Artigos
Recepção: 11 Outubro 2013
Aprovação: 16 Dezembro 2014
DOI: https://doi.org/10.5902/19834659
Resumo: A gestão ambiental empresarial, através de suas ferramentas, objetiva o uso eficiente dos recur- sos naturais nos diferentes sistemas produtivos. Uma dessas ferramentas consiste na adoção de eco-inova- ções, as quais geram benefícios ambientais, econômicos e sociais. Nesse contexto, o objetivo desse estudo foi identificar e tipificar eco-inovações adotadas em um empreendimento da construção civil e, os fatores que determinaram a incorporação dessas inovações nas etapas produtivas e no produto final. Em termos metodológicos, essa pesquisa se caracteriza como pesquisa descritiva, desenvolvida na forma de estudo de caso em um empreendimento na cidade de Campina Grande – PB. Os resultados encontrados indicam que a utilização de eco-inovações, no referido empreendimento, deu-se predominantemente na etapa do produto final, em inovações tecnológicas para redução de consumo de energia elétrica e reaproveitamento de água. Já os fatores determinantes da adoção das eco-inovações identificadas visam o atendimento de demandas de mercado, priorizando benefícios estratégicos para a empresa gestora do empreendimento.
Palavras-chave: Eco-inovações, Construção Civil, Gestão Ambiental Empresarial.
Abstract: Environmental management business through its tools, aims at efficient use of natural resources in different production systems. One such tool is the adoption of eco-innovations, that generate environmental benefits, economic and social. In this context, the aim of this study was to identify and classify eco-innovations adopted in project construction and, the factors that led to the incorporation of these innovations in the produc- tion stages and the final product. In methodology terms, this research is characterized as descriptive, developed in the form of a case study on a project in the city of Campina Grande - PB. The results indicate that the use of eco-innovations in that enterprise occurred predominantly in the stage of final product in technological innova- tions to reduce consumption of electricity and water reuse. Already the determinants of adoption of eco-inno- vations identified aimed at meeting the demands of the market, prioritizing strategic benefits for the company managing the project.
Keywords: Eco-innovations, Project construction, Environmental Management..
1 INTRODUÇÃO
No contexto organizacional, gradativamente, as empresas têm incorporado às ações de responsabilidade social, políticas e práticas de conteúdo ambiental. Além de responderem as exigências legais, muitas empresas percebem que incorporar preocupações socioambientais em suas estratégias competitivas pode representar oportunidade de ganhos futuros.
Barbieri et al (2010) reconhecem que é necessário o aprimoramento dos modelos geren ciais das organizações que mantém a perspectiva de se adaptar ao desenvolvimento sustentável. Por isso, a investigação relativa às formas de gestão ambiental, aplicadas ao desenvolvimento de tecnologias e à gestão de inovações para o desenvolvimento sustentável, serão temas importantes nos estudos futuros, por serem empregáveis aos mais variados tipos de atividades econômicas.
As empresas são, em princípio, responsáveis pelas consequências de suas operações, incluindo os impactos diretos, como as externalidades que afetam terceiros, as ações que en volvem toda a cadeia produtiva e o ciclo de vida dos seus produtos e serviços. A recente asso ciação de responsabilidade social empresarial ou corporativa aos preceitos do desenvolvimento sustentável ampliou o conceito de responsabilidade socioambiental ao considerar a atuação das empresas e o impacto de suas atividades produtivas, quando essas afetam a qualidade de vida e comprometem o futuro do planeta pelo uso de recursos naturais escassos (VINHA, 2003).
Com a evolução nos debates sobre problemas ambientais, os consumidores começam a despertar para a importância dos produtos e serviços criados e utilizados de forma responsável, social e ambientalmente. Essa consciência ainda é frágil, mas, por meio das pressões sociais, começam a surgirem efeitos no mercado, no sentido de impulsionar as empresas a adotarem melhorias em seus produtos ou processos de produção. Outra forma de as empresas se voltarem para o desenvolvimento de uma gestão ambiental é por força da regulamentação. Atualmente, várias leis foram estabelecidas para regulamentar as atividades produtivas quanto ao uso dos recursos naturais, responsabilidades sociais e ambientais.
Teles e Arraes (2009) afirmam que sem a regulamentação ambiental, a utilização de re cursos naturais pode ser levada à exaustão. Por sua vez, a maneira como a regulação influenciará a diminuição da degradação dependerá do ambiente institucional presente. Por ambiente insti tucional esse autores referem-se a todos os fatores, como regras de conduta, leis, convenções, mecanismos políticos e organizações como, polícias, tribunais, associações, órgãos ambientais, que implementam e garantem os direitos de propriedade.
A mudança na forma de produzir das empresas pode ser estimulada através de uma melhor compreensão da magnitude e dos riscos dos impactos ambientais globais. Nesse sentido, as contribuições de instituições sociais são importantes para o aprofundamento do processo de conscientização ecológica e de mudanças de valores culturais. Portanto a regulamentação am biental é necessária para promover os incentivos ao investimento, à inovação tecnológica e ao aperfeiçoamento da gestão ambiental.
A inovação voltada para a sustentabilidade, ou eco-inovação, pode ser considerada como a introdução de produtos, processos produtivos, métodos de gestão ou negócios, novos ou significativamente melhorados para a organização e que traz benefícios econômicos, sociais e ambientais, comparados com alternativas pertinentes. Não se trata apenas de reduzir impactos negativos, mas de adicionar benefícios líquidos. Uma organização inovadora sustentável reúne características essenciais de inovação orientada para a sustentabilidade (BARBIERI et al, 2010).
Tomando como referência o setor da construção civil no Brasil, até o evento Rio 92 não havia iniciativa nesse setor para tratar das questões ambientais relativas ao uso de recursos naturais não renováveis ao longo da cadeia produtiva ou dos custos e prejuízos causados pelo desperdício de materiais e pelo destino dos rejeitos.
Numa perspectiva local, a cidade de Campina Grande PB tem refletido a mesma ten dência de crescimento do setor da construção civil, que se verifica no restante do País. A partir desta condição, os impactos ambientais negativos são localmente verificados. Algumas empre sas do setor têm desenvolvidos “projetos verdes”, assim chamados os projetos/edificações que incluem em sua concepção ou operacionalização o uso de novos materiais ou tecnologias desen volvidas para auxiliar na resolução de problemas ambientais. Todavia, a dimensão econômica ainda impõe o ritmo da disponibilidade dessas edificações, que em geral, possuem valores rela tivamente mais elevados que os projetos convencionais.
