Artigos
Recepción: 26 Abril 2024
Aprobación: 31 Julio 2024
DOI: https://doi.org/10.14210/tva.v27.20269
Resumo:
Objetivo - Esta pesquisa teve como objetivo decifrar as escolhas e motivações dos turistas na Ilha do Marajó/PA, visando a promover o turismo sustentável.
Desenho/metodologia/abordagem - Utilizando uma abordagem quali-quantitativa, foram conduzidas entrevistas semiestruturadas que identificaram quatro grupos distintos de turistas. A pesquisa coletou dados sobre as motivações e comportamentos dos turistas para entender suas preferências e influências.
Resultados - Os resultados revelaram que 63,5% dos participantes buscam uma participação ativa e imersiva na Ilha do Marajó (Cluster D). Para 70,7% dos participantes, a decisão de visitar a Ilha do Marajó foi motivada pela percepção de suas características sustentáveis. No entanto, a falta de estrutura pública foi a principal dificuldade apontada, indicando a necessidade de melhorias nas infraestruturas para apoiar o turismo sustentável.
Limitações/implicações da pesquisa - A pesquisa está limitada à amostra de turistas entrevistados na Ilha do Marajó, o que pode não representar todas as percepções e motivações de turistas em diferentes contextos ou épocas do ano.
Implicações práticas - Sugere-se que entes públicos, em colaboração com o setor privado, considerem esses resultados e implementem ações práticas para aprimorar as infraestruturas, proporcionando experiências mais enriquecedoras aos turistas e apoiando iniciativas para o turismo sustentável na Ilha do Marajó.
Originalidade/valor - Este estudo oferece insights valiosos sobre o comportamento e motivações dos turistas na Ilha do Marajó, destacando a importância da sustentabilidade no desenvolvimento turístico. A pesquisa contribui para o entendimento de como as percepções de sustentabilidade influenciam as escolhas dos turistas e sugere caminhos para melhorar a infraestrutura local de maneira a apoiar o turismo sustentável.
Palavras-chave: turismo sustentável, motivações turísticas, experiências turísticas, Ilha do Marajó.
Abstract:
Objective - This research aimed to decipher the choices and motivations of tourists to Marajó Island/Paraná, with the goal of promoting sustainable tourism.
Design/methodology/approach - Using a mixed qualitative and quantitative approach, semi-structured interviews were conducted to identify four distinct groups of tourists. The research collected data on tourists' motivations and behaviors, in order to understand their preferences and influences.
Findings - The results revealed that 63.5% of the participants seek active and immersive participation during their stay on Marajó Island (Cluster D). For 70.7% of the participants, the decision to visit Marajó Island was motivated by the perception of its sustainable characteristics. However, one of the main difficulties pointed out was the lack of public infrastructure, indicating a need for infrastructure improvements to support sustainable tourism.
Research limitations/implications - The research is limited to the sample of tourists interviewed on Marajó Island, and may not represent all the perceptions and motivations of tourists in different contexts or at times of the year.
Practical implications - It is suggested that public entities, in collaboration with the private sector, consider these results and implement practical actions to improve the infrastructure, providing more enriching experiences for tourists and supporting sustainable tourism initiatives on Marajó Island.
Originality/value - This study offers valuable insights into the behavior and motivations of tourists to Marajó Island, highlighting the importance of sustainability in tourism development. The research contributes to understanding how perceptions of sustainability influence tourists' choices, and suggests ways to improve the local infrastructure to support sustainable tourism.
Keywords: sustainable tourism, tourist motivations, tourist experiences, Marajó Island.
Resumen:
Objetivo - Esta investigación tuvo como objetivo descifrar las elecciones y motivaciones de los turistas en la Isla de Marajó/PA, con el objetivo de promover el turismo sostenible.
Diseño/metodología/enfoque - Utilizando un enfoque cuali-cuantitativo, se realizaron entrevistas semiestructuradas que identificaron cuatro grupos distintos de turistas. La investigación recopiló datos sobre las motivaciones y comportamientos de los turistas para entender sus preferencias e influencias.
Resultados - Los resultados revelaron que el 63,5% de los participantes buscan una participación activa e inmersiva en la Isla de Marajó (Cluster D). Para el 70,7% de los participantes, la decisión de visitar la Isla de Marajó fue motivada por la percepción de sus características sostenibles. Sin embargo, la falta de infraestructura pública fue la principal dificultad señalada, indicando la necesidad de mejoras en las infraestructuras para apoyar el turismo sostenible.
Limitaciones/implicaciones de la investigación - La investigación está limitada a la muestra de turistas entrevistados en la Isla de Marajó, lo que puede no representar todas las percepciones y motivaciones de los turistas en diferentes contextos o épocas del año.
Implicaciones prácticas - Se sugiere que las entidades públicas, en colaboración con el sector privado, consideren estos resultados e implementen acciones prácticas para mejorar las infraestructuras, proporcionando así experiencias más enriquecedoras a los turistas y apoyando iniciativas para el turismo sostenible en la Isla de Marajó.
