teórica ganha sua efetividade a partir de cada filme esmiuçado, indicando problemas a princípio não definidos pelo entorno da crítica consolidada sobre a obra, da opinião do diretor sobre as suas escolhas ou da historiografia de cinema a respeito de um determinado trabalho. Em resumo, a busca é por ressaltar as eventuais contradições que emergem da própria análise interna no cotejo com o que é extra-fílmico. É por intermédio da obra que devemos indicar na sua gênese aquilo que deve ser estudado pelo historiador (KORNIS; MORETTIN, 2013; XAVIER, 1983, p. 67). Perceber, portanto, as tensões emergentes entre uma obra e seus projetos de origem é um elemento norteador das pesquisas desenvolvidas pelo Grupo.

À época de sua criação o objetivo era também, como dissemos, apresentar outro referencial para incorporar o filme como documento histórico. Marc Ferro constituía, até então, o ponto de partida e, às vezes, de chegada para inserir os aportes dados pelo cinema ao conhecimento de um determinado período. Se em seus textos existem a perspectiva de que a obra não é uma expressão direta dos projetos ideológicos e de que apresenta, de fato, tensões próprias, vários reparos à sua metodologia podem ser feitos. Em primeiro lugar, o historiador acredita que uma “realidade” pode ser apreendida e expressa completamente pelas imagens em movimento. Há, por sua vez, uma reiterada preocupação com o conteúdo, com o que se encontra no plano do dito, em detrimento de um exame mais detido dos procedimentos especificamente cinematográficos. Quando recorre ao cinema para recuperar a Revolução Russa de 1917 ou a Primeira Guerra Mundial, o documento fílmico só é importante por confirmar o que lhe é exterior, ilustrando as teorias fornecidas pelo exame das fontes escritas3.

Definidas as questões de método, os encontros posteriores ocorridos na ANPUH, um regional e dois nacionais, e uma série de seminários acadêmicos4, com a participação de mestrandos e doutorandos de programas de pós-graduação de diversas instituições, realizados entre 2005 e 2007, contribuíram para ampliar o número de estudantes e professores do Grupo, além de criar conexões entre as diferentes pesquisas, conferindo maior consistência teórica ao Grupo.

A preocupação com o ano de 2007 não se deve apenas ao seu registro formal junto à universidade e, por conseguinte, ao CNPq, como indicado acima, mas à publicação de História e Cinema: dimensões históricas do audiovisual, espécie de livro-manifesto. Organizado por Maria Helena Capelato, Eduardo Morettin, Marcos Napolitano e Elias Thomé Saliba (2007), a obra é o resultado deste percurso inicial de dois anos de muito trabalho e diálogo interdisciplinar, reunindo vários pesquisadores da área de história e audiovisual5, cujas discussões foram pautadas pelos eixos acima abordados. Trata-se de um momento de afirmação, demarcando e reiterando a preocupação metodológica com a análise fílmica, ponto em comum dos autores que contribuíram com o projeto editorial e que representava uma dificuldade tanto para historiadores que não têm formação cinematográfica como para críticos e analistas de cinema que não transitam pela historiografia.

Os cinco blocos temáticos que agruparam os resultados de pesquisa versavam sobre: memória, monumento e historiografia; documentos em imagens e a problemática dos filmes de arquivo; o cinema e impasses da revolução; a representação da guerra como espetáculo fílmico; e, por fim, a discussão das políticas culturais, oficiais ou não, na área de cinema, com ênfase para os contextos brasileiro e argentino.

As questões consubstanciadas em História e Cinema: dimensões históricas do audiovisual ganharam formato nas linhas de pesquisa registradas junto ao CNPq quando da formalização do Grupo. Tínhamos, então, três grandes frentes de trabalho. A primeira delas, “Análise Fílmica e Representação Histórica”, pretende desenvolver metodologias apropriadas para a análise do cinema e da televisão como documento histórico. Neste processo, há uma dimensão na percepção do estilo que envolve a comparação com a produção internacional; e existe outra que destaca o modo como as fontes dialogam com outros suportes de veiculação de imagem que lhe são contemporâneos, compondo o leque de opções oferecido pelo contexto histórico para melhor definir seu lugar dentro de um sistema de representações.

