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ENTRAVES E CONTRIBUIÇÕES NA RELAÇÃO ENTRE BÍBLIA E LITERATURA
Fabrizio Zandonadi CATENASSI; Osni Pavão dos ANJOS; Ildo PERONDI
Fabrizio Zandonadi CATENASSI; Osni Pavão dos ANJOS; Ildo PERONDI
ENTRAVES E CONTRIBUIÇÕES NA RELAÇÃO ENTRE BÍBLIA E LITERATURA
Obstacles and Contributions in the Relationship Between Bible and Literature
Barreras y Contribuciones en la Relación Entre Biblia y Literatura
Interações, vol. 16, núm. 2, pp. 357-372, 2021
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
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Resumo: O objetivo deste artigo[1] é discutir aspectos que contribuem para a relação entre literatura e Bíblia, bem como elementos que a desfavorecem. Para tanto, foi apresentada a análise de dois argumentos que servem como entraves para essa relação: a Bíblia como texto sagrado e a exigência de comprovação histórica das perícopes. Além disso, foram desenvolvidos dois argumentos que contribuem para aproximação: a influência do texto bíblico na literatura e a consideração do elemento teológico na análise bíblica. A aplicação de elementos da teoria literária a textos bíblicos permite um progresso exegético-hermenêutico. Considerar a Bíblia como literatura não exclui os benefícios trazidos pela pesquisa bíblica clássica; do contrário, permite discuti-los a partir de novos elementos.

Palavras-chave:Teoria literáriaTeoria literária,BíbliaBíblia,LiteraturaLiteratura,Hermenêutica bíblicaHermenêutica bíblica.

Abstract: This article aims to discuss aspects that contribute to the relationship between literature and the Bible, as well as elements that disfavor it. To this end, it was presented the analysis of two arguments that serve as obstacles to this relationship: the Bible as sacred text and the need for historical evidence of its pericopes. In addition, we developed two arguments that contribute to the approximation: the influence of the biblical text on literature and the consideration of the theological element in the biblical analysis. The application of elements of literary theory to biblical texts allows exegetical-hermeneutical progress. Considering the Bible as literature does not exclude the benefits brought by classical biblical research; otherwise, it allows discussing them through new elements.

Keywords: Literary Theory, Bible, Literature, Biblical Hermeneutics.

Resumen: El objectivo de este artículo es discutir aspectos que contribuyen a la relación entre literatura y Biblia, así como elementos que la desfavorecen. Para ello, se presentó el análisis de dos argumentos que sirven como barreras para esta relación: la Biblia como texto sagrado y la exigencia de una prueba histórica de las perícopas. Además, se han desarrollado dos argumentos que contribuyen a la aproximación: la influencia del texto bíblico en la literatura y la consideración del elemento teológico en el análisis bíblico. La aplicación de elementos de la teoría literaria a los textos bíblicos permite un avance exegético-hermenéutico. Considerar la Biblia como literatura no excluye los beneficios alcanzados por la investigación bíblica clásica; de lo contrario, permite discutirlos a partir de nuevos elementos.

Palabras clave: Teoría de la literatura, Biblia, Literatura, Interpretación.

Carátula del artículo

ARTIGOS

ENTRAVES E CONTRIBUIÇÕES NA RELAÇÃO ENTRE BÍBLIA E LITERATURA

Obstacles and Contributions in the Relationship Between Bible and Literature

Barreras y Contribuciones en la Relación Entre Biblia y Literatura

Fabrizio Zandonadi CATENASSI
Doutor e mestre em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná., Brasil
Osni Pavão dos ANJOS
Mestrando em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Especialista em Psicologia Clínica: Abordagem Psicanalítica pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná., Brasil
Ildo PERONDI
Doutor em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Brasil
Interações, vol. 16, núm. 2, pp. 357-372, 2021
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

Recepción: 27 Julio 2020

Aprobación: 06 Mayo 2021

1 INTRODUÇÃO

Os períodos do exílio da Babilônia e do retorno do exílio (séculos VI e V a. C.) foram fundamentais para o judaísmo nascente e para a afirmação identitária dos judeus. Além das práticas rituais reforçadas e desenvolvidas na Mesopotâmia, a história de Israel e seu material legislativo foram consignados em um extenso processo redacional, feito por grupos leigos e sacerdotais. Israel manifestou suas mais profundas concepções religiosas pela literatura, compilando, redigindo e revisando junto ao Segundo Templo uma série de textos de diferentes gêneros que estavam disponíveis em Jerusalém. Os judeus optaram por perpetuar sua identidade a partir de sua literatura, de forma que o Tanach[2] foi organizado como a palavra apelativa, que interpelaria o judeu sobre quem era como indivíduo, como nação e como religião. Alter (1997), sintetiza esse movimento redacional judaico dizendo que “[...] o impulso literário no Israel antigo era tão forte quanto o impulso religioso, ou, mais exatamente, que ambos eram inextricáveis, de modo que para entender o segundo é preciso levar plenamente em conta o primeiro.” (ALTER, 1997, p. 29).