Originalidad/valor - Este estudio ofrece valiosos conocimientos sobre el comportamiento y las motivaciones de los turistas en la Isla de Marajó, destacando la importancia de la sostenibilidad en el desarrollo turístico. La investigación contribuye a comprender cómo las percepciones de sostenibilidad influyen en las elecciones de los turistas y sugiere formas de mejorar la infraestructura local para apoyar el turismo sostenible.
Palabras clave: turismo sostenible, motivaciones turísticas, experiencias turísticas, Isla de Marajó.
INTRODUÇÃO
Destacando-se como a vitrine turística da Região Norte do Brasil, o estado do Pará exibe expressivas manifestações culturais e gastronômicas que delineiam a coexistência entre a imponente floresta Amazônica, seus habitantes e o meio urbano. Esses elementos convergem para posicionar a atividade turística como um potencial econômico, ao mesmo tempo em que suscita debates sobre a preservação cultural da Amazônia e o uso sustentável de seus recursos naturais.
O escopo deste artigo visa a identificar as escolhas e motivações dos turistas na Ilha do Marajó, com foco no turismo sustentável. Essa investigação se ancora nas dimensões educação/aprendizagem, evasão/evasiva, estética/contemplação e entretenimento, seguindo o modelo teórico proposto na Economia da Experiência por Pine e Gilmore (1999). A metodologia adotada foi exploratória, com abordagem analítica, conduzida com 41 participantes nos municípios de Soure e Salvaterra, na Ilha de Marajó, em novembro de 2022.
Anteriormente conhecida como Marinatambal, a Ilha de Marajó ocupa uma área continental de 54,5 mil km² e um conjunto de ilhas de 49,6 mil km² (Brasil, 2007). Reconhecida como a maior ilha fluviomarítima do planeta e a maior ilha costeira do Brasil, o Arquipélago do Marajó é banhado por águas fluviais a oeste e noroeste, pelo rio Amazonas, ao norte e nordeste pelo oceano Atlântico, e ao leste, sudeste e sul pelo rio Pará.
A base teórica desta pesquisa abrangeu análises sobre as motivações turísticas, o turismo sustentável e as experiências turísticas, visando a compreender os fatores que influenciam o comportamento em prol do turismo sustentável. Na discussão dos resultados, delineiam-se em quatro clusters os perfis sociodemográficos dos turistas, suas motivações, as fontes que os conduziram à escolha da Ilha do Marajó, a correlação entre as informações essenciais e, por fim, as conclusões acompanhadas de recomendações, considerando a essência da economia da experiência proposta por Pine e Gilmore (1999).
REVISÃO TEÓRICA
A revisão teórica desempenha um papel fundamental como base estrutural para o desenvolvimento do trabalho, orientando a metodologia, bem como a análise e conclusões subsequentes. Nesse sentido, os temas abordados neste estudo se concentraram, no primeiro tópico, em motivações turísticas e turismo sustentável, enquanto no segundo abordou-se a experiência turística. Todas essas temáticas convergem para o cerne da problemática do trabalho, que visa a compreender as escolhas e motivações dos turistas na Ilha do Marajó/PA, com foco no turismo sustentável.
Motivações Turísticas e Turismo Sustentável
O turismo, responsável por 34,6 milhões de empregos globalmente (WTTC, 2022), é frequentemente associado à escapada da rotina. A motivação, um processo dinâmico que leva indivíduos a agir para satisfazer suas necessidades, pode incluir a busca por destinos naturais com atividades autênticas e interações com comunidades locais.
Nesse cenário, o turismo sustentável surge como uma temática complexa, abordando estudos e debates que visam a preservar características físicas, biológicas, paisagísticas e dinâmicas naturais. Surge a reflexão sobre se as motivações dos turistas contribuem positiva ou ameaçadoramente para os destinos.
A motivação turística na escolha de um destino é central para compreender o comportamento turístico (Mody, Day, Sidnor, Jaffe, & Lehto, 2014; Mody, Suess, & Lehto, 2020). O modelo dos fatores push e pull, explorado por diversos autores (Crompton, 1979; Dann, 1981; Kim, Lee, & Klenosky, 2003; Kassean & Gassita, 2013; Zhang & Peng, 2014; Dolinting, Yusof, & Soon, 2015), considera a motivação turística como derivada dos conceitos de anomia e exaltação do ego, onde fatores push estão ligados a necessidades internas e fatores pull a atrações externas do destino.
O modelo push-pull, proposto por John Dann (1981), é uma estrutura conceitual que visa entender os fatores que influenciam as decisões dos turistas na escolha de destinos turísticos. Essa abordagem é útil para analisar as motivações que “empurram” os turistas de seus locais de origem (push factors) e as atrações que “puxam” os turistas para os destinos desejados (pull factors). O modelo busca explicar como esses fatores interagem e influenciam o comportamento do turista.