Sobre o estudo de eco-inovações, Rennings (1998, 2000) apresenta um modelo que ti pifica e analisa os fatores determinantes da sua adoção em uma empresa. A partir dessas contri buições foi definido o objetivo desse estudo, seja, identificar e tipificar eco-inovações utilizadas em um empreendimento da construção civil e os fatores que determinaram a incorporação dessas novas tecnologias em suas operações.
O modelo de Rennings (1998; 2000) foi utilizado para a estruturação de um roteiro de entrevista semiestruturada em torno de suas variáveis principais, aplicado junto aos responsáveis pela gestão do empreendimento, que aqui chamaremos de Alfa. O tratamento qualitativo foi possível mediante análise comparativa dos dados primários obtidos nas entrevistas em relação às variáveis do referido modelo teórico, sendo essa análise suportada também por observação não participante dos pesquisadores e, por dados secundários da empresa e publicações sobre o setor da construção civil e a seus impactos ambientais.
Além do conteúdo introdutório da seção 1 Introdução; o artigo se desenvolve em mais quatro seções. A seção 2 Revisão de Literatura apresenta definições e benefícios do modelo de eco-inovação proposto por Rennings (1998, 2000), uma das principais contribuições teóricas ao estudo. Ainda, essa seção também analisa brevemente algumas características das atividades da construção civil e seus respectivos impactos ambientais. Em seguida, no tópico 3 Metodo logia indica a natureza descritiva dessa pesquisa e apresenta os aspectos operacionais de sua realização e a forma de tratamento dos dados coletados. No tópico 4 Resultados apresenta se as características do empreendimento analisado e identifica-se as principais eco-inovações adotadas e seus respectivos benefícios decorrentes. Nessa seção também são destacados os fatores determinantes para a adoção dessas eco-inovações. Finalmente, na seção 5 Conclusões são relatadas as principais conclusões formuladas com base no estudo realizado. Assim como as limitações desse estudo e algumas possibilidades de pesquisas futuras relativas ao estudo das eco-inovações na construção civil.
2 REVISÃO DA LITERATURA
As preocupações ambientais têm aproximado e confrontado várias abordagens teóricas em torno da análise dos problemas ambientais, na busca por soluções ou diminuição dos efeitos antrópicos negativos produzidos nas últimas décadas em função da elevada extração e consumo de recursos naturais (renováveis e não renováveis), além do alto volume de resíduos industriais e/ou de produtos descartados pós-consumo.
O conceito de desenvolvimento sustentável foi construído, em parte, a partir da crítica ao crescimento econômico um problema central na teoria neoclássica. Para a abordagem neo clássica, a meta da sustentabilidade deve ocorrer pela necessidade de transmitir às empresas, ao longo do tempo, a capacidade de produzir bem-estar econômico às gerações futuras, no mínimo, igual ao da atual. A capacidade de produção de uma economia consiste no conjunto de conhe cimentos, equipamentos e habilidades, no nível geral de educação e de formação, bem como na reserva de recursos naturais disponíveis. Esse último fator corresponde ao “capital natural”. Dessa forma, dois tipos de capital são considerados: o “capital criado pelo homem” e o “capital natural”. A relação entre esses dois tipos de capital é de substituibilidade, ou seja, o capital na tural pode ser substituído pelo capital criado pelo homem, mantendo-se os mesmos níveis de capacidade de produção e de bem-estar. Assim, ao considerar esses dois tipos de capital como substitutos perfeitos entre si, um aumento da quantidade de capital feito pelo homem seria ca paz de compensar a diminuição da quantidade de capital natural (VIVIEN, 2011).
O argumento, dos teóricos neoclássicos, que apoia essas considerações, é que a con tinuidade do crescimento econômico segue ao encontro da proteção ambiental, no sentido de alcançar um estado estacionário. A base desse argumento está na consideração de que embora o crescimento conduza geralmente a danos ambientais, nas fases iniciais, à medida que a indústria evolui o meio ambiente passa a ter melhor qualidade.
Alguns estudos empíricos apoiam essa argumentação, como o de Kuznets (apud COLE, 2006) que sugere que a emissão de poluentes cresce em função das rendas e segue até um li mite, quando para e, em seguida diminui, traçando assim uma curva de “U” invertido (Curva de Kuznets). Em outras palavras, nos estágios iniciais do crescimento econômico há pouca emissão de poluentes, devido à fraca produção. A seguir, o aumento e o descontrole da produção provo cam um acréscimo de poluição. Finalmente, os recursos financeiros liberados pelo aumento da riqueza, o crescente peso dos serviços e as mudanças de preferências individuais (mais inclinadas a pressionar os governos e exigir implementação de políticas ambientais) induzem as indústrias a reduzir emissão de poluentes. Nessa perspectiva, a função normal da economia permitiria um crescimento autossustentável e durável. Assim, a escassez dos recursos naturais provocada pelo crescimento econômico poderia ser controlada e compensada pelo progresso tecnológico.
Resultados empíricos de outros estudos (ARROW et al apud VIVIEN, 2011) mostram que essa tendência de redução de emissão só se aplica a determinados poluentes e que essa relação de U invertido não pode ser generalizada. Além disso, a redução da poluição em muitos países que tiveram sua industrialização evoluída, nesta área, foi obtida em função da transferência de indústrias poluidoras para outras regiões ou países.
Dessa forma, verifica-se que a abordagem neoclássica sobre a sustentabilidade segue um simples modelo de mecanismo estimulo-resposta de regulação, com ênfase aos modelos de controle da poluição, e negligencia a complexidade de influenciadores determinantes nas deci sões em inovação das empresas.
Quando adicionada ao desequilíbrio ambiental, a concentração de renda em diferentes grupos da população, decorrente da elevação dos níveis de produção e consumo, estratificadas em determinadas áreas geográficas, indicam um desequilíbrio social crescente.
Diante disso, o debate em torno de se alcançar o desenvolvimento sustentável emergiu e foi direcionado para a finalidade de avaliar os desequilíbrios ambientais, sociais e econômicos, resultantes da relação ‘crescimento econômico meio ambiente’. As discussões nesse sentido se efetivaram a partir da década de 1970, quando algumas importantes publicações indicaram a ne cessidade de estabelecer limites ao crescimento econômico, em função da previsão de escassez dos recursos naturais, o que sinalizou a necessidade de assegurar condições de sustentabilidade ao Planeta no longo prazo (COLE, 2006; ROMEIRO, 1999).
