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Escala Multidimensional de Fatalismo: Validação da Versão para Contextos de Pobreza Rural
Fatalism Multidimensional Scale: Validation of Version for Rural Poverty Contexts
Escala Multidimensional de Fatalismo: Validação da Versão para Contextos de Pobreza Rural
Revista de psicología (Santiago), vol. 27, núm. 2, pp. 1-13, 2018
Universidad de Chile. Facultad de Ciencias Sociales. Departamento de Psicología
Recepção: 01 Maio 2017
Aprovação: 11 Dezembro 2018
Resumen: Em contextos de pobreza rural, as problemáticas locais acentuam sentimentos de impotência e incerteza, sendo relevante a elaboração de instrumentos para investigar o fatalismo, que interfere sobre comportamentos de saúde e satisfação com a vida. O estudo objetiva validar uma versão reduzida da Escala Multidimensional de Fatalismo (EMF), disponível originalmente em espanhol e inglês, para populações brasileiras em situação de pobreza rural. Participaram 1.318 moradores da zona rural das regiões norte, nordeste e sul do Brasil. Foram realizadas análise fatorial exploratória (AFE) e análise fatorial confirmatória (AFC), a fim de verificar a capacidade de representação do modelo pelo constructo. Os resultados apresentaram estrutura fatorial com redução de dois fatores se comparado à escala original, conforme a AFC. A escala adaptada demonstrou bons parâmetros de medidas e de confiabilidade e pode ser utilizada para mensurar o fatalismo em contexto de pobreza rural no Brasil.
Palavras chave: pobreza, fatalismo, ambientes rurais, análise fatorial, validade do teste.
Abstract: In rural poverty contexts, local problems accentuate feelings of impotence and uncertainty, being relevant the development of instruments to investigate fatalism, which interferes with health behaviors and satisfaction with life. The study aims to validate a reduced version of the Multidimensional Fatalism Scale (MFE), originally available in Spanish and English, for Brazilian populations living in rural poverty. 1,318 residents of the rural areas of the North, Northeast and South of Brazil participated. Exploratory factor analysis (EFA) and confirmatory factor analysis (CFA) were performed to verify the model's ability to represent the construct. The results presented a factorial structure with reduction of two factors when compared to the original scale, according to the CFA. The adapted scale demonstrated good measurement and reliability parameters and may be used to measure fatalism in the context of rural poverty in Brazil.
Keywords: poverty, fatalism, factor analysis, rural environments, test validity.
Introdução
O termo fatalismo está comumente associado à ideia de fatalidade, fenômeno que não é possível prever ou evitar. Ignácio Martín-Baró (1942-1989) foi o responsável por introduzir este termo dentro das discussões sobre psicolo-gia da libertação. Ao se debruçar sobre como viviam os povos em situação de marginalização e pobreza na América Latina, Martín-Baró (1998) identificou que o fatalismo se refere a uma compreensão da existência humana se-gundo a qual o destino de todos está predeter-minado e os acontecimentos se dão de modo inevitável. O fatalismo, por estar associado à maneira como os sujeitos se situam frente à própria vida, permite elucidar quais as relações de sentido estabelecidas consigo e com os fatos cotidianos. Dessa forma, representa um esforço ou habilidade cognitiva (Martín-Baró, 1998; Vallejo Martín, Moreno Jiménez, & Ríos Rodríguez, 2017) para lidar com os sentimentos de impotência frente ao mundo e a sociedade.
Martín-Baró (1998) apontou a necessidade de entender o fatalismo como um fenômeno psicossocial, que está associado às “... condições econômicas, políticas e culturais de cada sistema social” (p. 82). A percepção da incerteza, a submissão, o pessimismo (Blanco & Díaz, 2007; Díaz, Blanco, Bajo, & Stavraki, 2015; Martín-Baró, 1998; Vallejo Martín et al., 2017), típicos do fatalismo, não se apresentam de modo absoluto ao longo do tempo. Contrariamente, sofrem influências dos modos de organização da sociedade, dos processos de exclusão social e desigualdade que se perpetuam e se agravam ao longo do tempo. Blanco e Díaz (2007) apontam que, atualmente, não é adequado falarmos do fatalismo apenas como uma aceitação passiva e submissa de um destino aparentemente irremediável e fruto da vontade de Deus ou de forças sobrenaturais. É possível observar as expressões do fatalismo em sociedades altamente desenvolvidas, com fortes características individualistas e cujos sujeitos vivenciam a incerteza, a insegurança e a indefinição típicas da sociedade de risco global descrita por Beck (2006).
