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Resiliência e desempenho acadêmico: um estudo com graduandos de contabilidade1
Resilience and academic performance: a study with accounting undergraduates
Enfoque: Reflexão Contábil, vol. 41, núm. 3, pp. 55-73, 2022
Universidade Estadual de Maringá

Artigo


Recepção: 13 Novembro 2020

Revised document received: 14 Janeiro 2021

Aprovação: 28 Dezembro 2020

DOI: https://doi.org/10.4025/enfoque.v41i3.56649

RESUMO: Estudos sobre resiliência vêm ganhando cada vez mais importância na literatura relacionada ao ensino superior (BREWER et al., 2019). A complexidade do assunto permite analisar lacunas ainda não preenchidas pela academia. Neste contexto, o objetivo do artigo foi analisar a relação entre a resiliência e o desempenho acadêmico dos estudantes de Ciências Contábeis. Para atingir o objetivo proposto pela pesquisa, foi aplicado um questionário a 183 discentes regularmente matriculados no curso de Contabilidade em uma universidade pública brasileira no segundo semestre de 2019. Para mensurar a resiliência dos discentes, utilizou-se a Resilience Scale, amplamente validada pela literatura (WAGNILD, 2009). Para o desempenho acadêmico, utilizou-se a autopercepção dos estudantes, metodologia já empregada em estudos anteriores (CORNACCHIONE JUNIOR et al., 2010; MUJICA et al., 2019). A análise dos dados contou com teste de médias, regressões lineares simples e múltipla. Como principais resultados, destaca-se a relação diretamente proporcional entre a resiliência e o desempenho acadêmico dos discentes. Essa evidência se manteve consistente, inclusive, quando controlada por outros fatores, como prolongamento de curso e renda familiar. Variáveis como gênero, religião e o período que o discente se encontra na graduação apresentaram, ainda, significância estatística para explicar o nível de resiliência dos participantes da pesquisa. O estudo contribui com a literatura na medida que levanta evidências sobre a importância da resiliência para o desempenho acadêmico dos estudantes. Adicionalmente, tanto para academia quanto para a prática contábil, o artigo endereça achados que permitem considerar uma nova variável no entendimento do desempenho acadêmico dos discentes de Contabilidade.

Palavras-chave: Resiliência, Desempenho, Escala de Resiliência, Ciências Contábeis.

ABSTRACT: Studies on resilience are gaining importance in higher education literature (BREWER et al., 2019). The complexity of the subject makes it possible to analyze gaps not yet filled by the academy. In this context, the objective of the article was to analyze the relationship between resilience and academic performance of Accounting students. To achieve the objective proposed by the research, 183 students regularly enrolled in the Accounting course at a Brazilian public university answered a questionnaire in the second semester of 2019. The Resilience Scale, which is widely validated by the literature (WAGNILD, 2009) was used to measure the students’ resilience. Students' self-perception of grades was used to measure academic performance, which was also used in previous research (CORNACCHIONE JUNIOR et al., 2010; MUJICA et al., 2019). The data analysis included mean tests, and simple and multiple linear regressions. As main results, this study finds a positive and significant relationship between students’ resilience and academic performance. This evidence remained consistent, even when controlled by other factors, such as course extension and family income. Variables such as gender, religion, and the period in which the student is in undergraduate also presented statistical significance to explain the level of resilience of the research participants. The study contributes to the literature as it highlights evidence about the importance of resilience for students' academic performance. Additionally, both for academia and for accounting practice, the article addresses findings that make it possible to consider a new variable in the understanding of the academic performance of Accounting students.

Keywords: Resilience, Performance, Resilience Scale, Accounting.

1 INTRODUÇÃO

Resiliência pode ser entendida como a capacidade de se recuperar rapidamente de situações difíceis, assim como, a capacidade de suportar as dificuldades em andamento de todas as maneiras possíveis (WALKER; GLEAVES; GREY, 2006). Ela tem se revelado um importante conceito para a promoção da saúde dos indivíduos, nos mais diferentes contextos (PESCE et al., 2005). Nesse cenário, Angst (2009) afirma que uma pessoa não é resiliente, mas que ela está resiliente já que a resiliência é uma característica mutável, podendo se manifestar de maneiras distintas e em diferentes momentos da vida do indivíduo. Dessa forma, a resiliência pode ser aprendida e estimulada e o ambiente em que o sujeito está inserido tem influência nesse estímulo (GROTBERG, 2005). No âmbito universitário, por exemplo, têm surgido diversos programas intervencionistas que visam promover a resiliência dos discentes (BREWER et al., 2019).

Segundo Holdsworth, Turner e Scott-Young (2017), a passagem para o ensino superior é uma das etapas mais significativas na vida de um indivíduo, pois estar inserido em uma universidade possibilita uma oportunidade única no desenvolvimento de capacidades e habilidades. Contudo, ao mesmo tempo em que a universidade apresenta oportunidades de aprendizagem, ela pode adicionar riscos à vida dos indivíduos, elevando a sua percepção de estresse (HOLDSWORTH; TURNER; SCOTT-YOUNG, 2017). Deste modo, tem crescido a preocupação das instituições de ensino com a saúde física e mental de seus discentes (ANDREWS; WILDING, 2004; ZHANG et al., 2012), em nível mundial.

No contexto brasileiro, não são raros os casos de adoecimento de estudantes universitários em decorrência do ambiente em que estão inseridos (MORETTI; HUBNER, 2017). Neste sentido, a resiliência pode representar uma força importante a ser considerada na compreensão do sucesso na universidade, no que se refere à capacidade dos discentes se adaptarem e crescerem em resposta às adversidades enfrentadas durante o ensino superior, seja por fatores internos ou externos à instituição de ensino (STALLMAN, 2011).

