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TEOLOGIA QUEER E GRUPOS CRISTÃOS LGBTQIA+ NA AMÉRICA LATINA: entrevista com André S. Musskopf
QUEER THEOLOGY AND LGBTQIA + CHRISTIAN GROUPS IN LATIN AMERICA: an interview with André S. Musskopf
TEOLOGÍA QUEER Y GRUPOS CRISTIANOS LGBTQIA + EN AMÉRICA LATINA: entrevista con André S. Musskopf
Interações, vol. 16, núm. 1, 2021
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

DEBATES E COMUNICAÇÕES



Recepção: 03 Janeiro 2021

Aprovação: 06 Fevereiro 2021

Resumo: Trata-se de uma entrevista realizada pelo jornalista Mauro Castagnaro a André S. Musskopf, em dezembro de 2020, para publicação na Itália. A entrevista discute a situação de minorias sexuais na América Latina, o surgimento e desenvolvimento de grupos cristãos LGBTQIA+ e de uma teologia queer na América Latina, como as igrejas tradicionais reagem a esse fenômeno e alguns temas e contribuições da teologia queer produzida no continente.

Palavras-chave: Teologia queer, Cristianismo na América Latina, Grupos cristãos LGBTQIA+.

Abstract: This is an interview carried out by journalist Mauro Castagnaro with André S. Musskopf in December 2020, for publication in Italy. The interview discusses the situation of sexual minorities in Latin America, the emergence and development of LGBTQIA+ Christian groups and of a queer theology in Latin America, how traditional churches have reacted to this phenomenon and some themes and contributions of the queer theology produced in the continent.

Keywords: Queer theology, Christianity in Latin America, LGBTQIA+ Christian groups.

Resumen: Tratase de una entrevista realizada por el periodista Mauro Castagnaro a André S. Musskopf en diciembre de 2020, para su publicación en Italia. La entrevista discute la situación de minorías sexuales en América Latina, el surgimiento y desarrollo de grupos cristianos LGBTQIA+ y de una teología queer en América Latina, cómo las iglesias tradicionales reaccionan a ese fenómeno y algunos temas y contribuciones de la teología queer producida en el continente.

Palabras clave: Teología queer, Cristianismo en América Latina, Grupos cristianos LGBTQIA+.

1 INTRODUÇÃO

A entrevista que se segue foi realizada em dezembro de 2020, por correio eletrônico, a pedido do jornalista Mauro Castagnaro. As respostas às perguntas buscam sintetizar alguns temas relacionados à diversidade sexual e de gênero no campo social, político, religioso e teológico na América Latina. Dessa forma, as questões apresentadas contribuem para o registro histórico dessas questões, bem como para seu contínuo desenvolvimento no contexto atual.

2 A CONDIÇÃO DAS MINORIAS SEXUAIS NA AMÉRICA LATINA E COMO SE TÊM DESENVOLVIDO OS SEUS MOVIMENTOS NO CONTINENTE

A última década representou grandes desafios para a população LGBTQIA+ no mundo inteiro. Na América Latina, após a superação de regimes militares e ditatoriais, os processos de redemocratização e a emergência de governos considerados de esquerda com suas particularidades em cada país, houve ganhos significativos no campo dos direitos sexuais e dos direitos reprodutivos. No Brasil, a presença forte dos movimentos sociais se fez sentir na construção e na aprovação da nova Constituição Federal (1988) e na criação e implementação de políticas públicas, especialmente nos anos 2000.

A fragilidade dessas conquistas em face de remanescentes setores conservadores ainda influentes na vida política, revelou-se fortemente na década de 2010 com a retomada de poder por parte desses setores. Em todo o continente, questões relacionadas a gênero e a sexualidade desempenharam um papel fundamental na derrubada de governos, na eleição de lideranças de ultradireita e na inviabilização e extinção de políticas públicas nessa área. A campanha em torno do que ficou conhecido como ideologia de gênero e seu impacto nos Planos de Educação no Brasil e na vitória do não no plebiscito do acordo de paz na Colômbia são exemplos emblemáticos dessa situação.

Esses processos, sem dúvida, afetaram a população LGBTQIA+ e os movimentos por direitos sexuais e reprodutivos que, em muitos casos, foram tomados de assalto por esse novo contexto. Muitos tiveram que se reinventar e o que se vê são novas formas de organização social, especialmente em coletivos formados por jovens com uma perspectiva interseccional e novas estratégias de ação promissoras. O caminho trilhado pelos movimentos na segunda metade do século XX foram capazes de evitar retrocessos e perdas ainda maiores e os grupos emergentes agora permitirão retomar e almejar novos rumos.

