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Uso de documentos para narrar a história de organizações: reflexões e experiências
Adéle Carneiro; Amon Barros
Adéle Carneiro; Amon Barros
Uso de documentos para narrar a história de organizações: reflexões e experiências
Use of documents to narrate the history of organizations: reflections and experiences
Revista de Contabilidade e Organizações, vol. 11, núm. 30, pp. 14-23, 2017
Universidade de São Paulo
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Resumo: Este trabalho avança a discussão sobre o uso de documentos na elaboração de pesquisas historiográficas em organizações. O artigo se debruça sobre a pesquisa documental a partir das discussões de De Certeau (1982), Foucault (2008), e Le Goff (2003). Elabora uma revisão teórica sobre o tema, salientando a ideia de que documentos não são objetos históricos neutros que reproduzem o passado. Tal perspectiva propõe um novo olhar epistemológico para a pesquisa histórica com documentos em Ciências Sociais aplicadas. Tal discussão questiona a natureza dos documentos e salienta a necessidade de usá-los criticamente. O artigo apresenta algumas experiências de pesquisas que se valeram de fontes documentais a fim de evidenciar os aspectos procedimentais de tal abordagem. O texto termina apresentando uma discussão aplicada às pesquisas em contabilidade.

Palavras-chave : História de OrganizaçõesHistória de Organizações,Narrativas OrganizacionaisNarrativas Organizacionais,Metodologia DocumentalMetodologia Documental,História em Ciências Sociais AplicadasHistória em Ciências Sociais Aplicadas.

Abstract: This paper advances the discussion about the use of documents to elaborate historiographic researches in organizations. The paper focuses on documentary research from the perspectives proposed by De Certeau (1982), Foucault (2008), and Le Goff (2003). A theoretical revision on the subject was elaborated emphasizing the idea that documents are not neutral historical objects that reproduce the past. Therefore, this perspective suggests a new epistemological look for historical research with documents in Applied Social Sciences. Such a discussion thus questions the nature of the documents and stresses the need to use them critically. In addition, the article presents some research experiences that used documentary sources to highlight the procedural aspects of such approach, and aims to increase the usage of such. Finally, the article discusses this approach applied in accounting research.

Keywords: History of Organizations, Organizational Narratives, Documentary Methodology, History in Applied Social Sciences.

Carátula del artículo

Articles

Uso de documentos para narrar a história de organizações: reflexões e experiências

Use of documents to narrate the history of organizations: reflections and experiences

Adéle Carneiro
Fundação Getúlio Vargas, Brazil
Amon Barros
Fundação Getúlio Vargas, Brazil
Revista de Contabilidade e Organizações, vol. 11, núm. 30, pp. 14-23, 2017
Universidade de São Paulo

Recepção: 13 Julho 2017

Aprovação: 02 Setembro 2017

INTRODUÇÃO

Evidencia-se nos últimos anos crescente movimento em prol do aprofundamento histórico em pesquisas voltadas à compreensão da formação, do funcionamento e do apontamento crítico sobre organizações na área de Ciências Sociais Aplicadas. No âmbito internacional tem-se desde os trabalhos que deram início à chamada virada histórica (Clark & Rowlinson, 2004), passando pela influente interpretação do management enquanto fenômeno global influenciado pelas forças macro-históricas como a Guerra Fria (Cooke & Alcadipani, 2015; Kelley, Mills, & Cooke, 2006). No caso da contabilidade, o debate sobre o uso histórico na área resultou em trabalhos desde o esclarecimento sobre a accountability histography (Gaffikin, 2011) até a aplicação dos recursos históricos em diferentes configurações da área (Lai & Samkin, 2017) e epistemologias fundamentadas (Tyson & Oldroyd, 2016).

No Brasil, a literatura sobre o assunto se consolidou nos anos 2000. Trabalhos como de Vizeu (2009) e de Curado (2001) demonstram que o movimento na área de administração parece ter se voltado para o desenvolvimento do conhecimento administrativo a partir de instituições e movimentos da administração pública, fomentando estudos para discutir a formação do campo a partir da análise do estabelecimento de cursos superiores (Alcadipani & Bertero, 2014; Barros & Carrieri, 2013).

Na área contábil a pesquisa nacional vem se dedicando à exploração de temas mais diversos, incluindo períodos históricos de raridade documental (Silva, 2014).

