Fake news. Reflexões desde uma perspectiva decolonial

Fake news. Reflexiones desde uma perspectiva decolonial

Fake news. Reflections from a decolonial bias

Juliana Venancio Ançanello 1
Universidade Estadual Paulista, Brasil
Ricardo Fiamengue Osawa 2
Universidade Estadual Paulista, Brasil

Fake news. Reflexões desde uma perspectiva decolonial

La Trama de la Comunicación, vol. 27, núm. 1, pp. 44-67, 2023

Universidad Nacional de Rosario

Recepción: 23 Agosto 2022

Aprobación: 24 Febrero 2023

Resumo: El estudio discute la relación entre el contenido difundido por fake news y la Colonialidad del Poder. El objetivo es exponer la correlación entre ambos para brindar una mejor comprensión del fenómeno de las fake news. La investigación es de naturaleza cualitativa y tiene carácter bibliográfico. Aún con el auge tecnológico, es evidente que la tecnología por sí sola no causaría los impactos de las fake news, es posible identificar una historia sobre cómo el ideal de la eugenesia, el racismo, el machismo y el borrado histórico fueron instrumentalizados ideológicamente para crear justificaciones para la inferiorización de los grupos minoritarios en Brasil y que las noticias falsas son solo una herramienta más de este fenómeno. Se requieren nuevas estrategias en relación a los fenómenos, las prácticas encaminadas a combatir las fake news deben mostrar que la información, así como los recursos tecnológicos no son neutrales y, por tanto, es fundamental reconocer sus sesgos para que sea posible analizarlos críticamente.

Resumen: El estudio discute la relación entre el contenido difundido por fake news y la Colonialidad del Poder. El objetivo es exponer la correlación entre ambos para brindar una mejor comprensión del fenómeno de las fake news. La investigación es de naturaleza cualitativa y tiene carácter bibliográfico. Aún con el auge tecnológico, es evidente que la tecnología por sí sola no causaría los impactos de las fake news, es posible identificar una historia sobre cómo el ideal de la eugenesia, el racismo, el machismo y el borrado histórico fueron instrumentalizados ideológicamente para crear justificaciones para la inferiorización de los grupos minoritarios en Brasil y que las noticias falsas son solo una herramienta más de este fenómeno. Se requieren nuevas estrategias en relación a los fenómenos, las prácticas encaminadas a combatir las fake news deben mostrar que la información, así como los recursos tecnológicos no son neutrales y, por tanto, es fundamental reconocer sus sesgos para que sea posible analizarlos críticamente.

Palabras clave: Fake news, Desinformación, Colonialidad del poder, Decolonial.

Abstract: The study discusses the relationship between the content spread by fake news and the Coloniality of Power. The objective is to expose the correlation between both to provide a better understanding of the phenomenon of fake news. The research is qualitative in nature and has a bibliographic nature. Even with the technological boom, it is evident that technology alone would not cause the impacts of fake news, it is possible to identify a story about how the ideal of eugenics, racism, machismo and historical erasure were ideologically instrumentalized to create justifications for the inferiorization of minority groups in Brazil and that fake news is just one more tool of this phenomenon. New strategies are required in relation to the phenomena, practices aimed at combating fake news must show that information, as well as technological resources, are not neutral and, therefore, it is essential to recognize their biases so that it is possible to analyze them critically.

Keywords: Fake news, Disinformation, Coloniality of power, Decolonial.

INTRODUÇÃO

As Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) promoveram novas configurações aos ambientes informacionais que, se por um lado abrem um novo cosmos de possibilidades para a Educação, dá voz a grupos minorizados e favorece a construção colaborativa de conhecimento; por outro, assume também características de imediatismo e frenesi relacionados a criação, disseminação, consumo e comunicação, assim como o crescente uso das redes sociais e aplicativos de mensagens instantâneas possibilitaram que seus usuários assumam os papéis de consumidor e de produtor da informação simultaneamente (OLIVEIRA&SOUZA, 2018).

Tal cenário é propicio à disseminação de fake news, revelando que “[…] a linha que separa uma pessoa bem informada de uma desinformada (ou mal informada) torna-se cada vez mais tênue, o que aumenta o alerta contra a alienação diante desse paradoxo da internet” (CORRÊA&CUSTÓDIO, 2018: 198) exigindo, assim, novos conhecimentos e estratégias já que há exposição constante a quantidades massivas de informação.