Uma das formas de se medir o sucesso no ambiente universitário pode ser pelo desempenho acadêmico do estudante. O desempenho acadêmico, por sua vez, pode ser resultado de diversos pontos, destacando-se: características individuais e sociodemográficas, infraestrutura da universidade e qualidade do ensino (MAGALHÃES; ANDRADE, 2006; ARAÚJO et al., 2013; MIRANDA et al., 2015). A resiliência se insere como uma das características individuais do estudante e, portanto, pode ser um dos fatores que interferem no desempenho acadêmico (GRAFF; MCCAIN; GOMEZ-VILCHIS, 2013; ALLAN; MCKENNA; DOMINEY, 2014; CHUNG; TURNBULL; CHUR-HANSEN, 2017; HOLDSWORTH; TURNER; SCOTT-YOUNG, 2017). No contexto brasileiro, já foi verificada a relação entre resiliência e desempenho no ensino básico (GARCIA; BORUCHOVITCH, 2014), contudo, a aplicação do tema no âmbito do ensino superior ainda é incipiente.

Dessa forma, o presente estudo buscou responder à seguinte questão de pesquisa: qual a relação entre a resiliência e o desempenho acadêmico dos estudantes de Ciências Contábeis? O objetivo do estudo foi, portanto, analisar a relação entre a resiliência e o desempenho acadêmico dos estudantes de Ciências Contábeis. Adicionalmente, buscou-se analisar, a partir das características socioeconômicas e demográficas dos participantes, os fatores que ajudam a entender o nível de resiliência dos discentes de Contabilidade.

Tendo em vista que o desenvolvimento da resiliência pode ajudar a enfrentar as adversidades vivenciadas no ensino superior e contribuir para a conclusão do curso (DURSO, 2020), torna-se relevante investigar a relação entre resiliência e desempenho acadêmico. Investigações empíricas sobre resiliência podem ser úteis para estruturar serviços educacionais, para o desenvolvimento de práticas de apoio ao estudante do ensino superior ou, ainda, criação de políticas intervencionistas que busquem desenvolver as características de resiliência nos estudantes (ALLAN; MCKENNA; DOMINEY, 2014; BREWER et al., 2019).

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 TEORIA DA RESILIÊNCIA

A resiliência pode ser conceituada como “o conjunto de processos sociais e intrapsíquicos que possibilitam o desenvolvimento saudável do indivíduo, mesmo este vivenciando experiências desfavoráveis” (PESCE et al., 2005, p. 436). Por uma perspectiva socioecológica, a resiliência pode ser vista como um processo resultante da interação entre o indivíduo e os diversos contextos no qual ele se insere (WALKER; GLEAVES; GREY, 2006). A American Psychology Association (2014) conceitua a resiliência como o processo de boa adaptação em face à adversidade, trauma, tragédia, ameaças ou significativas carga de estresse - tais como problemas familiares de relacionamento e sérios problemas de saúde ou estressores gerados pelo ambiente de trabalho ou financeiros.

Brandão, Mahfoud e Gianordoli-Nascimento (2011) destacam que os primeiros estudos sobre resiliência em psicologia (em sua maioria estudos de países anglo-saxões) abordavam o conceito como sinônimo de resistência às situações de estresse, ou seja, indivíduos que não se abalavam pelas situações adversas. Entretanto, Poletto e Koller (2008) apontam que o indivíduo se modifica quando é abalado ou absorve eventos estressores. Além disso, em tais situações, esse indivíduo aprende, cresce e se desenvolve. Assim, tem-se uma outra vertente da resiliência na qual os estudos atuais a conceituam não como resistência, mas como recuperação e superação, ou seja, a capacidade do indivíduo passar por situações adversas e, ainda assim, apresentar uma boa adaptação ao ambiente no qual se insere (BRANDÃO; MAHFOUD; GIANORDOLI-NASCIMENTO, 2011; MASTEN, 2015).

Os estudos centrados no aspecto de resistência abordavam, em maior grau, os fatores de proteção para que o indivíduo não se abale frente aos fatores de risco. Já na perspectiva da recuperação e superação são abordados aspectos dos indivíduos afetados por situações de estresse e as possíveis formas de lidar com tais situações, a fim de superá-las (BRANDÃO; MAHFOUD; GIANORDOLI-NASCIMENTO, 2011). Poletto e Koller (2008) comentam que os fatores relativos à resiliência podem ser divididos em fatores de proteção e fatores de risco. Fatores de risco compreendem situações ocasionadas pela adversidade, que ameaçam o bom desenvolvimento do indivíduo, tais como baixa escolaridade, baixa renda, ausência de rede de apoio social e afetiva (MASTEN, 2015). Os fatores de proteção, por sua vez, representam os fatores de enfrentamento utilizados pelo indivíduo, seja pelas suas características pessoais, como autonomia e autoestima, ou por fatores ambientais, como o apoio de família e amigos (POLETTO; KOLLER, 2008; MASTEN, 2015; RICHARDSON, 2002).

Fajardo, Minayo e Moreira (2010) destacaram cinco características da resiliência: a comunicação, que possibilita criar vínculos e realizar trocas com outras pessoas; a capacidade de assumir responsabilidade por sua própria vida; a consciência limpa, a qual os autores apontam como a pessoa reconhecer seus erros e conseguir superá-los sem ceder à culpabilização; a convicção sobre valores que permitam suportar as situações adversas; a compaixão, que permite compreender o outro e a si mesmo. Já Thorne e Kohut (2007) agruparam as forças que compõem a resiliência em três classes: o domínio, a qualidade das relações e as emoções. O domínio aborda a auto percepção do indivíduo quanto às suas habilidades e competências para soluções de problemas; a qualidade das relações aborda a confiança do indivíduo nas outras pessoas e o suporte que tais relações proporcionam; as emoções se relacionam com a forma como o indivíduo lida e supera as situações adversas e as questões mentais e emocionais envolvidas.

