Servicios
Descargas
Buscar
Idiomas
P. Completa
Reflexões em torno das noções de participação, resistência e ação coletiva a partir de crianças e jovens
Maria Lidia Bueno Fernandes; Angélica Rico Montoya; Kathia Núñez Patiño;
Maria Lidia Bueno Fernandes; Angélica Rico Montoya; Kathia Núñez Patiño; Gialuanna Enkra Ayora Vázquez
Reflexões em torno das noções de participação, resistência e ação coletiva a partir de crianças e jovens
Reflexiones sobre las nociones de participación, resistencia y acción colectiva desde niñas, niños y jóvenes
Considerations on the notions of participation, resistance and collective action from children and young people’s point of view
Linhas Críticas, vol. 27, e38902, 2021
Universidade de Brasília
resúmenes
secciones
referencias
imágenes
Carátula del artículo

Dosier: Participaciones y resistencias de las infancias y juventudes de América Latina: Agencia, protagonismo y movilización colectiva

Reflexões em torno das noções de participação, resistência e ação coletiva a partir de crianças e jovens

Reflexiones sobre las nociones de participación, resistencia y acción colectiva desde niñas, niños y jóvenes

Considerations on the notions of participation, resistance and collective action from children and young people’s point of view

Maria Lidia Bueno Fernandes
Universidade de Brasília, Brasil
Angélica Rico Montoya
Instituto de Estudios Superiores Rosario Castellanos, México
Kathia Núñez Patiño
Universidad Autónoma de Chiapas, México
Gialuanna Enkra Ayora Vázquez
Universidad Veracruzana, México
Linhas Críticas, vol. 27, e38902, 2021
Universidade de Brasília

Recepción: 04 Julio 2021

Aprobación: 23 Julio 2021

Publicación: 03 Agosto 2021

Com muito entusiasmo, apresentamos o dossiê[1] “Participações e resistências das infâncias e juventudes da América Latina: agência, protagonismo e mobilização coletiva”, concebido a partir das discussões geradas no âmbito da Rede latino-americana de pesquisa e reflexão com crianças e jovens (REIR). Trabalhando em uma perspectiva de articulação de pesquisadores no âmbito da América-Latina e contando com pesquisadores/as de língua espanhola e portuguesa, a REIR tem, como objetivo central, tornar visíveis as agências, os protagonismos e os co-protagonismos com as crianças e com os/as jovens, na perspectiva da transdisciplinaridade. Assim, este dossiê, que abre o diálogo para o debate, representa, ainda, espaço acadêmico para construção de vínculos e de alianças para visibilizar essa temática em favor de crianças e jovens.

A temática do dossiê não poderia ser mais oportuna, já que foi concebido em um momento de emergência sanitária, com isolamento social, momento em que se vivenciam grandes incertezas e uma desconfortável anormalidade que parece querer persistir como regra. Além disso, trata-se de um momento em que jovens, de diversas localidades da América Latina, resistem a governos autoritários, a múltiplas violências, como expulsões de seus territórios, às milícias e aos paramilitares, ao narcotráfico, ao racismo, entre outros, e se levantam em favor da democracia, da justiça social, da equidade e contra as medidas neoliberais que sufocam a região.

Assim, a temática deste dossiê: infância e juventude, na perspectiva da participação, resistência, protagonismo e ação coletiva, impõem-se, considerando que, em momentos mais explícitos de crise, de um modo geral, esses sujeitos estão presentes no debate e em ações concretas, sofrendo, porém, com processos que vão da invisibilidade, ao silenciamento ou mesmo à violenta repressão. Portanto, esse dossiê procura ser um espaço que acolhe, escuta, visibiliza e ecoa a grande diversidade de maneiras pelas quais crianças e jovens agem no mundo e contribuem para definir histórica, social e culturalmente as maneiras pelas quais expressam agência, protagonismo e constroem mobilização coletiva. Consideramos que eles/as são capazes de organizar, atender, propor e gerar processos relevantes para resolver suas necessidades e problemas sociais junto aos adultos, embora saibamos que, muitas vezes, façam isso sozinhos/as. Dessa forma expressam-se não apenas como atores e agentes sociais, mas como agentes políticos; não apenas como indivíduos, mas como coletivos.