Conceitos como fake news e desinformação, ainda que os termos não sejam novos (FALLIS, 2015), ganharam notoriedade e assumiram, também, novos significados bem como novas formas de impactar a sociedade a partir do excesso informacional. Tal configuração constrói armadilhas difíceis de escapar (CORRÊA&CUSTÓDIO, 2018) e, portanto, é fundamental que o sujeito possua habilidade de avaliar as informações a que está exposto.

Contudo, a tecnologia por si só não seria capaz de causar tais impactos, portanto, objetiva-se apresentar pressupostos teóricos para reflexão sobre o fenômeno das fake news a partir da contextualização das construções que envolvem as práticas infocomunicacionais correlatas à dimensão simbólica dos problemas sociais enquanto movimentos de sentido, como formas de discurso de ódio, que viram também formas de violência direta (ANGENOT, 2010) quanto a disseminação das fake news a partir de um viés decolonial.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A pesquisa é de natureza básica visto que a proposta de investigação almeja desenvolver o conhecimento científico, sem o compromisso com uma aplicação prática imediata (GIL, 2018). De abordagem qualitativa, pois, apresenta a necessidade da descrição dos fenômenos investigados e almeja“[...] esmiuçar a forma como as pessoas constroem o mundo à sua volta, o que estão fazendo ou o que está́ lhes acontecendo em termos que tenham sentido e que ofereçam uma visão rica” (FLICK, 2009: 8). Quanto a sua tipologia, a pesquisa caracteriza-se por ser exploratória, posto que “[...]as pesquisas exploratórias têm como propósito proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses” (GIL, 2018: 24).

Os dados para análise foram retirados de artigos científicos sobre os temas, com enfoque na seguinte categoria de análise: Fake news com enfoque em estratégias de manipulação e impactos no Brasil.

O DISCURSO DAS FAKE NEWS COMO REFLEXO DE QUESTÕES COLONIAIS

A questão da desinformação e a problemática envolta na disseminação inverdades assumiram novas proporções em um nível de complexidade nunca antes visto, fomentado pelas facilidades proporcionadas pelas TDIC e Web 2.0 em que os conteúdos se tornaram dinâmicos e possibilitaram a participação efetiva dos sujeitos (O’REILLY, 2005), transformando radicalmente as relações do sujeito com a informação e com a comunicação.

É importante salientar como determinadas formas de vinculo existem em épocas distintas e servem para justificar e legitimar discursos. Os discursos concretos estão permeados por ideologias, há regularidades quanto a discursos que são mais aceitos que outros. Perceber as tendencias e regularidades, em forma de “hegemonia discursiva” que marcam os limites entre o que se diz e as coisas por dizer. A opinião pública do momento é influenciada pelo discurso (ANGENOT, 2010).

Pode-se inferir que essa relação de dominação é fundamentada pela Colonialidade do Poder (QUIJANO, 2000) em que as relações hierárquicas são fundamentadas por uma classificação racial/étnica da população imposta a partir da visão do outro, de uma visão eurocentrada fora da Europa estabelecendo um padrão de poder e operando em vários níveis para categorização social. A Colonialidade do Poder é pautada pela perspectiva da modernidade colonial e “Trata-se da perspectiva cognitiva produzida ao longo de todo o mundo eurocêntrico do capitalismo colonial/moderno e que naturaliza a experiência do povo nesse padrão de poder” (QUIJANO, 2000: 343, tradução nossa). No caso das Américas, particularmente na América Latina, é evidente como resquícios do processo de colonização ainda é marcante e determinante quanto as estruturas de poder (OCAÑA, 2016). Questões como desigualdades sociais, racismo, machismo e patriarcado, imposição de ideias neoliberais, concentração de terra e destruição dos recursos naturais, preconceito contra pessoas LGBTQIA+ e pessoas com deficiência, entre outras mazelas comprovam que para além da faceta material, o eurocentrismo do período colonial estendeu suas garras furtivamente às esferas subjetivas dessas culturas.