Ao mesmo tempo que organizações são objetos relevantes para o estudo do social é possível afirmar que há espaço para trabalhos que se valem da pesquisa histórica em administração (Rowlinson, 2013), contabilidade (Booth, Clark, Delahaye, Procter, & Rowlinson, 2007) ou na chamada história empresarial (business history) (Barbero & Lluch, 2014). Neste sentido, a partir de revisões teóricas e experiências de pesquisas realizadas, aborda- se questões sobre a pesquisa histórica acerca de organizações. Busca-se contribuir com um olhar epistemológico para pesquisas históricas nestas áreas de Ciências Sociais Aplicadas.

O artigo apresenta três diferentes pesquisas realizadas pelos autores com o uso de documentos. O método resultou em processos e reflexões pertinentes à construção de uma perspectiva histórica para o estudo de organizações.

A partir da utilização e da técnica de análise documental sobre a formação e o funcionamento de instituições, são abordadas dimensões relevantes desse tipo de pesquisa tendo como foco o uso de documentos e questões metodológicas decorrentes.

O fortalecimento das pontes entre a pesquisa histórica e os estudos sobre organizações em diferentes áreas de conhecimento refletem o crescente interesse em relação à história e o reconhecimento de sua cientificidade, ainda que singular (Rowlison et al. 2014). Ao mesmo tempo refletem as diferenças entre várias possibilidades de pesquisas historiográficas (Decker, 2016; Godfrey, Hassard, OConnor, Rowlinson, & Ruef, 2016; Rowlinson et al., 2014).

Neste sentido, primeiramente discute-se o uso documental para pesquisas históricas, junto às principais transformações no método ao longo do tempo. Depois são feitas considerações sobre ontologia, epistemologia e metodologia, bem como é apresentada a dificuldade encontrada nas áreas sociais aplicadas para se trabalhar com documentos históricos e outras fontes, como a história oral. Em seguida, o texto descreve experiências de três pesquisas sobre instituições e organizações de ensino a partir de documentos, a fim de ilustrar vicissitudes do processo e transmitir algumas considerações àqueles que pretendem se valer do método. Por fim, o artigo apresenta uma discussão aplicada às pesquisas em contabilidade.

2 O USO DOCUMENTAL A PARTIR DA NOVA HISTÓRIA

A discussão sobre o trabalho com o documento histórico remete a acontecimentos relevantes na historiografia moderna para demarcar as tendências de transformações periódicas na pesquisa histórica. A Escola dos Annales, movimento historiográfico do início do século XX, marcou o saber histórico no sentido epistemológico (Burke, 1992) e consequentemente os métodos para elaboração da pesquisa histórica. Com estas transformações foi possível ampliar o leque metodológico dos estudos históricos, além de abordar a pesquisa também no seu aspecto coletivo e não somente no individual (Le Goff, 2003).

Até então, pela visão tradicional, o trabalho do historiador era retirar tudo que continha os documentos sem participação ativa do pesquisador na interpretação deste conteúdo (Le Goff, 2003). Especialmente a partir da Nova História1, passou-se a reconhecer o documento histórico como uma construção social, dentro de um contexto histórico que o envolvia. Foucault (2008) também aponta a ausência de uma verdade indiscutível a ser encontrada pela exploração dos documentos. Para o filósofo, “a história não tem sentido”, porque não há uma teleologia inerente aos documentos ou aos fatos. Uma relação de poder está presente em quem arquiva e quem escreve a história (Cook & Schwartz, 2002; Schwartz & Cook, 2002).

Este novo olhar sobre as fontes históricas foi denominado por Le Goff (2003) como “revolução documental”. Permitiu incluir novas fontes, entre elas a memória. Passa-se a discutir o conteúdo dos documentos e os métodos mais adequados para sua análise. Pode-se, a partir disto, refletir como o documento é abordado nas Ciências Sociais Aplicadas. Assim, necessita-se tecer considerações epistemológicas e ontológicas sobre área e como as mesmas suportam as potencialidades da metodologia documental.

O estudo das organizações, sobretudo em áreas como administração e contabilidade, foi estabelecido em larga medida a partir da sociologia funcionalista (Shenhav, 2005). Com a exploração de paradigmas alternativos, novos pressupostos ontológicos, epistemológicos e metodológicos permitiram revisar ou avançar em relação à perspectiva dominante (Vizeu, 2009).