Para isso, no entanto, será necessário, de uma vez por todas, entender que gênero e sexualidade são eixos fundamentais para qualquer projeto de transformação social, política e econômica. Não haverá justiça social sem justiça sexual e de gênero.

3 ORIGEM E DESENVOLVIMENTO DOS GRUPOS E MOVIMENTOS CRISTÃOS LGBTQIA+ NO CONTINENTE E PANORAMA ATUAL

A historiografia dos grupos cristãos LGBTQIA+, em grande medida, continua por ser feita. Já há um acúmulo sobre movimentos e experiências mais recentes, mas há pouca pesquisa sobre períodos anteriores. Na pesquisa para a minha tese de doutorado, posteriormente publicada em livro como Via(da)gens teológicas (MUSSKOPF, 2012), entrevistei várias lideranças e construí um quadro provisório da emergência desses grupos na década de 1990. Infelizmente temos apenas os modelos norte-americanos e europeus para pensar esses processos e, intuo, que eles não sejam suficientes para dar conta de questões de diversidade sexual e de gênero no campo religioso latino-americano.

Ainda assim, cada vez mais se resgata a presença de pessoas LGBTQIA+ nos movimentos sociais na América Latina nas décadas de 1960, 1970 e 1980 e a formação e atuação de grupos e redes. Isso inclui os grupos e movimentos em que se formou o que veio a ser conhecido como Teologia da Libertação, ainda que, como demonstrou Ivan Perez (2004), as temáticas relacionadas a direitos sexuais e direitos reprodutivos demoraram para aparecer no âmbito dessa reflexão teológica do ponto de vista formal, apesar da relação de teólogas com grupos feministas e do desafio do enfrentamento da epidemia de HIV e AIDS no continente. Foi só com a diversificação e ampliação das experiências plurais dos sujeitos emergentes e dos marcos teóricos que uma reflexão própria começou a ser articulada e alguns desses grupos ganharam maior visibilidade (MUSSKOPF, 2020a).

Assim como nos movimentos sociais LGBTQIA+ seculares, também os grupos cristãos LGBTQIA+ passaram por um processo de maior organização, visibilidade e conquista de espaço na década de 2000. Houve o surgimento de vários grupos em toda a América Latina e a tentativa de construção de redes e organizações mais sólidas. Muitos desses grupos surgiram de forma independente e ligados a lideranças locais e não tiveram vida muito longa. As Igrejas da Comunidade Metropolitana (ICM), apesar de seu vínculo com uma instituição mais estável e consolidada nos Estados Unidos (a UFMCC), também viveram essa volatilidade, mas foi essa denominação que conseguiu persistir e apresentar novo crescimento na década de 2010 (FREIRE, 2020).

O contexto brasileiro e latino-americano ainda parece bastante refratário a esse tipo de experiência, seja no interior de denominações tradicionais ou mesmo em grupos independentes. Em grande medida, esses grupos ficam a meio caminho entre reproduzir uma teologia tradicional que responda aos anseios de quem se sentiu forçado ou forçada a deixar a sua igreja de origem e uma teologia que radicalize as questões de gênero e sexualidade como elemento estruturante da própria teologia e da fé vivida no cotidiano. Nesse sentido, há, na atualidade, uma profusão de grupos e igrejas inclusivas (nem todas concordam com o uso desse termo), com formatos e perspectivas variadas que evidenciam a multiplicidade de possibilidades e desafios no atual contexto.

4 A REAÇÃO DAS IGREJAS CRISTÃS LATINO-AMERICANAS

As questões religiosas na América Latina são bastante plurais e complexas. A hegemonia católico-romana desde o período colonial, a presença de igrejas protestantes e outras religiões minoritárias, a emergência e o impacto de igrejas pentecostais e neopentecostais, e tudo isso misturado com religiosidades indígenas e africanas ancestrais e novas formas de espiritualidade criam um caldo religioso em que há muitas possibilidades, mas também muitos conflitos. Questões políticas, econômicas e ideológicas se entrelaçam com os projetos religiosos de distintos grupos e os inimigos a serem perseguidos, combatidos e exterminados vão se alternando em cada contexto.