Richardson (2002) aponta que a resiliência surge como uma área de investigação que visa explorar habilidades pessoais e interpessoais e pontos fortes do indivíduo que possam ajudar os indivíduos no processo de adaptação aos contextos de adversidade. O autor comenta, ainda, que as primeiras investigações sobre resiliência no ambiente acadêmico buscaram descrever as características de indivíduos, jovens em geral, que viviam em situações de alto risco. Yunes e Szymanski (2001) também destacam que as primeiras pesquisas na área estavam focadas em contextos de alta adversidade, nas quais o processo de adaptação não era trivial. O modelo teórico de Masten (2015), contudo, considera que o fenômeno da resiliência está presente no dia a dia de todos os indivíduos, uma vez que a vida moderna pressupõe um alto contato com condições de estresse e adversidade. A Tabela 1 contém uma síntese dos momentos da pesquisa sobre resiliência, segundo Richardson (2002).

Tabela 1
Os três momentos das investigações sobre resiliência.

Fonte: Adaptado de Richardson (2002).

Conforme observado na Tabela 1, o primeiro momento das investigações sobre resiliência busca identificar as características de comportamento dos indivíduos tomados como resilientes (qualidades resilientes). O autor propõe que as qualidades resilientes dos indivíduos e dos sistemas de apoio prevejam o sucesso social e pessoal, resultando em características ou fatores de proteção que ajudam o indivíduo a crescer, mesmo em situações de adversidade. Já o segundo momento se relaciona com a investigação do processo de obtenção das características consideradas como importantes para o processo de resiliência. No terceiro momento, estão as pesquisas que analisam a resiliência como uma força interna ao indivíduo, que direciona à sabedoria, ao altruísmo e à renovação como uma capacidade humana de transformação e mudança mesmo em situações de risco (RICHARDSON, 2002).

A resiliência não é uma construção estática, ela pode ser fortalecida ao longo do tempo, dependendo da experiência de uma pessoa em se adaptar com sucesso às adversidades (ANGST, 2009; RICHARDSON, 2002). Em outras palavras, indivíduos resilientes são aqueles que demonstram, em um determinado contexto, superar condições de estresse e adversidade, desenvolvendo-se satisfatoriamente, apesar das condições desfavoráveis às quais estão submetidos (CHUNG; TURNBULL; CHUR-HANSEN, 2017).

Os indivíduos, quando apresentam bons mecanismos de proteção geradores de resiliência, ao serem expostos às situações de estresse ou adversidade, lidam de forma competente com as circunstâncias, desenvolvendo-se satisfatoriamente frente à exposição ao risco (ALLAN; MCKENNA; DOMINEY, 2014). Uma característica significativa do comportamento resiliente é a capacidade de o indivíduo confiar em si e nos outros, especialmente em ambientes críticos na formação da identidade do sujeito como, por exemplo, a universidade (WALKER; GLEAVES; GREY, 2006).

2.2 DESEMPENHO ACADÊMICO NO ENSINO SUPERIOR

O desempenho acadêmico tem sido estudado sob diversas perspectivas e abordagens no contexto universitário (PARK; KERR, 1990; ROSKA et al., 2017; SOTHAN, 2019). Os principais modelos de retenção discente no ensino superior atribuem ao desempenho acadêmico um papel fundamental para evitar a evasão forçada e voluntária (TINTO, 1975). Manter boas notas ao longo do curso pode ajudar não apenas a cumprir com as exigências acadêmicas necessárias à diplomação (rendimento mínimo necessário), como também ajudar na percepção de desenvolvimento intelectual (SPADY, 1970).

Quando um indivíduo obtém um rendimento acadêmico em linha com os seus anseios pessoais, aumenta-se a satisfação com o curso e a probabilidade de o discente concluir a graduação (ORIOL et. al., 2017). De forma oposta, ao perceber que o rendimento acadêmico é insatisfatório para a obtenção de seus próprios objetivos, o indivíduo pode se desmotivar com o curso em que está inserido, levando-o à evasão (BELLOC; MARUOTTI; PETRELLA, 2011). Nessa perspectiva, um discente que apresente um desempenho acadêmico mínimo necessário para permanecer no ensino superior (evitando a evasão forçada), caso considere que seu desempenho está aquém do necessário, pode se desmotivar com a graduação e evadir voluntariamente do curso.

O modelo de Mujica et al. (2019), proposto e testado com 2741 discentes de 80 diferentes universidades chilenas, sinaliza que a percepção de desempenho influencia diretamente na intenção de permanecer no ensino superior a partir da variável interveniente da satisfação com o curso. Por meio da estimação de equações estruturais, os autores encontram evidências de que os estudantes que consideram que o seu desempenho acadêmico é bom permanecem mais satisfeitos com a graduação e, consequentemente, possuem maior probabilidade de permanecer até a conclusão do ensino superior.

Para Allan, McKenna e Dominey (2014), a resiliência pode representar um fator-chave para a explicação do desempenho acadêmico dos estudantes universitários. De acordo com os autores, o ambiente universitário apresenta alta carga de estresse, demandando dos discentes mecanismos psicológicos de enfrentamento para superar as adversidades e, assim, alcançar o sucesso acadêmico. O estudo, conduzido com 1.534 estudantes de educação física que estavam no primeiro ano de curso em uma universidade do Reino Unido, encontra evidências de que a resiliência age como facilitadora dos resultados acadêmicos, principalmente para as mulheres.

Corroborando com esses achados, a pesquisa realiza por Ayala e Manzano (2018) com 748 estudantes do primeiro ano de Administração de duas universidades da Espanha encontra evidências, a partir de estimações de regressões hierárquicas, de que a resiliência mensurada pela escala Connor Davison (CD-RISC) possui uma relação positiva e estatisticamente significativa com a permanência dos discentes no ensino superior. Esse resultado permanece consistente, inclusive, quando controlado por gênero e dedicação aos estudos.