Foi possível trazer à discussão o uso de documentos e outros registros históricos para a compreensão de processos organizacionais. Este movimento foi fomentado a partir da inclusão de estudos históricos, contemporâneos às mudanças induzidas pelas revoluções da própria historiografia. No campo organizacional ficou conhecido como “historical turn” (ou virada histórica) (Clark & Rowlinson, 2004). Tal conceito da virada histórica impulsionou as discussões epistemológicas e metodológicas a partir da perspectiva histórica (Üsdiken & Kieser, 2004; Rowlinson, 2013; Mills, Suddaby, Foster, & Durepos, 2016).

Pesquisas históricas em Ciências Sociais Aplicadas no Brasil, especialmente na linha de estudos sobre organizações, trazem preocupação evidente com a epistemologia utilizada (Costa et al., 2010; Curado, 2001; Silva, 2014). Partindo do pressuposto da coerência entre aspectos ontológicos e epistemológicos da pesquisa, isto é, a partir da natureza da pesquisa e da orientação do pesquisador, a perspectiva adotada influencia, o método de pesquisa a ser utilizado. Entende-se, portanto, que o uso de documento, envolve a clareza sobre as possibilidades de definição sobre o que são e o que constitui uma fonte histórica e qual realidade o pesquisador está situado para analisá-la, para então definir as técnicas de análise do conteúdo estudado.

Do ponto de vista ontológico, a reestruturação historiográfica pode contribuir com os estudos sobre organizações ao abrir espaço para novas percepções e novas abordagens com relação ao seu objeto de estudo ao propor que a história é dominada (e explicada) a partir do presente (Costa et al., 2010). Entretanto, o objeto é compreendido como resultado do seu passado, ainda que inescrutável. Jacques (2006) argumenta que as teorizações requerem abordagens mais rigorosas da metodologia histórica. Portanto, requisitam um esclarecimento por parte do pesquisador sobre o que são fontes históricas, em sua natureza ontológica, para então compreender como elas dialogam com o passado ao narrar uma história presente (Cook, 2011). Especificamente, aqui discute-se se o que está escrito nos documentos é o que aconteceu no passado histórico.

Embora fundamentais para as discussões em história e organizações, a maior parte dos trabalhos tendem a deixar de lado discussões sobre a pesquisa documental, a natureza dos documentos e as especificidades de se trabalhar com essas fontes. Entretanto, problematizar a discussão sobre o uso metodológico das ferramentas de análise já fortalece o discurso histórico (Farias Júnior, 2011). Neste sentido, na seção seguinte discute-se a pesquisa histórica em organizações com foco nos usos de documentos para posterior reflexão a partir das considerações teóricas aqui abordadas.

3 A PESQUISA HISTÓRICA SOBRE ORGANIZAÇÕES E O ENVOLVIMENTO COM O DOCUMENTO: pontos ontológicos e epistemológicos

Para Popp (2009) o método histórico não é mera metodologia, como técnica ou procedimento no seu sentido genuíno. Ele reflete uma posição epistemológica mais profunda, sobretudo ao considerar a história como interpretação. Isto é, evidenciando o poder das narrativas históricas em detrimento de sua utilização como um artifício de escrita exclusivamente. Segundo o autor, é apelando ao poder epistemológico das narrativas que é possível rejeitar uma posição ausente de teoria tantas vezes apontada para a disciplina histórica. Ao mesmo tempo, Rowlinson, Hassard e Decker (2014) apontam a importância de se entender a diferença no uso dos dados e das fontes históricas para o estudo das organizações.

A virada histórica (historical turn) implicou em questionar a retórica cientificista dos Estudos Organizacionais a partir de uma abordagem do passado como processo e contexto, e não apenas como uma variável (Clark & Rowlinson, 2004; Decker, 2016). Sendo assim, esse movimento de virada histórica possibilitou não só uma reconsideração epistemológica, mas também sobre metodologias e perspectivas sobre o passado e a história. O método documental passou a ser visto com credibilidade e foi aberta a possibilidade de implementação em outros tipos de pesquisa, inclusive em áreas funcionais.

Um exemplo na área de logística é o trabalho de Tautrim, Grant, Cunliffe e Wong (2012) que aponta o valor da pesquisa documental para avançar o conhecimento no campo. Também em marketing, autores apontam a relevância de trabalhos históricos para o campo (Sauerbronn & Faria, 2009). Outros exemplos estão na área de história da contabilidade. Na última década, a área passou por uma proliferação de metodologias para a valorização da perspectiva histórica (Gaffkin, 2011). A partir deste movimento, como resultado novas maneiras de fazer perguntas sobre o passado da contabilidade tornaram-se possíveis e, consequentemente, novos significados são direcionados às práticas de contabilidade a partir de novas linguagens e raciocínios de pesquisa.