O turismo sustentável, conforme definido pela OMT (2003), visa a maximizar benefícios econômicos, sociais e ambientais, preservando o ambiente do destino e promovendo a qualidade de vida local. Beni (2001) destaca a importância de atender não apenas às necessidades dos turistas, mas também das comunidades locais e futuras gerações.
A Ilha de Marajó/PA, inserida em uma Área de Preservação Ambiental (APA), enfrenta desafios significativos, incluindo desigualdades e problemas socioeconômicos. A atividade turística em Unidades de Conservação, como a APA do Marajó, impacta tanto positiva quanto negativamente a comunidade local e o meio ambiente.
O turismo sustentável, conforme apresentado pelo Ministério do Turismo (Brasil, 2016), deve satisfazer às necessidades dos turistas, da indústria turística e das comunidades locais sem comprometer as futuras gerações. A Amazônia, rica em recursos, enfrenta desafios e oportunidades no desenvolvimento do turismo sustentável.
O Conselho Brasileiro para o Turismo Sustentável (CBTS) estabelece princípios norteadores para validar o turismo sustentável, incluindo o respeito à legislação, garantia dos direitos das populações locais, conservação ambiental, preservação cultural, estímulo ao desenvolvimento social e econômico, garantia de qualidade e planejamento responsável (OMT, 2003; UNWTO, 2020).
A aplicação prática do turismo sustentável enfrenta desafios, exigindo a reinvenção da atividade turística para atender às necessidades dos novos perfis de consumidores (Gössling et al., 2021). O desenvolvimento sustentável, na perspectiva de Sachs (2002), requer uma abordagem contínua que considere dimensões sociais, econômicas, ecológicas e culturais.
Instrumentos de monitoramento são necessários para mensurar o desenvolvimento local sustentável, garantindo a criação de riqueza e bem-estar da população (Dolnicar & Grün, 2020). O caminho para a sustentabilidade no planejamento turístico deve ser um processo contínuo de construção, mesmo em pequena escala.
Experiência Turística
O conceito de experiência é intrinsecamente complexo e influenciado por diversas variáveis, não se limitando a uma única teoria. Esse campo de investigação revela-se rico, incorporando perspectivas da Antropologia (Selstad, 2007), Sociologia (Cohen, 2001; 2020), Psicologia (Larsen, 2007; Moscardo, 2009; 2020), Geografia (Li, 2000; 2020), entre outros domínios.
Schmitt (2003) delimita a experiência turística em cinco dimensões: sensorial (experimentar), afetiva (sentimento), cognitiva/criativa (pensamento), física (agir) e identidade social (relacionar). Quan e Wang (2020) propõem duas dimensões na experiência turística: relacionadas aos atrativos e à experiência de consumo de apoio, sendo a qualidade total da experiência turística a resultante dessas duas dimensões.
Ooi (2005) identifica seis abordagens sobre a temática da experiência turística. A primeira abordagem concentra-se na psicologia cognitiva, destacando o processo construtivo ou reconstrutivo no indivíduo (Larsen, 2007; 2021). A segunda abordagem relaciona-se às experiências positivas numa perspectiva antropológica (Selstad, 2007), vinculada à busca individual de autorrealização.
A terceira abordagem refere-se ao envolvimento experiencial, associado, por exemplo, à redução do estresse (Walker et al., 1998; 2020). A quarta abordagem abrange a fenomenologia da experiência, proposta por uma perspectiva geográfica (Li, 2000; 2020). Na quinta abordagem, inclui-se o trabalho de Urry (1996), e Urry e Larsen (2011), que destaca a natureza visual da experiência, como a paisagem de um destino.
Por fim, a sexta abordagem remete à economia da experiência, onde, numa perspectiva econômica, os turistas buscam experiências únicas, além do uso de produtos e serviços (Pine & Gilmore, 1999; 2019). Considerando a experiência como o envolvimento do cliente – nesse caso, o turista – Pine e Gilmore (1999; 2019) apresentam os estágios de estruturação da experiência em dois grandes eixos, os quais, ao se cruzarem, criam quatro campos de análise (dimensões): entretenimento, educação, estética e evasão, conforme mostrado na Figura 1.

O eixo horizontal representa o nível de participação do cliente, podendo variar entre passivo e ativo, enquanto o eixo vertical indica o tipo de relação que une os clientes, podendo ser de absorção ou imersão. Esse último refere-se à conexão ambiental que liga os clientes ao evento ou manifestação cultural.
O modelo 4Es é uma ferramenta valiosa para gestores de destinos e stakeholders locais atraírem turistas desse segmento, tornando a estratégia de planejamento e gestão mais eficiente. Conforme preconizado por Pine e Gilmore (1999; 2019), superar as expectativas do turista não está na criação ou inovação de produtos, mas sim em surpreendê-lo com produtos e serviços existentes no destino, adaptados para consumo por um nicho diferente.
O turismo, sendo um produto intangível e subjetivo, oferece resultados diversos influenciados pelas memórias e interesses do consumidor. Pine e Gilmore (1999; 2019) identificam quatro campos de experiência: entretenimento, educação, estética e evasão. Na dimensão do entretenimento, os turistas absorvem passivamente as experiências por meio dos sentidos, como assistir a manifestações culturais, ouvir música ou ler por prazer. No entanto, os autores ressaltam que, à medida que a economia da experiência avança, as pessoas buscam experiências mais incomuns.