Propondo a reflexão sobre os conceitos de participação, resistência, agência, protagonismo e mobilização coletiva, buscamos decantar reflexões coletivas sobre o alcance e as limitações desses conceitos e apresentar várias maneiras pelas quais a infância e a juventude se expressam contra a estrutura das relações sociais construídas historicamente, procurando, ainda, abordar perspectivas que possibilitem desvelar os mecanismos que contribuem para a naturalização da desigualdade.

Cumpre destacar que o conceito de ação tem sido usado como sinônimo de agência, muitas vezes sem problematizar ou reconhecer as múltiplas formas de ação de crianças e jovens contra a estrutura nos processos de reprodução, produção, apropriação, resistência e transformação. No entanto, esse debate encontra caminhos do pensamento latino-americano e de movimentos sociais que atendem à dimensão da subjetividade e da alteridade, ou seja, o poder da "experiência" e do "encontro", dos contextos coletivos que constroem o comum e não apenas o social. Essas contribuições apoiam-se em experiências de pesquisa com crianças e jovens para gerar dispositivos metodológicos que explicitam as relações de poder e possibilitam condições para a participação real de crianças e jovens nos processos de produção de conhecimento que permitem uma compreensão mais ampla e reflexiva de suas experiências diárias e, dessa forma, a compreensão da organização política, econômica, cultural, entre outros, que marcam suas experiências no mundo.

O conceito de resistência acionado neste dossiê refere-se à ação consciente à intencionalidade, colocando a motivação política no centro do debate, de forma a compreender a resistência como indignação política e não como desamparo aprendido. Assim, o resiliente não é quem renuncia à luta, mas quem se propõe a mudar sua sociedade e suas condições de existência, o sujeito político da resistência, ou o coletivo dele derivado, mudando e impactando o grupo imediato.

Sabemos que crianças e jovens estão expostos/as a múltiplas dimensões da violência (estrutural, simbólica, física ou psicológica) manifestadas na violência política estatal ou intrafamiliar, que naturaliza comportamentos sociais como punição, agressão ou abuso, enquanto constrói sujeitos de invisibilidade e anonimato, muitas vezes submetidos a condições de interseccionalidade que os/as (re)vitimizam e excluem.

Nessa perspectiva, este dossiê procura ecoar as vozes de crianças e jovens, dialogar com eles/as, conhecer e dar a conhecer suas múltiplas realidades. Assim, os artigos: “Espacios lúdicos y territorios para niños y niñas: ludotecas en zonas vulnerables[2]; “Bibliotecas comunitárias: dialogismo y colaboracióncon las niñeces para descolonizarnos[3]; “Del efecto phármakon a la reinvención de subjetividades infantiles en la cibercultura[4] e “Vivências infantis nos territórios do Paranoá e Itapoã no Distrito Federal”[5] apresentam processos coletivos, realidades e contextos que facilitam a construção de novos conhecimentos, articulam a perspectiva da educação e dos direitos a partir das vozes dos próprios atores e de suas formas de ver e entender o mundo. Os artigos “Infâncias e agência política em ações coletivas e movimentos sociais latino-americanos[6] e “Ser zapatista a los 4 años. Socialización y subjetivación de niños tseltales[7] analisam as agências e resistências, crianças na defesa de autonomias e territórios, bem como a participação infantil no âmbito dos movimentos sociais. Cabe destacar que essas participações estão ancoradas na avaliação positiva da identidade pessoal e coletiva, bem como na atuação de crianças, homens e mulheres para a construção de sua autonomia territorial, da defesa de seu território e dos recursos naturais. Trazemos também metodologias colaborativas, horizontais e reflexivas com crianças e jovens que permitem construir espaços nos quais se estabelecem múltiplos lugares de enunciação dialógica, que compreendem resistência e transformação social, ao mesmo tempo em que apresentam as dificuldades que enfrentam, abordagem expressa no artigo: “Por que rimos das crianças?[8].