Esse panorama tem levado exegetas contemporâneos a pousar o olhar sobre a Bíblia como literatura, compreendendo sua grandeza como texto e a relação que estabelece com o leitor de seu tempo e os leitores de hoje, sendo cada vez mais comum encontrar estudos que apliquem os avanços da linguística e da crítica literária a textos bíblicos. É nesse sentido que a teoria literária cada vez mais ajuda a interpretar a Bíblia. Mesmo com as diferenças fundamentais entre suas escolas clássicas – anglo-saxã, francesa e russa –, abordagens e teorias, todas trazem um elemento fundamental: “[...] o sentido de um relato é o resultado de seu processo de leitura [...]” (SKA, 2017, p. 22, tradução nossa), [3] o que ajuda a redescobrir o texto a partir do drama da leitura e entendê-lo como um universo fechado que interpela o leitor.

No clássico A cicatriz de Ulisses, capítulo da obra Mimesis, de 1946, Erich Auerbach (2015) traça semelhanças e diferenças entre o canto XIX da Odisseia e o sacrifício de Isaac, notando as particularidades do relato épico bíblico em comparação com o épico grego (AUERBACH, 2015, p. 2-20). Contudo, mesmo que se perceba um esforço na aplicação da teoria literária sobre textos bíblicos – o que se intensificará ao final da década de 1960 –, acirrados debates acadêmicos também levantam os limites e contradições estabelecidos nesse tipo de abordagem. Ao discutir uma conhecida obra de D. Robertson, Meir Sternberg levanta duras críticas, chegando a afirmar que “[...] a abordagem literária pode cair em um nível tão baixo quanto o The Old Testament and the Literary Critic de David Robertson.” (STERNBERG, 1987, p. 4, tradução nossa).[4] Assim, esse fragmento nos fornece lampejos de uma discussão que perdura na pesquisa acadêmica contemporânea, referente às demarcações da aplicação da crítica literária a textos bíblicos e aos critérios para sua operacionalização metodológica.

Desse modo, este artigo objetiva discutir aspectos que contribuem para a relação entre literatura e Bíblia, bem como elementos que a desfavorecem. O ponto de partida será a análise de dois argumentos que servem como entraves para essa relação: a Bíblia como texto sagrado e a exigência de comprovação histórica das perícopes. Posteriormente, serão desenvolvidos dois argumentos que contribuem para aproximação: a influência do texto bíblico na literatura e a consideração do elemento teológico na análise bíblica.

2 ENTRAVES PARA O DIÁLOGO ENTRE A BÍBLIA E A LITERATURA

O primeiro ponto que funciona como um entrave para o diálogo entre a Bíblia e a literatura é a visão religiosa do texto como sagrado. A Bíblia é considerada um livro sagrado para muitas civilizações de forma que, em sentido religioso, sua autoridade é garantida por um processo de canonização dos livros que reconhece sua inspiração divina. Nesse sentido, os textos são considerados revelação divina, ainda que passem pela racionalidade humana no seu processo de redação.

Até o final do séc. XX, a interpretação da Bíblia esteve majoritariamente ligada às igrejas e à incorporação de novos métodos exegéticos, o que resultou em avanços impressionantes e em grandes contribuições. Contudo, é comum que nos círculos dos fiéis, quando há pouca instrução teológica dos líderes ou uma catequese deficitária, a interpretação bíblica seja feita de forma literalista e com acento absoluto na sacralidade da Bíblia em detrimento da participação dos seres humanos no processo da revelação. Esse tipo de abordagem subvaloriza a dimensão humana da recepção da Bíblia, bem como suas características literárias em função de enaltecer uma leitura espiritual do texto.

