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SOBRE AMOR, SEXO E PROTEÇÃO SOCIAL: traçados de classe, gênero e geração
Márcia Santana Tavares
Márcia Santana Tavares
SOBRE AMOR, SEXO E PROTEÇÃO SOCIAL: traçados de classe, gênero e geração
Revista de Políticas Públicas, vol. 22, pp. 851-870, 2018
Universidade Federal do Maranhão
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Resumo: Este artigo busca refletir sobre como quatro mulheres, com idades próximas, vivenciam o amor e exercitam sua sexualidade, mas também como as políticas de proteção social contemplam suas demandas, a partir de uma perspectiva de classe, gênero e geração. Constata que a formação do par na velhice submete-se a fronteiras de gênero que restringem suas escolhas e as tornam invisíveis no campo afetivo-sexual, ao mesmo tempo em que as obrigam a rever suas afinidades eletivas para tramar o encontro de um parceiro, caso não queiram ficar sozinhas. No tocante às políticas de proteção social, percebe que as mulheres idosas permanecem à margem, principalmente as travestis, que ficam ainda mais expostas a situações de risco e vulnerabilidade, relegadas ao abandono e exclusão.

Palavras-chave:SexoSexo, amor amor, gênero gênero, classe classe, geração geração.

Abstract: This paper intends to reflect on how 4 women, of close age, experience love and exercise their sexuality, but also how social protection policies contemplate their demands, from a class, gender and generation perspective. It is seen that the formation of the pair in old age is subject to the gender boundaries that restrict their choices and force them to be selective in the choice of partners, if they do not want to be alone. With regard to social protection policies, it can be seen that both women and older transvestites remain on the sidelines, exposed to situations of risk and vulnerability, relegated to abandonment and exclusion.

Keywords: Sex, love, gender, class, generation.

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SOBRE AMOR, SEXO E PROTEÇÃO SOCIAL: traçados de classe, gênero e geração

Márcia Santana Tavares
Universidade Federal da Bahia UFBA, Brasil
Revista de Políticas Públicas, vol. 22, pp. 851-870, 2018
Universidade Federal do Maranhão

Recepção: 01 Março 2018

Aprovação: 09 Maio 2018

1 INTRODUÇÃO

O amor, embora seja um sentimento tido como universal, apresenta práticas e representações distintas de uma sociedade e época para outra, assim como é pensado e vivenciado diferentemente por mulheres e homens. (TAVARES, 2002). Em determinado momento onírico, epistolar, em outro domesticado pela sacralização e eternização do matrimônio, condicionado ao cultivo de uma paixão terna que eleva o lar à condição de refúgio dos indivíduos contra as vicissitudes do mundo (GAY, 1988; LASCH, 1991) e, mais recentemente, em um mundo permeado pela imediaticidade e incerteza, o amor torna-se efêmero, contingente (GIDDENS, 1993) e, portanto, tanto pode ser uno como plural.

Do mesmo modo, não podemos pensar a sexualidade como algo dado, imanente, mas sim como uma construção social, concebida por cada sociedade ao longo do tempo, ou seja, os costumes sexuais são histórica e culturalmente estabelecidos (COSTA, 2001), o certo e o errado no tocante a comportamentos e práticas sexuais também mudam de uma sociedade e época para outra. Dito de outra forma, os papéis sociais e sexuais de mulheres e homens são determinados por um processo histórico-cultural que orienta suas escolhas, comportamentos e condutas, bem como os papéis e identidades que encenam. (PEREIRA; TAVARES; OLIM, 2006). Neste sentido, o advento das tecnologias reprodutivas no contexto da sociedade individualista suscita questionamentos acerca das normas sexuais regulatórias e confere plasticidade à sexualidade, fazendo com que diferentes expressões e vivências da sexualidade adquiram legitimidade e se configurem como posições identitárias. (GIDDENS, 1993).

Todavia, conforme pondero em outro momento, a presença inconteste da diversidade sexual no cenário social continua a corresponder à dimensão do exótico, do burlesco, uma vez que nas instituições que produzem e reproduzem as normas sociais regulatórias, como por exemplo, a família, a igreja, a mídia, a escola formal e a universidade, personagens LGBT1 parecem ainda deslocados, fora de lugar (TAVARES; SANTOS, 2012), principalmente na velhice, pois segundo demonstram Debert e Brigadeiro (2012, p. 41), na “[...] produção de psicanalistas, demógrafos e sanitaristas sobre a velhice, a modalidade sexual a ser resgatada, estimulada e glorificada é a heterossexual”. Desse modo, temas como homoafetividade e sexo casual na velhice permanecem ainda questões intocáveis nos campos de pesquisa, cultura e política. (ROZENDO; ALVES, 2015).