Em linha com as pesquisas anteriores, a pesquisa de Ktzé e Kleynhans (2013) conduzida com 789 discentes de primeiro ano de uma universidade da África do Sul também encontra indícios de que a resiliência age positivamente no desempenho acadêmico dos discentes. A partir da estimação de regressões múltiplas, os autores encontram evidências de que discentes mais espiritualizados/religiosos (um dos fatores que compõe a resiliência mensurada pelo instrumento de pesquisa) apresentam melhor desempenho.

2.3 A RESILIÊNCIA E O AMBIENTE UNIVERSITÁRIO

Ao ingressar na universidade, o indivíduo passa a ter responsabilidade em sua vida tanto no contexto acadêmico como pessoal. Esse fato estabelece um novo modo de relação do sujeito consigo mesmo e, apesar das diversas experiências estressantes advindas do contexto acadêmico, elas podem produzir o crescimento pessoal, marcando subjetivamente a transposição da adolescência (TEIXEIRA et al., 2010). Nesse contexto, Walker, Gleaves e Grey (2006) destacam a importância de compreender como os discentes do ensino superior se tornam mais resilientes. Os autores consideram que os processos de mudança que os estudantes enfrentam ao ingressar no ensino superior os ajudam a desenvolver novas percepções de si mesmos, as quais influenciam toda a vida do indivíduo, inclusive no seu aprendizado.

Conforme ressaltado anteriormente, no contexto do ensino superior, diversos fatores podem influenciar o desempenho do estudante, sua permanência e a consequente conclusão do curso. Teixeira et al. (2010), por exemplo, investigaram a experiência de adaptação à universidade em jovens calouros em uma universidade brasileira. Os autores destacaram que o ambiente universitário traz mudanças importantes para os estudantes, e que o êxito em superar tais situações depende de diversos fatores como um contexto acadêmico bem estruturado, a integração com demais estudantes e o apoio da família, por exemplo. Os autores destacam, ainda, que a inserção na universidade permite o desenvolvimento de características como responsabilidade e autonomia, ambas promotoras da resiliência e úteis para o processo adaptativo frente ao conjunto de situações desafiadoras do novo ambiente.

Graff, McCain e Gomez-Vilchis (2013) estudaram fatores que contribuem para a resiliência acadêmica de estudantes latinas no ensino superior. Os autores investigaram também como esses fatores influenciam na conclusão do curso e a consequente obtenção de um grau acadêmico. Com base em uma abordagem qualitativa e por meio de entrevistas, os autores analisaram cinco estudantes que cursavam um curso de graduação em uma universidade no estado de Washington (USA) com um contexto similar: casadas, mães, primeiras a cursar uma graduação na família e que trabalhavam sazonalmente em fazendas de indústrias do agronegócio. Nesse contexto, todas elas podem ser consideradas não tradicionais no âmbito do ensino superior (COTTON; NASH; KNEALE, 2017). Os resultados da pesquisa indicaram que o apoio da família tem um papel central na continuidade dos estudos. Entretanto, por vezes, os familiares não conseguiam entender de que forma a educação poderia melhorar seu contexto familiar. Além disso, por não terem frequentado o ensino superior, não saberiam como ajudá-las a prosseguir nos estudos. Os autores sugerem que para um melhor suporte às estudantes, uma maior proximidade e inserção da família no cotidiano da universidade, além do apoio de tutores, educadores, do departamento e da própria universidade como um todo, contribuíram para o sentimento de pertencimento e para a obtenção do grau acadêmico.

Cotton, Nash e Kneale (2017) investigaram a desistência de graduandos não tradicionais do ensino superior europeu, analisando sob a ótica da resiliência. Os autores consideram que variações nas políticas e práticas pedagógicas podem influenciar na retenção dos estudantes classificados pela literatura como não tradicionais no ensino superior (em relação à idade, constituição familiar, renda, entre outras possibilidades). Como principais resultados, o estudo encontra evidências de que a resiliência pode ser um fator-chave na retenção dos discentes não tradicionais, na medida em que fortalece a autoeficácia dos indivíduos.

Em relação a métodos de desenvolvimento da resiliência no meio acadêmico, Holdsworth, Turner e Scott-Young (2017) destacam que as próprias universidades podem apoiar os alunos no desenvolvimento da resiliência, ajudando-os a gerenciar o estresse e as adversidades cotidianas, promovendo políticas de aprendizagem, práticas pedagógicas baseadas em problemas e sustentadas por um ambiente de aprendizagem, clubes e associações, serviços de aconselhamento e apoio aos estudantes. Nesse mesmo contexto, Cotton, Nash e Kneale (2017) também reforçam que o suporte fornecido pela IES, como tutores, monitores, conselheiros e atividades que promovam a integração acadêmica e social dos estudantes ajudam a desenvolver a resiliência necessária para se adaptar às expectativas da vida universitária, independentemente do capital social e cultural de tais estudantes.

Chung, Turnbull e Chur-Hansen (2017) buscaram comparar os níveis de resiliência entre os alunos “tradicionais” e os “não tradicionais” em uma amostra de 442 estudantes do primeiro ano de graduação em psicologia em uma universidade pública australiana. O questionário para medir a resiliência foi o mesmo usado por Allan McKenna e Dominey (2014), o CD-RISC. Os discentes “não tradicionais” foram identificados com base na própria percepção dos indivíduos. Os resultados mostraram que 25,6% da amostra se identificou como estudantes “não tradicionais”, sendo que o motivo mais comum pelo qual os discentes se identificaram na categoria foi pela idade. Comparando a resiliência dos estudantes “tradicionais” e “não tradicionais”, o escore de resiliência em estudantes que se identificaram como “não tradicionais” foi 1,76 unidades maiores do que aqueles que se consideravam “tradicionais”. Destaca-se os estudantes que se declararam “não tradicionais” por motivos de trabalho, que tiveram escores médios de resiliência 3,67 unidades maiores que os “tradicionais”. Como explicação para os resultados encontrados, os autores afirmam ser plausível que estudantes “não tradicionais” que chegam às universidades tenham desenvolvido maior resiliência devido ao triunfo anterior sobre as barreiras ao acesso e ao sucesso na universidade.

