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AS FONTES DA LINGUAGEM MÍSTICA HILESIANA
Tiago Batista FONTES
Tiago Batista FONTES
AS FONTES DA LINGUAGEM MÍSTICA HILESIANA
THE SOURCES OF HILLESIAN MYSTICAL LANGUAGE
LAS FUENTES DEL LENGUAJE MÍSTICO HILLESIANO
Interações, vol. 18, núm. 1, e181c02, 2023
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
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Resumen: En este artículo trataremos de desenterrar del suelo de la escritura Hillesiana las raíces que revitalizan su escritura. Etty Hillesum cose su lenguaje místico con hilos eclécticos, sin ninguna subvención lingüística formal de las tradiciones religiosas, lo que provoca el encanto por su inusual lenguaje y posteriormente el deseo de rastrear sus fuentes. Por lo tanto, para organizar esta investigación, adoptaremos la metodología de la investigación bibliográfica en ciencias humanas. Comenzando con un estudio bibliográfico sobre el Diario y las Cartas de Etty Hillesum, con el fin de comprobar el impacto de los autores literarios y místicos que ofrecen sus claves de interpretación de cara a su experiencia mística. En esta investigación, nos apoyaremos en autores que han investigado la obra Hillesiana de manera crítico-analítica, dejándonos un sólido conjunto de herramientas analíticas sobre las influencias en la producción de categorías verdaderamente místicas que se encuentran en la obra Hillesiana.

Palabras clave: Etty Hillesum, Diario, Cartas, Lenguaje místico, Categorías místicas.

Resumo: Nesta comunicação visaremos desencavar do solo da escrita hillesiana as raízes que avigoram sua escritura. Etty Hillesum cose sua linguagem mística com fios deveras ecléticos, sem quaisquer subsídios linguísticos formais das tradições religiosas, o que provoca encantamento por sua insólita linguagem e ulteriormente o anelo de rastrear suas fontes. Portanto, no fito de ordenar esta pesquisa, adotaremos a metodologia de pesquisa bibliográfica em ciências humanas. Iniciando um levantamento bibliográfico acerca do Diário e Cartas de Etty Hillesum, com o escopo de verificar o impacto do autores literários e escritores místicos que lhe oferecem chaves de interpretação defronte de sua experiência mística. Nesta pesquisa contaremos com autores e autoras que investigaram a obra hillesiana de forma crítico-analítica, legando-nos um instrumentário analítico sólido a respeito destas influências sobre a produção de categorias deveras místicas encontradiças na obra hillesiana.

Abstract: In this paper we will try to dig out of the soil of Hillesian writings the roots that reinvigorate her writing. Etty Hillesum sews her mystical language with very eclectic threads, without any formal linguistic subsidies from religious traditions, which causes enchantment for her unusual language and later the desire to trace her sources. Therefore, in order to organize this research, we will adopt the methodology of bibliographic research in the human sciences. Starting with a bibliographical survey about Etty Hillesum's Diary and Letters, with the purpose of verifying the impact of literary authors and mystical writers who offer her keys of interpretation in face of her mystical experience. In this research we will rely on authors who have investigated Hillesum's work in a critical- analytical way, providing us with a solid analytical toolkit about these influences on the production of truly mystical categories found in Hillesum's work.

Keywords: Etty Hillesum, Diary, Letters, Mystical language, Mystical Categories.

Carátula del artículo

DEBATES E COMUNICAÇÕES

AS FONTES DA LINGUAGEM MÍSTICA HILESIANA

THE SOURCES OF HILLESIAN MYSTICAL LANGUAGE

LAS FUENTES DEL LENGUAJE MÍSTICO HILLESIANO

Tiago Batista FONTES
Ciências da Religião pela PUC Minas, Brasil
Interações, vol. 18, núm. 1, e181c02, 2023
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

Recepción: 13 Noviembre 2022

Aprobación: 08 Febrero 2023

1 INTRODUÇÃO

Esther Hillesum (Etty) nascera em 15 de janeiro de 1914 em Middelburg, Países Baixos, e morrera em 30 de novembro de 1943 em Auschwitz, Polônia. Filha de um casal de judeus, cujo pai Levie Hillesum (Louis) nascera em Amsterdã em 1880, homem culto e tímido exercera a profissão de professor de línguas clássicas. Sua mãe Riva Bernstein (Rebecca) nascera em Potcheb, na Rússia, no ano de 1881, uma judia que se pôs em fuga por causa dos pogroms1, se refugiando em Amsterdã. Este casal de judeus tivera mais dois filhos, Jaccob Hillesum (Jaap) nascera em 1916 rapaz genial que aos 16 anos descobrira uma proteína e se tornara médico, e Michael Hillesum (Mischa) nascido em 1920, um pianista de talento. Nenhum membro da família Hillesum sobrevivera, vítimas da implacável shoá.