Com efeito, Pereira, Tavares e Olim (2009), ao investigarem a trajetória de vida de travestis em processo de envelhecimento, constatam que embora o envelhecimento afete a imagem ilusória do feminino tanto para elas como para quem as olha, não desautoriza sua essência feminina, o que provoca entre as travestis reações variadas diante da iminência do envelhecimento: rejeição e ressentimento; tentativa de driblarem o tempo por meio da biotecnologia e até mesmo recorrerem a uma entidade mística que lhes assegure a imortalidade da mulher. Afinal, conforme ponderam as autoras, no campo afetivo-sexual, o envelhecimento é associado à perda de atratividade e poder sedutor das travestis, que não mais correspondem à imagem de glamour, beleza e sedução reforçada pela cultura do consumo, o que compromete sua autoestima e reduz as possibilidades de descortinarem projetos de vida, ao mesmo tempo em que lhes rouba expectativas e prenuncia a solidão, conforme reforçam as autoras, ao trazerem o desabafo de Rubina, uma das informantes de Boër e outros (2003, p. 38 apud PEREIRA, TAVARES, 2012, p. 86): “O que é que eu espero frequentando um bar, uma boate, com 70 anos? Que alguém me ame, que alguém me queira? Se eu não tiver um bom bolsinho não sai nada”.

Por outro lado, ao revisitarem publicações nacionais e internacionais sobre a sexualidade na velhice, Debert e Brigadeiro (2012) afirmam que, de acordo com a gerontologia e outras áreas de conhecimento, a sexualidade não se esgota com o passar dos anos, a velhice assexuada não passa de mito, pois, embora haja um declínio da frequência de atividade sexual com o avanço da idade, esse decréscimo é compensado por uma maior intensidade do prazer sexual. Em suma, para os especialistas, velhice e sexualidade não são mutuamente excludentes. Debert e Brigadeiro chamam a atenção para uma erotização da velhice, engendrada por meio de um conjunto de discursos que refuta os estereótipos negativos da velhice e esclarecem que:

Uma nova linguagem pública empenhada em alocar o tempo dos aposentados faz-se presente na desconstrução das idades cronológicas como marcadores pertinentes de comportamentos e estilos de vida. Uma parafernália de receitas envolvendo técnicas de manutenção corporal, comidas saudáveis, medicamentos, bailes e outras formas de lazer é proposta, desestabilizando expectativas e imagens tradicionais associadas a homens e mulheres em estágios mais avançados da vida. É no marco dessas transformações que podemos localizar o processo vigente de erotização da velhice. (DEBERT; BRIGADEIRO, 2012, p. 39).

O esforço desses especialistas visa ampliar as potencialidades da sexualidade humana, desgenitalizando os corpos ou invertendo os atributos e papéis de gênero convencionados acerca do exercício da sexualidade feminina e masculina; é resultante de uma batalha contra a indústria farmacêutica, empenhada em restringir a sexualidade aos termos de disfunções sexuais tratáveis e reforçar a penetração como cerne das preocupações masculinas e do casal. A crítica advinda do campo gerontológico ocorre de forma indireta, mas a ideologia sustentada gera tensão com a lógica argumentativa das disfunções sexuais. (DEBERT; BRIGADEIRO, 2012).

Em momento anterior, Debert (1994) já apontava que a preocupação nas últimas décadas com o envelhecimento e a melhoria da qualidade de vida na sociedade brasileira tem produzido mudanças no tocante à sensibilidade investida na velhice, ao mesmo tempo em que torna o envelhecimento uma experiência distinta para homens e mulheres. Acrescenta também que as diferenças de classe, que conferem conteúdos específicos à velhice, são minimizadas ante as diferenças de gênero.

Na mesma linha de pensamento, Britto da Motta (2011a) argumenta que a condição etária/geracional, ao longo da História, continua a ser um importante fator de organização social, classificando e discriminando os indivíduos e grupos. Por isso mesmo, a condição de idade afeta de forma distinta tanto homens e mulheres (teoricamente enunciados em termos de gênero, construção cultural acerca da condição sexuada) quanto indivíduos de diferentes classes sociais. Principalmente na velhice, período que condensa, ao mesmo tempo, conquistas e perdas das etapas de vida anteriores.