Robert Alter, um dos primeiros críticos literários a analisar de maneira sistemática a arte da narrativa bíblica, defende que a interpretação doutrinária das religiões sobre a Bíblia foi um dos motivos fundamentais para o desinteresse em relação a ela no mundo acadêmico voltado à literatura: “[...] em contraste com a literatura grega e latina, a Bíblia foi considerada durante muitos séculos, tanto por cristãos quanto por judeus, a fonte unitária e primária da verdade de revelação divina.” (ALTER, 1998, p. 16). O equívoco relacionado à insuficiência de uma leitura doutrinal exclusivista e literalista, provindo desta visão, é o surgimento de uma hermenêutica exclusivista do texto bíblico, eliminando possibilidades de leitura que não sejam diretamente ligadas ao mundo religioso. Sobre o tema, Magalhães (2008) chega a falar de uma ideologia da confessionalidade na tradução de textos, fruto de um olhar doutrinário unívoco dos textos, como se as instituições religiosas fossem o único reduto hermenêutico da Bíblia. Ao mesmo tempo, o autor também mostra como os centros de estudos da crítica literária e a própria teoria literária, sequer inserem a Bíblia entre a literatura clássica mundial, representando também domínios ideológicos sobre o saber literário.

Alter (1998) vai contra a leitura unilateralista da Bíblia, mostrando que essa perspectiva não contribui para a sua interpretação, já “[...] que é composta por uma grande variedade de estilos literários e que, quando ignorada, desconsidera o gênero textual utilizado, ferramenta interpretativa indispensável para consolidação do sentido.” (ALTER, 1998, p. 19). De fato, o gênero, o tempo, os estilos e as formas são muitas vezes desconsiderados sob a alegação de inspiração, tornando a interpretação do texto bíblico desconectada de seus vários elementos literários. Alter (1998) explica como isso se dá e qual a sua consequência:

[...] o poderoso resíduo da crença mais antiga na Bíblia como a revelação da verdade última é perceptível na tendência dos estudiosos a formular questões sobre a vida bíblica do homem, a noção bíblica da alma, a concepção bíblica da escatologia, ao mesmo tempo que negligencia em geral fenômenos como caráter, motivo e plano narrativo por serem impróprios para o estudo de um documento essencialmente religioso. (ALTER, 1998, p. 16-17).

Assim, pode-se dizer que uma visão da Bíblia que a ligue de maneira exclusiva e reducionista à leitura sagrada leva a um equívoco, dado que não se considera a projeção cultural de um texto que, bíblico ou não, é muito mais que a exposição de uma conduta moral ou religiosa; é também a chave para leitura de seus contextos. O texto não é o fato a que se refere ou a situação narrada, ou a cópia, como mimesis da realidade, mas é a representação do evento através de um meio de comunicação que possui normas e regras próprias. Ou seja, o processo de acesso a uma realidade do passado por meio da literatura é mediado por alguém que escreve sobre tal situação, expressando seu modo de vê-la sob um determinado ângulo de entendimento. Daí decorre a noção de poiesis, segundo a qual, “[...] nenhum texto é apenas a expressão do passado, mas uma ponte entre o que se deu em algum momento pretérito e o presente que se constrói no ato da leitura.” (ECO, 2003, p. 89). Quando alguém lê, não toma conhecimento apenas de um fato histórico situado em determinado tempo e lugar do passado, mas entra em relação dialética com o texto, sofrendo sua influência e, ao mesmo tempo, contribuindo com sua percepção particular de leitor sobre o conteúdo.

Nesse sentido, é fundamental que leituras literárias sejam aplicadas à Bíblia, como defendem Zabatiero e Leonel (2011): “[...] o surgimento da linguística no século XX demonstra que outras formas de ler um texto eram possíveis e necessárias.” (ZABATIERO; LEONEL, 2011, p. 15). De fato, a análise de aspectos filológico-literários e sintático-estilísticos que deram origem à sistematização da crítica da forma no método histórico-crítico sinalizam que, no próprio método diacrônico, pesquisadores já pousavam sua atenção em características sincrônicas dos textos bíblicos, considerando novas metodologias para sua exegese (PERONDI; CATENASSI, 2019), abrindo espaço para o diálogo entre Bíblia e literatura. Alter e Kermode (1997) defendem que a Bíblia, sendo um livro, partilha dos mesmos caminhos que a linguagem escrita para chegar a seu leitor. Dessa forma, mesmo antes das leituras próprias das teologias, os autores supracitados afirmam que “[...] a análise literária deve vir em primeiro, pois a menos que tenhamos um entendimento claro do que o texto está fazendo e dizendo, ele não terá muito valor sob outros aspectos.” (ALTER; KERMODE, 1997, p. 13).

Para Villas Boas e Manzatto (2015), os conflitos existentes do embate entre teologia e literatura necessitam de aprofundamento, visando encontrar pontos em que estas linhas de pesquisa se entrecruzam e, juntas, trazem contribuições para produzir relações pacíficas de convivência, no horizonte do diálogo. Segundo os autores, “[...] sob o nome genérico de teologia e literatura, colocam-se estudos variados e plurais, o que é bastante positivo em tempos de conflitos e desencontros que precisam ser ultrapassados por encontros e diálogos entre diferentes.” (VILLAS BOAS; MANZATTO, 2015, p. 8).