Esparza, Wiebe, e Quiñones (2015) identificaram que, nos últimos 30 anos, tem ocorrido um crescente interesse sobre o construto fatalismo no interior das investigações sobre psicologia da saúde e psicologia da personalidade. Isto se deve, em grande parte, a associação identificada entre fatalismo e comportamentos de saúde (Cohn & Esparza del Villar, 2015) e fatalismo e satisfação com a vida (Díaz et al.,2015). Pode-se dizer que a interferência das crenças fatalistas sobre a saúde e a percepção de bem estar se dá em duas grandes vias, que estão entrelaçadas. A primeira dispõe sobre o contexto do qual aflora o fatalismo, pois as próprias condições sociais a ele relacionadas, tais como a marginalização social, o isolamento, a pobreza e a exclusão, provocam sentimentos negativos que afetam a saúde dos sujeitos (Díaz et al.,2015) e se apresentam como determinantes sociais que aumentam a incidência adoecimentos ao prejudicarem o uso e a qualidade do acesso aos serviços de saúde para ações assistenciais e preventivas (Barata, 2009).
Vale destacar que os sentimentos negativos que se perpetuam ao longo do tempo acentuam a crença na imprevisibilidade dos fatos e a sensação de estar impotente, o que incide sobre a segunda via, que é colocar-se à mercê dos acontecimentos, acreditando que é impossível ter qualquer tipo de controle ou domínio sobre os fatos negativos. Estão também associados a esta segunda via as relações observadas entre declarações fatalistas e alta incidência de pessoas que relatam não realizar acompanhamento médico e não adotar comportamentos preventivos (Cohn & Esparza del Villar, 2015), bem como as correlações entre fatalismo, perca da confiança nos outros e presença de atitudes negativas para com eles (Díaz et al.,2015), gerando baixos indicadores de bem estar nos níveis individuais e sociais.
Sobre os instrumentos já desenvolvidos, a Escala de Fatalismo Social (Social Fatalism Scale, SFS), estruturada por Díaz et al.(2015), tem como objetivo avaliar as influências do fatalismo coletivista e do fatalismo individualista no bem estar de culturas hispânicas. A Escala FATE foi desenvolvida e validada por Straughan e Seow (1998). Para esses autores, o fatalismo é conceitualizado a partir do comportamento do indivíduo no que se refere ao cuidado com a saúde. A Escala de Orientação Valórica Cultural (Cultural Value Orientation Scale) foi desenvolvida originalmente por Betancourt e McMillin (como citado em Lee, 2014). Lee (2014) aplicou essa escala com estudantes do Chile e dos Estados Unidos com o objetivo de investigar como as crenças fatalistas influenciam a expectativa de sucesso dos participantes.
Há também as Escalas de Lócus de Controle, uma das dimensões do fatalismo. As mais conhecidas são a de Rotter (1966) e a de Levenson (1973), adaptada ao contexto brasileiro por Dela Coleta (1987), que compreende o locus de controle como uma variável que explica como as pessoas percebem os acontecimentos da vida. As escalas de locus de controle, construídas principalmente a partir de teorias cognitivas, buscam medir a internalidade, ou seja, o grau em que as pessoas acreditam que os eventos da sua vida são controlados por suas ações, e a externalidade, que significa a crença de que esses eventos são determinados por fatores externos. No Brasil, a escala foi aplicada junto a estudantes universitários, estudantes de ensino médio e pessoas de classe média (Dela Coleta, 1987).
A Escala Multidimensional de Fatalismo (EMF) de Esparza et al.(2015) foi elaborada simultaneamente nos idiomas inglês e espanhol. A EMF conta com 30 itens organizados em torno de cinco fatores: fatalismo, pessimismo/desesperança, internalidade, sorte, e controle divino. O fator fatalismo, segundo os autores, é aquele que melhor descreve o conceito central da escala, estando os demais a ele relacionados. Integra itens que versam sobre a noção de predestinação. O fator pessimismo/desesperança organiza itens sobre as percepções de impotência e desânimo. O fator internalidade apresenta uma relação inversa com o fatalismo (Esparza Del Villar, 2012). Escores mais altos de internalidade estariam relacionados com maior locus interno, que é quando o sujeito adota como referenciais explicativos dos acontecimentos sua própria conduta, habilidades e esforços (Palomar Lever & Cienfuegos Martínez, 2007). O fator sorte se relaciona com variáveis aleatórias e imprevisíveis. O controle divino remete à referência em uma entidade sobrenatural como responsável pelo curso da vida, embora se distancie da noção de predestinação.