É certo que igrejas e grupos cristãos LGBTQIA+ não são bem vistos pelas igrejas mais tradicionais e também nos meios evangélicos conservadores. Mesmo no âmbito dos movimentos socais e de organizações ecumênicas há grande desconfiança em relação a esses grupos que, de modo geral, são bastante pequenos e pouco influentes numa perspectiva mais ampla. Nesse sentido, não há uma forte, organizada ou constante campanha de perseguição a esses grupos, a não ser por algumas lideranças religiosas específicas. Isso se dá porque tais grupos não são vistos como uma ameaça efetiva aos grupos hegemônicos e majoritários, justamente por sua relativa fragilidade. Apesar disso, é evidente que os índices gerais de violência contra a população LGBTQIA+ seguem escalando, em grande medida sustentados pelos discursos e práticas religiosas de tais grupos e lideranças.

Nesse sentido, a política de invisibilidade e o eventual uso dessas experiências como evidência da decadência e perversão moral e religiosa de determinados setores da sociedade numa retórica de pânico moral são as principais reações experimentadas em relação a grupos cristãos LGBTQIA+ especificamente e a essa população de modo geral. Há pouco (embora crescente) espaço para uma discussão mais positiva em relação a esses grupos e suas possíveis contribuições no campo religioso e teológico latino-americano.

5 O DESENVOLVIMENTO DE UMA TEOLOGIA QUEER NA AMÉRICA LATINA

Em sentido estrito é difícil falar numa teologia queer na América Latina; pelo menos nos termos daquilo que tem recebido ou usado essa nomenclatura nos contextos norte- americano e europeu. A produção do conhecimento teológico na América Latina, em grande medida circunscrita a instituições religiosas de cunho denominacional, embora apresente brechas para a elaboração de novas formas de reflexão teológica, é bem mais resistente quando se pensa em questões curriculares e de postos de trabalho para quem lida com essas perspectivas. Os corpos docentes de seminários e cursos de teologia continuam, em grande medida, caracterizados pela presença massiva de homens brancos heterossexuais, muitos, inclusive, com formação clássica europeia ou norte-americana.

Isso não significa que não haja um crescente interesse nessa área por parte de estudantes e, mesmo, de determinadas lideranças, leigos e leigas. Também não significa que não haja produção que possa ser localizada nesse marco teórico e metodológico – mesmo com suas particularidades e formas específicas de diálogo e apropriação. Identifico uma produção teológica que transita entre as perspectivas homossexual (mais apologética e devedora da categoria médica da homossexualidade), gay e lésbica (mais centrada na questão da identidade e um tanto assimilacionista) e queer (radical em relação à diversidade sexual e de gênero) na produção de grupos e organizações no enfrentamento à epidemia de HIV e AIDS desde os anos 1990, passando pela produção mais ou menos sistematizada de igrejas e grupos cristãos LGBTQIA+ nos anos 2000, e algumas tentativas de criação de redes de teólogas e teólogos, e pastores e pastoras que trabalham com esses pressupostos (MUSSKOPF, 2020b).

Os encontros de grupos cristãos LGBTQIA+ realizados na década de 2000 reuniram inúmeras lideranças religiosas (com mais ou menos formação acadêmica formal) ligadas a essas temáticas. O Primer Simposio de Teología Queer realizado em 2012 pelo Departamento Ecuménico de Investigaciones (DEI) na Costa Rica, colocou em diálogo teólogos acadêmicos e teólogas acadêmicas com lideranças religiosas LGBTQIA+ (BOEHLER; BEDURKE; SILVA, 2013). Em 2015, chegou-se a formar a Red de Pastorales y Teologías Queer – REDLACQueer e a revista Conexión Queer: Revista Latinoamericana y Caribeña de Teologías Queer. Além desses, há outros espaços em que diferentes formas de teologia queer aparecem sem, ainda, constituírem um campo articulado e consolidado capaz de influir de maneira mais incisiva na produção do conhecimento teológico latino-americano.

Na maioria dos casos trata-se de iniciativas de teólogos e teólogas independentes que aparecem aqui e ali, ainda que haja um sentimento de solidariedade e ligação entre eles e elas. A principal produção nesse campo, produzida em solo europeu e com pouquíssima repercussão na academia teológica latino-americana (a ponto de suas obras não serem traduzidas para os idiomas locais), sem dúvida, é Marcella Althaus-Reid (1952-2009), já falecida. A sua obra e o seu esforço em dar visibilidade para esse tipo de reflexão na América Latina (ver ALTHAUS-REID, 2006) ecoam em muitas e muitos de nós e reforçam o desafio de seguir articulando uma teologia para América Latina que, por sua própria afirmação, precisa ser queer (ou indecente, cf. ALTHAUS-REID, 2001).