O termo desenvolvimento sustentável passou a ser formalmente propagado a partir da publicação do Relatório Brundtland em 1987, que apresenta um modelo de desenvolvimento baseado em um processo de transformação no qual a exploração dos recursos, a direção dos investimentos e a orientação do desenvolvimento tecnológico, juntamente com as mudanças institucionais, se harmonizem e reforcem o potencial do presente e do futuro, para atender as necessidades e aspirações humanas. Em termos mais claros, seria o tipo de desenvolvimento que atende as necessidades das gerações presentes e futuras sem comprometer a capacidades de prover as suas próprias necessidades (BRUNTLAND, 1987). Neste contexto, Cândido, Vascon celos e Gomes (2008) apontam que, desde a formalização dessa definição, o significado do De senvolvimento Sustentável vem sendo permanentemente reconstruído em função da evolução, importância e complexidade da temática e, que o uso indiscriminado e pouco criterioso do termo dificulta o seu entendimento e abre margem para significados diversos.
Sachs (2008) apresentou a intenção do desenvolvimento sustentável ao considerar que esse termo abarca os princípios da igualdade, equidade e solidariedade para minimizar os efeitos de um desenvolvimento focado no economicismo. Assim, torna-se imperativo que o desenvolvi mento busque a solidariedade sincrônica com a geração atual e de solidariedade diacrônica com as gerações futuras, tendo como eixos basilares um conjunto de dimensões específicas (social, econômica, ambiental, político-institucional, cultural, etc.).
Conclui-se que, para atender aos princípios da sustentabilidade torna-se necessário que go vernos, organizações sociais, sociedade em geral e também as empresas adotem um comportamento responsável e participativo. No caso das empresas, particularmente, se espera que essas desenvol vam mudanças na forma de gestão e de produção, que sejam menos agressivas ao meio ambiente.
Portanto, Cohen (2003) afirma que o estilo de vida contemporâneo mostra-se cada vez mais expansivo, móvel e prejudicial ambientalmente. Esse estilo de vida baseado no consumo e descarte de bens é impulsionado pela variedade de produtos, cada vez mais customizados e com ciclo de vida mais curtos, visando criar demandas para as empresas produtoras. Diante disso, as empresas se configuram, de uma forma geral, como consumidoras de uma quantidade significa tiva de recursos naturais para manterem em funcionamento seus processos produtivos.
Nesse contexto, Rosa (2009) reconhece como legítima a interação do ser humano com a natureza em busca de satisfazer suas necessidades básicas, para a conservação da espécie. Porém, a autora afirma que quando essa interação atinge níveis muito acima da capacidade de renovação dos recursos naturais (visando, por exemplo, atender necessidades criadas pelo mercado), acontece a exploração dos recursos naturais de forma ilegítima, porque degrada e desequilibra os ecossistemas.
Para garantir o equilíbrio dos ecossistemas, torna-se necessário implementar um conjun to de mudanças, por exemplo, na oferta de produtos, de tal forma que os produtos sejam gerados na perspectiva da preservação ambiental, incorporando características que facilitem seu reaprovei tamento, reciclagem ou remanufatura ou ainda, um descarte seguro e com menor prejuízo ambien tal. Mudanças dessa natureza dependem, em grande escala, do desenvolvimento de inovações voltadas para a sustentabilidade, relacionadas aos produtos e/ou aos processos produtivos.
Sobre a importância das inovações Schumpeter (1985) afirma que há várias formas de re alização, de modo que as inovações possam se concretizar por meio da introdução de um novo bem ou de uma nova qualidade de um bem, de um novo método produtivo, da abertura de um novo mercado, de novas fontes de matérias-primas ou de bens semimanufaturados. Em se tratando de inovações para a sustentabilidade, cabe tanto a empresa inovadora quanto ao meio institucional introduzir e sustentar a mudança na oferta de bens e produtos, influenciar o hábito de consumo sustentável e levar o consumidor a compartilhar a necessidade da preservação ambiental.
As inovações constituem peça-chave para que as organizações possam contribuir para o desenvolvimento sustentável, visando estabelecer um novo modo de produção para a subsistên cia humana, que seja compatível com a capacidade de suporte do planeta e equitativo, pois as disparidades de renda entre regiões, povos e classes constituem o outro lado de uma apropria ção desigual dos recursos da Terra (BARBIERI e SIMANTOB, 2007).
Giesta (2012) destaca que, mediante a construção de um eixo inovador a partir da nova visão do desenvolvimento sustentável, as organizações estão percebendo vantagens competiti vas e buscam realizar ações nesse sentido e cita como exemplo a implementação de práticas de responsabilidade sócio ambiental.
De forma complementar, muitas ferramentas de gestão ambiental empresarial foram desenvolvidas e disponibilizadas, expressando a preocupação preventiva para a gestão ambiental nas empresas, visando incorporar essa temática desde a concepção, seguindo-se no planeja mento, na organização, até a operação produtiva da empresa, de modo a não aguardar que os resíduos sejam gerados para depois procurar tratá-los e descartá-los (GASI e FERREIRA, 2006).
O aumento da importância da sustentabilidade nos últimos anos tem levado algumas empresas a considerar, como parte integrante da estratégia de negócios, a inclusão de metas empresariais compatíveis com o desenvolvimento sustentável. As empresas podem exercer um papel importante na promoção de uma sociedade ecologicamente sustentável e socialmente justa, sem abrir mão de suas responsabilidades financeiras com os acionistas, como observam Pinsky, Dias, e Kruglianskas (2013).
Corroborando com isso, verifica-se um número crescente de pesquisas e/ou publica ções cientificas em torno da temática sobre inovações sustentáveis (KNEIPP, ROSA, BICHUETI, MADRUGA, e SCHUCH JÚNIOR, 2011), visando auxiliar as empresa e sociedade na busca pelo desenvolvimento sustentável.
A visão da gestão ambiental, no âmbito das empresas, objetiva a produção com mínimo impacto, dentro de limites tecnológicos e econômicos, não se contrapondo ao desenvolvimento. Nesse sentido, a adoção de eco-inovações pode auxiliar no alcance do equilíbrio entre objetivos ambientais, econômicos e sociais.
2.1 Eco-inovações
A incorporação de inovações sustentáveis nas empresas começa muitas vezes visando a atender à demanda ambiental decorrente de regulamentação. Em relação à sustentabilidade de uma atividade produtiva, observa-se que inicialmente a intenção era tratar os resíduos indus triais para facilitar sua absorção pela natureza. Esse esforço ficou conhecido como desenvolvi mento de soluções end-of-pipe (fim de tubo) porque eram aplicadas apenas no fim do processo produtivo tendo caráter corretivo.