A segunda linha, “Crítica e Memória Histórica”, analisa o lugar da crítica na construção de uma memória histórica acerca das obras audiovisuais e dos agentes históricos envolvidos em sua produção. Em relação à memória construída pelos produtos audiovisuais, uma dimensão reside na recepção pelo público do passado encenado pelas obras. Contribuindo para ampliar as fronteiras de circulação do saber histórico, o cinema e a televisão pertencem a um circuito de produção e perpetuação da memória pública. Nesta linha de reflexão, o Grupo tem se dedicado a analisar a dupla face do cinema como elemento de memória histórica: a de “vetor” de uma memória que lhe é externa e circula por outros espaços socias, e a de “construtor” de uma memória histórica própria, a partir da própria experiência do cinema. Neste sentido, o que outras metodologias descartam como meros anacronismos e falsificações da verdadeira história, nossa perspectiva metodológica valoriza como estratégias de intervenção fílmica no real, sem que neste ponto se defenda qualquer equivalência epistemológica entre realidade histórica e escritura fílmica do passado.

A terceira, “Políticas do Cinema e do Audiovisual”, tem por foco o estudo das políticas culturais, dos movimentos estético-ideológicos e das obras audiovisuais como integrantes da ação política. Com essa linha, o destaque é dado à inserção dos produtos audiovisuais no jogo político de uma sociedade, onde os meios audiovisuais constituíram objeto de intervenção no cenário marcado pela disputa simbólica do poder, na tentativa de moldar identidades, orientar formações e influenciar opiniões político-culturais em uma dada sociedade.

Em 2012, outra obra coletiva é lançada, História e documentário, desta vez abordando as relações entre o cinema documental e a história, organizada por Monica Kornis, Eduardo Morettin e Marcos Napolitano. Sempre valorizando a linguagem, a coletânea procurou ir além da discussão ontológica sobre o cinema documental, que tradicionalmente analisa os jogos de manipulação do real pelos realizadores e a busca em torno da verdade filmada. Sempre valorizando e explicitando os caminhos adotados pelos realizadores, bem como a tensão com o que está fora do campo fílmico, enfocado a partir da análise interna das obras, os capítulos analisaram vários documentários e realizadores consagrados a partir de suas intervenções estéticas em um dado tema ou contexto histórico. Estas abordagens do cinema documental também estão presentes em várias dissertações de mestrado e teses de doutorado que têm a marca do Grupo, como os trabalhos de Carolina Amaral de Aguiar (2013), Fernando Seliprandy (2012, 2018) e Rodrigo Archangelo (2007, 2015).

A consolidação do Grupo de pesquisa e sua ampliação foi traduzida também na incorporação de mais duas linhas de atuação registradas no CNPq: “História do cinema e do audiovisual” e “Preservação Audiovisual”. A primeira trata das questões historiográficas concernentes à produção do conhecimento histórico a respeito do cinema e do audiovisual, valorizando-se abordagens que fortaleçam o diálogo com outras áreas das artes e humanidades a partir da seleção de objetos que favoreçam a abordagem interdisciplinar. A segunda examina historicamente as experiências ligadas à preservação audiovisual no Brasil, com o intuito de contribuir para a formulação de políticas para a área. Como dizia Paulo Emilio Gomes (1981, p. 11), “não há cultura sem perspectiva histórica, e como conhecer a história do cinema se os filmes não foram conservados?”

Diversas foram as iniciativas nesses anos de existência: a participação nos Simpósios Nacionais de História promovidos pela ANPUH entre 2005 e 2017; a presença nos encontros regionais da associação nos anos de 2004, 2006, 2008 e 2016; a realização de seminário temático na Sociedade de Estudos de Cinema e Audiovisual (SOCINE) em 2012; 94 seminários de pesquisas; a organização de mostras, como a feita na Cinemateca Brasileira em 2014, Imagens da Ditadura; cursos de extensão6; disciplinas de graduação e de pós-graduação; e colóquios, item sobre o qual nos deteremos mais à frente.

Dentre as ações há os projetos de pesquisa coletivos7, com especial destaque para Cinema e história no Brasil: estratégias discursivas do documentário na construção de uma memória sobre o regime militar8. Ele permitiu que uma série de iniciativas fossem conjugadas de modo orgânico no âmbito da pesquisa e extensão, como detalharemos a seguir. Este projeto e seus diversos resultados demonstram a amplitude das ações do Grupo, preocupado tanto com os avanços teóricos no campo como com a disseminação de seus resultados.