Este dossiê apresenta uma miríade de realidades e contextos sociais, econômicos e culturais. Nele evidencia-se a agência de crianças e jovens em estratégias de resistência e sobrevivência - concreta e simbólica. Tal enredo social e político pode ser vislumbrado nos artigos: “Juventudes étnicas universitarias, procesos organizativos y espacios de incidencia en Monterrey, México[9] e “Jóvenes indígenas y resignificaciones identitarias en la educación superior intercultural en México[10], nos quais o protagonismo étnico toma relevância em processos de troca, resistência e ressignificação no ensino superior. Já nos artigos “Subjetividades juveniles de la cultura callejera: participación y exclusión en Xalapa” e “Niñez indígena trabajadora migrante en contextos urbanos: participación, poder y resistencia[12] abordam a infância e o trabalho nos grandes centros, tendo as crianças como partícipes do cotidiano numa postura de resistência. A vivência da violência em suas múltiplas dimensões está expressa no artigo: “Habitando la escuela en contexto de violencia armada: negociaciones con su presencia[13].

Assim, trazemos ao público estas reflexões, cientes dos desafios e das potencialidades que a temática enseja. Desejamos boa leitura a todos/as.

Material suplementario
Referências
Accardo F., Colares, E., & Gouvea, C. (2021). Infâncias e agência política em ações coletivas e movimentos sociais latino-americanos. Linhas Críticas, 27, e35057. https://periodicos.unb.br/index.php/linhascriticas/article/view/35057/29613
Alvarez, L. F. (2021). Juventudes étnicas universitarias, procesos organizativos y espacios de incidencia en Monterrey, México. Linhas Críticas, 27, e35178. https://periodicos.unb.br/index.php/linhascriticas/article/view/35178/29131
Barenco Corrêa de Mello, M., Moreira Lopes, J. J., & Carneiro Lima, M. F. (2021). Por que rimos das crianças? Linhas Críticas, 27, e35191. https://periodicos.unb.br/index.php/linhascriticas/article/view/35191/30424
Corrêa, M. de S., & Fernandes, M. L. B. (2021). Vivências infantis nos territórios do Paranoá e Itapoã no Distrito Federal. Linhas Críticas, 27, e35202. https://periodicos.unb.br/index.php/linhascriticas/article/view/35202/29577
González, M. P., Corvalán, F., & Iglesias, J. L. (2021). Espacios lúdicos y territorios para niños y niñas: ludotecas en zonas vulnerables. Linhas Críticas, 27, e35311. https://periodicos.unb.br/index.php/linhascriticas/article/view/35311/28774
Mejía Pérez, R. F. (2021). Niñez indígena trabajadora migrante en contextos urbanos: participación, poder y resistencia. Linhas Críticas, 27, e35051. https://periodicos.unb.br/index.php/linhascriticas/article/view/35051/29012
Mira Tapia, A. (2021). Jóvenes indígenas y resignificaciones identitarias en la educación superior intercultural en México. Linhas Críticas, 27, e35328. https://periodicos.unb.br/index.php/linhascriticas/article/view/35328/29691
Narváez Aguilera, A. (2021). Subjetividades juveniles de la cultura callejera: participación y exclusión en Xalapa. Linhas Críticas, 27, e35205. https://periodicos.unb.br/index.php/linhascriticas/article/view/35205/29694
Niño Vega, N. C. (2021). Habitando la escuela en contexto de violencia armada: negociaciones con su presencia. Linhas Críticas, 27, e35059. https://periodicos.unb.br/index.php/linhascriticas/article/view/35059/29566
Nuñez, K., Ayora, G., & Torres, E. (2021). Bibliotecas comunitarias: dialogismo y colaboración con las niñeces para descolonizarnos. Linhas Críticas, 27, e35237. https://periodicos.unb.br/index.php/linhascriticas/article/view/35237/30327
Ramírez-Cabanzo, A. B. (2021). Del efecto phármakon a la reinvención de subjetividades infantiles en la cibercultura. Linhas Críticas, 27, e35058. https://periodicos.unb.br/index.php/linhascriticas/article/view/35058/29208
Rico Montoya, A. (2021). Ser zapatista a los 4 años. Socialización y subjetivación de niños tseltales. Linhas Críticas, 27, e36961. https://periodicos.unb.br/index.php/linhascriticas/article/view/36961/30549
Notas
Notas
[1] A fotografia da capa do dossiê é de Erik Alí Castillo Cerecedo, pai da criança Salvador Alí Castillo Hernández, que aparece na imagem. As organizadoras agradecem a gentil permissão de uso da fotografia. A imagem está licenciada sob uma licença CC BY-NC-ND 4.0.
Buscar:
Contexto
Descargar
Todas
Imágenes
Visor de artículos científicos generados a partir de XML-JATS4R por Redalyc