Editorial
Prezados leitores,
Apresentamos o segundo número do 21º volume da revista Psicologia: Teoria e Prática. Com a classificação no estrato A2 na área da Psicologia pelo sistema Qualis-Periódicos, nossa revista tem publicado os artigos também em sua versão em inglês e consolida-se como um importante meio de divulgação de pesquisas científicas na Psicologia e em áreas afins.
Nesta edição, contamos com um artigo internacional da Universidad de La Habana, de Cuba, e com artigos de quatro regiões do Brasil: Nordeste (Universidade de Fortaleza), Centro-Oeste (Universidade Católica de Brasília), Sul (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Universidade de Londrina, Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM-Sul) e Universidade Federal de Santa Catarina) e Sudeste (Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Universidade de São Francisco, Universidade Federal Fluminense, Universidade de São Paulo e Universidade Presbiteriana Mackenzie).
Em 2019, implementamos um novo projeto gráfico. Nossa revista está mais moderna, com um design mais elegante, simples e bonito. Atualizamos também o formato dos artigos para atender aos quesitos de indexação das principais bases de dados e, por esse motivo, pedimos atenção às mudanças que foram feitas em nossas normas, que podem ser acessadas em: http://editorarevistas.mackenzie.br/index.php/ptp/about/submissions.
No presente número, são apresentados 12 artigos e uma resenha de livro, distribuídos nas cinco seções temáticas da revista.
Na seção “Avaliação Psicológica”, há quatro artigos. Os autores Lucas de Francisco Carvalho, Ana Carolina Zuanazzi e Fabiano K. Miguel, da Universidade de São Francisco e da Universidade de Londrina, apresentam o artigo intitulado “Pathological personality and quality of life: Validity evidences for IDCP-2”. Diante da evidência de que traços patológicos da personalidade estão relacionados à percepção de baixa qualidade de vida, os autores investigaram a capacidade discriminativa do Inventário Dimensional Clínico da Personalidade 2 (IDCP-2) e buscaram evidências de validade por relação com a qualidade de vida. Os resultados são promissores e indicaram que fatores do inventário se correlacionaram a aspectos da qualidade de vida, bem como revelaram a capacidade preditiva de algumas dimensões do inventário.
O artigo “Evidências de confiabilidade e validade do instrumento de avaliação sensorial Sensory Profile” foi redigido por Jací Carnicelli Mattos, Maria Eloísa Famá D’Antino e Roberta Monterazzo Cysneiros, da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Nele foram investigados os parâmetros psicométricos de confiabilidade e validade do Sensory Profile, aplicado a crianças de 5 a 10 anos de idade, sem transtornos do neurodesenvolvimento e com Transtorno do Espectro Autista. O instrumento apresentou consistência interna satisfatória para a maioria das categorias e dos fatores. A média dos escores da amostra de crianças brasileiras diferiu da amostra normativa norte-americana, o que levou as autoras a definir novos valores de escores para as faixas de desempenho sensorial. Crianças com Transtorno do Espectro Autista apresentaram desempenho inferior ao das crianças sem transtornos do neurodesenvolvimento. Tais resultados fornecem evidências de validade e confiabilidade ao Sensory Profile traduzido e adaptado culturalmente para o português do Brasil.
O terceiro artigo, “Instrumentos de medida de reserva cognitiva: Uma revisão sistemática”, foi redigido por Thaís Landenberger, Nicolas de O. Cardoso, Camila Rosa de Oliveira e Irani Iracema de Lima Argimon, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e da Faculdade Meridional (IMED). Por meio de uma revisão sistemática, o estudo investigou os instrumentos, em formato de escalas e questionários, usados para medir reserva cognitiva. Os autores descrevem os instrumentos localizados, suas características e apontam as limitações observadas. Reiteram, diante dos resultados, a necessidade de mais pesquisas na área.
O quarto artigo da seção de “Avaliação Psicológica” tem o título “Digital phenotyping and personality disorders: a necessary relationship in the digital age” e foi redigido por Lucas de Francisco Carvalho e Giselle Pianowski, da Universidade São Francisco. O artigo trata do digital phenotyping, que se refere à quantificação in situ do fenótipo humano, por meio de dados pessoais de dispositivos digitais, e de seu uso na saúde mental. Na revisão, discutiram-se aplicações, implicações e desafios no aproveitamento do digital phenotyping nos transtornos da personalidade.
A seção de “Desenvolvimento Humano” conta com um artigo original. “Estresse, parentalidade e suporte familiar no transtorno do déficit de atenção/hiperatividade” foi redigido por Fernanda Pádua Rezende, Sandra Leal Calais e Hugo Ferrari Cardoso, da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”. O estudo objetivou caracterizar estresse, estilo parental e percepção de suporte familiar em pais de crianças com TDAH, estabelecendo relações entre essas variáveis. Observou-se que as mães apresentaram mais estresse do que os pais; também se verificou associação do estresse das mães com práticas parentais negativas e baixa percepção de suporte familiar, bem como relação entre a idade da criança e o estilo parental.