Na dimensão da educação, o turista absorve a experiência de maneira participativa/interativa, pois as experiências educacionais envolvem ativamente a mente e/ou o corpo para informar e aumentar o conhecimento do turista. Em contrapartida, as experiências de evasão exigem uma imersão mais profunda do que as de entretenimento e educação. Nessa dimensão, o turista está completamente imerso e envolvido, viajando para algum lugar além de apenas embarcar.
Finalmente, na dimensão estética, o turista mergulha em um evento ou ambiente que tem pouco ou nenhum efeito sobre ele, deixando o ambiente essencialmente intocado. Pine e Gilmore (1999; 2019) destacam que enquanto turistas que participam de uma experiência educacional podem querer aprender para obter uma experiência evasiva, turistas que buscam uma experiência de entretenimento podem querer sentir, e aqueles que participam de experiências estéticas só desejam estar presentes no momento.
METODOLOGIA
A pesquisa teve início com uma investigação exploratória abrangendo os temas de motivações turísticas, turismo sustentável e experiências turísticas. A metodologia empregada foi do tipo exploratória com enfoque analítico, conduzindo entrevistas com 41 participantes na Ilha de Marajó, nos municípios de Soure e Salvaterra, em novembro de 2022.
A escolha da Área de Proteção Ambiental (APA) Ilha do Marajó (Figura 2), para a pesquisa de campo foi motivada pela associação entre o turismo sustentável e as Unidades de Conservação (UC) de uso sustentável. Conforme estabelecido pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação, essas áreas permitem a exploração do ambiente de maneira a garantir a perenidade dos recursos ambientais renováveis e dos processos ecológicos, sendo representadas pelas Áreas de Proteção Ambiental (APAs) (Brasil, 2000).
Para a coleta de dados qualitativos, foram realizadas entrevistas semiestruturadas, compostas por perguntas abertas e fechadas, permitindo que os participantes complementassem, justificassem ou expressassem mais amplamente suas posições em relação aos temas do estudo.
A seleção dos participantes ocorreu de forma intencional, visando a entender o problema e a questão da pesquisa. Foram observados quatro aspectos: o local (Área de Proteção Ambiental – APA Ilha do Marajó), os atores (turistas), os eventos (motivações turísticas, turismo sustentável e experiências turísticas) e o processo (a natureza dos eventos realizados pelos entrevistados) (Creswell, 2010).
A técnica de face-to-face foi utilizada para as entrevistas, sendo considerada por Freixo (2006) uma forma eficaz de comunicação interpessoal, envolvendo tanto a comunicação verbal quanto não verbal. Freixo (2006) destaca que a técnica de face-to-face se refere a uma abordagem de comunicação ou interação em que as pessoas envolvidas estão fisicamente presentes – uma na presença da outra –, permitindo uma comunicação direta e imediata. Essa forma de interação é caracterizada pela proximidade física entre os participantes, possibilitando a observação de expressões faciais, linguagem corporal e outros sinais não verbais que complementam a comunicação verbal.
O roteiro da entrevista abordou dimensões como perfil sociodemográfico, características da viagem, escolha e motivação da viagem, tipos de experiência turística e percepção sobre turismo sustentável. Após a coleta de dados, estes foram apurados, tabulados, classificados e resumidos, facilitando tanto a descrição e análise temática dos textos (abordagem qualitativa) quanto a análise numérica descritiva e inferencial dos dados (abordagem quantitativa).
Diante da impossibilidade de compilar uma lista completa da população da pesquisa, optou-se pela abordagem por cluster, conforme sugere Creswell (2010). Identificaram-se inicialmente os clusters (agrupamentos de turistas) com base na experiência de visita à Ilha do Marajó, para, então, obter as classificações de cada cluster e o grupo de turistas associado. Esse método permitiu a obtenção de amostras dentro de cada cluster (Babbie, 2007; Creswell, 2010).
No primeiro momento, será aprofundado o entendimento das motivações turísticas, focalizando-se no modelo push & pull (Dann, 1981), e, em seguida, estabeleceremos conexões com o conceito de turismo sustentável. Quanto ao segundo momento, este será dedicado à exploração do conceito de experiência turística, valendo-se das contribuições de renomados autores na área, com ênfase no modelo de economia da experiência proposto por Pine e Gilmore (1999), conhecido como os 4Es (educação, evasão, estética e entretenimento).
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Perfil da amostra
Com o propósito de estabelecer um perfil sociodemográfico de um determinado número de turistas que visitam a Ilha do Marajó/PA e, dessa forma, elaborar uma abordagem que considere a dinâmica e as particularidades desse segmento da população analisada, foram coletadas informações abrangentes, como gênero, estado civil, faixa etária, nível de escolaridade, nacionalidade, região de residência e faixa de renda mensal. Esses dados estão detalhados na Tabela 1, a seguir.