É importante assinalar que a EMF apresenta aproximações com as considerações de Martín-Baró (1998), que apontava a relevância de investigações quanto às expressões deste fenômeno junto às populações em condições de pobreza. De acordo com esse autor, o fatalismo pode manifestar-se a partir de ideias, pensamentos e ações. Neste primeiro âmbito, há uma compreensão de que a realidade e os acontecimentos da vida de um indivíduo podem ser explicados por forças sobrenaturais, aproximando-se do fator controle divino. Já o pessimismo poderia ser entendido como relacionado ao sentimento de aceitação do sofrimento. O fator sorte dispõe sobre a resignação frente ao próprio destino manifestado por um indivíduo com atitudes fatalistas. A internalidade deve ser concebida em uma perspectiva inversa, assumindo o oposto as ações de passividade, conformismo e submissão constituintes do fatalismo.
Merece destaque que as escalas existentes para mensuração do construto fatalismo foram estruturadas para serem validadas em contextos nos quais os sujeitos possuíam significativo nível de escolarização. A variável pobreza, nesses estudos, não foi considerada, bem como não há registro de um olhar atento para as especificidades que distinguem contexto urbano e contexto rural. Esparza et al.(2015) explicitam a necessidade de validar a EMF para outras populações que não estudantes universitários. Há uma carência de validação de escalas adaptadas a situação de pobreza e, especificamente, que contemplem as singularidades dos contextos rurais. Esse processo exige a adequação da metodologia de aplicação, análise e discussão dos dados contextualizados a essas realidades. A validação desse instrumento contribuirá para o desenvolvimento de pesquisas futuras e para a prática profissional nas políticas públicas que abrangem modos de vida rurais.
Sabe-se que, em contextos de pobreza, as experiências recorrentes de indefinição quanto ao futuro e de perca de controle sobre a própria vida favorecem a recorrência das expressões do fatalismo, que podem vir a se constituir como uma alternativa adaptativa de aceitação de condições de vida causadoras de sofrimento (Ximenes & Cidade, 2016). Não obstante, quando as discussões se voltam especificamente para o contexto rural, as problemáticas vividas pela população e as expressões da pobreza se intensificam, como o elevado número de pessoas em situação de miséria, alcançando 7,5 milhões e precário acesso à estrutura de sanitária e abastecimento de água (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2011). A estas questões se somam problemas sociais básicas como o analfabetismo, a fome, as dificuldades de acesso aos serviços de educação e saúde, a insegurança fundiária e a violência no campo (Leite, Macedo, Dimenstein, & Dantas, 2013). Assim, há evidências que a pobreza em contextos rurais e urbanos tem impactos específicos na subjetividade dos indivíduos (Ximenes, Moura Júnior, Cruz, Silva, & Sarriera, 2016).
Um relevante desafio é reconhecer as dificuldades pelas quais passam os sujeitos que habitam o contexto rural, porém considerando que estes espaços incidem na constituição de processos subjetivos específicos que necessitam ser evidenciados (Landini, 2015). Elementos de destaque para a discussão sobre fatalismo dispõem sobre as crenças religiosas, as relações de cooperação estabelecidas na vizinhança e que podem ou não interferir nas noções de pessimismo e na satisfação com a vida. A psicologia necessita, para dar conta dessas singularidades, debruçar-se sobre este contexto e formular conhecimentos e instrumentais condizentes (Albuquerque, Sousa, & Martins, 2010), rejeitando a histórica transposição acrítica para o cenário rural dos saberes forjados no contexto urbano. O objetivo do artigo, então, é traduzir, adaptar culturalmente e validar a EMF de Esparza et al.(2015), em sua versão reduzida, para populações brasileiras em situação de pobreza rural.
Método
Caracterização da amostra
A amostra contou com um total de 1.318 participantes da zona rural de três cidades brasileiras localizadas em diferentes regiões brasileiras, sendo 583 sujeitos do município de Pentecoste (Ceará); 375 do município de Humaitá (Amazonas); e 360 do município de Cascavel (Paraná). Com relação à renda per capita domiciliar dos participantes, o município de Pentecoste apresentou menor renda média entre os participantes (R$ 355,42), seguido de Humaitá (R$ 457,52) e Cascavel (R$ 631,95). Esses dados demonstram que os participantes se encontram em situação de pobreza, recebendo menos que um salário mínimo, referenciado em R$ 880,00 no ano de realização da pesquisa. A média de idade dos respondentes foi de 42 anos. A maioria dos participantes foram mulheres (70,3%). No que se refere à raça/cor da pele, a maioria se declarou como parda (63,2%), restando 4,4% pretos, 2,8% amarelos, e 1,3% indígena. Quanto ao estado civil dos entrevistados, 60,2% das pessoas se declararam casadas, 26,4% solteiras, 7% separadas/divorciadas, e 6,4% viúvas.