6 A CONTRIBUIÇÃO ESPECÍFICA DA REFLEXÃO LATINO-AMERICANA PARA A TEOLOGIA QUEER QUE SE PRODUZ NO MUNDO

O exemplo de Marcella Althaus-Reid é significativo para pensar a importância da contribuição latino-americana para a teologia queer que se produz no mundo, mas também da produção teológica de modo geral. Apesar de pouco conhecida na própria América Latina, ela é referência para as teologias queer produzidas em outros contextos. Formada no contexto do desenvolvimento da teologia da libertação e, posteriormente, da teologia feminista latino-americana, Marcella pontua não apenas os desafios para a teologia produzida no continente, mas, articulando diversas correntes de pensamento, oferece elementos teóricos e metodológicos baseados no que essas correntes produziram de melhor para os mais diversos contextos e perspectivas. Ainda que referenciada como interlocutora dos estudos pós-coloniais, sua reflexão se relaciona intimamente com o que tem sido chamado mais recentemente de perspectiva decolonial e, particularmente, o feminismo decolonial (SEGATO, 2013). Nessa perspectiva, capitalismo e desigualdade de classe social, racismo e heteropatriarcado se articulam não apenas como temas de interesse ou assuntos laterais, mas como eixos constitutivos do próprio colonialismo vivido e revivido em diferentes partes do mundo.

Ao longo de sua história, a América Latina produziu e acumulou conhecimentos importantes e fundamentais para questionar as ordens vigentes. O resgate de sabedorias nativas e ancestrais e sua relação antropofágica com o que vem de fora, articulado em forma de resistências, oferecem rotas para outros caminhos, subvertendo as tentativas de epistemicídio e apagamento por parte dos poderes imperialistas e colonialistas. Em termos religiosos e teológicos, a matéria primordial segue vindo do cotidiano dos corpos e das relações que não importam e são descartados pela lógica do lucro, da acumulação e da propriedade privada. Essa religião e essa teologia se fazem carne nas orações, poemas e liturgias indecentes articuladas em privado ou gritadas em público; na ressignificação do religioso pelos movimentos sociais em travestis crucificadas desfilando em paradas do orgulho LGBTQIA+ ou nas performances escrachadas de drag queens que encarnam anjos, santas, deusas ou qualquer outra coisa que dê sentido ao que não faz sentido (MUSSKOPF, 2020c). Essa religião e essa teologia, queer por natureza, escapa às principais formulações teológicas reconhecidas, mas está presente no suspiro de quem tenta sobreviver, especialmente em tempos pandêmicos e de extremismo político.

7 DEUS, JESUS E A IGREJA

As teologias queer buscam devolver o fazer teológico ao seu lugar como reflexão sobre a fé e renunciam a qualquer pretensão dogmática colonialista de prescrição da verdade a ser crida. Assim como na vida, a teologia se faz e refaz a partir dos movimentos cotidianos, dos desafios a serem enfrentados, das alegrias vividas no encontro consigo, com as outras pessoas e com o mundo experimentados como transcendência. Não circunscrevem Deus, Jesus e a Igreja a uma fórmula a ser repetida, mas refletem sobre seus significados nos encontros com a tradição, com as escrituras sagradas e com a revelação viva que acontece nos lugares e espaços mais inusitados. Entendem que gênero e sexualidade não são acidentes nesses processos, mas o próprio material da revelação e da construção do conhecimento teológico, uma vez que a experiência do mundo é erótica e se produz na fricção dos corpos. Como teologia da libertação, as experiências de gênero e sexualidade dissidentes (ou indecentes) são o lugar privilegiado para essas reflexões, uma vez que evidenciam os sistemas e estruturas de opressão, injustiça e morte, bem como as formas de sobrevivência e construção de alternativas.