Etty Hillesum não se encontra a rigor abalizada por nenhum cânon religioso, embora, pertencendo a uma família judaica, seus pais não lhes transmitiram o patrimônio religioso de seus antepassados. Contudo, Etty Hillesum registrará sua aventura interior que desembocará numa inaudita experiência mística, a qual testemunhará em Diário e Cartas com uma linguagem sui generis.

Ao largo das abundantes páginas de seu Diário encontramos uma constelação de pensadores de vieses diferentes, os quais imprimiram sua marca no pensamento de Etty Hillesum. Entretanto, anelando cumprir o propósito desta investigação, nos circunscrevemos àqueles que lhe forneceram chaves de intepretação quanto à sua experiência mística, dois literatos, Rilke e Dostoievski e dois místicos Agostinho e mestre Eckhart.

2. AUTORES LITERÁRIOS PREFERIDOS DE ETTY HILLESUM

Previamente, recolhemos esta impressão, “Etty não segue um itinerário espiritual em uso, não há recebido uma formação mais ou menos sistemática de nenhuma doutrina religiosa.” (LLOP, 2021, p. 65, tradução nossa).2 Etty Hillesum amalgama em seu repertório de leituras um variegado cardápio de escritores de diversos matizes, neles, “Etty vai recolhendo estímulos espirituais, frases e leituras das quais se apropria.” (LLOP, 2021, p. 64, tradução nossa).3

Helen Cioux categoriza essa plêiade de escritores e suas citações que subjazem à escrita hillesiana, “[...] a respeito de uma ‘ladrona’ e diz que pratica um ‘ecletismo generoso’.” (CIOUX apud LLOP, 2021, p. 65, tradução nossa).4 V. Javier traduz este aporte de Cioux, “esse ‘roubar’ não tem nada de pejorativo, na medida em que aponta o caráter marginal das mulheres para escrever e ocupar o lugar que os homens usurparam de maneira prevalente.” (LLOP, 2021, p. 65, tradução nossa).5

Conforme V. Javier (2021), Rainer Maria Rilke6, o escritor deveras mais citado ao largo da obra hillesiana, desenvolve duas metáforas basilares acerca da condição da natureza humana. Vejamo-las:

As duas metáforas principais que utiliza o autor são a visual-vegetal (fundo, raiz) e a musical (melodia, canção). A ideia é a seguinte: porque não captam a melodia de fundo (a melodia da vida), os homens permanecem ilhados e incapazes de entender. Só aqueles que se tem esforçado, se tornam mais serenos e comunitários. (LLOP, 2021, p. 16, tradução nossa).7

No decorrer do Diário Etty Hillesum empregará estas duas metáforas. Elas são axiais na publicização de seus processos interiores. Ora prenuncia “a única certeza de como se deve viver e o que se deve fazer só pode emergir das fontes que borbulham lá no fundo de si mesmo.” (HILLESUM, 2020, p. 138). Em outra passagem “[...] por isso tem que ouvir muito bem sua própria fonte primordial no instante presente e ter confiança em si mesma e não se deixar a toda hora confundir pelo que as pessoas à sua volta falam, afirmam e possam querer de você.” (HILLESUM, 2020, p. 103) Ora entoa “há uma melodia pessoal em mim, que às vezes deseja muito ser posta nas suas próprias palavras.” (HILLESUM, 2020, p. 104).