Ao trazer tais proposições à dinâmica informacional e das construções de comunicação, percebe-se que as redes sociais sofrem das mesmas mazelas com um adicional, o poder dos algoritmos que “No caso de gigantes da web como Google, Amazon e Facebook, esses algoritmos precisamente ajustados sozinhos valem centenas de bilhões de dólares. As armas de destruição em massa são, por design, caixas pretas inescrutáveis.” (O’NEIL, 2016: 31, tradução nossa), o que sujeita a sociedade a um panorama de circulação vertiginosa de informações que podem ou não ser verdadeiras em que o produto desse contexto é a desinformação. De acordo com Lazer et al. (2018: 2, tradução nossa) fake news são “[…] informações fabricadas que imitam o formato de apresentação do conteúdo de mídias de notícia, mas não quanto ao processo de organização ou intenção”, as etapas que garantem confiabilidade, precisão e qualidade da informação são, deliberadamente, ignoradas, mas como consequência da mimetização do formato, o sujeito é levado a associar as fake news às notícias sérias e confiáveis em que o sujeito não consegue discernir se uma informação é verdadeira ou falsa.

As fake news são empregadas como estratégia de silenciamento e opressão para dar visibilidade contra grupos historicamente marginalizados para o estardalhaço de outros que sempre se mantiveram no poder.

Silenciamento usando as mesmas estratégias de submissão coloniais: morte, necropolítica, empobrecimento, controle, violência e tirania. Encarceramento em massa da população negra, desemprego, sucateamento do SUS (Sistema Único de Saúde), sucateamento da educação pública, destruição da ciência brasileira, desqualificação do discurso científico. (QUEIROZ, 2021: 65).

São impostas distorções diante das versões dos fatos a fim de favorecer um grupo hegemônico; logo cria-se uma disputa de narrativas dado que o grupo que domina a narrativa ganha poder simbólico.

Atualmente, as TDIC têm impactado diretamente as relações da sociedade com a informação. As transformações que ocorreram ao longo do século XX, culminaram no que é chamado de “sociedade da informação”.

O que caracteriza uma sociedade como 'sociedade da informação' basicamente é a economia alicerçada na informação e na telemática, ou seja, informação, comunicação, telecomunicação e tecnologias da informação. A informação, aqui entendida como matéria-prima, como insumo básico do processo, a comunicação/telecomunicação entendida como meio/veículo de disseminação/distribuição e as tecnologias da informação entendidas como infra-estrutura de armazenagem, processamento e acesso. (VALENTIM, 2002: 1).

O uso das TDIC trouxe novas formas de comunicar e acessar a informação. Consequentemente impactando no desenvolvimento científico, educacional, empresarial, entretenimento, entre outras.

O uso smartphones e das redes sociais, por exemplo, cria rastros de todas as atividades realizadas na Web e o volume de dados veem crescendo exponencialmente a cada dia. Nesse contexto, organizações e governos têm interesses nesses dados já que a partir de sua análise é possível definir padrões de comportamento dos usuários, dessa forma, as informações encontradas nas análises auxiliam nas tomadas de decisões. (CONEGLIAN et al, 2017)

A democratização dos meios de comunicação permitiu dar voz a todos e acesso a informações e a geração de conhecimento. E, apesar das virtudes que a internet nos trouxe, também existe ônus, a desinformação através do mal uso dessa ferramenta em diversas formas. A utilização das informações retiradas dos dados coletados, preocupa, pelo impacto econômico, social e político. Em razão da manipulação que é feita através de fake news, criam-se bolhas sociais de percepções equivocadas, prejudicando o bem estar individual e coletivo. Alguns acontecimentos recentes envolvendo manipulação no meio político, como, as eleições presidenciais dos EUA e Brasil, além da saída do Reino Unido do Brexit (BARRETO JÚNIOR& PELLIZZARI, 2019).

Entretanto apenas o aparato tecnológico não causaria tais efeitos por si só, ao analisar a história do Brasil é possível identificar como o ideal de eugenia, racismo, machismo e apagamento histórico foram instrumentalizados ideologicamente a fim de criar justificativas para a inferiorização de mulheres, negros, indígenas, pessoas com deficiência, pessoas LGBTQIA+ e outros, para assim, normalizar a dominação e brutalidade sobre tais grupos (OLIVEIRA, 2021). Moutinho (2004) ao investigar a inter-relação entre "raça", gênero e desejo erótico "inter-racial" na África do Sul possibilitou distinguir aspectos da ideologia brasileira quanto essas questões, apontando que

Como ponto de contato, vemos em ambos não somente a manutenção da supremacia masculina “branca” mas, igualmente, dos conteúdos civilizatórios dos quais os homens “brancos” são seus depositários, símbolos e propagadores [...] Porém, um aspecto a mais merece destaque. Como apontei na tese de doutorado a relação entre colonizador e colonizado “branco” e masculino opera uma relação metonímica. (MOUTINHO, 2004: 25).