Assim, Deus não pode ser único e todo-poderoso, mas precisa ser o reflexo da multiplicidade de formas em que é experimentado e representado. As sagradas escrituras e a própria tradição ajudam a descontruir essa ideia monolítica e imperialista de um deus que é para um Deus que está sendo. Desnuda-se o Deus homem, branco, heterossexual da ortodoxia, que finge que Deus não tem sexo, para seguir repetindo as paródias de um deus feito à imagem de quem detém e regula o poder. Aí Deus pode ser uma travesti, se revelar em cenas de intimidade fugaz como gratuidade, ser uma mulher negra pobre da periferia. Da mesma forma, a imagem de Jesus como um aristocrata europeu se desfaz ao apontar não apenas para questões históricas que marcam o seu tempo e lugar, mas também suas ações caracterizadas pela transgressão de fronteiras religiosas, políticas e comportamentais. O que emerge é necessariamente um Cristo Queer (GOSS, 2002), capaz de ser experimentado e significado nas situações concretas de quem está à margem. Um Cristo que pode ser bissexual, que anda e come com pecadores e prostitutas (marcas de exclusão), que morre de amor por aqueles e aquelas por quem ninguém mais parece estar disposto ou disposta a morrer de amor (ALTHAUS-REID, 2019).

Igreja, então, não é um lugar de doutrinamento e repetição ad nauseam de formulações pré-determinadas – a não ser que elas façam sentido para as pessoas que se encontram e para as relações criadas e recriadas nesse espaço. Igreja é o encontro de iguais (em direito, valor e dignidade) em sua multiplicidade (de experiências, de compreensões e de desejos) justamente porque é bom e faz sentido, porque alimenta a vida e dá força para a caminhada. Ela pode gerar laços para a vida toda, promover encontros casuais ou ser marcada por relações mais ou menos estáveis. Como materialização da experiência com um Deus que não pode ser encapsulado e de um Cristo encarnado na vida, a igreja assumirá várias formas e funções como expressão da luta por justiça e paz para todas, todos e tudo. Dessa forma, não se trata da aplicação de uma fórmula mágica revelada a poucos escolhidos, mas da operação criativa e imaginativa de ir fazendo sentido com os materiais que a vida dá.

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Essas reflexões buscam fazer memória de um caminho trilhado e ainda bastante invisibilizado no campo teológico latino-americano. Além disso, evidenciam desafios pendentes e possíveis contribuições para pensar não apenas questões teológicas e eclesiásticas, mas a forma como a própria religião se faz presente na América Latina e qual o lugar que pode ocupar num projeto de libertação e transformação social.

REFERÊNCIAS

ALTHAUS-REID, Marcella. Deus queer. Tradução de Fábio Martelozzo Mendes. Rio de Janeiro: Novos Diálogos, 2019.

ALTHAUS-REID, Marcella. Indecent theology. London: Routledge, 2001.

ALTHAUS-REID, Marcella. (org.). Liberation theology and sexuality. Hampshire: Ashgate, 2006.

BOEHLER, Genilma; BEDURKE, Lars; SILVA, Silvia Regina de Lima. (org.). Teorías queer y teologias: estar... en otro lugar. San José: Editorial DEI, 2013.

BRASIL. [Constituição (1988)] Constituição da República Federativa do Brasil. 4. Ed. São Paulo: Saraiva, 1990.

FREIRE, Ana Estér Pádua. Armários queimados: perspectivas queer da Igreja da Comunidade Metropolitana de Belo Horizonte. 2020. Tese (Doutorado em Ciências da Religião) – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2020.

GOSS, Robert E. Queering Christ. Cleveland: Pilgrim, 2002.

MUSSKOPF, André S. Nem santo te protege: AIDS, teologia e religião de bolso. Belo Horizonte: Editora Senso, 2020a.

MUSSKOPF, André S. Que comece a festa: o filho pródigo e os homens gays. Belo Horizonte: Editora Senso, 2020b.

MUSSKOPF, André S. Viado não nasce, estréia! Não morre, vira purpurina: diversidade sexual, performatividade e religião. Belo Horizonte: Editora Senso, 2020c.

MUSSKOPF, André S. Via(da)gens teológicas: itinerários para uma teologia queer no Brasil. São Paulo: Fonte Editorial, 2012.

PEREZ-HERMANDEZ, Ivan. Teologías de la liberación y minorías sexuales en América Latin y el Caribe. In: TRASFERETTI, J. (org.). Teologia e sexualidade: um ensaio contra a exclusão moral. Campinas: Editora Átomo, 2004. p. 103-129.

SEGATO, Rita. La crítica de la colonialidade en ocho ensayos y una antropología por demanda. Buenos Aires: Prometeo Libros, 2013.



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