Holdsworth, Turner e Scott-Young (2018) investigaram a percepção de discentes localizados na Austrália sobre a resiliência, bem como as estratégias que eles utilizam para desenvolvê-la, e como as universidades podem apoiar o seu desenvolvimento nos estudantes. O estudo qualitativo contou com 38 entrevistas semiestruturadas realizadas com estudantes do primeiro e do último ano da graduação e, ainda, com estudantes de pós-graduação. Os resultados encontrados pelos autores indicaram que a percepção de resiliência era distinta dado o ano de estudo em que o discente se encontrava e da sua experiência de vida. Os principais atributos ligados à resiliência na percepção dos entrevistados foram manter uma perspectiva, manter-se saudável e desenvolver redes de apoio. Os autores apontaram, ainda, que a resiliência no contexto acadêmico, ambiente no qual o indivíduo necessita responder a diversas situações de stress, possibilita que o estudante retorne a uma condição de vida equilibrada com capacidade adicional e maior capital humano.

Sabendo da existência de vários fatores de risco, o estudante pode estabelecer bases para uma cadeia negativa de eventos que levam a um desempenho desfavorável. Nesse sentido, surge a resiliência como meio de apoiar o desenvolvimento de mecanismos internos e externos ao indivíduo como, organização pessoal, autocontrole, autoeficácia, relacionamento com os pares e professores (DURSO, 2020). Esses mecanismos fornecem elos positivos em uma cadeia que não apenas protege os discentes das adversidades do ensino superior, mas que também contribui para um bom desempenho acadêmico ​​(DANIEL; WASELL, 2002; EGELAND; CARLSON; SROUFE, 1993). Assim, tendo em vista a revisão da literatura realizada, tem-se como hipótese de pesquisa:

H1: Discentes com maior nível de resiliência apresentam melhor desempenho acadêmico no ensino superior.

3 METODOLOGIA

A população-alvo do estudo representou os discentes matriculados em uma Instituição de Ensino Superior (IES) pública brasileira de renome na área contábil. O curso de graduação em Contabilidade da instituição analisada figurou, nas últimas edições do Ranking Universitário Folha, como uma das melhores graduações na área contábil, tanto pela lente do desempenho acadêmico dos discentes quanto pela opinião do mercado de trabalho. Ao todo, 183 estudantes, dos mais diversos períodos do curso de Ciências Contábeis da IES analisada, responderam ao instrumento da pesquisa. A amostra da pesquisa representa, aproximadamente, 22% da população total do estudo.

O instrumento de coleta de dados aplicado pela pesquisa apresentou três partes. A primeira, que buscou mensurar o perfil resiliente dos participantes, contou com a versão de quatorze itens da Resilience Scale, a qual foi desenvolvida por Wagnild e Young (1993) e validada para o Português brasileiro por Pesce et al. (2005). Diversos estudos nacionais e internacionais já corroboraram a qualidade e eficiência dessa escala (DEEP; LEAL, 2012; FELGUEIRAS; FESTAS; VIEIRA, 2010; SILVA et al., 2014; TEMPSKI et al., 2015; WAGNILD, 2009) O referido instrumento possui acesso restrito e a sua autorização foi adquirida pelos pesquisadores deste estudo, em junho de 2017. Para cada uma das quatorze sentenças, os respondentes precisaram atribuir uma nota de zero a dez para o nível de concordância com a afirmação. A partir das respostas para essas assertivas, criou-se o Índice de Resiliência (IR), obtido pelo somatório das pontuações apresentadas pelo participante dividido pela pontuação total possível (140 pontos). Dessa forma, o IR, para cada respondente, poderia variar de zero (indicando um baixo perfil resiliente) a um (indicando um alto perfil de resiliência).

A segunda parte do instrumento buscou identificar a percepção de desempenho pelos discentes. Para isso, foram apresentadas duas questões que foram utilizadas para fins de triangulação das informações e validação da autopercepção de desempenho. Na primeira questão, o discente precisou classificar o seu desempenho acadêmico em três categorias (excelente, bom ou mau). Já para a segunda questão, cada participante precisou atribuir uma nota de zero a dez para o desempenho obtido no curso. Quanto mais próximo de 10, melhor a indicação do desempenho na graduação. Os testes de média paramétrico e o não paramétrico confirmaram a consistência interna para as assertivas relacionadas ao desempenho dos discentes. Por fim, a terceira parte do instrumento apresentou questões que permitiram identificar e analisar a influência de questões socioeconômicas e demográficas tanto para a resiliência quanto para o desempenho dos discentes. A Tabela 2 apresenta as informações sobre as variáveis levantadas nessa terceira etapa do instrumento da pesquisa:

Tabela 2
Variáveis utilizadas na pesquisa.

Fonte: Elaborada pelos autores.

Antes de aplicar o instrumento do estudo na população-alvo, realizou-se um pré-teste com discentes da pós-graduação da mesma IES. Alguns ajustes em relação à clareza e objetivos do questionário foram realizados a partir dos feedbacks dos pós-graduandos que participaram do pré-teste.

O tempo normal para graduação no curso de Contabilidade da IES analisada é de cinco anos (dez semestres). O projeto de investigação referente a este artigo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (COEP) da universidade na qual o estudo foi realizado e aprovado (processo nº 31534220.2.0000.514). A aplicação do instrumento se deu ao final do segundo semestre de 2019, de forma presencial, por diversos professores responsáveis por disciplinas ministradas no curso. Na primeira página do questionário, o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) da pesquisa deixava claro aos estudantes que a participação no estudo possuía caráter voluntário e não apresentava nenhuma relação com o desempenho dos estudantes no curso. Os dados coletados foram analisados quantitativamente por meio de análise descritiva, teste de médias e regressões lineares simples e múltipla. As análises foram feitas com o auxílio do Excel® e Stata13®.