A frequência escolar revela um baixo acesso à educação. Do total da amostra, 10,7% responderam nunca ter frequentado a escola, enquanto apenas 28,7% possuem ensino médio completo ou cursaram ensino superior e uma percentagem maior (34,4%) não chegaram a concluir o ensino fundamental. Sobre o tipo de moradia, em relação à amostra total, 57,3% da amostra afirmaram residir em casa de alvenaria, 36,8% em casa de madeira, enquanto 0,3% responderam morar em casa de palafita e 0,3% em casa de papelão, plástico ou compensado. Com relação a benefícios sociais e transferência de renda, em relação à amostra total, 38,27% dos participantes recebem bolsa família, enquanto 17,34% são beneficiários do Benefício de Prestação Continuada. No que se refere ao bolsa família, essas percentagens são maiores nos municípios de Pentecoste (48,7%) e de Humaitá (49,3%).
Instrumento
A EMF foi elaborada por Esparza et al. (2015) e validada para o contexto estaduniden-se e mexicano com o intuito de reunir, em um único instrumento, fatores capazes de identificar expressões do fatalismo. Propuseram, então, a existência de uma escala multidimensional composta por cinco fatores (fatalismo, pessimismo/desesperança, internalidade, sorte e controle divino), que reúnem cada um seis reativos, gerando um total de trinta itens. A consistência interna dos fatores apresentava alfa de Cronbach com variação de .760, onde fatalismo possuía α = ,760, pessimismo/desesperança α = ,760, internalidade α = ,800, sorte α = ,820 e controle divino α = ,920. A escala é do tipo likert, composta por cinco pontos de respostas (0 = discordo muito, 1 = discordo, 2 = nem concordo, nem discordo, 3 = concordo, 4 = concordo muito), que expressam o grau de concordância dos participantes com as afirmações a eles apresentadas.
Procedimento de redução, tradução e adaptação
Para a elaboração da versão abreviada, foram utilizadas as propriedades psicométricas da versão original da escala desenvolvida por Esparza et al.(2015). Neste estudo de validação da escala para o contexto mexicano, a amostra foi composta por 791 estudantes universitários de psicologia, sendo 64,6% do sexo feminino e 35,4% do sexo masculino, com uma idade média de 20,34 anos (σ = 4,65). Em sua maioria, os participantes eram hispânicos (86,2%), solteiros (90,5%) e possuíam como chefes de família donos de empresas de médio porte, profissionais atuantes em áreas não especializadas e trabalhadores técnicos.
A partir da escala original, foram selecionados os três itens com maior carga fatorial em cada um dos cinco fatores, gerando uma escala com um total de 15 itens. Essa seleção dos itens foi realizada a priori, sendo a versão aplicada já no formato reduzido. Observase que essa foi uma das limitações da validação realizada, pois haveria uma maior robustez caso a redução dos itens ocorresse depois da aplicação da versão original. No entanto, é importante salientar que o procedimento realizado na redução obedece às orientações de Hair, Black, Babin, Anderson, e Tatham (2009), que assinalam que os itens de maior carga fatorial são os que melhor representam o construto do fator ao qual se relacionam.
A tradução da versão em espanhol da EMF para a versão reduzido em português foi realizada por um psicólogo bilíngue, com experiência de atuação e pesquisa na área, e um tradutor juramentado, sem conhecimentos prévios sobre a temática. As traduções resultantes foram integradas em um relatório síntese para a formulação de um consenso final da primeira versão do instrumento. Os conteúdos foram analisados e comparados de forma a assegurar interpretações equivalentes à Escala original em Espanhol. A síntese das traduções foi submetida a uma retradução (backtranslation), processo através do qual o conteúdo retorna para sua versão em espanhol a fim de assegurar a correspondência semântica da escala. Em um momento final da etapa de tradução, um grupo de pesquisadores, com conhecimento adequado sobre pesquisas em contextos de pobreza rural, realizou uma leitura crítica dos itens analisando a adequação conceitual e a correspondência cultural, o que gerou a versão final dos itens expressa na tabela 1.
Procedimento do pré-teste
O pré-teste foi realizado com 207 moradores de uma comunidade rural da cidade de Pentecoste no estado do Ceará, situado no nordeste brasileiro. Nesta primeira versão, os itens foram apresentados tal como provenientes do processo de tradução. Procedeu-se uma mudança no processo de aplicação da escala, que na versão de Esparza et al.(2015) era autoaplicável, para um preenchimento no qual a emissão da resposta era mediada pela presença de um pesquisador com qualificação na área. Esta alteração se deu em virtude da alta recorrência, na área rural, de pessoas com baixa escolarização, bem como ao reconhecimento de que as escalas psicométricas são formuladas, em sua imensa maioria, para serem aplicadas em contextos culturais eminentemente urbanos.