O objetivo deste projeto, plenamente atingido, foi o de discutir as relações entre cinema e história a partir dos documentários brasileiros que se ocuparam do período do regime militar, analisando as estratégias de autenticação de seu discurso, como o uso de material de arquivo, do testemunho e da voz over, dentre outros procedimentos. Ao mesmo tempo, pretendeu mapear a discussão teórica sobre cinema e história, realizando, e colocando à disposição no site, o levantamento de uma bibliografia básica sobre o tema além de uma listagem, inédita, da produção de dissertações de mestrado e teses de doutorado defendidas no Brasil a respeito destas relações.

Parte integrante deste projeto foi a produção de conteúdos para o site do Grupo9. Estabelecemos uma filmografia10, com ficções e documentários sobre o regime militar, cobrindo um período que vai de 1964 a 2015. No que diz respeito aos documentários, foram 109 o número de títulos identificados. Ao selecionar um título, o pesquisador é levado à ficha técnica, pertencente, na maioria dos casos, ao Censo Filmográfico realizado pela Cinemateca Brasileira. Foram feitas também pesquisas sobre a recepção crítica de cada documentário e a análise aprofundada de 14 títulos.

Demos continuidade aos seminários, então voltados para a temática do projeto. Em um período de três anos foram realizados vinte e seis seminários, sempre abertos ao público11, contando com pesquisadores de diferentes níveis (docentes, mestrandos, doutorandos e pós-doutorandos) e instituições (USP, UNIFESP, Unicamp, Unesp, Université Paris III, Universidade Estadual de Santa Catarina (UESC), Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC/RS), UFPR, Universität Zürich, Universidade Federal Fluminense (UFF), Universidade de Buenos Aires (UBA)).

O levantamento bibliográfico12 privilegiou teses e dissertações que articulassem a dimensão histórica à análise de filme. Por isso, não incorporamos “histórias do cinema” nem trabalhos dedicados apenas à dimensão política, sem articulação com o estético. Foram colocados à disposição do público noventa e quatro trabalhos acadêmicos, produzidos em diferentes instituições13. É possível, principalmente para os trabalhos posteriores ao período de 2002/2003, acessar ou os resumos ou os conteúdos integrais, dado que vinculamos o título à biblioteca digital da CAPES ou à da instituição de origem. Complementando essa relação, foi acrescida também uma lista de livros, capítulos de livro e artigos sobre cinema e história14. Por fim, uma lista de teses e dissertações sobre a representação cinematográfica do regime militar, com quarenta e seis teses e dissertações de instituições variadas15, cobrindo um período que se estende dos anos 1980 até 2015.

A sistematização de uma memória de pesquisa em torno da relação “cinema e história” e da trajetória de pesquisadores e realizadores também fez parte do projeto Cinema e história no Brasil e se encontra no horizonte das atividades do Grupo. Neste sentido, realizamos duas entrevistas com diretores, conduzidas por Eduardo Morettin e Mônica Almeida Kornis no Laboratório de Estudos Audiovisuais do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC) da FGV/RJ. Sílvio Tendler e Lúcia Murat discorreram sobre os documentários que abordaram diretamente o período referente à ditadura16.

Como resultado direto deste projeto tivemos ainda a publicação dois livros17. O primeiro, Ditaduras Revisitadas: Cartografias, Memórias e Representações Audiovisuais (ARAUJO; MORETTIN; REIA-BAPTISTA, 2016), é fruto das atividades dos grupos de pesquisa Centro de Investigação em Artes e Comunicação (CIAC) da Universidade do Algarve e Universidade Aberta de Lisboa, dirigido por Vitor Reia-Baptista, Comunicação, Imagem e Contemporaneidade (CIC), coordenado por Denize Araujo, e o nosso Grupo de pesquisa. São 46 autores nacionais e internacionais, vinculados as mais diversas instituições18. Traz também os depoimentos e entrevistas de diretores dos filmes analisados, como Luís Filipe Rocha, Lúcia Murat, José Pedro Charlo e Aldo Garay, Jonathan Perel, Miguel Littín, Florestano Vancini, Mari Corrêa, Germán Scelso e Luiz Alberto Sanz.