Conforme os dados apresentados na Tabela 1, no que diz respeito ao critério de gênero, observa-se uma predominância de turistas do sexo masculino, representando 53,7% dos entrevistados. Esse dado ganha relevância ao considerarmos que, somente em 2021, a região da Ilha do Marajó/PA recebeu 34 mil turistas (SEGUP-PA, 2022). Em relação ao estado civil, a maioria dos entrevistados (56,1%) é composta por indivíduos solteiros, sendo originários em sua maioria da região Norte do Brasil (70% dos participantes). É saliente mencionar que, de acordo com o Boletim Turismo Paraense de 2022 (Fapespa, 2022, p. 15), dos 84% dos brasileiros que residem na Região Norte, a maioria que visita o Estado do Pará é proveniente da própria região Norte.
Os turistas que frequentam a Ilha do Marajó/PA apresentam uma média de idade situada entre 28 e 34 anos, com uma renda individual mensal variando entre R$ 4.800,00 e R$ 10.000,00. Considerando o salário-mínimo nacional de R$ 1.212,00 em 2022, a maioria dos turistas que visita a Ilha do Marajó/PA é classificada como pertencente à Classe C, com rendimentos entre quatro e dez salários-mínimos, o que corresponde à metade da população brasileira (Ibge, 2022).
De maneira coerente, o conhecimento de que a maioria dos turistas pertence à Classe C aponta para o potencial impacto significativo do turismo na economia local. Essa constatação sugere que a Ilha do Marajó/PA é financeiramente acessível a uma parcela considerável da população brasileira. Esse entendimento oferece oportunidades, permitindo a formulação de pacotes turísticos acessíveis, a criação de atividades culturais e experiências que atendam às preferências e orçamentos desse grupo específico.
Além disso, essa informação motiva a implementação de iniciativas voltadas para a inclusão social, como programas de capacitação e empregabilidade destinados à população local. A compreensão do perfil econômico dos visitantes também orienta o desenvolvimento de atrações e serviços específicos, proporcionando uma experiência mais personalizada para esse público.
No contexto do turismo sustentável, a análise da distribuição de renda dos turistas torna-se crucial. Ela serve como base para o desenvolvimento de estratégias que promovam não apenas o crescimento econômico, mas também a inclusão social e a preservação ambiental na Ilha do Marajó/PA.
Importante notar que os participantes da pesquisa possuem, em sua maioria, ensino médio completo (36,6%), e 56,1% dos entrevistados têm nível superior, representando um elevado grau de instrução por parte de dois terços dos respondentes. Este dado abre espaço para futuras pesquisas que explorem a correlação entre nível de escolaridade, práticas sustentáveis e a experiência turística.
Em um estudo que buscava analisar a possível relação entre experiências turísticas memoráveis e práticas sustentáveis, Madruga, Garlet e Grellmann (2019) concluíram que não há diferença significativa entre práticas sustentáveis e experiências turísticas, apenas reforçando que, quanto maior o grau de escolaridade, maior a busca por viagens que transcendem o mero deslocamento geográfico, abrangendo aspectos culturais e sociais (Madruga, Garlet, & Grellmann, 2019).
Características da Viagem
Para entender os padrões e incentivos dos turistas na amostra durante sua visita à Ilha do Marajó/PA, foram adotados critérios como a frequência com que costumam viajar, os companheiros de viagem, a duração da estadia na ilha, o orçamento previsto para a viagem, as motivações, a visita a outros destinos semelhantes à Ilha do Marajó e a influência de características sustentáveis na escolha dos destinos, conforme ilustrado na Tabela 2.

Ao serem indagados sobre os companheiros de viagem, a maior parte dos participantes indicou que realizou a jornada para o Arquipélago do Marajó acompanhada de amigos (29,3%), seguido por parentes (24,4%), em casal (22%) e sozinho (17,1%). Menezes (2010) destaca a significativa influência de grupos de referência, como amigos, família, papel social e status, na tomada de decisão do cliente, neste caso, do turista.
Conforme evidenciado na Tabela 2, as despesas no destino oscilam entre R$ 1.000,00 e R$ 2.000,00 (32%), e a duração da estadia varia de 3 a 5 dias (43,9%), reiterando que o Pará está acima da média nacional entre os estados brasileiros com maior número de pernoites (Fapespa, 2022). No entanto, apesar de figurar entre os dez estados brasileiros que recebem mais visitantes nacionais, o gasto médio com pernoite no Pará está abaixo da média nacional, conforme dados do Boletim do Turismo 2022 no Pará (Fapespa, 2022).
Essa discrepância sugere a necessidade de estratégias para maximizar o valor agregado das estadias, promovendo não apenas a quantidade, mas também a qualidade das experiências turísticas na região. Medidas que visem à diversificação de opções, ao incentivo a gastos adicionais e à valorização de produtos e serviços locais podem contribuir para otimizar o impacto econômico do turismo na Ilha do Marajó/PA.