Por outro lado, Batista e Britto da Motta (2014), ao refletirem sobre a ação dos movimentos reivindicativos de políticas públicas que beneficiem as mulheres na velhice, argumentam que Britto da Motta tem enfatizado em vários momentos o fato de que, ao contrário das categorias de gênero, classe e raça/etnia, as categorias de idade e geração são espaços do conhecimento que ainda não foram adotados pelo feminismo como referências teóricas e de observação da realidade. Essa autora registra, também, que ao refletir sobre saúde e sexualidade das mulheres, o feminismo tem se restringido ao período reprodutivo, o que exclui as mulheres que não estão dentro desta faixa.

Nesse sentido, nas próximas linhas, debruço-me sobre relatos de quatro mulheres solteiras, com idades próximas, de forma a nuançar a influência exercida pela pertença a determinada classe social, gênero e geração em suas vivências afetivo-sexuais. Mais precisamente, procuro refletir sobre como o entrelace entre esses marcadores sociais contribuem para direcionar suas trajetórias e escolhas no campo afetivo-sexual, ao mesmo tempo em que esquadrinho aspectos pouco explorados nas políticas de proteção social que as colocam em situação de vulnerabilidade e risco.

2 AMOR E SEXO: entre novas e velhas molduras

Ao longo dos últimos anos, tenho realizado estudos com mulheres e homens acerca de suas percepções e vivências relativas ao amor, à solteirice, procurando conhecer seus encontros e desencontros, sonhos e expectativas no campo afetivo-sexual, mas também a violência de gênero que permeia as relações entre homens e mulheres na esfera doméstica e familiar. Nesse percurso, uma das epifanias que os relatos das/os informantes me trouxe foi a necessidade de atentar para a categoria geração, uma vez que, como nos explica Britto da Motta (2012, p. 13),

[...] pouco se tem buscado diferenciar analiticamente os grupos geracionais segundo o sexo/gênero e a classe social dos seus participantes. Entretanto, o paradigma geracional de Mannheim (1928) enseja a promessa de uma ampliação do âmbito de análise, ao contemplar, mais além do partilhar essa convivência no tempo, estarem os indivíduos em uma posição específica para viverem determinados acontecimentos: ‘tendência inerente a uma situação social’; que os predispõe a um certo modo de experiência e de pensamento.

Com efeito, pude perceber entre mulheres solteiras acima de 50 anos, oriundas das classes médias, ao se referirem ao desvanecimento de suas expectativas amorosas com a idade madura, interpretações respaldadas na psicanálise, difundida no Brasil a partir dos anos 1960, com as quais procuravam responder às cobranças sociais e às suas próprias inquietudes, conforme demonstra o depoimento de Emily2, que reproduzo a seguir:

[...] no cemitério, era João Ramos, no túmulo de Berenice [professor que tivemos em comum e sua esposa], quer dizer [...] que foi um grande amor, que tava acabando, [...] e aí, João chorando e dizia para mim: ‘você perdeu a oportunidade de um curso no exterior’, é, o curso no exterior, talvez a minha ida pra fora, ou, ou, ou o curso ou o aprendizado do amor, e aí no meio do sonho eu via o sino da matriz da cidade que eu nasci, e o eixo partia no meio, e alguém, uma voz dizia assim: ‘como é que você vai aguentar passar tantos invernos sozinha?’... e aí eu lendo o livro We, vi que o sino, num dos símbolos indianos o sino é o amor, e no mesmo sonho também vi o relógio, minha vó tinha um relógio antigo, [...] marcando assim 15 pras 3, como um relógio do passado, como que o passado já tinha passado, eu, a minha interpretação do sonho era mais ou menos isso. (TAVARES, 2002, p. 155).

A interpretação formulada por Emily toma como parâmetro o livro We, de autoria do psicanalista Robert Johnson (1987), o qual aponta o sino como símbolo do ethos do amor romântico cultivado pela civilização ocidental, que divinizado, torna-se inconciliável com a realidade, o que o impele a indagar sobre quantas fantasias e expectativas amorosas já não se dissiparam diante do peso dessa realidade. (TAVARES, 2002). Por outro lado, podemos inferir que a explicação de Emily também é influenciada pelo determinismo geográfico e cultural que atribui às mulheres prazo de validade no mercado matrimonial, pois, conforme enfatiza Mirian Goldenberg (2008):

Quanto mais velhas, menos chances no mercado afetivo-sexual. Por sua vez, quanto mais velho, mais o homem pode escolher no mesmo mercado. [...] numa cultura em que ter um marido é um verdadeiro capital – o que chamo de ‘capital marital’ – envelhecer, para a mulher, é um momento de perdas. [...] Eu encontrei três tipos de discursos femininos, que classifiquei como de falta, invisibilidade e aposentadoria do mercado afetivo-sexual.