Conforme Ana Martín Echagüe (2021) outra categoria rilkeana ressonante na obra hillesiana é o weltinnenraum. Etty Hillesum “interioriza a afirmação do poeta: ‘o espaço interior do mundo’ que escreve também em alemão no Diario ‘weltinnenraum’.” (ECHAGÜE, 2021, p. 99, grifo do autor, tradução nossa).8 E culmina com essa análise:

O espaço interior cultivado em Etty lhe faz descobrir todas as possibilidades da vida e resistência que pode oferecer a interioridade. Desse espaço interior se vive, se enfrenta o mundo e se ama aos homens e mulheres. Por sua vez, o espaço interior reflete a convicção de que cada um tem que transitar seu próprio caminho para a interioridade e conectar-se com as próprias fontes. Se trata do equilíbrio entre deixar-se influir por outros (neste caso Rilke), submergir-se em seus escritos como em um mar e, ao mesmo tempo, seguir seu próprio caminho. No espaço interior se personaliza a influência de outros e aporta-se a própria originalidade. (ECHAGÜE, 2021, p. 99, tradução nossa).9

Etty Hillesum sob o afluxo do weltinnenraum rilkeano confessa-nos “este ouvir o que vem de dentro. Este deixar-se guiar, não mais pelo que vem de fora, mais pelo que emerge de dentro.” (HILLESUM, 2020, p. 148). De outro modo Etty Hillesum alude este princípio rilkeano, “de alguma forma sigo meu próprio caminho interior, que cada vez se torna mais simples e descomplicado, mas que ainda assim é pavimentado com suavidade e confiança.” (HILLESUM, 2020, p. 280).

No panteão literário hillesiano soergue-se a figura do grande literato russo Fiódor Mikhailovitch Dostoiévski10. Sua impactação em Etty Hillesum dar-se-á entorno deste centro de gravidade: o de não fazer resistência ao mal. Etty Hillesum entremostra nas primeiras páginas de seu Diário sua mirada diante do mal travestido em ódio “[...], mas o ódio indiferenciado é a pior coisa que existe. É uma doença da própria alma. O ódio não é da minha natureza.” (HILLESUM, 2020, p. 30). Etty Hillesum arrosta a face do mal antes de tudo em si mesma, “a podridão dos outros também está em nós” (HILLESUM, 2020, p. 157) e prossegue “e não vejo nenhuma outra solução, realmente, realmente não vejo nenhuma outra solução a não ser voltar-se para o seu próprio cerne e a partir de lá exterminar toda a podridão.” (HILLESUM, 2020, p. 157-158).

Etty Hillesum se debruça sobre a obra dostoievskiana, “[...] eu estava absorta em O Idiota, traduzi de modo muito solene algumas linhas num caderno, fiz uma breve anotação, e num instante eram dez horas. (HILLESUM, 2020, p. 136, grifo do autor).” Míchkin o personagem principal desta obra representa o “[...] ‘que não julga e não faz resistência ao mal’[...]” (TOMMASI, 2002, p. 52, tradução nossa)11. O príncipe Míchkin parece sofrer assim como outros personagens dostoievskianos do páthos divino. Conforme Luiz Felipe Pondé (2013) nos clarifica esta categoria em seu estudo sobre Dostoiévski:

O páthos divino é uma intuição importante, porque os personagens de Dostoiévski, que são figuras divinizadas, cujos dois grandes exemplos são Míchkin (O idiota) e Aliócha – o Alieksiéi, de Os irmãos karamázov -, são claramente figuras que sofrem desse páthos divino, o que, na obra do escritor russo, de forma nenhuma implica em qualquer tipo de sucesso no mundo. Estarmos em comunicação com Deus ou invadidos pela Transcendência não significa necessariamente que possamos fazer sucesso no mundo, que possamos nos dar bem na vida. Personagens menores em sua obra, mas também marcado pelo páthos divino, são os starets Zózima, de Os irmãos Karamázov, e Sônia, de Crime e Castigo. (PONDÉ, 2013, p. 62, grifo do autor).

Pondé (2013) lança mão desta categoria páthos divino da abordagem de Heschel na sua filosofia da religião. Pondé demarca conceitualmente de que se trata este páthos divino:

[...] ao passarmos do páthos ao affectus, do grego para o latim, estaremos no mesmo sentido, isto é, a (quase) afecção que Deus causa na pessoa mística, como se fosse uma invasão ou uma visita, como nos fala a mística ortodoxa. É nesse sentido que o místico profeta é um animal visitado (por Deus). (PONDÉ, 2013, p. 62, grifo do autor).