O segundo, O cinema e as ditaduras militares: contextos, memórias e representações audiovisuais, contou com a participação de todos os integrantes do projeto19, que contribuíram com estudos pormenorizados sobre aspectos relacionados ao tema geral. Neste livro, materializamos a perspectiva teórica do Grupo sobre a relação do cinema com a memória histórica. O cinema não é visto apenas como “vetor” de memórias sobre as ditaduras, como se estas fossem gestadas apenas em outros lugares e linguagens, mas como “produtores de memória”, identificada a partir de sua narrativa audiovisual em diálogo com os debates historiográficos e memórias dominantes ou recalcadas.

Outro passo decisivo na consolidação das atividades do Grupo foi a organização do I Colóquio Internacional de Cinema e História, realizado na ECA/USP entre os dias 29 de novembro e 2 de dezembro de 201620. O evento, de certa maneira, representou a consolidação de uma trajetória com mais de 10 anos levada a cabo pelos seus integrantes, solidificando um conjunto de diálogos nacionais e internacionais que já estavam em curso. Com apoio expressivo das agências de fomento, o Colóquio procurou também favorecer o intercâmbio de quem iniciava o seu percurso no campo com os pesquisadores de ponta atuantes em centros no exterior. Por fim, pretendeu-se ainda criar um espaço aberto a novas pesquisas em desenvolvimento (sobretudo de estudantes de pós-graduação e de pós-doutorandos). Ao final, conseguimos promover um ambiente de trocas que enriquecesse os estudos das relações entre audiovisual e história e estimular a formação de redes de interesse acadêmico.

Mais de 200 propostas de trabalho se inscreveram nas quatro linhas temáticas que retomam e ampliam os eixos apresentados em 2004, a saber: a representação da história no cinema; pesquisa histórica e análise fílmica: confluências; cinema, arquivos e os regimes de historicidade; história do cinema, história da arte: intercâmbios metodológicos. Ao final, foram reunidos 82 pesquisadores de diferentes níveis (de mestrandos a pós-doutorandos), vindos de todas as regiões do país, da América Latina, Estados Unidos e França, envolvendo cerca de 38 Instituições de Ensino Superior. Deve-se ressaltar também que, dado o caráter interdisciplinar do evento, tivemos a presença de representantes de programas de pós-graduação em História, Comunicação, Arte, Letras, Ciências Sociais e Educação.

Os trabalhos foram apresentados em 23 sessões de comunicações coordenadas, incluindo duas mesas redondas, que permitiram reconhecer a produção científica mais relevante da área, contribuindo para a sua ampliação e divulgação. Tivemos também lançamentos de livros e a presença de conferencistas internacionais dedicados ao estudo da relação cinema-história e documentário, como Jean-Pierre Bertin Maghit (Université Paris III) e Vicente Sanchez-Biosca (Universidade de Valência)21. Nesse sentido, entendemos que o Grupo de Pesquisa CNPq História e Audiovisual contribuiu de modo determinante para o registro da história, das conquistas e das perspectivas da área.

Mais duas edições foram realizadas – a segunda na USP e a terceira na UNILA, esta contando com a participação do Grupo de pesquisa CNPq Núcleo de Arte e Tecnologia Latino-americano (NATLA) da UNILA22. O IV Colóquio Internacional de Cinema e História ocorrerá em 2019 na UFPR, desta vez em parceria com o Grupo de Pesquisa CNPq Núcleo de Artes Visuais (NAVIS) e dos programas de Pós-Graduação de História da UFPR, de Cinema e Audiovisual da UNESPAR e de Comunicação da UTP.

A trajetória do Grupo de pesquisa CNPq “História e Audiovisual”, marcada por tantas ações, atesta sua participação ativa no reconhecimento do campo e na ampliação do leque de objetos e metodologias, como este pequeno retrospecto procurou demonstrar.

As balizas teóricas e metodológicas foram ampliadas, com os aportes trazidos por historiadores como Sylvie Lindeperg (2007). Seu exame amplo e rigoroso do que se encontra na gênese e na circulação de Noite e Neblina (Nuit et Brouillard, 1955), de Alain Resnais, sem deixar de lado as questões estéticas, demonstra que a análise fílmica sozinha não consegue dar conta da dimensão histórica presente no cinema.