Com efeito, ouvi de Indira, uma sexagenária que entrevistei em outro momento, que após os 50 anos as mulheres parecem se tornar invisíveis, isto é, já não atraem os olhares masculinos de cobiça. Embora desde jovem tenha se recusado a cumprir o destino reservado para as mulheres de sua família – o casamento, a maternidade e a maternagem –, optando por vivenciar amores intensos sem a domesticação e amarras do matrimônio, na maturidade se ressente com a aposentadoria involuntária do mercado afetivo-sexual e explica:

O desejo eu resolvo com masturbação, [...] não é que seja bom, mas é a solução que encontro, [...] eu acho que fico com vergonha de estar com desejo e procurar alguém. Durante muito tempo fiquei com medo de envelhecer e ser uma pessoa ridícula, [...] se for por atração física, eu iria para trás, um homem mais jovem. Só que sempre penso no problema do homem mais jovem, é como que um pouco a mulher mais velha, não ser uma coisa honesta, ser uma coisa mais utilitária. [...] Tive uma experiência pequena com outro argentino, [...] quarenta e poucos anos, ele escreveu um e-mail dizendo que se eu pagasse a passagem ele viria, sabe a primeira coisa? Ah! Eu pagar a passagem? Aí conversando com uma amiga minha, ela me diz assim: ‘Porque você não arrisca? Se você puder pagar, o que é que tem?’ Então, eu paguei, ele veio e mal estava comigo já foi procurar uma garota dez ou quinze anos mais jovem do que ele (TAVARES, 2011, p. 104).

De acordo com Britto da Motta (2012), atualmente, há uma maior aceitação da sociedade com relação à expressão afetiva dos idosos fora do casamento tradicional e perene, mesmo quando existe uma grande diferença intergeracional entre os pares, a despeito das restrições de gênero ainda infligidas às mulheres. Entretanto, cabe ressaltar que para mulheres a atratividade feminina está relacionada à beleza e juventude que, na geração de Indira, também envolve a adoção de uma postura passiva na abordagem ao sexo oposto. Para ela, a inversão de papéis e tomada de iniciativa no jogo erótico vem acompanhada por vergonha e medo do ridículo, isto é, o receio de ser rejeitada. O sexo com um homem mais jovem adquire um caráter utilitário no âmbito do desejo, que é temporariamente aplacado, mas a ausência de atração mútua e afetividade tornam o ato mecânico, uma espécie de pagamento pela estadia do parceiro em sua casa, comprovante de que Indira já não consegue capturar o interesse masculino, não é mais desejável. Assim, diante das chances cada vez mais remotas de encontrar um parceiro, resta a Indira, quando o desejo sexual a visita, a masturbação, já que o envelhecimento não a torna assexuada, isto é, o desejo se faz presente em qualquer idade, podendo também ser experienciado de forma solitária.

Por outro lado, pude também identificar que, diante da ausência de parceiro sexual, a mulheres recorrem a mecanismos compensatórios como a leitura de um livro, a ida ao cinema, a conversa e camaradagem entre amigas, além do investimento nos estudos e na carreira profissional, mas a aposentadoria pode levá-las à depressão e a repensar sua opção por permanecerem solteiras, conforme aconteceu com Beatriz.

Quando entrevistei Beatriz, ela tinha 67 anos e terminara um relacionamento de 16 anos com Nelson, um homem mais novo, embora eventualmente tivesse encontros sexuais com o ex-parceiro, pois conforme ressaltou, para o homem o fim do afeto não compromete a sua virilidade, ao contrário da mulher, para quem o sexo deve vir acompanhado da disponibilidade e companheirismo do parceiro para realizarem atividades juntos – viajar, ir ao cinema, ficar batendo papo. Segundo afirmou, sentia-se solitária e, por isso, agora me deu vontade de casar, embora sem descartar determinadas afinidades eletivas – não ser um machão chato me controlando e ter uma cabeça interessante. No final da nossa conversa, comentou que ganhara da irmã um DVD de Jorge Drexler, um cantor uruguaio e, revelou o desejo de conhecer o Uruguai.