Parece-nos que este traço dostoievskiano nos escritos hillesianos de suportar o mal, de desviar-se de quaisquer revanchismos confirma que esta judia recebera a visita de Deus em sua alma. O páthos divino lhe marcou com afecções indeléveis.

3. ESCRITORES MÍSTICOS

Santo Agostinho12 desfila na obra hillesiana, ele encontra-se entre os elegidos no elenco literário exposto por Etty Hillesum, “[...] eles também estão na minha vida, povoam minha existência. Dostoiévski, Rilke e Santo Agostinho. [...] Cada um, à sua maneira, teve algo real e muito pessoal a me dizer.” (HILLESUM, 2020, p. 176). Etty Hillesum fascina-se pelas letras esbraseadas de amor a Deus de santo Agostinho, “vou reler santo Agostinho. Ele é tão rigoroso e inflamado. E tão apaixonado e tomado de sincera entrega nas suas cartas de amor a Deus. Na verdade, essas são as únicas cartas de amor que se deveria escrever: aquelas para Deus.” (HILLESUM, 2020, p. 357).

Em conformidade com Paul Lebeau (2014), “confissões (do verbo latino confiteri), isto é, ‘a proclamação das maravilhas de Deus’ na vida e na conversão de Agostinho - um processo que no fundo, é bastante próximo do processo de Etty no seu diário.” (LEBEAU, 2014, p. 91, grifo do autor). O Diário de Etty Hillesum à sua maneira tem um cariz de confissões, ali deposita os esconsos de sua alma, assim com Agostinho confessa “se alguém tivesse imposto um limite ao meu caos, isso teria transformado as experiências passageiras de beleza nessas coisas mais baixas e colocado limites à compreensão em seus encantos” (AGOSTINHO apud SMITH, 2020, p.84), ela todavia reclama limites em sua vida, assim como ele mergulhado em sua interioridade depara-se com uma beleza antiga e novíssima, ela acrisolando seu interior de camadas de sujidade, avista Deus.

O místico renano mestre Eckhart13 restringe suas aparições tão-somente às Cartas. Em 25 de agosto de 1942 Etty Hillesum revela-nos outra companhia literária de envergadura, “esta manhã li um pouco do místico mestre Eckhart e limpei o escritório. (HILLESUM, 2013, p. 185, tradução nossa).14 Numa carta redigida a Christine van Nooten em 1° de julho de 1943, ela dá-nos a saber a presença do mestre alemão entre seus livros em Westerbork, “[...] trouxe-lhe obras de Eckhart e outros livros que tenho aqui.” (HILLESUM, 2016, p. 95, tradução nossa).15

As categorias eckhartianas que reboam na obra hillesiana são: gelassenheit e grunt. A primeira categoria de grande valia da lavra de Etty Hillesum que soa uma recepção dos escritos de mestre Eckhart é a expressão holandesa gelatenheid correspondente ao gelassenheit do mestre renano. Ao debulhar o vocabulário holandês à cata duma palavra próxima do alemão, ela encontra em holandês gelantenheid:

Gelatenheid É o termo holandês que Etty usa correspondendo ao substantivo Gelassenheit, um dois mais antigos e significativos da história intelectual alemã: chega de fato ao filósofo do século passado Martin Heidegger vindo da idade média, quando o místico Mestre Eckhart lhe deu um papel central nas suas obras, usando-o com o significado de separação do eu psicológico, renúncia da própria vontade e consequentemente abandono fiducial à vontade de Deus. Sabemos que, durante o último ano de sua vida, Etty leu uma antologia de escrito eckhartianos e que queria trazê-la consigo a Westerbok. Portanto é muito provável que nesse texto havia encontrado o termo, que de fato apareceu no diário somente no fim de julho de 1942 e numa carta ocorre apenas algumas linhas acima do nome de Eckhart; como no mestre medieval, gelatenheid indica a atitude interior de aceitação fiducial das coisas como são: é uma consequência imediata, senão a mesma coisa, de fé em Deus. (IACOPINI, 2018, p. 131, grifo do autor, tradução nossa).16

Etty Hillesum exprime esse gelatenheid nesse excerto “[...], mas aceito tudo das tuas mãos meu Deus, assim como for. Sei que é sempre melhor. Sei por experiência própria que, ao suportar todas as dificuldades, pode-se transformá-las em algo bom.” (HILLESUM, 2020, p. 300). Etty Hillesum ata-se ao destino coletivo de seu povo, e desvela-nos uma fidelidade inaudita ao Deus encontrado entre as densas névoas da Shoá.