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Conforme mencionado no capítulo da Metodologia, 183 discentes matriculados no curso de Ciências Contábeis de uma IES pública participaram da pesquisa. O prazo normal de formação na IES analisada é de cinco anos, ou seja, dez semestres. Na amostra do estudo há uma maior participação de discentes que estão no início da graduação, sendo que 123 participantes (67%) se encontravam matriculados até o sexto semestre, ou seja, só haviam concluído a metade da graduação quando responderam o instrumento da pesquisa. Adicionalmente, do total de participantes, quinze (8%) foram classificados como casos de prolongamento de curso, uma vez que já estavam cursando Ciências Contábeis há mais de dez semestres (ou seja, haviam extrapolado o prazo esperado para a conclusão do curso).

A Tabela 3 contém a análise descritiva para as demais variáveis apresentadas na Tabela 2. Como é possível notar, a média de idade dos participantes foi de 25,4 anos. Dos 183 participantes, 75 (41%) são do gênero feminino. Além disso, 146 (80%) participantes apresentavam alguma atividade remunerada quando participaram do estudo. Ainda pela análise da Tabela 3 é possível notar que grande parte dos discentes da amostra eram solteiros (89%) e sem filhos (93%). Cerca de 48% da amostra declarou ter uma renda familiar acima de 5 salários mínimos e aproximadamente 42% dos participantes do estudo tinham mãe com ensino superior completo. Por fim, 130 participantes da pesquisa (71%) declararam possuir alguma religião.

Tabela 3
Análise descritiva das variáveis.

Fonte: Elaborada pelos autores.

Na Tabela 4 estão apresentadas as análises descritivas para cada uma das sentenças utilizadas para mensurar o perfil de resiliência dos discentes da amostra e para o Índice de Resiliência (IR), o qual foi criado a partir das quatorze assertivas, conforme descrito no capítulo da Metodologia. O alfa de Cronbach para essa primeira parte do instrumento foi igual a 0,8223, indicando uma boa consistência interna para a Resilience Scale, em linha com outras pesquisas que aplicaram o instrumento (MAROCO; GARCIA-MARQUES, 2006; WAGNILD, 2009) Como é possível perceber, a sentença com menor média foi a de nº 3 “Eu costumo aceitar as coisas sem muita preocupação” (MD=4,10 e DP=2,40). Todas as demais assertivas apresentaram valores médios acima de seis, sendo a maior média apresentada pela sentença de nº 2 “Eu sinto orgulho de ter realizado coisas em minha vida” (MD=8,81 e DP=1,45). A segunda sentença foi, ainda, a que apresentou maior valor mínimo, dentre as quatorze assertivas. Já para o IR, que poderia variar de zero a um, pode-se notar que a média foi igual a 0,7578, sendo o menor valor igual a 0,2214 e o maior valor igual a 0,9357.

Tabela 4
Análise descritiva das sentenças do questionário.

Fonte: Elaborada pelos autores.

Os resultados obtidos para essas sentenças estão apresentados na Tabela 5. A primeira delas solicitava que os discentes escolhessem, entre três categorias, aquela que melhor descrevesse o seu desempenho. Como é possível notar, 22 discentes declararam ter um desempenho excelente, 132 um bom desempenho e 29 um mau desempenho. A segunda sentença relacionada à percepção de desempenho solicitava que os discentes atribuíssem uma nota de zero a dez para a sua autopercepção de desempenho até então no curso. Quando considerados todos os participantes do estudo (N=183), pode-se notar que a média da autopercepção de desempenho foi de 6,80 (DP=1,56). Além disso, na Tabela 5 ainda estão apresentadas as informações da autopercepção de desempenho por categoria apresentada na primeira questão utilizada para mensurar o construto. Para os discentes que consideraram ter um excelente desempenho, a média da autopercepção foi igual a 8,59 (DP=1,05), para os estudantes que consideraram ter um bom desempenho, a média foi igual a 6,95 (DP=0,89) e, por fim, para os discentes que consideraram ter um mau desempenho, a média da autopercepção foi de 4,72 (DP=2,03). Conforme apresentado na Tabela 5, as diferenças das médias dos três grupos mostraram diferença estatística, a 5%, tanto no teste paramétrico T de Student quanto no teste não paramétrico de Kruskal-Wallis. Esses resultados indicam uma consistência interna entre as duas questões, trazendo maior segurança para a utilização da autopercepção de desempenho como uma boa proxy para o desempenho acadêmico dos estudantes no curso. Pesquisas anteriores sobre desempenho já realizam procedimento similar ao realizado pelo presente estudo (CORNACCHIONE JUNIOR et al., 2010; MUJICA et al., 2019).

Tabela 5
Análise descritiva das variáveis de desempenho.

***Diferença estatisticamente significativa a 1% pelo teste Kruskal-Wallis; aDiferença estatisticamente significativa a 1% pelo teste T de StudentbDiferença estatisticamente significativa a 5% pelo teste T de Student Fonte: Elaborada pelos autores.

Na Tabela 6 estão apresentados os resultados das regressões lineares simples, considerando as variáveis de controle apresentadas na Tabela 2. Foram evidenciadas apenas aquelas que mostraram significância estatística para explicar a variação do IR. Como é possível notar, a variável “FinalGraduação”, que mostrou significância ao nível de 1%, indicou que os estudantes da amostra que estão no final do curso (a partir do 7º período) apresentam, em média, um IR 0,042 maior do que os discentes que estão cursando do primeiro ao sexto semestre. Esse resultado pode captar a relação existente entre a resiliência e a evasão. Os discentes que já concluíram mais de 50% do curso (no caso da IES analisada, estão acima do 6º período) tendem a ser aqueles com mais fatores promotores de resiliência. Conforme indicado pela literatura (COTTON; NASH; KNEALE, 2017), a resiliência pode ser um importante fator na retenção dos estudantes no ensino superior. Tendo em vista que as taxas de evasão tendem a ser maiores no início do curso (TINTO, 1987), ter discentes com um perfil resiliente maior ao final da graduação pode indicar, portanto, o efeito seleção relacionado com a evasão. Em outras palavras, discentes com menos mecanismos de resiliência possuem maior propensão à evasão, fazendo com que aqueles que conseguem chegar ao final do curso sejam os estudantes com maior IR. Esse resultado está em linha com os achados da literatura que destacam a necessidade de desenvolver a resiliência dos discentes como uma estratégia de promover a retenção e diplomação dos estudantes (BREWER et al., 2019).