Ao mesmo tempo, é importante afirmar que várias são as possibilidades hoje de se pensar a relação entre cinema e história, expressa pelo adensamento do campo a partir da publicação, no Brasil e no exterior, de diferentes obras em que os diálogos entre os filmes e o seu contexto são explorados por intermédio de inúmeros caminhos. Hoje são muitos os encontros científicos que abrigam seminários temáticos dedicados ao campo, como os da ANPUH, da SOCINE e da Associação Brasileira de Pesquisadores de História da Mídia (ALCAR). Há também reuniões acadêmicas em que essa perspectiva constitui o foco central dos trabalhos apresentados, como o Encontro Nacional de Estudos da Imagem (ENEIMAGEM), promovido pela UEL e que se encontra atualmente em sua sétima edição23.

Os textos que compõem o presente dossiê apontam caminhos promissores para se pensar as questões teóricas hoje em pauta dentro do campo, sinalizando novas tendências. Ao mesmo tempo, como eixo comum há a discussão de contextos autoritários ou marcados pelo debate e engajamento dos filmes nas questões relativas à memória e à política, produção que se volta, necessariamente, ao enfrentamento no presente e dos tempos sombrios que vivemos.

Paula Halperin (SUNY: Purchase College), em “Entre a invasão dos ‘capitais alienígenas’ e a consolidação da televisão: Imprensa e debates públicos em torno ao acordo Rede Globo/Time-Life, 1964 – 1967”, historia, baseada em extensa pesquisa documental, o debate ocorrido na grande imprensa sobre o acordo assinado entre a Rede Globo e o conglomerado norte-americano Time-Life em 1962, matizando o posicionamento dos liberais conservadores nos jornais, indicativo da complexa rede de articulações políticas configurada com o regime engendrado pós-golpe militar. O artigo contribui também para se contrapor à memória estabelecida pela própria Globo sobre este período, desnudando a forma de atuação de parte do empresariado ligado às empresas de telecomunicações, contribuição atual dado o contexto que vivemos e o lugar ocupado pelas chamadas mídias tradicionais no encaminhamento de suas próprias pautas, trabalhadas como se fossem de interesse geral do país.

Reinaldo Cardenuto (UFF) aborda em “A malandragem no país da ditadura: humor, deboche e política no cinema realizado por Hugo Carvana” uma filmografia pouco explorada em sua relação com a história: Vai trabalhar, vagabundo (1973) e Se segura, malandro (1978), obras cômicas de grande sucesso em sua época. Em diálogo com as tradições cinemanovistas e das chanchadas, Carvana estabelece uma leitura de arquétipos da cultura brasileira, como a figura do malandro, para “expor o mal-estar vivido pela sociedade brasileira em tempos ditatoriais”.

“Clube de Cinema da Bahia e a sua participação no campo cinematográfico nos anos 1970”, artigo de Izabel de Fátima Cruz Melo (UNEB), recupera os circuitos culturais e as sociabilidades criadas pela atividade cineclubística na cidade de Salvador em plena ditadura. Mobilizando dados de difícil acesso, em virtude da situação em que se encontram os arquivos fílmicos pesquisados, a autora reconstrói as ações desenvolvidas em diferentes campos pelo Clube de Cinema da Bahia em trabalho que poderia ser tomado como ponto de partida para o estudo de outros centros de difusão da cultura cinematográfica espalhadas pelo país no período, como, por exemplo, a atuação do Instituto Goethe e da Aliança Francesa nos anos de chumbo.

Pablo Piedras (UBA/CONICET), em “La reconciliación imposible. Tensiones políticas y estéticas en ¿Ni vencedores ni vencidos? (1972)”, se ocupa do documentário dirigido por Naum Spoliansky e Alberto Cabado, filme-resposta a La hora de los hornos (Grupo Cine Liberación, 1968). Há o movimento de inserir a obra na história do cinema argentino, dado o pouco conhecimento que se tem sobre esta produção, como também o de pensar as alternativas que se constituíam à época para o cinema engajado, examinando alguns dos procedimentos empregados pelo documentário, como a voz over e a utilização de material de arquivo.