Rennings (2000) afirma que a inovação para a sustentabilidade, ou eco-inovação, pode ser desenvolvida por empresas ou por organizações sem fins lucrativos e sua natureza pode ser tecnológica, social ou institucional. Para ele, a eco-inovação tem o atributo de reduzir encargos ambientais relativos, pelo menos a um tipo de recurso natural. Isso muda o foco da inovação tecnológica que apenas visava a elevação da eficiência econômica dos sistemas produtivos, pas sando a conduzí-lo para a inovação tecnológica, que objetiva a proteção ambiental, tanto de caráter preventivo quanto corretivo.
Nessa perspectiva, o desenvolvimento de eco-inovações e seu processo de implementa ção nas empresas, suportados pela utilização das ferramentas de gestão ambiental empresarial, constituem, por si só, uma inovação gerencial, que pode contribuir para a sustentabilidade de uma atividade produtiva.
A inovação para a sustentabilidade ou eco-inovação tem características específicas que, segundo Berkhout e Green (2002), devem ser observadas desde a gestão dos relacionamentos entre as empresas envolvidas na atividade produtiva até a fase de disponibilização para o con sumo. Por isso é necessário considerar a importância das contribuições de outros agentes além da empresa, definindo, informando e valorizando a inovação para o ambiente. A necessidade de integração contínua com um amplo conjunto de stakholders tem resultado em novas rotinas organizacionais nas empresas, muitas com implicações diretas para os processos de inovação, visando o gerenciamento sustentável da atividade produtiva.
A adoção de eco-inovações pode resultar na redução do uso de recursos naturais, no uso racional dos recursos natural, na redução de geração de resíduos e/ou na prevenção e cor reção a desastres ambientais. Tudo isso, além de representar ganhos ambientais importantes, também pode promover ganhos estratégicos para as empresas (NORTH, 2011).
Os ganhos econômicos estão relacionados à economia de custos por meio da redução do consumo de recursos e insumos. Além disso, há o incremento de receitas, por meio da con tribuição marginal, em produtos categorizados como “verdes”, com maior valor agregado pelo mercado. Os ganhos estratégicos se referem à melhoria da imagem institucional, incremento e renovação do portfólio, ampliando a capacidade produtiva. Quanto aos ganhos ambientais, es tes estão diretamente relacionados com a diminuição da demanda por recursos naturais, assim como pela redução da geração de resíduos.
É importante considerar que inovações, de qualquer tipo, exigem investimentos em pesquisa e o desenvolvimento de habilidades técnicas e gerenciais por parte do agente inova dor, além de demandarem período de tempo significativo até estarem em condições de serem adotadas como novo paradigma de produção. O esforço em inovar gera custos que a empresa inovadora espera recuperar através dos benefícios resultantes de sua adoção.
Sobre o retorno do investimento em inovações, há significativa incerteza e dificuldade de avaliar, porque uma inovação pode ser rapidamente copiada e assim, os benefícios serem apropriados por concorrentes que não tiveram nenhum custo direto com o projeto. No que se refere às inovações de conteúdo ambiental, esse risco, sobre o retorno financeiro, é ainda mais presente uma vez que nem sempre o consumidor percebe ou está disposto a pagar mais por um produto que tenha um preço mais elevado, embora tenha sido elaborado considerando melhores práticas ambientais no processo produtivo em sua composição.
Para minimizar essas dificuldades, Rennings (2000) afirma que políticas públicas de apoio à inovação para a sustentabilidade podem ajudar a diminuir os custos tecnológicos, ins titucionais e sociais, especialmente nas fases de invenção e de produção no mercado. Romeiro (1999) acrescenta que a regulamentação ambiental das atividades produtivas pode ser um deter minante no comportamento eco-inovador das empresas, famílias e outras instituições, isso por que as regulamentações frequentemente surgem em função de desastres ambientais decorren tes da degradação gerada pela atividade humana e atua para evitar repetições desses desastres. Todavia, se a preservação ambiental depender somente da regulamentação é necessá-
rio que ocorram perdas para que a sociedade e os governos se tornem responsáveis ambiental mente. A postura ambiental sob esta perspectiva é predominantemente corretiva, podendo ser menos eficiente em termos de preservação dos recursos naturais.
Pode-se considerar então que a regulamentação é necessária, mas não suficiente para garantir o desenvolvimento sustentável. Outros mecanismos complementares são necessários, na forma de iniciativas originadas pelos próprios atores envolvidos.
As empresas maiores tendem a desenvolver suas atividades de Pesquisa e Desenvolvi mento-P&D, as quais concentram esforços para desenvolver inovações (incrementais ou radicais) no sentido de elevar a eficiência produtiva em termos de custo-benefício. Em função da pré disposição à inovação nas grandes firmas, a incorporação de conteúdo ambiental no processo de inovação se torna relativamente mais fácil, tendo em vista a existência de uma estrutura técnica e gerencial apta a incorporar mudanças nos processos produtivos empurradas pelo próprio de senvolvimento tecnológico da atividade.
Hall (2000) chama atenção para o fato de que as empresas mudam suas estratégias em resposta às pressões de várias fontes, destacando que posturas organizacionais podem ser modificadas como resposta a pressões sociais, econômicas ou regulatórias, principalmente se a atividade destas é caracterizada como poluidora do meio ambiente, como é o caso das atividades produtivas da construção civil.
Para estes fins, os modelos teóricos que tratam sobre eco-inovações têm o objetivo de orientar e gerenciar o desenvolvimento e a aplicação de processos sustentáveis, bem como auxi liar a criação de metodologias e de métricas de avaliação de seus benefícios, além de indicarem as diretrizes para a elaboração de políticas de eco-inovação nas diferentes atividades produtivas. Dentre estes modelos destaca-se o modelo de Rennings (1998, 2000) que apresenta, além das eco-inovações tecnológicas usuais, outros tipos de eco-inovações como meios de alcançar solu ções aos problemas ambientais vigentes.
2.2 Modelo de Rennings
Um dos primeiros modelos sobre eco-inovações foi apresentado por Rennings (1998; 2000) e tem como importante contribuição à visualização de outros tipos de eco-inovações que possam contribuir no tratamento dos problemas ambientais a partir de dimensões, como as eco-inovações sociais e/ou institucionais, por exemplo, que permitem serem criadas condições necessárias para a mudança na intensidade e velocidade do consumo de recursos naturais, prin cipalmente dos recursos naturais não renováveis.
Outra contribuição desse autor (RENNINGS, 1998; 2000) é a indicação de potenciais fatores determinantes no processo de desenvolvimento/adoção de eco-inovações nas empresas, que auxilia a compreender o contexto de emergência de determinada eco-inovação e baliza a qualificação das empresas quanto a sua proatividade ou reatividade no trato das questões ambientais e, consequentemente, sobre a percepção de sua responsabilidade socioambiental.