Assim, não existe necessariamente antagonismo entre caráter literário das Escrituras e sua visão como texto sagrado. O que importa é considerar que a abordagem religiosa conviva com o fato literário e o respeite, e vice-versa. As duas abordagens são complementares. Todo conteúdo teológico que se proponha a analisar na Bíblia necessita considerar o estudo de suas características textuais próprias. Da mesma forma, a literatura deve considerar o elemento religioso que está na base dos interesses da construção do texto bíblico. Portanto, o estudo exclusivamente religioso da Bíblia torna-se um entrave, pelo fato de desconsiderar aquilo que é primário em sua interpretação: ela é um texto.

Um segundo elemento que dificulta a aproximação dos estudos literários do texto bíblico diz respeito à necessidade de comprovação histórica que imprima veracidade aos relatos ou alguma espécie de verdade ao texto.

Pode-se situar essa ênfase historicista a partir do séc. XVIII, o Século das Luzes, período de valorização da racionalidade humana e de abandono e repulsa de qualquer caminho de conhecimento que não fosse o da pura razão. O movimento iluminista, com sua carga racionalista aplicada à pesquisa das obras literárias, criou uma visão de mundo segundo a qual um objeto de estudo somente seria aceito como verdade se pudesse ser comprovado histórica e cientificamente. Ao mesmo tempo, o movimento renascentista trouxe um gosto pelos clássicos, o que colocou sob os holofotes línguas antigas como o grego e o hebraico e, por consequência, o estudo de textos bíblicos em suas línguas originais, exigindo uma análise criteriosa da Bíblia à luz dos avanços científicos da época em relação às línguas orientais.

Assim, a Bíblia, considerada como linguagem fantástica e sobrenatural, encontrou-se sob fortes críticas e completamente desacreditada dos movimentos racionalistas que se intensificam com o positivismo do séc. XIX. Nesse sentido, houve, em diferentes meios, uma busca pela verdade bíblica fora das categorias religiosas, substituídas por elementos históricos. Dessa forma, seria passível de aceitação somente aquilo que nela pudesse ser provado mediante análise científica, o que fomentou uma corrida a lugares bíblicos em busca de comprovações históricas feitas pela arqueologia.

Na metade do séc. XIX, o estudo bíblico estava amplamente difundido em universidades da Europa e dos Estados Unidos, já não mais orientado por abordagens religiosas, mas buscando desenvolver métodos objetivos de análise. A crítica literária e o método histórico foram sistematicamente empregados em textos bíblicos, de forma que, no início do séc. XX, o método histórico-crítico era amplamente aceito nos meios acadêmicos e, em grande parte, rejeitado em círculos confessionais. O problema epistemológico dessa visão quase hegemônica da leitura historicizante dos textos era reduzir a interpretação bíblica à busca por sua verdade factual, no intuito de reconstruir a gênese dos textos em detrimento de sua interpretação como um todo.

Essa abordagem focada na história e na formação literária da Bíblia, em grandes partes, desconsiderou o fato de que, em determinado momento da história, os textos foram compilados em sua forma final, constituindo uma unidade. Essa visão de que o todo é maior do que as partes é fundamental para que a ênfase não esteja somente na origem dos textos ou em sua história literária, mas especialmente no texto em si mesmo. É a realidade literária do texto que importa, mais que sua realidade histórica.

A partir do final do séc. XIX, constata-se a abertura das igrejas a uma leitura teológica dos textos considerando aspectos históricos, que vieram, contudo, acompanhados de exortações para que elementos literários passassem a integrar a exegese cristã. No mundo católico, por exemplo, a abertura da Teologia às ciências auxiliares para a análise bíblica foi gradual. O papa Leão XIII promoveu os estudos bíblicos criando a Escola Bíblica e Arqueológica Francesa de Jerusalém (1892), o periódico Revue Biblique (1892), para veicular suas descobertas, escreveu a Carta Encíclica Providentissimus Deus (1893) (LEÃO XIII, 1893), valorizando as ciências bíblicas, além de estruturar uma Pontifícia Comissão Bíblica (1902) (CATENASSI, 2018).