Além disso, a maioria dos participantes da pesquisa tem o hábito de viajar várias vezes por ano (56,1%), e a maior parte dos entrevistados (95,1%) declarou procurar por outros destinos semelhantes à Ilha do Marajó ao planejar uma viagem. Diante disso, é possível afirmar que, antes da escolha de um destino, existem motivações por parte do viajante em sua decisão, denominadas motivações turísticas, que estão relacionadas a fatores push (desejos e necessidades internas do indivíduo) e fatores pull (características que o atraem ao destino) (Crompton, 1979; Dann, 1981; Kim, Lee, & Klenosky, 2003; Kassean & Gassita, 2013; Zhang & Peng, 2014; Dolinting, Yusof, & Soon, 2015).
No estudo, as principais motivações (fator push) foram: desejo de explorar e conhecer mais sobre outras culturas e as pessoas que vivem no destino (43,9%); visitar parentes e amigos (17,1%); relaxamento do corpo e da mente, saúde, esportes e lazer (14,6%) e desejo de fazer novas amizades (9,8%). Ao indagar sobre o que atrai (fator pull) à Ilha do Marajó, foi possível validar o perfil da demanda turística dos turistas que buscam se integrar à comunidade por meio de experiências nas praias (36%), eventos (14%), como o Círio, na imersão na bubalinocultura marajoara (26,7%), culinária (8%) e artesanato (13,3%).
Os dados refletem a demanda potencial atual local e regional para os segmentos de sol e praia e cultural, corroborando com os resultados do Boletim do Turismo 2022 (Fapespa, 2022), que destaca as principais motivações de viagens no Pará em 2021: sol e praia (49%) e cultura e gastronomia (16%). Por fim, entre os entrevistados, 70,7% dos respondentes afirmaram escolher os atrativos turísticos na Ilha do Marajó por apresentarem características sustentáveis.
Experiências na Ilha do Marajó
Hamoy (2018) destaca que o turismo “emerge como uma estratégia para aliviar as tensões geradas pelo cotidiano de trabalho e vida urbana, proporcionando novas experiências e conhecimentos” (Hamoy, 2018, p. 59). Figueiredo e Nóbrega (2015) definem o turismo não apenas como deslocamento, mas também pelas experiências produzidas e viabilizadas por esse deslocamento, no tempo e no espaço.
Ao observarmos o Gráfico 1, entre os entrevistados, 63,5% dos turistas buscam experiências relacionadas à natureza (41,5%) e à cultura (22%). Conforme a pesquisa conduzida pela Paratur (2009), as políticas públicas voltadas para a atividade turística, alinhadas com as demandas do mercado, consideram a segmentação do turismo rural e cultural como alternativas econômicas que contribuem para o desenvolvimento da Ilha do Marajó/PA.
Esse dado está em sintonia com os resultados de outra pesquisa realizada pela Paratur (2009), que identificou o perfil do turista que visita a Ilha do Marajó como aqueles que “valorizam a proximidade com a natureza, a tranquilidade, a harmonia espiritual e mental. Esses turistas buscam equilíbrio, lazer e relaxamento” (Paratur, 2009, p. 32).

Ao analisarmos as características predominantes dos clusters identificados no alinhamento sequencial, conforme destacado no Quadro 1, mais adiante, torna-se possível discernir o perfil da demanda turística. Alinhado às dimensões da economia da experiência delineadas por Pine e Gilmore (1999), a experiência na Ilha do Marajó, geralmente, ocorre de maneira evasiva, envolvendo participação ativa e a imersão no ambiente onde a atividade é realizada.
Com o intuito de aprofundar a compreensão dos segmentos de turistas e seus respectivos tamanhos, foram estabelecidos quatro clusters com base nas experiências que possibilitam, segundo a teoria de Pine e Gilmore (1999), a aquisição de conhecimento em relação à oferta e à demanda.
Cluster A – Experiência de entretenimento
Esses turistas representam 19,5% da amostra e têm preferência por atividades mais passivas, caracterizadas pela absorção do atrativo turístico. Demonstram interesse em assistir a manifestações culturais, eventos e desfrutar de praias de maneira mais contemplativa. Apresentam uma média de idade de 36 anos, possuem formação superior e uma renda individual mensal média de R$ 4.400,00. Suas viagens costumam ultrapassar cinco dias, sendo, geralmente, acompanhados por amigos, e têm um gasto médio de R$ 2.500,00. A principal motivação que os impulsiona a viajar é a busca pelo relaxamento do corpo e da mente.
Cluster B – Experiência educativa/aprendizagem
Esses turistas representam 12,1% da amostra e buscam uma participação ativa e reflexiva, envolvendo-se em manifestações culturais e explorando a culinária local. Sua conexão com o evento tende a ser mais absorvente do que imersiva. Em média, possuem 39 anos de idade, nível superior de escolaridade e uma renda individual mensal média de R$ 6.400,00. Suas viagens têm uma duração média de quatro dias, geralmente em casal, com um gasto médio de R$ 2.530,00. A principal motivação para suas viagens é a participação em eventos culturais, como a festividade religiosa do Círio.