No artigo intitulado Towards a Theory and Policy of Eco-Innovation Neoclassical and (Co) Evolucionaty Perspectives, Rennings (1998) trata do processo de inovação para o desenvolvi mento sustentável ou, do desenvolvimento de eco-inovações. A partir dos fundamentos de pers pectivas econômicas, neoclássica e co-evolucionária, o autor buscou analisar se a eco-inovação pode ser tratada como uma inovação normal ou se requer base teórica e políticas específicas e conclui que, dada as suas especificidades e sua relação com as questões ambientais, a eco-inova ção deve ser desenvolvido considerando outras dimensões além da tecnológica.
O desenvolvimento de eco-inovações demanda políticas especificas e um arcabouço teórico mais abrangente, sinalizando para a necessidade de pesquisas que tenham como obje to de estudo o desenvolvimento de inovações para a sustentabilidade, o que pode melhorar o entendimento sobre suas diferentes dimensões, seu complexos mecanismos de feedback e inter
relações. As dimensões da eco-inovação propostas por Rennings (1998, 2000) são apresentadas no
Além da natureza variada da eco-inovação, representada pelas dimensões supracita das, Rennings (2000) apresenta um conjunto de fatores determinantes para o desenvolvimento ou adoção de uma eco-inovação nas empresas. O autor considera que a eco-inovação pode ser: empurrada pelo desenvolvimento tecnológico da atividade produtiva, empurrada pela regula mentação ou, puxada pelo mercado consumidor. Esses fatores podem explicar individualmente ou conjuntamente a incorporação de inovações sustentáveis pelas empresas. O Quadro 2 indica quais são esses fatores e as condições em que esses determinam o desenvolvimento/adoção da eco-inovação nas empresas:
Esses fatores podem determinar individualmente o desenvolvimento de eco-inovações nas empresas, como também podem conjuntamente justificar a incorporação de inovações sus tentáveis nas empresas, ainda que seja possível identificar a predominância de algum deles.
Muitas ferramentas de gestão ambiental nas empresas podem ser observadas através da análise das tecnologias ambientais incorporadas à atividade produtiva. As tecnologias am bientais podem ser integradas ao processo, em diferentes momentos, na entrada por exemplo, através da substituição de insumos nocivos ao meio ambiente ou através da substituição de re cursos naturais primários por material reciclado; no processo de produção através da otimiza ção de um único componente do processo, ou da integração de um novo componente ao pro cesso, ou da integração de componentes alternativos no processo, ou ainda, através da utilização de um processo de produção alternativo; na saída através da melhoria de um componente do produto, ou através da integração de um novo componente ao produto, ou através da troca de um componente do produto, ou através da substituição completa do produto.
Além da possibilidade das inovações voltadas para a sustentabilidade serem incorporadas diretamente ao processo produtivo em suas diferentes etapas, esse tipo de inovação pode ocorrer de forma adicionada, ou seja, pode ser incorporada após a finalização do processo produtivo como meio de proteção ambiental (RENNINGS, 2000). Nesse caso, a eco-inovação visa reduzir os efeitos negativos da produção e do consumo, através do desenvolvimento de tecnologias do tipo remanu fatura, reciclagem ou reuso dos produtos ou de seus componentes, ou ainda, de tecnologias para o tratamento dos resíduos industriais ou dos produtos descartados após o consumo.
As diferentes etapas de um processo produtivo e os respectivos resíduos gerados em cada etapa são mais facilmente compreendidas ou visualizadas quando se referem à produção de bens tangíveis, quando sua produção/montagem ocorre de forma sequenciada, como é o caso do processo construtivo de edificações do setor da construção civil.
-relações. As dimensões da eco-inovação propostas por Rennings (1998, 2000) são apresentadas no
2.3 Características das atividades produtivas da construção civil
De uma forma geral, as principais etapas do processo construtivo de edificações podem ser relacionadas na seguinte sequência: instalação do canteiro de obras, fundações, concretagem, alve naria, salpique/reboco/encunhamento, instalações elétricas, instalações hidráulicas, revestimento ce râmico, impermeabilização, proteção mecânica, forro de gesso, pintura, colocação de pedras nobres, louças e metais, limpeza final e manutenção. Quanto aos insumos utilizados no processo de constru ção, há uma variedade de materiais que incluem: tijolo cerâmico, aditivo bianco, brita, areia, cimento, argamassa industrializada, concreto usinado, pré-moldados, aço, prego, arame, madeira, eletroduto, caixas metálicas e conexões, cabo de cobre nu, fio encapado, fita preta, tubulação e conexão de água e esgoto, tubulação e conexões de cobre, isolamento térmico, gesso em pó e placa, fibra de cisal, reves timento cerâmico, cimento-cola, rejunte, tinta, selador, solvente, lixa, manta asfáltica, piche, insertes metálicos, gás GLP, energia elétrica, água, e mão-de-obra (CNTL, 2007).
Como resultado do processo de construção, surgem os resíduos desses materiais, além de efluentes líquidos e de poeira. Esta última está presente em grande parte das atividades, quer seja na extração da matéria-prima, no transporte, na produção de materiais como o cimento e o concreto, e na execução de atividades nos canteiros de obra.
Apesar da semelhança entre a execução das etapas de um projeto de edificação, cada projeto pode gerar um tipo especifico de impacto ambiental, de maior ou menor proporção. Além dos impactos ambientais tradicionalmente esperados, a exposição ao sol, à poeira e ao ruído são fatores que afetam a saúde do trabalhador, em função das condições de trabalho veri ficadas em um empreendimento da construção civil.
As atividades da construção civil consomem algo em torno de 20% a 50% do total dos recursos naturais consumidos pela sociedade e, por consequência, consiste em uma das princi pais fontes geradoras de resíduos da sociedade. Os resíduos da construção civil são provenientes de novas construções, reformas, reparos e demolições de obras, e da preparação e da escavação de terrenos. Alguns tipos de resíduos sólidos da construção civil podem ser facilmente identifi cados, tais como: tijolos, blocos cerâmicos, concreto, rochas, metais, resinas, colas, tintas, ma deiras, forros, argamassas, gesso, telhas, pavimento asfáltico, vidros, plásticos, tubulações, fiação elétrica etc., comumente chamados de entulho de obra ou metralha (CNTL, 2007).
Grande parte desses resíduos é lançada sem qualquer tratamento em lixões, causando impac tos significativos ao ambiente, tais como: degradação de áreas de manancial e de proteção permanen te; proliferação dos agentes transmissores de doenças; assoreamento de rios e córregos; obstrução de sistemas de drenagem; ocupação de vias e logradouros públicos por resíduos; degradação da paisagem urbana; e, produção e acúmulo de resíduos que podem gerar riscos em função de sua periculosidade.