É consensual que o contexto histórico influencia o uso da teoria no presente, a interpretação do passado e a história escrita. Conforme Weatherbee (2012) o emprego mais comum da história em estudos organizacionais segue uma lógica que assume a existência de um passado exterior que é passível de ser revelado.

No âmbito da epistemologia, a “verdade é encontrada por meio da correspondência de referências comuns entre os ‘fatos’ e o passado, nos quais passado e história são sinônimos” (Weatherbee, 2012, p. 205). Pressupõe-se a existência de uma realidade passada, que pode ser trazida ao presente e mensurada para estudos históricos em organizações.

A ausência de definição sobre os parâmetros ontológicos e epistemológicos sobre qual história a se considerar nas pesquisas causa percalços com a incorporação da abordagem histórica como método de pesquisa em pesquisas sobre organizações (Keulen & Kroeze, 2012). Parte desta dificuldade está associada à dominância de uma epistemologia de inspiração positivista nos estudos sobre organizações, mesmo com as mudanças paradigmáticas nos últimos anos e com os diferentes caminhos abertos pela ‘virada histórica’.

A concepção da natureza do documento histórico também é objeto de controvérsias. Em contraposição à visão do documento como prova, Le Goff (2003) indica que o documento é monumento. Para ele, não existe documento objetivo, inócuo ou primário. Sendo assim, é dever do historiador criticar qualquer documento e seus usos pelo poder.

Vieira (1999) afirma que Le Goff dialoga com Michel Foucault ao afirmar que a história é uma maneira de uma sociedade dar estatuto e elaboração a uma massa documental. Ou seja: não só a intervenção do historiador como também a produção do conhecimento histórico no presente, ao preferir documentos, revelam a posição do pesquisador na sociedade da sua época.

Estes últimos preceitos de Le Goff refletem uma discussão ontológica sobre documentos. Permitem um olhar sobre o que compõe um documento histórico e como o mesmo pode ser analisado no momento presente. Para Certeau (1982), a história não deve ser reduzida às práticas ou técnicas da historiografia, que se realiza em função de uma instituição, isto é, está inserida em um lugar social e a partir desta relativização os objetos de estudo são explorados. Desta forma, para produzir conhecimento histórico deve-se salientar a importância de interpretar as fontes históricas. A produção historiográfica consiste na transformação do dado, obtido pela natureza do documento, em cultura, isto é, no texto escrito (Souza, 2011). Além disso, este processo exige um conhecimento prévio do historiador sobre o contexto que permeia o documento.

Sá-Silva et al (2009) ressaltam um questionamento importante sobre as diferentes terminologias para determinar o caráter metodológico dos documentos. Existem diversos termos para designar uma pesquisa utilizando-os como fonte de pesquisa: Pesquisa documental, Método documental, Técnica documental ou Análise documental. Isto revela, por causalidade, que o trabalho com documentos é um procedimento processual, já que a estratégia adotada definirá o decurso do estudo. Isto também dependerá do objetivo da pesquisa para determinar qual o melhor tipo de análise, mas tendo sempre a matriz teórica como referência filiada pelo pesquisador. Por conta deste processo decisório do pesquisador, é preciso uma base teórica consistente, além do conhecimento do contexto histórico sobre o objeto a ser estudado (Farias Júnior, 2011).

Mogalakwe (2006) parte da visão restrita de documentos exclusivamente como um texto escrito, entretanto fornece delimitações interessantes sobre o uso destas fontes. Elas devem obedecer a quatro critérios de controle: autenticidade, credibilidade, representatividade e sentido. Assim, segundo Sá-Silva et al (2009), é preciso identificar as formas assumidas pelas ferramentas históricas utilizadas em um trabalho, bem como, a partir de cada definição, adotar procedimentos metodológicos específicos em cada uso. Outro ponto importante que as historiadoras salientam é saber reconhecer, no uso de registros escritos, o tipo de documento selecionado. Isto é, se o conjunto de dados é de fonte primária, que contém a informação de testemunha direta dos fatos, ou de fonte secundária, com informações colhidas por intermédio de terceiros.