Sabedores que Etty Hillesum lera os aforismos eckhartianos, este deve ter-lhe prendido a atenção: “o fundo de Deus é meu fundo, e meu fundo é o fundo de Deus” (ECKHART apud LLOP, 2021, p. 76, tradução nossa)17, conforme Etty Hillesum “e esse eu, o mais profundo e mais rico em mim, no qual repouso, é o que chamo ‘Deus’.” (HILLESUM, 2020, p. 308). Este grunt (fundo) é donde “os fundos se confundem: o fundo de Deus e o fundo do mundo interior” (TEIXEIRA, 2019, p. 35). E à guisa de conclusão ainda trazemos alume um aforismo eckhartiano “onde termina a criatura, ali começa a ser Deus.” (ECKHART apud TEIXEIRA, 2019, p. 35). Etty Hillesum avistando as divisas de sua criaturalidade testemunha uma outra presença dentro dela, “há dentro de mim um poço muito profundo, e lá dentro está Deus” (HILLESUM, 2020, p. 85), no fundo dela está Outro que não é ela.

Conforme V. Javier Llop (2021), Ria urde esta apreciação “Etty Hillesum foi atraída pelos conselhos existenciais místico-românticos de Rilke como pelos sábios aforismos eckhartianos do Breviarium ou da concepção do sofrimento do cristianismo primitivo típico da literatura russa.” (RIA apud LLOP, 2021, p. 76, grifo do autor, tradução nossa).18

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Etty Hillesum é uma figura parcamente conhecida no ambiente acadêmico brasileiro, inclusive, suas obras: Diário e Cartas se encontram fragmentadas em língua portuguesa, não tendo uma versão completa. Ademais, verifica-se algumas aproximações de sua obra através de artigos, dissertações de mestrado e grupos de pesquisa dedicados a mística e a espiritualidade. Enquanto ao estado da arte, ela suscita interesse em diversas áreas do conhecimento desde a mirada filosófica, a psicológica, a perspectiva de gênero, a visão judaica e do holocausto, e por fim, a teologia cristã.

Atinente ao nosso projeto de pesquisa ligado à mística, espiritualidade e linguagem encetamos uma investigação de sua obra sob a ótica das Ciências da Religião, almejando situar seus escritos em seu condicionamento histórico, examinando-os, no intento de desvelar suas fontes primigênias e as ulteriores consequências sobre a constituição psico- espiritual e comportamental desta jovem judia em sua experiência de Deus entre as brumas da Shoá. Nesta breve comunicação visamos apontar como produto de nossa pesquisa estas quatro figuras luminares que esteiam a linguagem mística hillesiana.