Com efeito, as visitas do ex-parceiro se tornam cada vez mais escassas e ela sente dificuldade de aceitar quando ele lhe confessa que iniciou um novo relacionamento e pretende morar com a namorada. Para superar o luto da separação (PORCHAT, 1992; GOMES, 1992), Beatriz viaja para o Uruguai, onde conhece Galeano, também vinte anos mais novo, com quem namorou virtualmente durante dois anos, visto que só se encontravam anualmente, quando então retornava ao país.

Ao contrário de Indira, na ausência do viço e beleza da juventude, Beatriz usa sem constrangimento seu poder aquisitivo e independência financeira para conquistar Galeano, compra presentes (roupas, sapatos entre outros itens) e envia mensalmente dinheiro para ajudá-lo nas despesas. Finalmente, Galeano vem para o Brasil, a rotinização da convivência produz desgaste na relação, ele é chatinho!, sua presença não causou ciúmes em Nelson, do qual não consegue se esquecer e, constrói uma imagem ilusória, que confronta com os defeitos e desidealização de Galeano, que agora passa o dia no computador ou na academia, não trabalha e, quando a acompanha em eventos sociais, bebe em excesso e cria situações embaraçosas, pois, é rude, ou seja, não possui um capital cultural que o inclua no seu círculo de amizades, composto por pessoas intelectualizadas.

Mesmo assim, Beatriz se casou com Galeano há cerca de 4 anos, sente-se enredada, acuada pelas exigências do parceiro – eu não vou sair do casamento do jeito que entrei –, desde custear viagens até transferência de imóvel para o seu nome. A relação abusiva é insinuada por ela, que se queixa de sua intolerância e impaciência, mas nunca explicitada, pois logo após ressalta o quanto é prestativo, tadinho, é tão bonzinho!, tal qual acontece com tantas mulheres idosas que sofrem maus-tratos psicológicos e abuso financeiro ou material entre outras modalidades de violência doméstica e familiar. (VARGAS, 2012). Então, permanece casada com Galeano, embora confesse que continua a ter sonhos eróticos frequentes com Nelson.

A violência contra as mulheres, em suas diferentes modalidades, física, sexual, social e psicológica, encontra-se respaldada em padrões estandardizados que são reproduzidos secularmente e, ao estabelecerem a supremacia do sexo masculino sobre o feminino, legitimam a posse masculina sobre a mulher que, no âmbito das relações conjugais, é destituída da condição de sujeito e objetificada, ou seja, o homem se sente autorizado para agredir fisicamente, humilhar, torturar e até mesmo roubar-lhe a vida, caso questione sua autoridade e/ou ameace deixá-lo. (PERON, 2008).

Dados estatísticos relativos ao envelhecimento no Brasil, extraídos do Disque Direitos Humanos – Disque 100, divulgados pela Secretaria Nacional de Promoção aos Direitos Humanos revelam que, em 2012, foram registradas 68,7% de violações por negligência, 59,3% de violência psicológica, 40,1% de abuso financeiro/econômico e violência patrimonial, e 34% de violência física. (BRASIL, 2012).

Com efeito, ao estudar processos administrativos instaurados desde o 4º trimestre de 2009 até o 2º semestre de 2013, referentes a duzentas mulheres em situação de violência atendidas pelo Grupo de Atuação Especial em Defesa da Mulher (GEDEM) do Ministério Público da Bahia, pude constatar que a violência sofrida pelas mulheres sofre variações conforme sua faixa etária. Por exemplo, a violência patrimonial e econômica foi identificada somente entre as mulheres com idade de 50 a 55 anos, que também se soma a outras modalidades de violência – física/patrimonial/econômica, além de enfrentarem três tipos e/ou mais de violência. Acima dos 55 anos, as mulheres são alvo tanto de violência física, como psicológica/emocional, física/psicológica/emocional, além de cárcere privado e, a conjunção de três tipos e/ou mais de violência. (TAVARES; VANIN, 2015).

Como pude identificar durante pesquisa nas Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAMs) e na Delegacia de Idosos de Salvador, para as policiais, o perfil das mulheres idosas não corresponde com a imagem de mulheres expostas à violência, ou seja, aquelas em idade reprodutiva, com vida sexual ativa e que sofrem agressões de parceiros íntimos. As mulheres idosas, desprovidas de atrativos, não despertam o desejo masculino e, banidas do jogo afetivo-sexual, já não importam mais. Ao mesmo tempo, as idosas que buscam a delegacia para denunciar quaisquer violências sofridas se contrapõem à imagem de fragilidade, dependência e passividade presente no imaginário social. O fato de serem idosas as exclui da condição de mulheres, ao mesmo tempo em que elas não se ajustam aos estereótipos associados à velhice, resultando em subnotificação das ocorrências de violências a que são submetidas nas relações pessoais e familiares. (AZEVEDO, TAVARES, 2016), mas também no silenciamento de muitas mulheres idosas que preferem evitar a denúncia, já que serão tratadas com descaso ou ignoradas.