Tabela 6
Regressões individuais significativas com a variável IR (N=183).

Fonte: Elaborada pelos autores.

Na Tabela 6 ainda é apresentado o resultado da regressão linear simples entre o IR e a variável “Gênero”. O coeficiente apresentado para a variável indica que as mulheres apresentam, em média, um IR 0,036 menor do que seus pares do gênero masculino, resultado estatisticamente significativo a 5%. Tendo em vista que as sentenças do instrumento utilizado buscam captar o perfil resiliente do indivíduo, por meio de características psicológicas e comportamentais, pode-se inferir que as mulheres da amostra apresentam, em média, menos mecanismos pessoais de proteção do que os homens. Esse resultado é contrário ao que foi evidenciado anteriormente por Silva, Silva e Nogueira (2014), que não encontrou diferença no nível de resiliência entre discentes do gênero masculino e feminino do curso de Administração e por Allan McKenna, e Dominey (2014) que encontraram evidências de maiores benefícios da resiliência para as mulheres. Por fim, a Tabela 6 contém, ainda, o resultado da estimação da regressão entre IR e “Religião”. Como é possível notar, os discentes que responderam ao questionário e que declararam ter alguma religião apresentaram, em média, um IR 0,047 maior do que aqueles que declararam não ter. Esse achado encontra-se em linha com a literatura, que já identificou uma relação positiva entre a resiliência e o nível de religiosidade (SILVA et al., 2014; KTZÉ; KLEYNHANS, 2013). De acordo com a literatura, a religião funciona como um mecanismo promotor de resiliência na medida em que ajuda o indivíduo a atribuir valor à própria existência e o faz aceitar as dificuldades enfrentadas ao longo da vida (HERBERT; MAJULA, 2017).

A Tabela 7 contém os resultados da regressão múltipla (estimada com a correção de White para heterocedasticidade) entre o IR e as três variáveis estatisticamente significativas. Como é possível notar, os sinais apresentados nas regressões simples mantiveram-se os mesmos na regressão múltipla, reforçando os achados discutidos anteriormente. Todos os coeficientes das variáveis apresentaram significância estatística ao nível de 1%. O teste F da estimação permitiu rejeitar a hipótese nula de que todas os coeficientes, em conjunto, possuem valor igual a zero. O coeficiente de determinação da estimação foi de 10,89%, o que pode ser considerado um bom resultado, tendo em vista a complexidade relacionada com o fenômeno da resiliência (MASTEN, 2015). A regressão múltipla apresentada na Tabela 7 não apresentou problema de multicolinearidade (pelo teste VIF) e nem má especificação da forma funcional (pelo teste RESET).

Tabela 7
Regressão múltipla com a variável IR (robusta).

Fonte: Elaborada pelos autores.

Para identificar o papel da resiliência no desempenho dos discentes de Ciências Contábeis, foi utilizada a segunda assertiva da segunda parte do questionário, que solicitava que os discentes atribuíssem uma nota para o seu desempenho no curso. Conforme evidenciado na Tabela 5, as respostas apresentadas pelos 183 discentes participantes do estudo mostrou consistência interna, na medida em que foi possível diferenciar as médias das notas obtidas para cada uma das categorias de desempenho. Nesse contexto, a Tabela 8 contém os resultados obtidos para as regressões lineares simples, considerando, além da resiliência, as variáveis de controle apresentadas na Tabela 2, que mostraram significância estatística na estimação.

Tabela 8
Regressões individuais significativas com a variável Desempenho (N=183).

Fonte: Elaborada pelos autores.

Como é possível perceber, a variável “Resiliência (IR)”, que utilizou o IR estimado a partir das notas atribuídas para as quatorze sentenças da Resilience Scale, apresentou significância ao nível de 1% e sinal positivo. Esse resultado indica que a variação de uma unidade no IR está correlacionada com a variação de 4,179 pontos no desempenho do discente. Tendo em vista que o IR pode variar de zero a um, pode-se considerar que a variação de 0,1 unidade de medida no IR correlaciona-se com uma variação de 0,4179 pontos na autopercepção de desempenho dos discentes. Esse resultado era esperado. A literatura já identificou uma relação positiva entre resiliência e desempenho dos discentes (ALLAN; MCKENNA; DOMINEY, 2014), sinalizando que os fatores protetores que auxiliam no processo de resiliência também ajudam os discentes no desempenho acadêmico no curso. Essa evidência corrobora, ainda, com a hipótese de pesquisa, apresentada ao final do capítulo do referencial teórico que considerava que discentes com maior nível de resiliência apresentam melhor desempenho acadêmico no ensino superior.

Na Tabela 8 está apresentado, ainda, o resultado entre a variável dependente “Desempenho” e a variável independente “Prolongamento”. Conforme apresentado na tabela 2, essa última variável capta o efeito dos discentes que ultrapassaram o prazo normal para conclusão do curso, que na IES analisada é de cinco anos. Conforme destaca a literatura, discentes que prolongam o curso têm maiores chances de evadir, na medida em que sinalizam possíveis dificuldades enfrentadas na graduação (SPADY, 1970; VOLKWEIN; LORANG, 1996; ZARIFA et al., 2018). O resultado apresentado para o coeficiente da variável, estatisticamente significativo a 10%, está em linha com os pressupostos da literatura, uma vez que indica que os discentes em prolongamento de curso atribuíram, em média, uma nota 0,724 menor do que os discentes em prazo normal. Por fim, a variável “RendaFamiliar”, na regressão linear simples, apresentou um coeficiente com sinal positivo e estatisticamente significativo a 1%. Dessa forma, pode-se inferir que, para o contexto da amostra da pesquisa, os discentes com renda familiar acima de 5 salários mínimos atribuíram uma melhor nota para o seu desempenho acadêmico no curso, o que pode ter relação direta com os benefícios da renda no background educacional dos indivíduos (ALLAN; MCKENNA; DOMINEY, 2014; FALK; MARTIN; BALLING, 1978; KNOP; COLLARES, 2019).