Material suplementario
REFERÊNCIAS
ECHAGÜE, Ana Martín. Desenterrar a Dios: el processo espiritual de Etty Hillesum. 3 ed. Maliaño: Sal Terrae, 2021.
HILLESUM, Etty. Lettere: edizione integrale. Milão: Adelphi, 2013.
HILLESUM, Etty. El corazón pensante de los barracones: cartas. 2. ed. Barcelona: Anthropos, 2016.
HILLESUM, Etty. Uma vida interrompida: diário de Etty Hillesum 1941-1943. Belo Horizonte: Âyiné, 2020.
IACOPINI, Beatrice. Il gelsomino e la pozzanghera. Firenze: Le Lettere, 2018.
LLOP, V. Javier. Etty Hillesum y la transformación: la huella de R. M. Rilke. Madri: Narcea, 2021.
PONDÉ, Luiz Felipe. Crítica e Profecia: a filosofia da religião em Dostoiévski. São Paulo: Leya, 2013.
SMITH, James k. A. Na estrada com Agostinho: uma espiritualidade do mundo real para corações inquietos. Rio de Janeiro: Thomas Nelson, 2020.
TEIXEIRA, Faustino. Malhas da mística cristã. Curitiba: Appris, 2019.
TOMMASI, Wanda. Etty Hillesum: la inteligencia del corazón. Madrid: Narcea, 2002.
LEBAU, Paul. Etty Hillesum: um itinerário espiritual. Braga: Editorial ao Braga, 2014.
Notas
Notas
1 Pogrom, palavra russa cujo significado denota ataque violento às pessoas e seus haveres. Era uma prática recorrente na Rússia do Czares. Tornou-se de acepção praticamente reservada para designar o ataque sistemático dirigido a judeus e outras minorias pelos governos nazi e soviético.
2 Etty no sigue un itinerario al uso, no ha recebido una formación más ou menos sistemática de ninguna doctrina religiosa.
3 Etty va recogiendo estímulos espirituales, frases y lecturas de las que se apropia.
4 Al respecto de una “ladrona” y se ha dicho que practica un “ecletismo generoso”.
5 Este “robar” no tiene nada de peyorativo, en la medida que señala el carácter marginal de las mujeres par escribir y ocupar el lugar que los hombres usurpaban de manera prevalente.
6 Rainer Maria Rilke (1875-1926) um dos mais geniais testemunhos espirituais da literatura moderna.
7 Las dos metáforas principales que utiliza el autor son la visual-vegetal (fondo, raíz) y la musical (melodía, canción). La idea es la siguiente: porque no captan la melodia del fondo (la melodía de la vida), los hombres quedan aislados e incapaces de entenderse. Solo aquellos que se han esforzado por captarla, se vuelven más serenos y comunitarios.
8 Interioriza la afirmación del poeta: “el espacio interior del mundo” que escribe también en alemán en el Diario “Weltinnenraum”.
9 El “espacio interior” cultivado en Etty le hace descobrir todas las posibilidades de vida y resistencia que puede oferecer la interioridad. Desde ese espacio interior se vive, se enfrenta el mundo y se ama a los hombres y mujeres. A su vez, el espacio interior refleja la convicción de que cada uno tiene que transitar su próprio camino hacia la interioridad y conectarse con las propias fuentes. Se trata del equilibrio entre dejarse influir por otros (en este caso Rilke), sumergirse en sus escritos como en un mar y, al mismo tiempo, seguir su próprio caminho. En el espacio interior se personaliza la influencia de otros y se aporta la propia originalidade.
10 Fiódor Mikhailovitch Dostoievski (1821-1881) é considerado um dos maiores romancistas e pensadores da história.
11 Que no juzga y no hace resitencia al mal.
12 Santo Agostinho (354-430) foi um dos mais importantes filósofos e teólogos nos primeiros séculos do cristianismo, cujas obras marcaram profundamente o pensamento ocidental.
13 Mestre Eckhart (1260-1328) foi um frade dominicano reconhecido por sua obra como teólogo, filósofo e místico.
14 Stamattina ho letto um po’ del mistico Meister Eckhart e ho pulito i gabinetti.
15 Le he traído obras del maestro Eckehardt y otros libros más que tengo por aquí.
16 Gelatenheid Il termine olandese che Etty usa corresponde al sostantivo “Gelassenheit”, uno dei più antichi e significativi dela storia intellettuale tedesca: arriva infatti fino al filosofo novecentesco M. Heidegger dal medioevo, quando il místico Meister Eckhart gli dette un ruolo centrale nelle sue opere, usandolo com il significato di distacco dall´io psicológico, rinuncia ala volontà própria e quindi abandono fiducioso ala volontá di Dio. Sappiamo che durante l´ultimo anno della sua vita, Etty lesse un´antologia di scritti eckhartiani e che volle portarla com sé a Westerbork. Dunque è molto probabile che próprio in quel texto abbia incontrato il termine, che infatti si affaccia nel diário solo ala fine del Iuglio 1942 e in una lettera recorre próprio poche righe sopra al nome di Eckhart; come nel maestro medievale, “gelatenheid” indica l´atteggiamento interiore di accettazione fiduciosa delle cose come sono: è uma conseguenza imediata, se no la stessa cosa addirittura, della fede in Dio.
17 “El fondo de Dios es mi fondo, y mi fondo es el fondo de Dios”.
18 Etty Hillesum fue atraída por los consejos místicos-romáticos de Rilke como por los sábios aforismos eckhartianos del Breviarium o de la concepción del sufrimiento del cristianismo primitivo típico de la literatura rusa.
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