Por sua vez, a invisibilidade ameaça aquelas que se fazem mulher, isto é, as travestis3 idosas, a exemplo de Neide que, aos sessenta e poucos anos, deixa de se autodeclarar como travesti e, como pude observar ao entrevistá-la, começa a se desfazer. Neide se desfeminiliza, deixa de usar próteses de silicone, corta o cabelo bem curtinho, guarda suas roupas femininas e saltos altos que, entretanto, conserva e faz questão de me mostrar durante nosso encontro. Assim, sua travestilidade na velhice é afirmada entre quatro paredes, apenas para poucas pessoas às quais se permite revelar. A velhice, para ela, implicou em abandono da prostituição, através da qual garantia seu sustento econômico e, deslocamento para uma cidade do interior, onde o custo de vida é mais baixo, o que lhe permite sobreviver, ainda que precariamente, com o Benefício de Prestação Continuada a que tem direito devido a uma grave cirurgia de coração que a incapacita para o trabalho, obtido através da interferência da União das Travestis do seu estado de origem. No campo afetivo-sexual, Neide também se torna invisível, pois, segundo afirma, “[...] veado, velho, preto e feio, é alvo de discriminação, chacota, mas também abandono, pois ninguém quer mais.” (PEREIRA; TAVARES; OLIM, 2009, p. 16).

3 POSSÍVEL DESFECHO

Neste artigo, trouxe algumas inquietações que me acompanham há alguns anos, ao ouvir os depoimentos de mulheres mais maduras, mas também a partir das indagações e desabafos de jovens alunas acerca dos resultados de meus estudos no campo dos afetos, que sugerem mudanças no tocante às suas expectativas e vivências afetivo-sexuais, ao mesmo tempo em que revelam a persistência das cobranças sociais acerca do casamento e formação de uma família como “destinos naturais” e fonte de realização plena das mulheres.

Nesse sentido, tanto podemos encontrar mulheres como Emily, para quem o não casamento e formação de uma família são fontes de desilusão, desapontamento e, prenunciam amedrontadas a solidão na velhice, quanto mulheres que, como Indira, exercitam sua sexualidade livremente, bem como escolhem viver relações erótico-amorosas sem as amarras do matrimônio e, mesmo diante do fenecimento da juventude e exclusão do mercado afetivo, recusam-se a seguir comportamentos consuetudinários e não negociam arrependimentos.

Todavia, também há mulheres como Beatriz para as quais o processo de envelhecimento engendra a necessidade de segurança, supostamente obtida através do casamento e, para tanto, revisa as afinidades eletivas que até então a guiavam na busca de parceiros e, estabelece uma relação estável com um homem com quem não compartilha interesses comuns, de uma classe social diferente da sua, cuja intolerância e desamor são perdoados diante da ameaça de ficar sozinha.

Tanto umas como outras tentam, à sua maneira, escrever novos roteiros em suas incursões no campo dos afetos e, vivenciarem sua sexualidade livremente, ainda que os discursos e vivências reiterem as diferenças de gênero, talvez porque o ethos do amor romântico teça fantasmagorias que se mostram incompatíveis com suas aspirações de liberdade e realização tanto pessoal como profissional. O fato é que, enquanto jovens, a formação do par está condicionada à sinergia e completude emocional e, na velhice, submete-se a fronteiras de gênero que restringem suas escolhas e as obrigam a ser menos exigentes e seletivas na escolha dos parceiros, caso não queiram ficar sozinhas, isto é, excluídas do mercado afetivo-sexual.

Para Neide, entretanto, se o envelhecimento lhe rouba o poder de sedução e já não desperta o desejo de amantes ou clientes, os problemas de saúde a forçam a desmontar a mulher na qual se reconhece e com que afirma sua identidade de gênero, para se proteger da intolerância, preconceito e discriminação, o que também implica em afastamento do convívio social e isolamento, fazendo com que busque se tornar o mais invisível possível.