Finalizada a etapa do préteste, foram realizados procedimentos qualitativos de aperfeiçoamento da escala reduzida. A fase de testes quantitativos foi planejada para ser executada com uma amostra mais ampla e com uma maior variabilidade ecológica. Em uma perspectiva multidimensional da pobreza, é importante conceber a situação de privação como contextual. Identificou-se que a alteração no procedimento de aplicação acarretou mudanças na interpretação dos itens da escala, apresentados em primeira pessoa do singular, referenciando-se a “eu”. Os itens tiveram seus tempos verbais modificados para “você”, indicativo de segunda pessoa do singular, com o intuito de inserir uma referência direta ao sujeito respondente durante a leitura do item pelo pesquisador (ver tabela 2).
Análises realizadas
Primeiramente, foram observados índices adequados de normalidade e linearidade da amostra. Os valores perdidos foram especificamente 2,1% da amostra, sendo utilizado o método de imputação por regressão para esses casos. Para estabelecer a validade do construto da escala reduzida e adaptada de fatalismo, foi utilizada uma amostra de 1.111 participantes divididas entre as três cidades indicadas, não estando presente os indivíduos que participaram do préteste. Assim, foi realizada a análise fatorial exploratória (AFE) para avaliar sua estrutura interna. Utilizou-se o método de verossimilhança máxima com rotação oblimin direto. O pacote estatístico foi o SPSS 22. Igualmente, foi utilizado o coeficiente alfa para fidedignidade dos fatores da escala reduzida e adaptada. Foi realizada uma análise fatorial confirmatória do modelo advindo da AFE para verificar a capacidade do modelo representar o construto com a mesma amostra utilizada. Assim, foi utilizada como método da análise fatorial confirmatória (AFC) a estimação da máxima verossimilhança (Díaz et al., 2006). Foram utilizados o índice comparativo de ajuste (CFI) e o índice de Tucker e Lewis (TLI) superiores a 0,95; a raiz quadrada média do erro de aproximação (RMSEA) inferior a 0,05 (McDonald & Ho, 2002); e a raiz quadrada média residual padronizada (SRMR) inferior a 0,05 (Hair et al., 2009) como parâmetros de excelência dos ajustes. Foi também usado modified expected crossvalidation index (MECVI) que objetiva identificar a validação cruzada do modelo. Os índices mais próximos de zero representam um melhor ajuste do modelo referente a perspectiva cruzada (Byrne, 2001).
Procedimentos éticos
A pesquisa respeitou os princípios éticos regulamentados pela resolução 466, de 12 de dezembro de 2012, do Conselho Nacional de Saúde, e foi submetida, mediante cadastro na Plataforma Brasil, ao Comitê de Ética de uma instituição de ensino superior brasileira. Foi aprovada com CAAE 46474715.5.1001.5054 e Parecer Nº 1.233.648. Os objetivos e a metodologia da pesquisa foram explicados a cada participante, que aderiram voluntariamente ao estudo mediante assinatura de termo de consentimento informado.
Resultados
A análise de confiabilidade da escala, em sua versão reduzida composta por 15 itens, obteve α de Cronbach igual a ,759, o que representa valor adequado de consistência interna (α ≥ ,7). O instrumento apresenta três itens com valores invertidos (“A vida está determinada por suas próprias ações”, “O que a pessoa ganha da vida é resultado do esforço que ela dedica” e “O que acontece com uma pessoa é resultado do esforço que ela faz”). O teste de esfericidade de Bartlett apontou p < ,001 [22 (105) = 3233,431], indicando valor significativo e rejeição da hipótese nula de matriz de correlação identidade. Como a teoria disponível sobre o construto fatalismo indica que existem distinções entre os fatores da escala, foi realizada uma análise fatorial exploratória como método de verossimilhança máxima com rotação oblimin direto. Adotou-se como critério a exclusão de todas as cargas fatoriais menores que 0,3, tal como recomendação de Laros (2004).
A obtenção de quatro fatores na análise contraria a versão original de Esparza et al.(2015), que apontaram uma composição de cinco fatores para o instrumento. Para esses autores o fator fatalismo é o que mede puramente o fatalismo. Os outros fatores (pessimismo/desesperança, internalidade, sorte, e controle divino) contribuem para medir o fatalismo, estando a ele relacionados, mas devem ser considerados separadamente. Os resultados apontam que o fator 1 explica 21,93% da variância comum com autovalor 3,85, o fator 2 explica 8,097% com autovalor 1,78, o fator 3 esclarece 4,34% com autovalor 1,31, e o fator 4 elucida 2,96% com autovalor 1,04, conforme tabela 3.