A análise documental escrita, deste modo, segue um ritual de constantes perguntas por parte do pesquisador para situar o documento trabalhado na época na qual foi produzido. Ao questionar, por exemplo, sobre quem o produziu, onde foi feito, qual a sua forma, qual o objetivo, entre outras perguntas, pode-se inferir que o conhecimento histórico se dá pelo conjunto de técnicas que permeiam uma análise documental, e muitas vezes implicam em vários documentos, alguns primordiais e outros complementares. Entretanto, Samara e Tupy (2010, p. 144) salientam que a produção historiográfica obedece a “lógica da acumulação”, ou seja, necessita de um estudo prévio sobre a economia, a política, a cultura, entre outros grandes temas de uma determinada sociedade para uma contextualização dos problemas sugeridos pelo documento.

Em resumo, conforme exemplificado nas pesquisas apontadas no próximo tópico, o trabalho com documentos envolve um processo de seleção, classificação e compreensão, e não simplesmente a leitura do conteúdo em si. Considera-se de maneira importante também a contextualização histórica que envolvia os documentos e sua natureza. A leitura de um registro de lei, por exemplo, é diferente da leitura de uma carta pessoal.

A utilização da memória, obtida por depoimentos de pessoas que viveram no período a ser estudado também foi considerada, sendo incluída nas ferramentas de análise sobre o passado (embora com as devidas condições de investigação que uma memória pessoal deve seguir para ser ponderada como registro histórico.

Por fim, discute-se as possíveis interferências e as próprias limitações imbricadas no processo de conhecimento histórico. Cabe notar que, conforme Daft (1983) afirma, a pesquisa é algo próximo ao ofício de artesão. Barley (2006), por sua vez, indica que o domínio da escrita e da pesquisa só pode ser conseguido com dedicação e experiência. Ambos concordam que transmitir conhecimentos sobre pesquisa só leva novos investigadores até certo ponto e que, dali em diante, apenas a prática trará o aprimoramento. Embora se subscreva a esses pontos de vista, isso não reduz o valor da tentativa de transmissão de experiências a fim de a com o aprimoramento das práticas no campo. É neste espírito que, na seção subsequente, apresentam-se alguns exemplos de pesquisas com documentos.

4 O USO DE DOCUMENTOS EM PESQUISAS SOBRE INSTITUIÇÕES RELACIONADAS À GESTÃO

A partir da lógica apresentada sobre a definição de posições ontológicas e epistemológicas para o trabalho do pesquisador com documentos, apresenta-se nesta seção a análise das experiências de pesquisas com documentos realizadas para a compreensão e elaboração de narrativas de instituições de ensino e divulgação de conteúdo acadêmico. Embora cada pesquisa tenha se valido de descobertas e práticas particulares, os autores pontuam brevemente cada uma das narrativas para descrever as principais reflexões em direção a novos olhares sobre a perspectiva histórica em Ciências Sociais Aplicadas.

Na linha de pesquisas sobre a história da constituição do ensino em administração2 no Brasil, como primeiro exemplo de pesquisa com documentos de organizações, apresentam-se os passos da pesquisa documental para elaboração da tese de doutorado do coautor deste artigo. O trabalho versa sobre o estabelecimento do curso de administração da Faculdade de Ciências Econômicas (FACE) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Contava-se com o fato de, sendo a escola pública, ter preservado os documentos da época como parte de suas rotinas burocráticas. O que se verificou, entretanto, foi a importância do professor João Antônio de Paula na valorização da memória da instituição o qual contribuiu com o agrupamento e a preservação dos documentos utilizados.

Primeiramente, se conversou informalmente com o professor responsável por um livro sobre a história da Faculdade (Paula, 1991), para localizar as fontes que ele utilizou, especialmente as atas das reuniões da congregação. Houve surpresa em saber que os documentos ficavam guardados na diretoria e não na biblioteca, cujo acesso se dava de forma discricionária. Por não haver cópias dos originais a retirada dos textos era proibida. Por isso, foi utilizado o recurso de fotografia, o que obrigou a organização de arquivos digitais. Terminada a pesquisa nas atas, foram buscadas outras fontes que pudessem contribuir com a construção da história da faculdade. Em relação aos arquivos da universidade, depois de muitas informações desencontradas optou-se por excluir essa fonte, sendo apenas os documentos guardados pela FACE foram utilizados. Como complemento posterior, foram utilizados periódicos publicados pela Faculdade e pela Universidade, que tratavam da criação dos cursos, o que substituiu apenas razoavelmente a ausência dos documentos de guarda da UFMG.