Cluster C – Experiências estéticas/contemplação
Esses turistas representam 4,9% da amostra e buscam uma participação passiva e imersão na experiência, mas com uma capacidade limitada de interagir ativamente. Por exemplo, apreciam manifestações culturais ou eventos locais. Em média, possuem 34 anos de idade, nível médio de escolaridade e uma renda individual mensal média de R$ 6.400,00. Suas viagens têm uma duração média de quatro dias, geralmente, acompanhados de parentes, com um gasto médio de R$ 1.183,33. A principal motivação para suas viagens é o relaxamento do corpo e da mente, saúde, esportes e prazer.
Cluster D – Experiência de evasiva/evasão
Esses turistas, que compõem 63,5% da amostra, buscam uma participação ativa e imersiva no ambiente onde a atividade é realizada. Demonstram preferência por se envolverem em ambientes culturais e gastronômicos, além de participarem ativamente em atividades nas praias. Com uma idade média de 37 anos, possuem ensino médio como nível de escolaridade e apresentam uma renda individual mensal média de R$ 4.400,00. Suas viagens costumam ter uma duração superior a cinco dias, sendo, geralmente, acompanhados de amigos, com um gasto médio de R$ 1.300,00. A principal motivação para suas viagens é a vontade de ver e conhecer mais sobre outras culturas e as pessoas que vivem imersas no destino.

Percepções sobre sustentabilidade no destino
Conforme mencionado pelo Ministério do Meio Ambiente (Brasil, 2000), a prática do turismo em Unidades de Conservação (UC) está fundamentada nos princípios da sustentabilidade e na preservação dos recursos naturais. Essa abordagem visa a proporcionar à população, tanto residentes quanto visitantes, uma área que favoreça a educação, a interpretação ambiental, a recreação em contato com a natureza e o turismo ecológico. Entretanto, o que significa, de fato, sustentabilidade?
Essa indagação foi direcionada aos participantes da pesquisa, solicitando-lhes que definissem sustentabilidade em três palavras. De modo geral, o termo sustentabilidade está associado à preservação, natureza e conscientização, conforme apresentado na Figura 3.

Com o intuito de avaliar a percepção dos participantes sobre o nível de sustentabilidade na Ilha do Marajó, os resultados indicam que 41,5% consideram o nível de sustentabilidade como regular. Quanto às principais dificuldades para melhorar os níveis de sustentabilidade, os respondentes destacam a necessidade de investimentos em infraestrutura, educação, preservação ambiental e turismo, além da melhoria na mão de obra local, gestão de resíduos e informações turísticas.
Existe uma substancial distinção entre preservação ambiental e conservação ambiental, sendo fundamental determinar qual termo é mais apropriado, considerando o contexto de “uso/intervenção humana” versus “proteção sem uso/intervenção humana” na área em análise.
Em outras palavras, preservação ambiental refere-se à manutenção de ecossistemas livres de intervenções humanas, priorizando a proteção integral da natureza. Em contrapartida, conservação ambiental envolve a gestão sustentável dos recursos naturais, permitindo um certo grau de intervenção controlada em prol do equilíbrio ecológico.
A escolha entre esses termos impacta diretamente nas estratégias de desenvolvimento e gestão do turismo sustentável na Ilha do Marajó. Enfatizar a preservação pode implicar em limitações ao acesso e uso humano, enquanto a conservação pode permitir a exploração controlada, favorecendo práticas que conciliem atividades turísticas com a manutenção da biodiversidade.
Entretanto, restringir o turismo sustentável apenas à preservação da natureza ou à visita de destinos que destacam “belezas cênicas ou desenvolvem ações midiáticas relacionadas à preservação da natureza” (Cordeiro & Körössy, 2018) implica em desconsiderar as dimensões sociais e econômicas, que são pilares essenciais do turismo sustentável, restringindo-se à dimensão ambiental. Dessa forma, o entendimento preciso dessa distinção é crucial para orientar políticas e práticas que promovam a sustentabilidade ambiental na região, equilibrando a conservação dos recursos naturais com a oferta de experiências turísticas enriquecedoras e responsáveis.
Nesse sentido, em consonância com Beni (1999), a atividade turística deve ser meticulosamente planejada e administrada para que as dimensões sociais e econômicas evoluam em paralelo à proteção ambiental. No entanto, conforme apontado por Costa et al. (2015, p. 42), “o turista ainda não tem o seu papel claramente definido, principalmente no que diz respeito à sua participação nas ações envolvendo a sustentabilidade e o consumo sustentável”.