Ainda assim, foi com a publicação das obras Spiritus Paraclitus do papa Bento XV (1920) e da Divinu Afflante Spiritu, do papa Pio XII (1943), que as dimensões literárias foram valorizadas no texto. O texto de Pio XII foi uma base especialmente importante para a Constituição Dogmática Dei Verbum publicada em 1965 (CONCÍLIO ECUMÊNICO VATICANO II, 1965), que discutiu os gêneros literários bíblicos, consolidando a necessidade de que a exegese bíblica considerasse elementos fundamentais da crítica e teoria literária. Influenciada pela crise no método histórico crítico no final da década de 1970, pela emergência de estudos sociológicos e literários aplicados ao texto, a Pontifícia Comissão Bíblica defendeu a necessidade de que a exegese não estivesse centrada somente nas questões históricas que subjazem o texto:

O método histórico-crítico, efetivamente, não pode pretender o monopólio. Ele deve ser consciente de seus limites, assim como dos perigos que o espreitam. Os desenvolvimentos recentes das hermenêuticas filosóficas e, de outro lado, as observações que pudemos fazer sobre a interpretação na Tradição Bíblica e na Tradição da Igreja colocaram em evidência vários aspectos do problema da interpretação que o método histórico-crítico tinha tendência a ignorar. (PONTIFÍCIA COMISSÃO BÍBLICA, 1993, p. 68).

Tomemos como exemplo as discussões sobre o gênero literário. Trata-se de um ponto que reflete de maneira fundamental como as discussões sobre a historicidade dos textos precisam ser completadas por elementos literários. Ao referir-se à Bíblia enquanto livro escrito depara-se imediatamente, não com uma única obra, mas com diversas obras organizadas a partir de uma rica diversidade de textos, com histórias antigas, ditos, narrativas, leis, profecias, provérbios, parábolas, poemas, entre outros. Essas formas textuais próprias caracterizam uma variedade de gêneros literários passíveis de serem estudados e analisados como tais.

Os gêneros literários classificam os textos em categorias formais e, a partir desta classificação pode-se compreender melhor o seu sentido, pois é possível partir de informações prévias dadas pela categoria a que pertence, antes mesmo de adentrar na leitura propriamente dita (D’ONOFRIO, 2007). Na Constituição Dogmática Dei Verbum afirma-se que é parte essencial no processo dos estudos bíblicos considerar os gêneros literários:

Com efeito, a verdade é proposta e expressa de modos diversos, segundo se trata de géneros históricos, proféticos, poéticos ou outros. Importa, além disso, que o intérprete busque o sentido que o hagiógrafo em determinadas circunstâncias, segundo as condições do seu tempo e da sua cultura, pretendeu exprimir e de facto exprimiu servindo se os géneros literários então usados. Com efeito, para entender retamente o que autor sagrado quis afirmar, deve atender-se convenientemente, quer aos modos nativos de sentir, dizer ou narrar em uso nos tempos do hagiógrafo, quer àqueles que costumavam empregar-se frequentemente nas relações entre os homens de então. (CONCÍLIO ECUMÊNICO VATICANO II, 2017, p. 357).

Com esta afirmação, a leitura eclesial da Bíblia acolhe os estudos literários e demonstra a necessidade de sua consideração no processo de interpretação teológica dos textos. A revelação feita com a mediação da palavra não pode prescindir da análise literária em busca de seu sentido religioso.

3 ARGUMENTOS PARA A APROXIMAÇÃO ENTRE BÍBLIA E LITERATURA

Como primeira ponte de aproximação apresenta-se a relação entre narrativas literárias e textos bíblicos. É mais interessante explorar as relações que se estabelecem entre teologia e literatura que considerar uma visão de causa e efeito, segundo a qual ou a genialidade estética criaria a religião ou a religião, quase que por acaso, criaria a literatura. Nota-se que não é possível estabelecer uma diferença objetiva entre o que é teológico e o que é literário na Bíblia, pois os lugares se confundem, interagem de forma densa e complexa, atravessam-se no tecido textual construindo sentidos.

A utilização da teoria literária para análise da Bíblia não apenas com a finalidade da crítica – conforme a antiga abordagem do criticismo literário –, mas para entender sua mensagem através da atenção cuidadosa aos elementos literários nela presentes, deveu-se à influência da publicação do livro já citado Mimesis: a representação da realidade na literatura ocidental do crítico literário Erich Auerbach (2015). Foram primordiais os primeiros capítulos que apresentam uma comparação das narrativas do Antigo Testamento com os textos de Homero.

As investigações da teoria e da crítica literária aplicadas à Bíblia ressaltam que é importante considerar o texto dentro de uma complexa totalidade artística permeada de sutilezas e riqueza de detalhes. É notável a beleza literária dos textos bíblicos quando comparados a outras obras consideradas fundamentos da literatura ocidental, como é o caso dos textos de Homero. Analisar a Bíblia como obra literária é uma tarefa complexa, pois implica a consideração do uso próprio de elementos redacionais no mundo judaico-cristão desenvolvidos ao longo de séculos de produção textual, o que resultou em textos de grande sensibilidade artística. Grandes narrativas bíblicas como as histórias de Esaú e Jacó, José e seus irmãos, Caim e Abel, são narradas de forma breve, mas ao mesmo tempo primam pela complexidade e intensidade na sua construção formal.