O lançamento desses resíduos em lixões também implica em redução de sua vida útil, já que parte deles poderia ser reaproveitada ou revalorizada e utilizada em outras operações produti vas, da construção civil ou de outros setores. O descarte aleatório de resíduos sólidos dessa natu reza gera perdas ambientais e econômicas, que combinadas implicam também em perdas sociais.
Em Julho de 2002, entrou em vigor no Brasil a Resolução nº 307 do Conselho Nacio nal do Meio Ambiente CONAMA, exigindo que em todos os projetos de obras submetidos à aprovação dos municípios ou licenciamento dos órgãos competentes, devem conter também um projeto de gerenciamento de resíduos sólidos. Esta Resolução define, classifica e estabelece os possíveis destinos finais de resíduos da construção civil. Dessa forma, exige das empresas do se tor e dos órgãos responsáveis, a criação de um sistema de gerenciamento de recursos utilizados nas atividades da construção civil e dos resíduos decorrentes (CONAMA, 2002).
Com base nessa regulamentação, é esperado, em primeiro lugar, o bom uso dos recur sos naturais de forma a evitar desperdícios ou perdas no processo produtivo. Posteriormente, orienta-se que ações corretivas sejam planejadas e implementadas para minimizar os impactos ambientais decorrentes da geração de resíduos da construção civil.
Reduzir a poluição através do uso racional de matéria-prima, água e energia, significa uma opção ambientalmente e economicamente eficiente, tendo em vista que a transformação de recur sos naturais em produtos e não em resíduos torna a empresa mais competitiva, além de exigir me nores investimentos para soluções de problemas ambientais. O setor da construção civil se compõe de empresas que realizam a construção de empreendimentos (construção pesada, edificações e obras viárias) e inclui também empresas de serviços e distribuição ligados à construção, além dos segmentos fornecedores de matérias-primas e de equipamentos para o setor (CNTL, 2007).
Tradicionalmente, os investimentos em inovações, na maioria das empresas componen tes desse setor, visam prioritariamente à elevação da eficiência e da produtividade dos recursos, incluindo-se aqui a utilização dos recursos naturais envolvidos. Nesse sentido a inovação tecno lógica desenvolvida e incorporada nas atividades de construção civil atende à necessidade de uso racional dos recursos naturais, mas isso não significa diminuição da demanda e da utilização dos recursos naturais, ao contrário, a elevação da produtividade permite ganhos econômicos maio res e, consequentemente, capacidade de expansão dos negócios de uma empresa. Isso pode explicar parcialmente o significativo crescimento que esse setor vem apresentando anualmente no Brasil, estimulado pela alocação de recursos financeiros advindos de políticas públicas para programas de habitação.
Os impactos ambientais negativos decorrentes da construção civil são significativos, em função dos resíduos gerados e da alteração do meio ambiente em todas as suas fases, desde a extração de matéria prima até o fim da vida útil de uma edificação. Por isso, o desenvolvimento e a incorporação de eco-inovações nas atividades produtivas desse setor se tornam cada vez mais necessários. Mesmo em empreendimentos do tipo “projeto verde”, os impactos ambientais são significativos. Por essa razão, a análise da incorporação de eco-inovações nas atividades da construção civil se mostra necessária e pode indicar como o uso de inovações contribui para a minimização de impactos ambientais de seus processos produtivos.
3 METODOLOGIA
A presente pesquisa é de caráter exploratório e descritivo, considerando que busca identificar e tipificar eco-inovações adotadas em um empreendimento da construção civil e, os fatores que determinaram a incorporação dessas inovações em suas operações produtivas e no produto final. Esse tipo de pesquisa, segundo Hair Jr et al (2005) pode ser muito útil quando se busca investigar práticas inovadoras de produção e gestão, e quando se aplica a temas de estudos relativamente novos, como é o caso dos estudos em torno de eco-inovações.
Em relação aos procedimentos, o estudo de caso consiste no estudo aprofundado e exaustivo de um ou poucos objetos, de modo que permitam o amplo e detalhado conhecimento destes (GIL, 1996). A escolha do empreendimento se deu principalmente em função de tipicida de (“projeto verde”), tendo em vista que o projeto do empreendimento-alvo diferencia-se dos projetos convencionais da construção civil, por incorporar objetivos ambientais em suas etapas produtivas, a fim de utilizar, de forma mais eficiente, os recursos naturais envolvidos.
A primeira etapa da pesquisa consistiu na revisão da literatura em torno da temática de eco-inovação, que possibilitou a identificação do modelo teórico de Rennings (1998; 2000), considerado adequado aos objetivos desse trabalho em função de permitir identificar e descrever a tipologia de uma eco-inovação e respectivos fatores determinantes de sua adoção. Ademais, per mite um aprofundamento na análise da dimensão tecnológica das eco-inovações, caracterizando
-a como de natureza corretiva ou preventiva, a partir da verificação de sua incorporação nas di ferentes fases de um processo produtivo, a exemplo de um empreendimento da construção civil. O modelo de Rennings (1998;2000) foi utilizado para a estruturação de um roteiro de entrevista semiestruturada em torno de suas variáveis principais, notadamente, para identificar os tipos de eco-inovação existentes e a motivação de sua adoção no projeto. Diante disso, o ro teiro de entrevistas abordou questões sobre a operacionalização das eco-inovações no canteiro
de obras e sobre os benefícios gerados para os clientes.
As entrevistas foram realizadas o início de Maio de 2012 junto aos responsáveis pela gestão do empreendimento. Assim, para a coleta de dados relativos às etapas de concepção e implementação desse empreendimento foi realizada uma entrevista orientada por roteiro, junto a um dos engenheiros do projeto. Na oportunidade, também foi permitido o acesso dos pes quisadores a documentos relativos ao projeto (perspectivas do projeto, projeções de consumo de materiais em diferentes etapas da edificação, etc.). Em relação aos materiais consumidos e os respectivos critérios de compra, foi entrevistado o responsável pelo setor de suprimentos da construtora responsável pelo Empreendimento Alfa.
Além dessas entrevistas, foram realizadas no canteiro de obras do Empreendimento Alfa, que se encontrava na etapa de acabamento, observações diretas, que, apesar de serem do tipo ‘observação não-participante’, permitiram manter conversas informais com alguns operários e com o assistente de engenharia designado para acompanhar os pesquisadores durante as vi sitas. A observação não participante confirmou a forma de coleta e tratamento/destinação dos resíduos gerados com a utilização de Empreendimento Alfa.