Os depoimentos aqui revisitados apontam para alguns aspectos preocupantes no tocante à formulação e execução de políticas de proteção social à velhice no Brasil contemporâneo:

1) As mulheres acima de 50 anos que mantêm relacionamentos esporádicos e eventuais se tornam vulneráveis a contraírem doenças sexualmente transmissíveis, inclusive HIV/AIDS, o que não isenta as mulheres casadas nessa faixa etária, conforme revelam dados divulgados pelo Ministério da Saúde, segundo o qual cerca de 4% a 5% da população brasileira acima de 65 anos são portadores do vírus HIV, o que corresponde a um aumento aproximado de 103% na última década. Este aumento tem como principal causa o fato de homens e mulheres na terceira idade terem uma vida sexual ativa, mas não usarem preservativo, o que favorece a contaminação com o vírus da AIDS e outras DSTs. (ESTUDOS..., 2017).

2) A erotização da velhice engendrada pelas terapias de reposição hormonal para as mulheres e homens, medicações para disfunção erétil, a exemplo do Sildenafil (Viagra©), têm contribuído para colocar sob suspeição a ideia de que velhice e sexualidade não são mutuamente excludentes, mas os estudos desenvolvidos por psicanalistas, demógrafos e sanitaristas sobre a velhice permanecem restritos às sexualidades ditas normais – heterossexual e vivida no âmbito conjugal – (DEBERT, 2012). Temas como homoafetividade e sexo casual na velhice ainda continuam a ser intangíveis nos campos de pesquisa, cultura e política. (ROZENDO; ALVES, 2015).

3) No âmbito das políticas públicas as ações preventivas e informativas voltadas para a população idosa ainda são tímidas, o que resulta no “[...] não-reconhecimento do risco pelos idosos e, consequentemente, a não-realização do sexo seguro” (SANTOS; ASSIS, 2011, p. 150), o que por sua vez tem favorecido o aumento da incidência de HIV/Aids entre os idosos e, em especial, a feminização da Aids.

4) A desinformação e pouca discussão sobre a feminização da Aids faz com que as mulheres não se preocupem com a epidemia e continuem expostas a práticas sexuais de risco. Além disso, poucas mulheres conhecem ou sabem utilizar o preservativo feminino, uma vez que a divulgação de métodos preventivos se concentra exclusivamente no preservativo masculino, o que coloca a mulher em uma condição de desvantagem: a decisão de cuidar de seu corpo fica condicionada à anuência do parceiro, isto é, o homem continua detentor de controle sobre o corpo das mulheres. Ademais, no imaginário social, o casamento e/ ou união estável, estruturados no ideal de monogamia, exercem uma ilusória proteção, o que torna as mulheres vulneráveis ao risco de contaminação. (MOREIRA et al., 2014).

Dessa maneira, acrescentam Moreira e suas colaboradoras (2014), não se vislumbra uma mulher solteira como possível candidata a portadora de Aids, com exceção de profissionais do sexo, da mesma forma que não se reconhece a mulher casada como vulnerável ao risco de contaminação, como se o casamento e a união estável lhe assegurassem segurança e proteção.

5) Embora a violência de gênero contra as mulheres idosas seja reconhecida, ela permanece circunscrita às relações familiares (maus tratos, negligência de filhos e membros do grupo familiar entre outras formas). A violência no âmbito das relações conjugais ainda é ignorada, porque envolve um tabu, as idosas têm uma vida sexual e não são as doces, frágeis e assexuadas avozinhas que habitam o imaginário social. Então, este tema permanece invisível em campanhas e políticas de enfrentamento à violência, que priorizam as mulheres em fase reprodutiva, assim como no processo de formação profissional e treinamento de equipes que atuam em Centros de Referência, Delegacias Especializadas e demais serviços da rede de atenção e proteção às pessoas idosas, que não são qualificadas quanto às questões de gênero e violência contra as mulheres, de modo a garantir o acesso das mulheres que envelhecem e sofrem agressões de seus companheiros a seus direitos sociais. Portanto, a realização de campanhas de prevenção, sensibilização e conscientização da sociedade em geral e dos serviços voltados para o atendimento à população idosa são fundamentais, de modo a promover uma maior compreensão em torno das peculiaridades das situações de violência enfrentadas pelas mulheres idosas e suas possíveis causas.

6) O tempo de aposentadoria para a travesti é incompatível com a idade estabelecida pelo Estatuto do Idoso para o início da terceira idade, pois conforme calculado pelas travestis, há uma defasagem de vinte anos, já que para elas a terceira idade tem início aos quarenta anos, isso quando conseguem permanecer vivas (PEREIRA, TAVARES, OLIM, 2009), uma vez que se tornam vulneráveis à pobreza, doenças e diferentes modalidades de violência perpetradas na rua, no âmbito doméstico e institucional, tendo como agente agressor desde vizinhos e familiares até profissionais de saúde. (SILVA et al, 2016).