A seção de “Psicologia Social” conta com dois artigos originais e uma resenha. O artigo “¿Gestión de riesgos psicosociales? Un S.O.S en organizaciones cubanas”, de Arianne Medina Macías e Adalberto Avila Vidal da Universidad de La Habana, de Cuba, apresenta uma reflexão sobre a necessidade de gerenciar riscos e fatores de risco psicossociais no âmbito dos sistemas de segurança e saúde em organizações cubanas. É feita uma análise crítica sobre o quadro regulamentar cubano para a segurança e saúde, a revisão da literatura e a experiência acumulada no trabalho de consultoria. Ressalta-se a necessidade de oferecer maior visibilidade e importância às práticas de gestão de segurança e saúde, de modo a garantir a sustentabilidade das organizações cubanas.
Natalia Lopes Braga, Noália Magna de Araújo e Regina Heloisa Maciel, da Universidade de Fortaleza, apresentam o artigo “Condições do trabalho da mulher: uma revisão integrativa da literatura brasileira”. As autoras fizeram uma revisão sobre as condições do trabalho da mulher relatadas na literatura científica brasileira. Três categorias foram descritas após a revisão sistemática: relações de gênero e conflitos no ambiente laboral, trabalho e família, e precarização do trabalho. Tais categorias são discutidas criticamente pelas autoras.
Nessa seção também é apresentada a resenha “Aconselhamento e coaching: semelhanças e diferenças em tempos de imprevisibilidade”, de Gabriela Techio, Daniela Boucinha, Alyane Audibert e Manoela Ziebell de Oliveira, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM-Sul).
A seção “Psicologia e Educação” conta com dois artigos originais. “Desempenho em provas de vocabulário receptivo e compreensão leitora em escolas do ensino fundamental”, de Cláudia Silva e Franciany Berriel Pereira, da Universidade Federal Fluminense, descreve o perfil de escolares do terceiro, quarto e quinto anos do ensino fundamental em provas de vocabulário receptivo e compreensão de leitura. Houve diferenças significativas para as duas provas no decorrer das séries, levando à discussão da influência de fatores extrínsecos, como o meio em que o indivíduo está inserido, e fatores intrínsecos, como o processamento da informação e a formação de memória.
Em “Intervenções com jogos em contexto educacional: contribuições às funções executivas”, de Daniela Karine Ramos, Maria Luiza Bianchi, Eliza Regina Rebello e Maria Eduarda de Oliveira Martins, da Universidade Federal de Santa Catarina, foi analisado se o uso de jogos em contexto educacional pode contribuir para o aprimoramento das funções executivas de uma amostra de alunos. Os resultados indicam melhor desempenho em memória operacional, velocidade de processamento e atenção, bem como no relato das professoras. Sugere-se que o uso de jogos, de maneira intencional e mediada, pode ajudar a fomentar as funções executivas.
A seção de “Psicologia Clínica” conta com dois artigos. Sebastião S. Almeida, Alessandra F. E. Garcia e Telma Maria Braga Costa, da Universidade de São Paulo, apresentam o artigo “How I am, how am I: body image and nutritional status in aesthetic plastic surgery”. Diante da crescente busca pela cirurgia plástica estética, o estudo comparou características de mulheres adultas solicitantes de cirurgia plástica estética com as de mulheres não solicitantes. Entre as diferenças significativas, o grupo solicitante de cirurgia apresentou maior prevalência de sobrepeso/obesidade, insatisfação com a aparência geral, preocupação com o IMC e investimento na aparência. Os dados são discutidos à luz da necessidade de monitoramento psicológico e nutricional para prevenir uma má evolução na cirurgia plástica estética.
O artigo “Memória autobiográfica: uma proposta de estimulação mnêmica em idosos” foi redigido por Alliny Michelly Santos Vale, Henrique Salmazo da Silva e Isabelle Patriciá Freitas Soares Chariglione, da Universidade Católica de Brasília. O objetivo foi documentar o processo de implantação de uma intervenção de memória autobiográfica para idosos, previamente desenvolvida, e verificar o impacto na cognição, nos sintomas depressivos, na ansiedade e na qualidade de vida. Apesar de não ter havido ganhos em escores cognitivos, depressão, ansiedade e qualidade de vida, a aplicação do protocolo proporcionou a interação e a socialização dos idosos em um ambiente capaz de favorecer a rememoração autobiográfica.
Desejamos que vocês, leitores, desfrutem dos artigos aqui disponibilizados e reiteramos nossos agradecimentos aos autores, pareceristas, editores de seção e demais envolvidos no processo editorial.
Alessandra Gotuzo Seabra
Editora