Mas, afinal, o que caracteriza o turismo sustentável? Ao indagar sobre o significado de turismo sustentável, 68,3% dos participantes acreditam que está associado à conservação do meio ambiente natural e sua diversidade, contribuindo para a manutenção das características físicas, biológicas e paisagísticas, bem como dos processos naturais. Adicionalmente, os respondentes enfatizam a associação do turismo sustentável ao reconhecimento e respeito ao patrimônio histórico e cultural (29,3%) e ao estímulo do desenvolvimento social e econômico dos destinos turísticos (24,4%).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir da pesquisa empírica, tornou-se evidente que a maioria dos turistas que visitam a Ilha do Marajó é composta por indivíduos do sexo masculino, com idades entre 28 e 34 anos, solteiros, brasileiros, provenientes da região Norte do país. Esses visitantes, geralmente, possuem ensino médio completo e uma renda mensal individual variando entre R$ 4.800,00 e R$ 10.000,00, além de serem frequentes viajantes ao longo do ano.
Os resultados proporcionaram insights sobre as escolhas e motivações desses turistas na Ilha do Marajó, analisando o Modelo de Fatores Push e Pull de maneira descritiva. O modelo push-pull oferece uma estrutura teórica para compreender os processos de tomada de decisão dos turistas, sendo valioso para profissionais do turismo e pesquisadores ao analisar as motivações e preferências dos viajantes. Ele destaca a importância de considerar tanto os fatores internos (push) quanto os fatores externos (pull) que moldam o comportamento do turista.
No que diz respeito aos motivos que influenciam a escolha do destino, destaca-se significativamente o atrativo das praias (36%), seguido pela imersão na bubalinocultura marajoara (26,7%). No âmbito dos fatores que impulsionam a decisão, sobressai o desejo de explorar outras culturas e interagir com as pessoas que vivem imersas no destino (43,9% dos participantes).
Para atingir os objetivos centrais da pesquisa, foram identificados quatro diferentes perfis de turistas por meio de uma análise de clusters, sendo o cluster D o mais representativo na amostra. Este perfil, categorizado como experiência evasiva, compõe 63,5% dos turistas e se caracteriza por escolher locais com atrativos turísticos imersivos, buscando experiências profundas no destino.
Os turistas do cluster D, em média com 37 anos, ensino médio, renda mensal média de R$ 4.400,00, demonstram preferência por imersão em ambientes culturais e gastronômicos, além de participar de atividades nas praias. Apesar de serem desejáveis para o turismo sustentável, contribuindo para o desenvolvimento local, também podem gerar desafios como o aumento de preços, impactando a comunidade local.
O turismo sustentável integra práticas pró-ambientais, tanto dos atores privados quanto públicos. Nessa dimensão, 40% dos participantes percebem a falta de estrutura do setor público, indicando a necessidade de um planejamento estratégico eficaz e participativo.
Essa percepção dos participantes quanto ao setor público reflete desafios na implementação efetiva de práticas sustentáveis na Ilha do Marajó. O planejamento estratégico deve abordar questões como infraestrutura, gestão de resíduos, educação ambiental e capacitação local. A falta de estrutura pode comprometer não apenas a experiência do turista, mas também a eficácia das iniciativas sustentáveis.
Ao abordar o comportamento dos turistas sobre a estruturação da experiência, a pesquisa contribui para o entendimento dos estágios pelos quais os turistas passam. Contudo, o desenvolvimento do turismo sustentável na Ilha do Marajó demanda investimentos em saneamento básico, segurança, infraestrutura, tratamento de resíduos e capacitação dos atores do trade turístico local.
Assim, para fortalecer o turismo sustentável na região, é crucial promover colaboração entre setor público e atores do trade turístico local, envolvendo-os ativamente no desenvolvimento e na implementação de estratégias que abordem essas deficiências, visando a um turismo mais responsável e integrado ao contexto socioambiental da Ilha do Marajó.
As recomendações dos turistas enfatizam a importância de melhorias na infraestrutura, transporte público e capacitação da mão de obra local; fatores que remetem às fragilidades na relação preço-qualidade na Ilha do Marajó.
A infraestrutura deficiente pode impactar diretamente a experiência dos visitantes, enquanto a qualidade do transporte público é crucial para a mobilidade e acessibilidade. Além disso, a capacitação da mão de obra local é essencial para oferecer serviços de qualidade, promovendo uma recepção acolhedora e informada aos turistas.
A abordagem dessas recomendações não apenas aprimoraria a satisfação do turista, mas também fortaleceria a competitividade do destino. Investir nessas melhorias contribuiria para elevar a relação entre preço e qualidade, tornando a Ilha do Marajó mais atraente e sustentável como destino turístico.
Considerando as preferências e sinergias com o turismo sustentável, é crucial pensar no contexto e desenvolvimento das vocações locais como alternativa para regiões vulneráveis na Amazônia, como a Ilha do Marajó/PA. Futuros estudos poderiam explorar a relação entre o perfil do turista e a gestão pública, avaliando as ações que atendem às demandas turísticas locais.
A necessidade de futuros estudos que explorem a relação entre o perfil dos turistas e a gestão pública indica uma busca por compreensão mais aprofundada das ações necessárias para atender às demandas turísticas locais. Isso sugere a importância de uma abordagem holística e estratégica que integre as características do turista com as práticas de gestão pública para promover o turismo sustentável na região.
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