Assim, as emoções em relação a corpos individuais e coletivos revelam marcas de historicidade nos contatos, como a questão dos afetos de medo e raiva provocados pelas fake news em relação ao corpo negro (NUNES JÚNIOR, 2021). No panorama político brasileiro, é possível observar que é através de medo e ódio que a marginalização e opressão de grupos sociais têm raízes na chegada do colonizador e como aqueles que não se encaixaram, pessoas não brancas, não cis/hetero, não cristãs, passaram por um processo de aculturação violento, literal e simbólico, que se estendeu ao longo do tempo.

Nunes Júnior (2021) investiga a relação existente entre a desinformação e a viralização de fake news em relação a pessoas negras, evidenciando como o racismo estrutural no Brasil perpetua a construção da imagem “criminoso” como diretamente ligada a homens negros.

A violência para além da destruição da memória coletiva e individual da população negra no país ainda é instrumento que legitima a violência do Estado por meio do aparelho policial para manter a “ordem”. Enquanto marco da Colonialidade do Poder, tais construções buscaram destruir a memória de corpos negros revelando uma a disputa sobre as vítimas. Destaca-se o boom de fake news após a execução da vereadora Marielle Franco, mulher negra e lésbica, defensora dos Direitos Humanos e contrária aos excessos durante intervenções de forças policiais no Rio de Janeiro, em que a construção de narrativas que a ligaram a facções criminosa, por exemplo. Tal notícia, inclusive, traz uma foto na qual a mulher da imagem nem ao menos se assemelha fisicamente a Marielle (NUNES JÚNIOR, 2021).

Evidencia-se também os ataques sistemáticos voltados a iniciativas de combate à homofobia e que promoveriam a ampliação de direitos para a população LGBTQIA+ que foram/são alvo de desinformação fomentada pelo uso de fake news que associam à defesa da “família tradicional brasileira” com o combate ao “kit gay” e à “ideologia de gênero (MARANHÃO FILHO&COELHO&DIAS, 2018). Esse arquétipo da “família tradicional brasileira”, cis hétero cristã, é usado como instrumento de manobra de figuras políticas e/ou religiosas que se aproveitam do imaginário social para empurrar suas agendas.

Em relação as pautas de gênero ficaram ainda mais evidente no período eleitoral presidencial (2018) em que no segundo turno um boom de fake news envolvendo Manuela D’Avilla (PCdoB), então candidata à Vice-Presidência na chapa de Fernando Haddad, sendo que a grande maioria dos boatos e difamações à candidata a atingiam em relação à sua sexualidade, vida pessoal e relacionamentos interpessoais (UOL, 2020). Cesarino (2019) ao investigar a campanha do então candidato Jair Bolsonaro, identificou o objetivo de mobilização pública através de conteúdos conspiratórios, difamar oponentes em nível pessoa, desqualificar a mídia tradicional e fomentar o negacionismo científico, atacando as universidades públicas.

Com o intuito de demonstrar como ocorre a incidência de fake news na formação da opinião pública Brasil, a presente pesquisa conta com dados advindos da Web, posto que é neste espaço que ambos os fenômenos alcançaram dimensões nunca experimentadas. Logo, pôde-se constatar que os serviços de checagem de informação, os nomeados fact-checking, poderiam contribuir quanto a delimitação de elementos de análise razoavelmente estáveis.

Identificou-se que a Agência Lupa (AL) é pioneira quanto à checagem de fatos no Brasil e a primeira a integrar o IFCN (INSTITUTO POYNTER, 2022), justificando, assim, a escolha dessa agência como fonte documental. A AL possui credencial da International Fact-Checking Network (IFCN), rede internacional de checagem de informação, iniciativa da Poynter Institute, escola de jornalismo sem fins lucrativos localizada na Flórida (Estados Unidos), e

[...] o Instituto Poynter é instrutor, inovador, organizador e recurso para qualquer um que aspire envolver e informar os cidadãos. Servimos não apenas às democracias do século XXI, mas também àquelas dos cantos do mundo onde as pessoas que honram a liberdade e o governo autônomo lutam contra tiranos e autocratas. (INSTITUTO POYNTER, 2022, tradução nossa).