De forma complementar, durante a coleta de dados primários e secundários do em preendimento estudado, foi realizado um levantamento de informações sobre o setor nacional da construção civil, para brevemente caracterizar as atividades desenvolvidas por esse setor e verificar o tipo de impacto ambiental decorrente de suas atividades produtivas.
O tratamento dos dados envolveu a avaliação comparativa dos dados primários em re lação às variáveis do modelo de Rennings (1998; 2000), complementadas e balizadas pelo exame de documentos da empresa e pela observação não-participante. Dessa forma, a análise qualita tiva dos dados ocorreu com base na triangulação de dados (primários, secundários e observação não-participante) o que, segundo Yin (2005), fornecem uma ampla variedade de evidências para balizar as discussões dos resultados e as conclusões da pesquisa.
4 RESULTADOS
4.1 O Empreendimento Alfa
O Empreendimento Alfa é um condomínio residencial horizontal pensado para favo recer aos seus usuários um maior contato com a natureza, sem deixar de lado aspectos como segurança, conforto e praticidade dos residentes. O projeto visa alcançar clientes das classes de renda mais alta (A e B).
Aspectos como urbanização orgânica, utilização de energia eólica e solar, coleta seletiva e área de lazer estão presentes nesse projeto. O empreendimento Alfa está sendo executado e tem previsão de entrega para maio de 2012, com 192 lotes distribuídos em mais de 17 hectares, 11.650 m² de área de lazer, quadra, jardins e área verde e lago. Além disso, há dependências do tipo: estacionamento para visitantes; bloco de lazer nível térreo (espaço mulher, espaço gour met, salão de festas); pátio de eventos; bloco de lazer nível piscina (WC’s e vestiários de apoio às piscinas, sala de fitness, garage band, Spa/sauna, espaço de convivência, piscina aquecida, deck molhado, piscina infantil, piscina adulto com borda infinita e raia de 25m, bar molhado); Bloco de lazer nível jogos (sala de jogos, quadra de squash e espaço contemplativo); bosque/ playkids (playground); espaço ecumênico; gazebo/espaço zen; e, esportes (campo de vôlei, street basketball, quadra de tênis e campo de futebol society). Dessa forma os elementos ambientais convivem com características urbanas modernas que, combinadas, buscam atrair clientes que desejam conforto e qualidade de vida, e que possam pagar por esses benefícios.
Para o atendimento do aspecto legal o empreendimento obteve a licença ambiental for necida pela Superintendência de Administração do Meio Ambiente SUDEMA, realizou o acesso externo aprovado pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes DNIT, aprova ção da Prefeitura Municipal e possui o lote liberado para escritura e registro.
No aspecto ambiental, o uso de energia solar por meio dos coletores solares visa ao aque cimento das piscinas; existe lixeira projetada para implantação do sistema de coleta seletiva; e, orgânica, mantendo as características originais do terreno. Também inclui a implantação de uma Estação de Tratamento de Esgoto, que possibilita o reaproveitamento de águas para irrigação e limpeza. A drenagem das águas pluviais é realizada de forma que volte para as bacias hidrográficas originais. O projeto inclui também o uso de gerador eólico de energia para iluminação interna do clube; a pavimentação em todas as vias com blocos intertravados de 08 cm e drenagem subterrâ nea, com tubo poroso em vários trechos. Finalmente, existe no projeto a criação de um parque com uma extensa área verde com playground, pista de cooper, praça do piquenique e outros.
4.2 Eco-inovações identificadas no Empreendimento Alfa e seus fatores determinantes
Foram identificadas eco-inovações em duas etapas do Empreendimento Alfa: no supri mento de matérias–primas e no produto final. A seguir cada uma delas é destacada juntamente com os fatores determinantes identificados e os benefícios decorrentes.
4.2.1 Etapa: suprimento de matéria prima
As eco-inovações adotadas nessa fase são de caráter eminentemente tecnológico e pre ventivo. Assim, trata-se das matérias-primas que incorporam inovações causadoras de menor im pacto ambiental, a exemplo de pisos, revestimentos e pavimentação. A opção por adotar esses materiais deve-se a sua disponibilidade no mercado fornecedor e também para atender aspectos da demanda, já que o tipo de cliente almejado valoriza a incorporação de elementos ambientais no projeto. Assim, considera-se que nessa etapa a adoção de eco-inovações na forma de novos ma teriais menos poluentes ou geradores de menor resíduo são disponibilizados pelos fornecedores.
A verificação do valor ambiental desses materiais se comprova pela certificação das empresas que os fornecem (a exemplo de pisos e revestimentos: método de extração da argila e durante o processo produtivo, para a queima da cerâmica, utilizam-se fornos alternativos quanto ao combustível por serem estes menos agressivos ao meio ambiente). Os pisos e revestimentos possuem a Certificação Ambiental ISO 14.000, a qual garante melhor qualidade do produto e menor possibilidade de peças com defeito, reduzindo, assim, o desperdício por falta de padrão e contribuindo para uma maior facilidade da renovação da licença ambiental.
A pavimentação é composta por blocos intertravados de 08 cm e possui drenagem subter rânea com tubo poroso em vários trechos das vias onde são instalados. Possuem longa vida útil, baixa manutenção e não requer mão-de-obra especializada para aplicação. Este possui como características o melhor conforto térmico, melhor visibilidade noturna, liberação imediata ao uso, resistência ao tráfego pesado, versatilidade quanto às aplicações, desempenho garantido e baixo custo de manutenção.
Esse tipo de pavimentação possibilita que os blocos colocados possam ser retirados e reco locados, permitindo consertos subterrâneos nas calçadas, sem remendos; fácil assentamento; extre mamente duráveis; custo relativo compatível pela sua durabilidade e facilidade de manutenção.
A pavimentação utilizada no empreendimento poderia ser de asfalto ou paralelepípedo, mas visto que não incorporam características ambientais, por aumentar a temperatura ambiente e dificultar a impermeabilização da água ao solo, esses modelos não foram adotados.
Segundo avaliação da engenheira responsável pelo projeto, os benefícios desses mate riais estão diretamente relacionados à certificação ambiental, a qual reduz a agressão ao meio ambiente durante a atividade produtiva.