A aplicação da teoria literária aos textos bíblicos contribui para compreender que, ao longo da história, jamais a literatura andou só pelo mundo. Ao contrário, sofre inúmeras influências porque é feita por pessoas contextualmente localizadas na história, de forma que sua produção não consegue desvincular-se dos costumes, da moral, dos dizeres e da cultura de onde viveram. Daí decorre o fato interessante a se observar a respeito do quanto os textos bíblicos podem ser relidos em muitas obras literárias de várias épocas e lugares diferentes. Essa ideia constitui o segundo argumento de aproximação entre Bíblia e literatura.

Harold Bloom (2006), crítico literário e estudioso dos textos bíblicos, em entrevista a uma revista, declarou, diante da pergunta: O enfoque literário da Bíblia é mais interessante que o religioso?

Sem dúvida, respondeu. O texto original de que hoje chamamos de Gênesis, Êxodo e Números, é trabalho de um narrador magnífico, certamente um dos maiores contadores de história do mundo [...] Pense em figuras como José, Jacó e Jeová. São todos personagens maravilhosos. E os efeitos poéticos do texto são extraordinários, comparáveis a Píndaro. Os profetas Isaías, Jeremias e Ezequiel também eram grandes escritores, assim como os autores do Evangelho de Marcos e do Livro de Jó. A Bíblia é uma vasta antologia da literatura de toda uma cultura. (BLOOM, 2006, p. 15).

Esta vasta literatura bíblica não exerceu sua influência apenas no período de sua composição, ou nos anos seguidos de sua elaboração – períodos difíceis de precisar – e tampouco apenas na comunidade dos crentes. Sua expressão pode ser encontrada ao longo da história humana e, contemporaneamente, o texto bíblico é uma constante nos discursos fora dos círculos religiosos, fácil de ser identificado e impossível de não ser notado.

Nesse sentido, concordando com Bloom, o crítico literário canadense Northrop Frye (2004) afirma:

[...] a Bíblia certamente é um elemento de maior grandeza em nossa tradição imaginativa, seja lá o que pensemos acreditar em seu respeito. De forma mais específica: muitos pontos relevantes da teoria crítica de hoje tiveram origem no estudo hermenêutico da Bíblia [...]. Muitas das formulações da crítica me parecem mais defensáveis quando aplicadas à Bíblia do que se aplicadas alhures. (FRYE, 2004, p. 18).

Flávio Aguiar (2004) reconhece a influência exercida pelos escritos bíblicos na literatura mundial:

[...] podemos ver a fábula de uma narrativa ficcional, ou seu arranjo na narração que compõem o enredo, como uma sucessão de acontecimentos dispostos no tempo, mesmo que haja flashbacks e antecipações reveladoras. Mas também podemos ver ambas, fábula e narração, como uma estrutura simultânea de imagens e articulações que se articulam. A forma particular da obra literária se torna significante e perceptível pelo modo como essas visões, a diacronia e a sincrônica, se articulam. Foi a Bíblia, mais do que a tradição clássica, que criou esse processo e esse procedimento, sobretudo no plano interno das obras, e foi a Bíblia também que, por assim dizer, ‘ensinou’ os escritores, mesmo os modernos, a proceder desse modo. (AGUIAR, 2004, p. 276).

Diante da importância da expressão dos textos bíblicos na história, trazemos ilustrações de como eles foram relidos pela literatura brasileira. Alguns exemplos dessa influência nos escritos serão apresentados para observar como o abandono dos estudos bíblicos no universo acadêmico prejudica a compreensão de alguns textos quando não referidos em seu contexto original.

Em Machado de Assis, no conto O caminho de Damasco (ASSIS, 2006), percebe-se de imediato a referência ao apóstolo Paulo. No texto de Machado de Assis (2006), lê-se a conversão de Jorge:

[...] mas quando cheguei, continuou Jorge, quando vi aquela divina criatura, aflita, melancólica, junto de seu marido quase expirante, a prodigalizar-lhe todos os carinhos que a natureza, que a religião lhe inspiravam, quando aquele solene espetáculo me apareceu aos olhos, posso jurar-lhe, Senhor padre, que nesse momento todo o meu passado se desvaneceu e que um homem novo começa a palpitar em mim. (ASSIS, 2006, p. 16).