Fernando Seliprandy (UFPR) em “Perpetradores no cinema sobre as ditaduras do Cone Sul: do arquétipo ao círculo íntimo” mapeia a presença de personagens do torturador na filmografia latino-americana para examinar esta questão em 70 y Pico (Mariano Corbacho, Argentina, 2016) e El pacto de Adriana (Lissette Orozco, Chile, 2017), documentários que “jogam luz sobre personagens menos óbvios da órbita da repressão”.

Em “Os curtas-metragens de Paulo Sacramento e o debate sobre a violência no Brasil dos anos 1990”, Rosane Kaminski (UFPR) examina filmografia pouca conhecida e estudada em nossa historiografia. Da análise fílmica dois pontos são recuperados do contexto: o debate acadêmico sobre a violência e a identificação de parcela expressiva de curtas-metragens dedicados ao tema.

Esperamos que a leitura dos artigos consolide a percepção de que um campo interdisciplinar mais amplo se descortina, ancorado em sólida pesquisa documental, sem desconsiderar a dimensão estética como parte integrante da intelecção do filme como fonte histórica.

Referências

ADAMATTI, Margarida; AGUIAR, Carolina Amaral de; CARVALHO, Danielle Crepaldi; MONTEIRO, Lúcia Ramos Monteiro; MORETTIN, Eduardo (org.). Cinema e história: circularidades, arquivos e experiência estética. Porto Alegre: Sulina, 2017.

AGUIAR, Carolina Amaral de. O Chile na obra de Chris Marker: um olhar para a Unidade Popular desde a França. 2013. Tese (Doutorado em História Social) - Universidade de São Paulo, São Paulo, 2013.

ARAUJO, Denize Correa; MORETTIN, Eduardo; REIA-BAPTISTA, Vitor (org.). Ditaduras revisitadas: cartografias, memórias e representações audiovisuais. Faro: Universidade do Algarve, 2016.

ARCHANGELO, Rodrigo. Imagens da nação: política e prosperidade nos cinejornais Notícias da Semana e Atualidades Atlântida (1956-1961). 2015. Tese (Doutorado em História Social) - Universidade de São Paulo, São Paulo, 2015

ARCHANGELO, Rodrigo. Um bandeirante nas telas de São Paulo: o discurso adhemarista em cinejornais (1947 1956). 2007. Dissertação (Mestrado em História Social) - Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007.

CAPELATO, Maria Helena; MORETTIN, Eduardo; NAPOLITANO, Marcos; SALIBA, Elias Thomé (org.). História e cinema: dimensões históricas do audiovisual. São Paulo: Alameda Casa Editorial, 2007.

DEL VALLE DÁVILA, Ignacio; MORETTIN, Eduardo. Cinéma et histoire dans les Amériques. IdeAs: Idées d’Amériques, Vanves, n. 7, printemps/été 2016. Disponível em: http://ideas.revues.org/1503. Acesso em: 15 abr. 2019.

FERRO, Marc. O filme: uma contra-análise da sociedade? In: LE GOFF, Jacques; NORA, Pierre (org.). História: novos objetos. Rio de Janeiro: Francisco Alves Ed., 1976. p. 199-215.

GOMES, Paulo Emilio Salles. Crítica de cinema no suplemento literário. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1981. v. 1.

KORNIS, Mônica Almeida. Cinema, televisão e história. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.

KORNIS, Mônica Almeida. Uma história do Brasil recente nas minisséries da Rede Globo. 2001. Tese (Doutorado em Comunicação) - Universidade de São Paulo, São Paulo, 2001.

KORNIS, Mônica Almeida; MORETTIN, Eduardo. Entrevista com Ismail Xavier. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 26, n. 51, p. 213-238, ago. 2013.

KORNIS, Mônica Almeida; MORETTIN, Eduardo. Entrevista com Lucia Murat. ArtCultura, Uberlândia, v. 20, n. 36, p. 133-148, jan./jul. 2018a.

KORNIS, Mônica Almeida; MORETTIN, Eduardo. Entrevista com Silvio Tendler. ArtCultura, Uberlândia, v. 20, n. 36, p. 109-132, jan./jul. 2018b.

KORNIS, Mônica Almeida; MORETTIN, Eduardo; NAPOLITANO, Marcos (org.). História e documentário. São Paulo: Editora FGV, 2012.