Os benefícios diretos são: Econômicos por meio do Incremento de Receitas: pela maior participação de mercado devido à inovação dos produtos e a menor concorrência, linha de produto novo para novos mercados, maior demanda (interna e externa) de produtos que con tribuam para a diminuição da poluição redução de custos: redução no desperdício de pisos e revestimentos de 12% para 3%; o item pavimentação é o que proporciona o melhor rendimento dos recursos disponíveis pelo baixo nível de manutenção; Estratégicos melhoria da imagem institucional da empresa; Ambientais Redução do consumo de recursos naturais, redução da geração de resíduo e o uso de produtos ecologicamente projetados.
4.2.2 Etapa: produto final
O Projeto inclui a captação de energia eólica e solar para operacionalização da edificação na fase de produto acabado. Esses aspectos caracterizam a utilização de eco-inovações tecnológicas preventivas, agregada às operações do empreendimento, destacando o uso de tecnologias limpas para auxiliar na redução de consumo de energia elétrica. A adoção desse tipo de eco-inovações de ve-se muito ao objetivo ambiental poupador de recursos naturais proposto para os clientes, sendo determinante da adoção de eco-inovações nessa fase do projeto, devido à demanda de mercado.
Nessa etapa do empreendimento, fica claro na visão dos entrevistados que predomina uma motivação econômica na adoção das eco-inovações. Foi declarada pela engenheira que os benefícios diretos da utilização de energia eólica nessa fase do empreendimento são: Econômi cos Economia de Custos: redução do consumo de energia em 30%; e, Estratégicos melhoria da imagem institucional, melhor adequação aos padrões ambientais exigidos. Consequentemente notam-se ganhos ambientais decorrentes, como a redução do consumo de recursos naturais por parte da energia que não é consumida pela energia fornecida pela companhia elétrica, o que previne problemas macro ambientais diante da redução no consumo.
A Estação de Tratamento de Esgoto é uma eco-inovação tecnológica, de caráter corre tivo, também voltado para atender demanda de mercado, que permite a entrada da água con sumida, de forma limpa quando destinada a seus efluentes. Foram destacados como benefícios diretos os seguintes: Estratégicos melhoria da imagem institucional e melhor adequação aos padrões ambientais exigidos; e, Ambientais redução da geração de resíduo, prevenção de pro blemas ambientais, redução de riscos de desastres ambientais, e contribuição para o uso racional de água. No Quadro 3, a seguir, são resumidamente identificadas e caracterizadas as eco-inova ções adotadas no Empreendimento Alfa:
Em relação aos fatores determinantes, nota-se que há um predomínio da utilização de eco-inovações, puxada pelo mercado consumidor, ou seja, aquelas inovações que, para os gesto res do projeto, atendem as demandas dos consumidores almejados, e que, por isso, são enfati zados nas estratégias de venda da empresa, destacando-se sempre para os clientes os benefícios econômicos e ambientais deles decorrentes. Dessa forma, a estratégia de venda da empresa que desenvolve o projeto Alfa, é buscar diferenciação de mercado ou redução de custo através de elementos ambientais incorporados ao projeto.
5 CONCLUSÕES
A incorporação de eco-inovações no Empreendiemnto Alfa ocorreu em apenas duas etapas do processo construtivo (suprimento de materias-primas e produto final), que estão dire tamente relacionadas com o valor ambiental criado para atender ao mercado consumidor pela empresa gestora do projeto. Nas demais etapas, não há diferenças na forma de gerenciamento desse projeto em relação aos demais empreedimentos convencionais da empresa construtora.
As eco-inovações encontradas na etapa de suprimentos de matérias primas geram bene fícios estratégicos, econômicos e ambientais, na redução de resíduos, melhoria da imagem organi zacional e na maior utilização de materiais que reduzem a poluição. A captação de energia eólica e solar, presentes na etapa do produto final, também se caracteriza como uso de eco-inovação tecnológica, de caráter preventivo. Essa eco-inovação contribui para a redução de cerca de 30% do consumo energético que seria adquirido junto à fornecedora local de energia elétrica. Esses resul tados evidenciam que os maiores benefícios das eco-inovações utilizadas são econômicos.
Os fatores determinantes da adoção das eco-inovações identificadas foram o desenvol vimento tecnológico empurrado e a demanda de mercado. O primeiro fator, correspondente a incorporação de eco-inovações desenvolvidas pelos fornecedores, implica na compra de mate riais com maior eficiência e/ou capazes de gerar menor impacto ambiental com sua utilização. Os benefícios ambientais são evidenciados pela certificação ambiental presentes nesses materiais.
A demanda de mercado é outro fator determinante da adoção de eco-inovações no pro duto final, e está relacionada à estratégia da empresa, que visa aproveitar uma oportunidade de negócio, tendo em vista que os benefícios ambientais disponibilizados aos clientes diferenciam o em preendimento no mercado, atraindo clientes que valorizam o tratamento de questões ambientais. O empreendimento Alfa obteve todas as licenças ambientais necessárias para sua im plementação. Contudo, não desenvolveu nenhum sistema de gerenciamento de resíduos sólidos em suas etapas construtivas, além de priorizar o não desperdício de materiais. Assim, verifica-se que a proposta do projeto verde, nesse caso, objetiva o alcance de um beneficio estratégico para a empresa, viabiliziando um diferencial no mercado, ainda que as eco-inovações adotadas, de fato, representam ganhos ambientais e econômicos, os quais podem, conjuntamente, representar também ganho social em termos de qualidade de vida para os usuários do empreendimento Alfa.
De uma forma geral, a adoção de eco-inovações proporciona ganhos ambientais para a sociedade, mas sua eficiência como ferramenta de gestão de recursos naturais na construção civil deveria estar vinculada a um sistema de gestão ambiental que utilizasse outras ferramentas no tratamento dos problemas ambientais gerados por essa atividade produtiva e não apenas o de promover estritamente ganhos econômicos e estratégicos para as empresas.
Em relação aos resultados e conclusões dessa pesquisa, verifica-se uma limitação signi ficativa em função da análise de um único caso, que, apesar de viabilizar uma avaliação aprofun dada, não permite generalizações. Recomenda-se a realização de outros estudos sobre os tipos de eco-inovações utilizados e os respectivos fatores determinantes de sua adoção em outros empreendimentos da construção civil, do tipo “projeto verde”.
Além disso, outros modelos de eco-inovações podem ser utilizados para confrontar os resultados obtidos nesse estudo e assim, ampliar as discussões dos benefícios em torno da uti lização de eco-inovações como ferramenta de gestão ambiental empresarial das atividades pro dutivas da construção civil.
Os resultados obtidos e as conclusões desenvolvidas podem fomentar o aprofunda mento do estudo sobre eco-inovações e os benefícios ambientais delas decorrentes no setor de construção civil e, dessa forma, contribuir para a melhoria da gestão ambiental nas respectivas atividades produtivas.
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