No texto original bíblico podemos ler o episódio da conversão de Saulo, que se dirigia a Damasco com intuito de prender pessoas que encontrasse praticando o cristianismo. O texto diz que o próprio Jesus apareceu diante dele e de perseguidor dos cristãos passa a discípulo de Cristo e grande pregador do cristianismo (At 9, 1-19).

No final do conto O caminho de Damasco, já casado com a viúva Clarinha, Jorge Aguiar conta ao padre Barroso “[...] a impressão profunda que recebera nos cinco dias em que assistira a agonia do médico [...]”, dizendo que “[...] foi só então [...] que eu comecei a amar.” (ASSIS, 2006, p. 17). O padre alude à passagem bíblica, dizendo a Jorge que o apóstolo Paulo “[...] uniu-se à melhor das noivas, a Igreja, e oxalá vocês se amem tanto, como aqueles dois se amaram.” (ASSIS, 2006, p. 17).

Nesse exemplo retoma-se indiretamente o texto bíblico, um casamento intertextual de mútua influência da Bíblia na composição da trama. Ao elaborar o conto visando o tema da conversão, Machado de Assis dialoga com a Bíblia, e isso é, do ponto de vista literário, um verdadeiro mergulho na profundidade do texto que jamais se esgota em suas possibilidades de compreensão. Sem contar outros textos como Esaú e Jacó (ASSIS, 2006), uma extraordinária intertextualidade nítida influenciada pela Bíblia.

A Bíblia também é muitas vezes empregada na íntegra ou reescrita por Adélia Prado (2001) em seus poemas dando significado ímpar ao seu discurso poético:

Antes do nome

Não me importa a palavra, esta corriqueira.

Quero é o esplêndido caos de onde emerge a sintaxe,

os sítios escuros onde nasce o "de", o "aliás",

o "o", o "porém" e o "que", esta incompreensível

muleta que me apoia.

Quem entender a linguagem entende Deus

cujo Filho é Verbo. Morre quem entender.

A palavra é disfarce de uma coisa mais grave, surda-muda,

foi inventada para ser calada.

Em momentos de graça, infrequentíssimos,

se poderá apanhá-la: um peixe vivo com a mão.

Puro susto e terror. (PRADO, 2001, p. 34).

Adélia Prado dialoga com a literatura bíblica trazendo à tona o sentido da palavra enquanto verbo, Verbo de Deus Encarnado, Jesus Cristo. O Verbo que traz a ordem para o caos, ao mesmo tempo que tudo cria e recria pela palavra que gera nova vida. A expressão ganha total força em Prado (2001): “[...] quem entender a linguagem entende Deus cujo Filho é Verbo [...]” (PRADO, 2001, p. 34), trazendo à mente imediatamente o autor do Evangelho de João, que consegue resumir em uma única frase o mistério da encarnação: “[...] no princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus [...] E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e nós vimos a sua glória, glória que ele tem junto ao Pai, como Filho único, cheio de graça e de verdade.” (Jo 1, 1-14).

E em seu poema A invenção de um modo, a própria Adélia Prado (2001) faz alusão a esta polissemia linguística literária que dialoga o tempo todo com os Textos Sagrados. Reconhece ela também que “Tudo é Bíblias” (PRADO, 2001, p. 13) neste mundo de reinvenção infinita da arte de escrever:

A invenção de um modo

Entre paciência e fama quero as duas,

pra envelhecer vergada de motivos.

Imito o andar das velhas de cadeiras duras

e se me surpreendem, explico cheia de verdade:

tô ensaiando. Ninguém acredita

e eu ganho uma hora de juventude.

Quis fazer uma saia longa pra ficar em casa,

a menina disse: "Ora, isso é pras mulheres de São Paulo"

Fico entre montanhas,

entre guarda e vã,

entre branco e branco,

lentes pra proteger de reverberações.

Explicação é para o corpo do morto,

de sua alma eu sei.

Estátua na Igreja e Praça

quero extremada as duas.

Por isso é que eu prevarico e me apanham chorando,

vendo televisão,

ou tirando sorte com quem vou casar.

Porque que tudo que invento já foi dito

nos dois livros que eu li:

as escrituras de Deus,

as escrituras de João.

Tudo é Bíblias. Tudo é Grande Sertão. (PRADO, 2001, p. 13).

Há uma longa tradição escrita que traz em seu íntimo, seja no léxico, na sintaxe, na semântica e, principalmente no discurso, a presença direta e por vezes também indireta do texto bíblico. Essa presença conduz a um pensamento positivo que auxilia no processo de aproximação entre Literatura e Bíblia, iniciando então um caminho que se proponha a analisar literalmente um texto bíblico, comprovando que tal estudo ressaltará a beleza singular e o significado único, primordial que o texto deseja ofertar. Portanto, a Bíblia foi, é e sempre será uma fonte inesgotável de inspiração humana e literária.