Um terceiro momento, nesta pesquisa, foi a busca nos arquivos eletrônicos na internet, no banco de dados da United States Agency for International Development (USAID). Tal busca permitiu identificar que, se a Faculdade fazia parte de algum acordo, ele não havia sido patrocinado pela agência. Por fim, a essas fontes documentais foram acrescidas entrevistas feitas durante a pesquisa, com sujeitos que participaram da FACE na década de 1960 e que conviveram com os fundadores da faculdade.

Também foram utilizadas entrevistas disponibilizadas por outros pesquisadores, como documentos de memória, o que ressalta a importância de se disponibilizar entrevistas de valor histórico. A origem distinta das narrativas coletadas (atas, revistas e periódicos, relatórios e a entrevista) colocava dificuldades para se estabelecer formas unificadas de análise. Optou-se, então, pela leitura de todo o material coletado e posterior construção de uma narrativa, sem obedecer exatamente a classificações como as propostas em análises de conteúdo. Acredita-se que tal estratégia é adequada à pesquisa em história, mas que ela enfraquece a força dos dados na área de pesquisas sobre organizações.

Assim, um dos desenvolvimentos com os quais ainda se trabalha é de estabelecer formas mais estruturadas de análise dos dados de documentos históricos, de forma que as conclusões sigam mais de perto os padrões da área de estudos organizacionais.

No segundo exemplo de pesquisa, elaborado pela primeira autora e ainda seguindo a tendência de estudos de instituições de ensino, o objeto foi a ESAN, Escola Superior de Administração de Negócios. Considerada a primeira faculdade de administração de empresas do Brasil, criada em 1941, a instituição tem sua história pouco conhecida até então (Bertero, 2006). A pesquisa demonstrou que a instituição estabelecida por iniciativa do padre jesuíta Roberto Sabóia de Medeiros, teve influências indiretas e não oficiais de modelos estadunidenses, condizente com o contexto histórico do Brasil na época.

A pesquisa contou com uma dificuldade inicial de recorte histórico, já que a ESAN existiu por mais da metade do século XX (de 1941 a 2002). Foi feito um processo primário de seleção de todos os documentos acessíveis sobre a instituição para então determinar a existência de fontes suficientes para redação do trabalho. Os documentos eram compostos de texto e imagem.

Por exemplo, foram encontrados reconhecimentos legais, contratos, informativos escolares, cartas, boletins, diplomas, almanaques e documentos sobre a existência da ESAN, entre os anos de 1941 e 2002. Ao encontrar os programas de disciplinas desde a criação da escola até o seu reconhecimento oficial como instituição de ensino superior em 1961, optou-se por pesquisar o currículo da ESAN. Buscou-se analisar sua relação com acontecimentos políticos, econômicos e educacionais do período e, sobretudo, em uma época anterior à formalização da profissão do administrador.

Após o recorte histórico, outra dificuldade metodológica da pesquisa foi buscar depoimentos sobre os acontecimentos nos primeiros anos da ESAN. Além de não conseguir contato com pessoas influentes nesse período, poucos tinham conhecimento sobre a formação dos currículos na grade de disciplinas. Assim, o trabalho com a memória nesta pesquisa também foi utilizada como fonte complementar aos documentos escritos. As entrevistas contribuíram principalmente para auxiliar na compreensão da posição da ESAN frente à sociedade paulista nos diferentes períodos, da importância da figura de Pe. Sabóia para a instituição e das características gerais dos cursos como, por exemplo, sobre os professores e alunos que frequentavam a escola.

Outra experiência recente que utilizou recursos dos documentos históricos para o seu desenvolvimento foi o estudo sobre o Programa Nacional de Treinamento de Executivos (PNTE), em uma pesquisa realizada por ambos os autores. O PNTE contribuiu com a disseminação da pós-graduação em Administração, sendo também uma pesquisa de contribuição à investigação do desenvolvimento da administração como ensino no Brasil. Com foco na década de 1960 e 1970, a pesquisa pretendeu investigar como o contexto intelectual e ideológico dos anos 1960 e 1970 contribuíram para o desenvolvimento de programas de pós-graduação na área.

Metodologicamente, a pesquisa considerou os documentos históricos como a fonte principal para a construção de uma narrativa sobre o PNTE. No escopo da pesquisa, os pesquisadores consideraram procurar documentos diretamente nas instituições que participaram do acordo, como o Centro Brasileiro de Assistência Gerencial à Pequena e Média Empresa (CEBRAE), que ficou responsável pelo PNTE após 1976; em órgãos do governo federal e em arquivos da FGV-EAESP, que mobilizou grande parte dos professores para a constituição do PNTE. Os diversos contatos retornaram informações desencontradas e poucos documentos. Assim os pesquisadores concentraram-se na pesquisa por arquivos guardados na própria FGV-EAESP.