7) Os idosos LGBTs sofrem preconceito e discriminação em postos de saúde e, em instituições asilares, a situação se torna ainda mais grave, pois têm que ocultar sua orientação sexual. Para as travestis idosas sem família e/ou uma rede de apoio, a única possibilidade de ingressar em um asilo é se desmontar, isto é, renegar sua experiência identitária, caso contrário, resta-lhe a solidão e o abandono. Osmar Resende, fundador da ONG Libertos Comunicação, Saúde e Cidadania denuncia: “Teve um caso de uma travesti de 70 anos, em Porto Alegre (RS), que, ao procurar um asilo, foi enxotada a pontapés e chamada de ‘aberração’.” (MATTOS, 2017). Enfim, o Brasil carece de instituições que prestem assistência a idosos LGBTs, com profissionais capacitados para lidarem com a diversidade e políticas públicas que lhes assegurem um envelhecimento digno.

Com os relatos aqui revisitados tentei ilustrar o quanto as trajetórias de vida das mulheres são diferentes, mas também demonstrar como a formulação das políticas para mulheres não pode prescindir de marcadores sociais como gênero, classe, idade/geração em suas especificidades e articulações, a exemplo de raça/etnia e diversidade sexual, de modo a contemplar as várias percepções e expressões acerca do amor e sexualidade no cenário contemporâneo. As políticas públicas para mulheres continuam a pensá-las como sujeito universal “in natura” e, com isso, não atentam para a variedade de demandas e necessidades apresentadas por essas mulheres, inclusive aquelas que, como Neide, através do corpo e no corpo esculpem a mulher que idealizaram para si mesmas. (MALUF, 2002). Em resumo, assim como as construções sobre a solteirice presentes no imaginário social excluem as mulheres do mercado afetivo-sexual depois dos 30 anos, as políticas para mulheres ainda são dirigidas para esposas-mães, principalmente em sua fase reprodutiva, o que resulta na desproteção social de segmentos de mulheres que destoam das expectativas sociais que, apesar das mudanças sociais das últimas décadas, permanecem centradas no casamento e formação de uma família, ao mesmo tempo em que invisibilizam e excluem as mulheres que envelhecem. Do mesmo modo, as travestis nessa faixa etária são alvo de segregação e exclusão por ousarem romper com o dualismo essencialista e por serem velhas. Assim, concordo com Alda Britto da Motta (2011b, p. 13) quando afirma, de modo enfático que:

Vale lembrar que as velhas também existem [grifo da autora], e se destacam, não como ‘problemas sociais’, ou como ranzinzas ou doces avozinhas, como mais livres, saudáveis, sexuadas e criativas do que as de sua geração em épocas anteriores.

Finalmente, cabe reiterar que, pensar e falar sobre, bem como vivenciar o amor e a sexualidade mudam de uma geração e época para outra, em consonância com as molduras de sociabilidade engenhadas por cada sociedade e cultura. Por isso, apresento-lhes um possível desfecho, que se revela intencionalmente inacabado, uma vez que está condicionado à inscrição de subjetividades que se reinventam a cada encontro e desencontro erótico-amoroso, mas também em consonância com o caráter dinâmico da sociedade que, diante da pressão dos movimentos sociais, tem sido forçada a criar legislações e propor políticas de inclusão social e contra a violação de direitos humanos das mulheres idosas, sejam elas cisgênero, lésbicas, bissexuais, travestis ou transexuais.

Material suplementar
REFERÊNCIAS
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Notas
Notas
1 Sigla que se refere a lésbicas, gays, bissexuais, travestis e, para alguns/umas LGBTI, acrescentando transgêneros e intersexuais.
2 Os nomes das/os informantes citados neste artigo são fictícios, de modo a preservar seu anonimato.
3 Benedetti (2005, p. 55) explica que: “As travestis, ao investir tempo, dinheiro e emoção nos processos de alteração corporal, não estão concebendo o corpo como um mero suporte de significados. O corpo das travestis é, sobretudo, uma linguagem; é no corpo e por meio dele que os dignificados do feminino e do masculino se concretizam e conferem à pessoa suas qualidades sociais. É no corpo que as travestis se produzem enquanto sujeitos”. Por isso, neste artigo, as tomo como mulheres.
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