Um segundo argumento bastante importante para aproximação da literatura ao texto bíblico são os modos teológicos, ou seja, o literário da Bíblia não pode ser compreendido em profundidade sem que se leve em consideração que o texto é constituído intrinsicamente por concepções religiosas teológicas.

A escrita surge como um modo para resguardar o que não se pode mais ser mantido apenas pela memória humana, tais como rituais, obrigações, cronologias, origens; ela propicia o cultivo de certa prosa da vida, sem a qual nenhuma economia seria construída, nenhuma massa humana poderia ser organizada e nenhum Estado seria erigido. A poesia tinha, ao contrário, um lugar seguro na memória e não precisava da escrita. Demorou séculos, talvez milênios, até que a poesia descobriu o meio da escrita para si. Esse foi o momento do nascimento da literatura. É comum ver a poesia como parte ou base da literatura, mas não se pode esquecer que a poesia existiu bem antes do conjunto de textos que formam hoje o que se chama de literatura. A poesia foi uma das primeiras grandes articulações da linguagem humana. A escrita é, portanto, um desenvolvimento do poder narrativo do ser humano, acompanhado da nova necessidade de preservar memórias.

Nada melhor que o exemplo da comunidade bíblica para perceber a beleza e necessidade do texto escrito para a cultura e religião de um povo. Os judeus e cristãos partilham de uma história comum, e constituem grupos com uma cultura vasta e com um repertório extraordinário de vida; nada mais justo que sua história, cultura, religião, moral, poesia e literatura se confundam no ato de escrever. Além do mais, grande parte da escrita da Bíblia nasceu por motivos religiosos que se mesclavam com os acontecimentos políticos de maneira tão engendrada que esses elementos se fundem no projeto de escrita da história judaica e cristã.

Assim, na análise do texto bíblico não é possível estabelecer sempre uma diferença entre o que é teológico e o que seria apenas literatura na Bíblia, pois os âmbitos interagem densa e complexamente. A forma e o conteúdo estão em função de um projeto comum, de forma que interajam de maneira livre. Dessa forma, é essencial considerar o texto bíblico dentro de uma complexa totalidade artística permeada de sutilezas estilísticas e detalhes formais nos quais os modos teológicos são parte essencial. Considerar o elemento teológico é fundamental para a leitura da literatura bíblica, afinal, trata-se de uma comunidade profundamente religiosa desde suas origens que construiu sua história em função da vivência de sua fé e a partir de seus referenciais teológicos. Assim, ela tornou-se para o mundo, por meio de seus escritos, um maravilhoso manancial literário que até o momento nenhum outro artista conseguiu superar.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este artigo propôs elencar e discutir argumentos que fundamentam a aplicação da teoria literária aos escritos bíblicos, uma vez que essa relação historicamente é fruto de conflitos acadêmicos e religiosos. O equívoco provindo de uma visão unidirecional do texto bíblico, por exemplo, apenas espiritual, elimina qualquer outra possibilidade de leitura e é prejudicial para a percepção adequada dessa obra. Uma visão que desconsidere os elementos humanos da escrita bíblica ignora a grande variedade de recursos literários presentes na retórica dos textos. Aprofundamos esse prejuízo especialmente quanto aos gêneros textuais utilizados, uma ferramenta interpretativa indispensável para uma interpretação dos sentidos dos textos que considere a profunda gama de elementos culturais presentes no processo de escrita de um texto.

Procuramos aprofundar como a aplicação de elementos da teoria literária à narrativas bíblicas permite um progresso exegético-hermenêutico na análise de textos bíblicos, vislumbrando o texto dentro de um contexto comunicativo, não apenas com seus primeiros leitores, mas com todos aqueles que continuam se achegando a eles. Partir da análise bíblica, considerando-a como literatura, não exclui os benefícios trazidos pela pesquisa bíblica clássica, nem despreza a inspiração divina. Do contrário, permite discutir esses pontos a partir de novos elementos e realça o caráter comunicativo da Bíblia.

Material suplementario
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Notas
Notas
1 O presente trabalho foi realizado com o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES).
2 O acrônimo Tanach é derivado das palavras: Torah (Lei), Neviim (Profetas) e Chethuim (Escritos) e formam os três blocos da Bíblia Judaica.
3 […] el sentido de un relato es el resultado del proceso de lectura.
4 […] the literary approach may sink to a level as low as David Robertson’s The Old Testament and the Literary Critic.
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