Foram encontrados, em sua grande maioria, Atas de Reunião do Conselho de Administração da EAESP, que em seu conteúdo revelaram os objetivos, as dificuldades e os conflitos gerados para a implantação dos objetivos do PNTE na instituição. Foi necessário cruzamento de dados e uma análise crítica das informações, a fim de minimizar os riscos de apenas reproduzir a opinião dos envolvidos. Recorrer ao auxílio da memória, ao entrevistar personagens ativos na implantação do programa na época foi necessário, permitindo acesso a mais informações, a interpretações sobre o conteúdo dos documentos escritos e o que eles deixam de fora, ou mesmo para o norteamento de busca de novos documentos com informações mais precisas.

5 O CONHECIMENTO CONTÁBIL A PARTIR DA ANÁLISE DE DOCUMENTOS

As análises dos documentos coletados revelaram as várias dimensões envolvidas no processo de constituição das organizações de ensino analisadas. Essa discussão, dialoga com o trabalho de Peleias et al. (2007) sobre a importância da dimensão histórica para se compreender a evolução do ensino e das práticas contábeis no Brasil.

Neste sentido, ressalta-se a importância da compreensão do contexto histórico a fim de que as contribuições das pesquisas extrapolem a descoberta e possam também refletir para além delas. Desta forma, o recurso histórico mostra-se útil para a investigação não apenas dos acontecimentos passados em um contexto cronológico, mas também para a compreensão do processo envolvendo a realidade de uma época e seus respectivos recursos e condições disponíveis. Um exemplo do uso de documentos específicos para a construção de uma narrativa abrangente é o texto de Guinzburg ([1976] 1989), no qual analisa características socioculturais europeias do século XVI, a partir das atas do julgamento de um moleiro pela Inquisição.

O que se aborda sobre contextualização de documentos pode ser exemplificado nas conclusões obtidas por Lopes e Hanley (2014, p. 363). As autoras descrevem que “os orçamentos publicados não devem ser utilizados sem a compreensão de que eles descrevem um cenário altamente impreciso das finanças públicas municipais oitocentistas”. Após a discordância encontrada nos resultados de análise dos documentos, demonstram, por consequência, que esta natureza de documentação não é a mais adequada para estudos contábeis sobre o período.

Outro exemplo de contextualização de documentos é o trabalho de Silva (2014). Nele, a análise documental sobre a prática da contabilidade na época da escravatura brasileira é precedida de uma explanação sobre o contexto político, econômico e sobretudo social para a compreensão dos documentos coletados de acordo com os atores e com os valores estudados.

A partir destes exemplos, é esclarecido o que os autores reiteram como a importância da contextualização de fontes nas pesquisas históricas em Ciências Sociais Aplicadas. A contextualização não se define unicamente no estudo sobre as particularidades históricas do período envolvido, mas também no esforço do pesquisador em compreender o processo, a interação e o ambiente institucional que um determinado documento representa, e isto independentemente do posicionamento teórico adotado. Conforme Parker (1999, p. 18, grifo nosso):

as instituições e técnicas de gestão contábil, conceitos, processos são o que o passado, contemporaneamente reinterpretado e transformado, os criou; o contexto é crucial para a nossa compreensão dos costumes e atitudes sociais do período em estudo, ajudando a nossa compreensão de como as pessoas do período percebiam seu mundo e, portanto, iluminam a compreensão do porquê da tomada de decisões e do comportamento da maneira que fizeram.

Ao considerar a contabilidade como uma ciência social, preocupada com o arranjo sistemático dos fenômenos sociais (Gaffkin, 2008, p. 239), os documentos podem estar inseridos num posicionamento alternativo à perspectiva empirista-objetivista dos principais pesquisadores contábeis, considerada tradicional na área. A escolha e o uso de documentos a partir da contextualização de fontes, em conformidade com o posicionamento do pesquisador, contribuem como ferramentas de análise para consciência e compreensão de teorias sociais que utilizem de abordagens políticas ou culturais.