Tomando como referenciais trabalhos que abordam discussões sobre o fatalismo (Blanco & Díaz, 2007; Díaz et al., 2015; Martín-Baró, 1998; Ximenes & Cidade, 2016), a nova configuração da escala reduzida tem como fator 1-sorte, fator 2-controle divino, o fator 3-controle interno, e o fator 4-pessimismo/desesperança, com os itens invertidos. O baixo valor do alfa de Cronbach dos fatores 2, 3 e 4 (α ≤ ,7), não indica uma baixa confiabilidade, pois, como aponta Field (2013), o número de itens de uma subescala pode interferir na consistência interna obtida de cada um dos fatores.
Foi realizada também uma análise fatorial confirmatória com a estrutura fatorial advinda da análise da fatorial exploratória [χ² (71) = 398,441, < 0,001]. No entanto, o modelo não obteve índices adequados de CFI (,891), TLI (,861), RMSEA (,067), SRMR (,0614) e MECVI (,392). Além disso, os parâmetros estimados dos itens do fator controle interno obtiveram cargas baixas e não significativas: “A vida está determinada por suas próprias ações” (,067; p = ,202); “O que a pessoa ganha da vida é sempre resultado do esforço que ela dedica” (,099; p = ,173); “O que acontece com uma pessoa é consequência do que ela faz” (,044; p = ,263). Por conta disso, foi realizada uma modificação na estrutura da escala, eliminando o fator controle interno junto com os itens acima citados que não tiveram os parâmetros significativos. Foram realizadas uma nova análise de confiabilidade e análise fatorial exploratória com método de verossimilhança máxima com rotação oblimin direto. Nessa nova proposta de escala com 12 itens, o alfa de Cronbach melhorou comparado com a versão de 15 ítens (α = ,802). tabela 4
Nesta nova AFE, as análises preliminares obtiveram resultados semelhantes a escala com 15 itens [KMO (Kaiser Meyer Olkin) = ,832; teste de esfericidade de Bartlett 22 (66) = 3026,145; p < ,001]. O item “Não importa o que você faça, se algo ruim vai acontecer com você acontecerá de qualquer jeito” não foi carregado em nenhum fator. Com essa nova estrutura, o fator 1 seria sorte, o fator 2 controle divino, e fator 3 pessimismo. Os fatores tiveram uma melhor variância explicada com a eliminação da dimensão controle interno. Também ocorreu um processo de melhora dos índices de confiabilidade dos fatores da escala, como também o alfa de Crobach (α = ,762) da escala com 11 itens é adequado.
Com a escala com somente três fatores e 11 itens, foi realizada uma nova AFC com método de estimação de máxima verossimilhança [χ² (41) = 264,417, < 0,001]. Foi identificado que os índices não portavam graus de excelência para confirmação do novo modelo proposto da escala a partir do CFI (,955), TLI (,936), SRMR (,0614), RMSEA [,067(,061-,074)] e MECVI (,310), necessitando estabelecer duas covariâncias entre os erros (tabela 5).
Assim, foi realizada uma nova AFC com duas covariâncias. Foi identificado que o item 2 (Se acontecem coisas ruins, é porque tinha que ser assim) possui covariâncias com os itens 1 (“Tudo que acontece com uma pessoa foi planejado por Deus”) e 5 (“Qualquer coisa que aconteça na sua vida é porque Deus quer que aconteça”). Essas novas relações melhoraram os índices de ajuste do modelo com os itens, pois obtiveram excelentes pontuações para confirmação do modelo com 11 itens e três fatores (pessimismo, controle divino e sorte) [χ² (39) = 172,221; < 0,001]. De acordo com McDonald e Ho (2002), o índice comparativo de ajuste (CFI = ,953) foi acima do adequado e o índice de Tucker e Lewis (TLI = ,933) foi próximo ao valor de excelência, assim como a raiz quadrada média do erro de aproximação (RMSEA = ,058). Igualmente, o índice de validação cruzada também obteve um valor bastante satisfatório, aproximando de zero (,192). A raiz quadrada média residual padronizada (SRMR = ,0493) foi obteve um índice adequado (Hair et al., 2009). Como um último índice utilizado para validação cruzada, foi aplicado o modified expected crossvalidation index (MECVI = ,224), alcançando valor adequado em virtude de aproximar-se de zero (Byrne, 2001).