LINDEPERG, Sylvie. ‘Nuit et Brouillard’: un film dans l’Histoire. Paris: Odile Jacob, 2007.

MORETTIN, Eduardo Victorio. Uma construção luminosa: o cinema e a Exposição Internacional de 1937. Revista Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 26, n. 51, p. 73-93, ago. 2013. Disponível em: http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/reh/issue/view/961. Acesso em: 15 abr. 2019.

MORETTIN, Eduardo. Acervos cinematográficos e pesquisa histórica: questões de método. Esboços, Florianópolis, v. 21, n. 31, p. 50-67, ago. 2014.

MORETTIN, Eduardo. O cinema como fonte histórica na obra de Marc Ferro. In: CAPELATO, Maria Helena; MORETTIN, Eduardo; NAPOLITANO, Marcos; SALIBA, Elias Thomé (org.). História e cinema: dimensões históricas do audiovisual. São Paulo: Alameda Casa Editorial, 2007. p. 39-64.

MORETTIN, Eduardo; NAPOLITANO, Marcos (org.). O cinema e as ditaduras militares: contextos, memórias e representações audiovisuais. São Paulo: Intermeios, 2018.

SELIPRANDY, Fernando. Documentário e memória intergeracional das ditaduras do Cone Sul. 2018. Tese (Doutorado em História Social) - Universidade de São Paulo, São Paulo, 2018.

SELIPRANDY, Fernando. Imagens divergentes, “conciliação histórica”: memória, melodrama e documentário. 2012. Dissertação (Mestrado em História Social) - Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012.

SIGNIFICAÇÃO: Revista de Cultura Audiovisual. São Paulo, v. 40, n. 40, jun./dez. 2013. Disponível em: http://www.revistas.usp.br/significacao/issue/view/5652. Acesso em: 15 abr. 2019.

SIGNIFICAÇÃO: Revista de Cultura Audiovisual. São Paulo, v. 46, n. 51, jan./jun. 2019. Disponível em: http://www.revistas.usp.br/significacao. Acesso em: 15 abr. 2019.

XAVIER, Ismail. Sertão mar: Glauber Rocha e a estética da fome. São Paulo: Brasiliense, 1983.