De forma geral, as pesquisas com documentos buscaram a diversidade documental e a utilização de diversas fontes, bem como o conhecimento do contexto histórico a fim de fortalecer interpretações, independentemente da área de conhecimento enfatizada. Percebe-se também, a partir das experiências relatadas, que a construção de narrativas a partir de documentos históricos é dependente dos diferentes elementos que compõem a realidade do fato estudado e da situação presente do pesquisador, não sendo, portanto, um processo unidirecional. Ademais, as experiências mostram que ainda é importante que pesquisadores e as próprias instituições valorizem a guarda de documentos e a construção de arquivos (Coraiola, 2012; Costa & Saraiva, 2011), visando não apenas facilitar, mas contribuir com a própria criação das histórias dos eventos estudados ao investigar todos os processos e elementos constituintes deste passado.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pelas discussões teóricas aqui abordadas, a proposta de Weatherbee (2012) pode ser levada adiante. Não se trata apenas da conscientização de que o passado não pode ser trazido de volta, mas garantir que a história contada é construída a partir de fontes confiáveis. Assim, a história pode ser considerada uma narrativa, mas não precisa deixar de ser calcada em fontes e, nesse sentido, objetiva. Esta proposição está diretamente ligada com a afirmação por parte do pesquisador do seu próprio posicionamento teórico, o qual independentemente da natureza adotada, se propõe para a valorização da própria história (Gaffkin, 2011).

Embora se possa afirmar que desde então este uso está mais comum, com número crescente de produções em diferentes temas das Ciências Sociais Aplicadas, ainda não se pode dizer que a utilização de documentos está disseminada. Evidenciam-se questionamentos sobre a pesquisa documental para a área de contabilidade há décadas (Parker, 1999), porém a real contribuição sobre o uso e escolha de fontes históricas para estudos na área parece ainda carecer de abordagens, sobretudo para alternativas ao tradicionalismo em pesquisas contábeis. Neste sentido, espera-se que este trabalho contribua para a disseminação deste tipo de abordagem, especialmente para o estudo sobre organizações, para compreensão de processos políticos e culturais.

O método documental, expressão escolhida neste trabalho para designar a pesquisa com o uso de documentos históricos, mostra-se de acordo com a posição adotada pelo pesquisador. Sua combinação com outros tipos de metodologias pela triangulação pode fortalecer os argumentos das pesquisas. Entretanto, conforme Coraiola et al. (2014), é importante reconhecer que pesquisadores podem ter diferentes suposições sobre a natureza do conhecimento histórico. As diferentes formas de abordagem histórica têm impacto sobre a forma como a história é pesquisada, compreendida e apresentada (Coraiola et al, 2014). Essa diversidade, ontológica e epistemológica, faz com que seja importante refletir sobre a abordagem histórica em estudos sobre organizações em administração ou contabilidade.

A narrativa histórica foi apresentada nas experiências relatadas como uma das possibilidades e alternativa à descrição linear da historiografia. Argumenta-se, a partir disso, que a história pode ser entendida como o resultado de um processo dedutivo que constrói uma narrativa sobre o passado com base em um conjunto de perguntas dirigidas às fontes. Esta abordagem foi exemplificada nas pesquisas citadas na última seção deste trabalho, demonstrando a história das instituições de ensino pesquisadas como uma das possíveis diante da oferta de documentos históricos disponíveis. A forma de apresentação e o tipo destes documentos foram considerados, respeitando as limitações bem como as potencialidades do trabalho com o documento.

Acredita-se, contudo, que outras organizações e outros documentos, como os contábeis, jornais, arquivos pessoais, dentre outros, permitiriam contar novas histórias e ensejariam outras reflexões sobre o uso de documentos e as dificuldades que trazem. É importante extrapolar as pesquisas que foram apresentadas aqui e buscar contribuir com a construção de um corpo de conhecimentos que reflita também sobre a realidade de outras organizações, como as empresas privadas, as organizações da sociedade civil e outras que fazem parte das dinâmicas sociais. Acredita- se que este texto contribui com o debate ao ensejar o uso mais reflexivo de documentos e que, ao apresentar exemplos de trabalhos, pode colaborar com outros pesquisadores.

Material suplementar
REFERÊNCIAS
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Notas
Notas
1 Movimento reconhecido como a terceira fase da Escola dos Annales, cujo principal intelectual expoente foi o historiador Jacques Le Goff.
Notas
2 Embora o intuito do artigo seja a discussão do uso metodológico com documentos envolvendo a área de Ciências Sociais Aplicadas como um todo, os estudos sobre a formação do conhecimento administrativo mostram-se importantes, sobretudo pela natureza da administração estar associada com áreas sociais correlatas, como Economia, Contabilidade e Sociologia.
Autor notes

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