Identifica-se que a covariância mais forte está entre os fatores pessimismo e sorte. Os fatores mais altos para pessimismo é o item 11 (“O sucesso está determinado quando se nasce, não há nada que se possa fazer para ter sucesso na vida”); para controle divino é o item 5 (“Qualquer coisa que aconteça na sua vida é porque Deus quer que aconteça”); e para sorte é o item 7 (“Quando acontecem coisas boas com as pessoas é por sorte”).(figura 1)
Discussão e conclusões
As propriedades psicométricas encontradas demonstraram-se confiáveis para realizar a mensuração de fatalismo junto a pessoas em situação de pobreza rural. Os itens, de fácil aplicação, distribuíram-se em fatores adequados e consistentes com o referencial teórico, tendo em vista que se caracterizam como dimensões que explicam a atitude fatalista. Comparativamente à escala original de Esparza et al.(2015), a versão reduzida apresentou dois fatores a menos, justamente aquele intitulado como fatalismo, que havia apresentado na primeira edição menor variância explicada (2,47%) e o fator controle interno. Estes autores adotam como definição do fatalismo a expressa pela Real Academia Española e pelo Merriam-Webster’s collegiate dictionary (Esparza del Villar, 2012; Esparza et al., 2015), que o conceituam como a crença ou aceitação de que tudo acontece em virtude de um destino inevitável ou predestinado.
O que se entende neste estudo de validação, a partir de definições de Martín-Baró (1998) e Díaz et al., (2015), é que predestinação é um elemento transversal à toda definição do construto fatalismo, estando presente na elaboração das ideias de sorte, controle divino e pessimismo/desesperança. Martín-Baró (1998) descreveu que algumas das principais características das atitudes fatalistas são a crença em um destino imutável, o sentimento de resignação frente ao futuro e a passividade (devido a uma tendência a não realizar esforços). Por sua vez, Díaz et al.(2015) apontam que a predeterminação representa uma das principais dimensões do fatalismo, ao lado do pessimismo, do presentismo e da falta de controle.
Esparza del Villar (2012) sugeriu, inicialmente, o uso do termo locus interno para intitular o fator oposto ao fatalismo e que, posteriormente, foi nomeado de internalidade na validação da EMF. No processo de validação, a retirada do fator internalidade, indica que os elementos explicativos do fatalismo dizem respeito ao controle externo, relativo às forças divinas (controle divino) ou sobrenaturais (sorte), que podem ser geradoras de pessimismo e desesperança.
A crença na força do destino está acompanhada da passividade diante da ideia de ser impossível ter controle sobre os fatos da vida, havendo, portanto, uma primazia do controle das forças externas, sejam elas divinas ou ambientais, sobre os acontecimentos. Essa ideia de passividade também foi encontrada em outros estudos, tanto em contextos latino-americanos como também junto às populações dos Estados Unidos. Straughan e Seow (1998), por exemplo, encontraram uma relação positiva entre a atitude fatalista e o comportamento passivo diante da saúde. Já estudo de Vallejo Martín et al.(2017) concluiu que quanto maior o fatalismo, menor a participação comunitária e política.
Cabe destacar também a dupla face do fatalismo discutida por Blanco e Díaz (2007). Para eles, o fatalismo deve ser entendido tanto nessa perspectiva tradicional de resignação, aceitação e passividade frente a um destino considerado imutável e fora de controle, como também como estratégia de adaptação diante das características da sociedade contemporânea, marcada pelo risco, ameaças, isolamento social e incerteza. Os efeitos nocivos dessas características são sentidos mais fortemente por pessoas em situação de pobreza. Em uma pesquisa desenvolvida com uma amostra brasileira, foi identificado que pessoas em condições de pobreza portavam maiores médias de pessimismo, sorte, controle divino e menores médias para esperança e senso de comunidade (Cidade, Moura Jr., Nepomuceno, Ximenes, & Sarriera, 2015).
Em contextos de pobreza, a acentuação das problemáticas sociais intensifica a vivência dos acontecimentos como incertos e indefinidos. Considerar que os fatos estão predestinados minimiza os efeitos dos sentimentos recorrentes de insegurança quanto ao futuro e de estar vulnerável aos fatos que se dão independentemente das ações tomadas pelos sujeitos. Assim, predestinação e controle divino se aproximam, mas não a ponto de incorrerem em uma fusão total. Afinal, o controle divino delimita a ideia de uma entidade sobrenatural, à qual se convencional chamar de Deus, que rege o curso da vida e detém o poder explicativo e realizador dos fatos, sendo a única instância capaz de prever os acontecimentos. Isto não quer dizer que a força sobrenatural seja interpretada apenas como realizadora de fatos negativos na vida dos sujeitos, mas sim que ela é compreendida como aquela que detém o saber sobre os acontecimentos. Essa ideia pode explicar a covariância entre o item 2 (“Se acontecem coisas ruins, é porque tinha que ser assim”) com o item 1 (“Tudo que acontece com uma pessoa foi planejado por Deus”) e o item 5 (“Qualquer coisa que aconteça na sua vida é porque Deus quer que aconteça”), que demonstram a relação entre pessimismo e religiosidade. Sobretudo em contextos de pobreza, os afetos oriundos da controlabilidade limitada dos perigos (Blanco & Díaz, 2007) favorecem sentimentos de descrença em dias melhores.