Notas

1 As informações sobre o Grupo no CNPq podem ser encontradas em: http://dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/25562. Acesso em: 14 abr. 2019.
2 Dentre os mestrandos e doutorandos que se encontravam no simpósio em 2004, muitos completaram o percurso formativo. Hoje, professores de universidades públicas, pesquisadores como Cássio dos Santos Tomaim (Universidade Federal de Santa Maria - UFSM), Mariana Martins Villaça (Universidade Federal de São Paulo - Unifesp) e Rosane Kaminski (UFPR) continuam a participar dos projetos e contribuem para multiplicar as atividades do Grupo.
3 Estas questões foram retomadas de Morettin (2007).
4 Entre 2005 e 2006, 16 seminários abertos ao público tiveram lugar na ECA/USP. A relação dos pesquisadores, temas e textos discutidos nesse período está disponível em http://historiaeaudiovisual.weebly.com/2005---2007.html. Esta atividade continua até o momento, com menor periodicidade.
5 O emprego de termo mais amplo se justifica pela incorporação dos estudos sobre a televisão, tendo como referência fundamental nesta frente Mônica Almeida Kornis (2001, 2008), pesquisadora que coordenou diversos seminários temáticos do Grupo na ANPUH e participou de muitos de seus projetos editoriais.
7 Integramos também o projeto Transatlantic Cultures, trabalho de cooperação internacional desenvolvido em parceria com as Universidades francesas de Versailles Saint-Quentin-en-Yvelines (UVSQ) e Paris 3-Nouvelle Sorbonne e a USP. O projeto é coordenado na França pela Profa. Dra. Anaïs Fléchet (UVSQ), no Brasil, pela Profa. Dra. Gabriela Pellegrino (Universidade de São Paulo). Conta com fontes de financiamento já aprovadas (FAPESP/Agence Nationale de Recherche). Seu objetivo é a elaboração de uma publicação on line em quatro idiomas (inglês, espanhol, francês e português), para compreender as dinâmicas do espaço atlântico e seu papel nos processos contemporâneos de globalização. Recuperando as complexas relações culturais entre a Europa, a África e as Américas, esta enciclopédia digital visa realizar uma história conectada do espaço atlântico contemporâneo, em uma perspectiva interdisciplinar que integra historiadores, antropólogos, sociólogos, cientistas políticos, musicólogos, críticos de literatura, arte, teatro ou cinema.
8 O projeto foi contemplado pelo Edital Universal CNPq 14/2013. Sua vigência se estendeu até o ano de 2016.
9 O site, http://historiaeaudiovisual.weebly.com/, braço importante na divulgação das atividades do Grupo de pesquisa, foi aprimorado com recursos do edital Universal. Nele podem ser visualizadas em suas abas os materiais produzidos em projetos financiados pelo CNPq e demais agências de fomento. Foi criada também uma newsletter que conta atualmente com 528 inscritos. Criamos também uma página no Facebook, que nos auxilia na divulgação dos eventos e de assuntos relacionados à temática do grupo.
11 Em 2013 foram oito seminários (a relação está em http://historiaeaudiovisual.weebly.com/2011---2013.html, seis em 2014, oito em 2015, e dois em 2016 (ver http://historiaeaudiovisual.weebly.com/2014---2017.html).
13 Dentre elas, temos: USP, UFF, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), UNESP, PUC/SP, Unicamp, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal do Piauí (UFPI), Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), PUC/RS, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Universidade Federal da Bahia (UFBA), Universidade de Brasília (UnB), Universidade Federal do Ceará (UFC), PUC/RJ
15 Dentre as instituições, temos: USP, Unesp, Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), PUC/RJ, UFRJ, UFU, UFSC, Universidade Paulista (UNIP), Unicamp, Fundação Getúlio Vargas (FGV), Universidade Estadual de Maringá (UEM), UFF, Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), UNIRIO, Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UFRJ), Université de Toulouse-Le Mirail, UnB, PUC/RS, UFRGS. Em http://historiaeaudiovisual.weebly.com/cinema-e-regime-militar-brasileiro.html.
16 As entrevistas foram publicadas pela revista ArtCultura em 2018.
17 Além dos livros citados no corpo do artigo, outros projetos editoriais do Grupo de pesquisa merecem destaque, como a coletânea Cinema e história: circularidades, arquivos e experiência estética (2017) e a participação em dossiês temáticos em periódicos como ArtCultura, Estudos Históricos, Ideas, Significação.
18 Como a USP, Universidade da Beira Interior (UBI), UFBA, Justus Liebig Universität – Giessen (Alemanha), UFF, UFRGS, UFPE, Arizona State University, Universidade Tuiuti do Paraná (UTP), Universidad de la República (Uruguai), Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), Universidade de Lisboa, Universidade do Algarve, Universidade Federal de Rondônia, Universidade Estadual da Bahia (Uneb), UFRJ, University of Glasgow, Uniso, ESPM/RJ, Fundação Biblioteca Nacional, Universidad Municipal de São Caetano do Sul, Universidade de Grenoble, Universidade Nacional de Córdoba (Argentina).
19 Eduardo Morettin (USP), Marcos Napolitano (USP), Ignacio Del Valle Dávila (UNILA), Carolina Amaral de Aguiar (USP), Ana Laura Lusnich (UBA), Cristiane Freitas Gutfreind (PUC/RS), Mônica Almeida Kornis (FGV), Rosane Kaminski (UFPR), Fernando Seliprandy (UFPR), Margarida Maria Adamatti (UFSCar), Reinaldo Cardenuto Filho (UFF).
20 A comissão organizadora foi composta por Eduardo Morettin, coordenador, Carolina Amaral de Aguiar (hoje docente da Universidade Estadual de Londrina (UEL) e à época pós-doutoranda na USP), Danielle Crepaldi Carvalho (pós-doutora pela USP), Lúcia Ramos Monteiro (hoje docente da UFF e então pós-doutoranda, USP) e Margarida Maria Adamatti (Universidade Federal de São Carlos).
21 A programação completa está disponível em http://historiaeaudiovisual.weebly.com/programaccedilatildeo-completa.html. O caderno de resumos em http://historiaeaudiovisual.weebly.com/caderno-de-resumos.html, e a documentação fotográfica do colóquio em https://www.flickr.com/photos/146671690@N04/.
23 Retomamos estas questões de Morettin (2014).
HMTL gerado a partir de XML JATS4R por