Editorial
Editorial
Ao analisarmos as práticas de educação especial desenvolvidas no contexto educacional contemporâneo, faz-se possível compreender que, desde a emergência das políticas de educação inclusiva, na década final do século passado, as ações que constituem a Educação Especial no país vêm apresentando mudanças significativas. Se tradicionalmente a Educação Especial atuou na produção de práticas visando a normalização, via reabilitação, dos sujeitos que constituem o seu público-alvo, desde o final do século passado passou a defender a necessidade de práticas que, discursivamente, se afirmam centradas na escolarização e que hoje têm como foco prioritário a escola comum/regular, adjetivada agora como inclusiva. Trata-se de uma mudança de ênfase nos discursos postos em circulação que, ao deslocar o olhar da normalização para a escolarização, passa supostamente a produzir sujeitos capazes de atuação mais autônoma na sociedade.
Acompanhando os deslocamentos e reconfigurações das práticas educativas no país há 30 anos, a Revista Educação Especial configura-se atualmente como um espaço privilegiado para a disseminação de conhecimentos produzidos na área da Educação Especial, tanto em âmbito nacional quanto internacional. Nesse contexto apresentamos o segundo número da Revista publicado em 2017, organizado com a intenção de fortalecer a produção de conhecimento na área e colaborar com a proposição de problematizações sobre a interlocução entre Educação Especial e escola inclusiva; as práticas decorrentes dessa interlocução e os sujeitos que a partir dela são produzidos.
Tais problematizações são encontradas nos artigos que tomam as políticas de inclusão escolar como tema central e também naqueles que a tomam como tema periférico. Estes, ao proporem discussões relativas às práticas de avaliação e diagnósticos dos alunos, indicam metodologias de trabalho que potencializem suas interações sociais e analisam as trocas estabelecidas entre os sujeitos que constituem a comunidade escolar (família, alunos, professores e funcionários), produzindo reflexões relevantes para a qualificação dos processos de escolarização - desde a educação básica ao ensino superior - dos sujeitos que constituem o público-alvo da Educação Especial.
Na composição do presente número destaca-se ainda discussões relativas à mediação em contexto digital e a produção textual de pessoas com deficiência intelectual (DI); aspectos da identidade de surdos no âmbito da formação superior; revisão de produções científicas sobre altas habilidades/superdotação no Brasil (2011 a 2015); análises da percepção de estudantes surdos e ouvintes sobre a atuação do intérprete de Libras no contexto universitário e a interlocução entre realidades vivenciadas no cenário educacional do Brasil e da Argentina.
Em sua totalidade, o segundo número de 2017 da Revista está composto por 18 artigos inéditos, que atendem à demanda de fluxo contínuo, produzidos a partir de diferentes olhares e perspectivas teórico-metodológicas, apresentando discussões atuais e pertinentes para a área.
Desejamos a todos um boa leitura!