Além disso, a forte referência religiosa das populações pobres latino-americanas, para Martín-Baró (1998), culminava na atribuição do destino das pessoas a um Deus todo poderoso, cuja sabedoria não poderia ser questionada. Essa relação entre religiosidade e fatalismo também foi discutida por Lee (2014), que encontrou maior fatalismo em grupos com mais intensa religiosidade. Para discutir o fatalismo a partir das concepções de divindade que integra, é importante destacar a diferença entre dois modelos de religião: a religião da ordem e a religião subversiva (Martín-Baró, 1998). A primeira favorece o funcionamento e a conservação da ordem sócio-política, servindo aos interesses dominantes. Gera alienação e atitudes fatalistas, tendo em vista que o sujeito coloca nas mãos de Deus a decisão sobre o destino. Já a religião subversiva questiona o ordenamento social, levando à conscientização e a ações que buscam a transformação e a luta contra as opressões e injustiças sociais. É válido discutir os condicionamentos sociais que permitem a manifestação das percepções de controle divino e os interesses socioideológicos que o perpetuam, sem esquecer que a religiosidade possui papel protetivo aos elementos estressores da vida em condições de pobreza (Palomar Lever & Estrada, 2010).
O pessimismo envolve a descrença de que algo positivo irá acontecer. Trata-se de uma desesperança aprendida (Ardila, 1979), pois é fruto dos esforços fracassados em obter êxito. Contudo, o ceticismo associado ao fatalismo não é o fator que ocasiona passividade e que impede a saída do sujeito da pobreza. Palomar Lever e Cienfuegos Martínez (2007) afirmam que sair ou não da pobreza não depende somente do sujeito ter ou não motivação para tanto, mas sim que a eles sejam asseguradas condições estruturais para que o esforço, o talento e o mérito se convertam em melhores condições de vida.
O fator sorte é o que apresenta maior variância explicada (21,93%). Dispõe sobre a crença de que o êxito está associado às causas que estão fora do controle, o que pode se converter em uma estratégia protetora que assegura uma visão positiva dos sujeitos sobre si mesmos (Palomar Lever & Cienfuegos Martínez, 2007), ao não se confrontarem com sentimentos de desânimo e incapacidade. Este fator parece em oposição a uma referência de controle interno ao sujeito, de modo que quanto mais forte a crença de que os acontecimentos da vida são devidos à sorte, mais fraca a internalidade e menor a capacidade de que explique o fatalismo. Afinal, a sorte deriva da percepção de que os acontecimentos não estão relacionados com os esforços individuais (Rotter, 1966).
Por fim, entende-se que controle divino, pessimismo/desesperança e sorte representam a base para a definição do fatalismo enquanto fenômeno que se constitui e é reproduzido ao longo do tempo a partir das experiências concretas dos sujeitos em contextos de pobreza. A validação da EMF para populações em situação de vulnerabilidade rural favorecerá o desenvolvimento de estudos que avaliem as influências do fatalismo nos modos de interação social, nas relações comunitária, na satisfação com a vida e nas práticas de saúde.
Conclui-se que a presente pesquisa, mediante aplicação de escala reduzida de fatalismo junto a moradores de três regiões brasileiras, encontrou medidas psicométricas adequadas à sua mensuração junto a populações em contexto de pobreza rural. A escala é de simples e de rápida aplicação. A escala reduzida passou a ser composta por onze itens, distribuídos em três fatores: sorte, controle divino e pessimismo/desesperança. Os fatores apresentam-se coerentes com o referencial teórico adotado, que compreende o fatalismo como a crença em um destino considerado imutável e fora de controle, acompanhado de resignação e passividade.
É necessário considerar o fatalismo também como adaptação diante das incertezas e ameaças características da sociedade contemporânea, devendo ser compreendido como resultado de um processo de determinação oriundo da estrutura social, de modo que são necessárias adequadas condições de vida para a superação da atitude passiva. Assim, a validação da escala de fatalismo permite que sejam realizadas novas pesquisas que se aprofundem na compreensão da situação de pobreza, que está intimamente relacionada às condições sociais das populações da zona rural.
Apreciação
Agradecimentos ao Conselho Nacional de Desenvolvimento de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pelo financiamento da pesquisa. Chamada Universal MCTI/CNPq no. 14/2013.
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