Na Tabela 9 estão apresentados os resultados para a regressão linear múltipla (estimada com a correção de White) estabelecida para as três variáveis estatisticamente significativas analisadas anteriormente para a explicação do desempenho dos discentes da amostra. Como é possível notar, todos os coeficientes apresentaram o mesmo sinal encontrado para as regressões lineares simples e todos mantiveram a significância estatística. Para a variável “Prolongamento” foi possível perceber, ainda, uma melhoria de significância, passando de 10% para 5%. As demais mantiveram a significância a 1%.

Tabela 9
Regressão múltipla com a variável Desempenho (robusta).

Fonte: Elaborada pelos autores.

Ainda em relação aos resultados evidenciados na Tabela 9, pode-se observar que, em conjunto, essas três variáveis explicam 16% da variação do desempenho autodeclarado pelos discentes. O teste F dessa segunda estimação também permitiu rejeitar a hipótese nula de que todas os coeficientes, em conjunto, possuem valor igual a zero. Tanto o teste VIF, para multicolinearidade, quanto o teste RESET, para a má especificação do modelo, indicaram não haver problemas com a estimação. Finalmente, é preciso destacar que as variáveis relacionadas à idade, trabalho, estado civil, filhos e escolaridade da mãe (descritas na Tabela 2) não apresentaram significância estatística tanto para explicar as diferenças de IR entre os discentes quanto para explicar o desempenho declarado pelos estudantes da amostra do estudo.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo deste estudo foi analisar a relação entre a resiliência e o desempenho acadêmico dos estudantes de Ciências Contábeis. Para isso, aplicou-se um questionário a 183 graduandos em Contabilidade de uma IES pública brasileira. Para responder à questão de pesquisa apresentada pelo estudo, foram utilizadas análises descritivas, testes de médias paramétrico e não paramétrico e, ainda, regressões lineares simples e múltipla.

Os resultados da pesquisa indicam que a resiliência possui uma relação diretamente proporcional com o desempenho dos discentes. Isso porque as regressões estimadas mostraram que quanto maior o índice de resiliência apresentado pelo discente (o que foi obtido por meio da Resilience Scale de quatorze itens) maior tende a ser o desempenho acadêmico do indivíduo, confirmando a hipótese de pesquisa apresentada pelo estudo. Esse resultado manteve-se o mesmo, inclusive, quando inseridas variáveis de controle como prolongamento de curso e renda familiar. Os mecanismos pessoais relacionados com a promoção da resiliência que são captados pelas assertivas da Resilience Scale são importantes para a superação das adversidades que aparecem ao longo da vida. Os resultados do estudo indicam, portanto, que esses mesmos mecanismos de proteção geradores de resiliência podem ser utilizados pelos discentes para ter um bom desempenho na graduação.

Adicionalmente, foi possível identificar que, para o contexto da amostra pesquisada, discentes do gênero masculino, os que estão ao final do curso e os que possuem alguma religião apresentaram, em média, maior resiliência. Em relação à segunda característica (estar no final da graduação), em específico, os resultados da pesquisa sugerem um efeito de seleção. Para chegar ao final do curso, é necessário apresentar fortes mecanismos de proteção geradores de resiliência para conseguir superar as adversidades que aparecem ao longo da graduação (relacionadas ou não ao ambiente universitário). Discentes que apresentam poucos mecanismos de proteção, acabam evadindo do curso, ainda nos períodos iniciais, conforme destacado pela literatura.

Como principais limitações do estudo, tem-se, primeiramente, o fato de ter sido analisada apenas o contexto de uma única IES brasileira. Outras instituições de ensino podem apresentar resultados diferentes, tendo em vista as características específicas dos discentes matriculados no curso de Contabilidade e das regras e demandas acadêmicas da própria IES. Como segunda limitação, o presente estudo utilizou, como proxy para o desempenho acadêmico, a autopercepção do discente sobre os seus resultados na graduação. Mesmo apresentando procedimentos metodológicos para verificar a consistência interna dos dados coletados, é necessário considerar que a autopercepção pode divergir de variáveis mais formais relativas ao desempenho, como o conceito obtido nas disciplinas e/ou notas gerais do discente no curso.

Os resultados da pesquisa mostram-se úteis tanto para academia quanto para a prática contábil. Para ambos os grupos, o artigo endereça achados que permitem considerar uma nova variável no entendimento do desempenho acadêmico dos discentes de Contabilidade. Isso se mostra importante tanto para os acadêmicos quanto para os atuantes da área na medida em que permite criar programas que preparem melhor os futuros contadores para o ambiente universitário. Para pesquisas futuras, o presente estudo sugere analisar, para outros contextos, a relação entre resiliência e o desempenho acadêmico dos discentes do ensino superior. Além disso, torna-se importante analisar, por meio de outras abordagens metodológicas, como o processo de resiliência ocorre ao longo da graduação, levantando as dificuldades enfrentadas pelos discentes e os mecanismos de proteção (pessoais e/ou ambientais) utilizados para a superação das adversidades.

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Notas

1 Artigo aprovado e apresentado no XX USP International Conference in Accounting.

Autor notes

Endereço dos Autores: Universidade Federal de Minas Gerais, Av. Antônio Carlos, 6627, Pampulha, Belo Horizonte - MG - Brasil, 31270-901



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