No site da AL foram extraídos exemplos reais de fake news compartilhadas, principalmente em grupos de WhatsApp e Telegram no Brasil, além de outras redes sociais (AGÊNCIA LUPA, 2022). A partir da seção “Jornalismo”, subdivisão “Nas Redes” pôde-se recuperar os exemplos selecionados.Foram selecionados exemplos reais de fake news em relação à Covid-19), a fim de demonstrar a incidência das fake news na formação da opinião pública.

Exemplos reais de fake news sobre a Covid-19 no Brasil
Figura 1
Exemplos reais de fake news sobre a Covid-19 no Brasil
Fonte: Agência Lupa (2023).

O exemplo A da Figura 1 corresponde a uma publicação compartilhada principalmente no WhatsApp a qual afirma que o médico Vladimir Zelenko, famoso pela defesa de um “protocolo de tratamento precoce” que é ineficaz no tratamento da Covid-19, foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz por seu papel no enfrentamento da pandemia. Essa afirmação é falsa, dado que Zelenko não está elegível para concorrer ao Prêmio Nobel da Paz deste ano, já que pessoas falecidas não podem ser indicadas, de acordo com o regulamento da premiação. De acordo com a Agência Lupa, essa fake news circula pela internet pelo menos desde 2021 e de tempos em tempos é “revivida”. Desde o anúncio da pandemia de Covid-19, supostos tratamentos precoces com medicamentos como a hidroxicloroquina, azitromicina e ivermectina foram apontados por diversas figuras públicas nacionais e internacionais, contudo não há evidencias científicas que comprovem a eficácia quanto à prevenção ou tratamento (AGÊNCIA LUPA, 2023).

O exemplo B da Figura 1 apresenta uma série de áudios sem identificação de autoria compartilhados também no WhatsApp que contém com críticas e denúncias sobre a vacina bivalente contra a Covid-19, da farmacêutica Pfizer. O conteúdo dos áudios afirma que foram registrados dois óbitos 30 minutos após aplicação do imunizante em uma casa de repouso; que funcionários e idosos em um hospital ficaram paraplégicos depois de vacinados; outro áudio afirma que a vacina será compulsória aos idosos e, por fim, uma mulher afirma que teve um infarto por causa da vacina. A Agência Lupa verificou e desmentiu os áudios, inclusive em verificações anteriores (AGÊNCIA LUPA, 2023).

O exemplo C da Figura 1 circula, principalmente, no Facebook e aponta que o ex-jogador do Grêmio Lucas Leiva desenvolveu problemas cardíacos após se vacinar contra a Covid-19 e por isso ele se aposentou aos 36 anos. A publicação diz que o próprio médico do clube fez essa afirmação. A informação analisada pela Agência Lupa é falsa. O médico do Grêmio, Márcio Dornelles, publicou um story em seu Instagram afirmando que não nunca fez essa declaração e que por questões éticas, não poderia disponibilizar qualquer informação sobre os atletas; a não ser por canais oficiais do clube (AGÊNCIA LUPA, 2023).

O Exemplo D é de um vídeo que circulou pelo WhatsApp em que o CEO da Pfizer, Albert Bourla, teria dito que a vacina contra a Covid-19 desenvolvida pela empresa vai reduzir 50% da população mundial. Na realidade, esse vídeo foi editado. No vídeo original, Albert Bourla propôs diminuir o número de pessoas que não têm acesso aos remédios da Pfizer. De acordo com a Agência Lupa, no mesmo mês em que o vídeo original foi gravado, a Pfizer havia lançado o programa "Um acordo para um mundo mais saudável" a fim de auxiliar 45 países de baixa renda a alcançar igualdade de saúde (AGÊNCIA LUPA, 2023).

O exemplo E da Figura 1, é uma postagem que aponta a revista científica Science teria admitido que as vacinas contra a Covid-19 são inúteis e prejudiciais; o post apresenta ainda o link de um site cujo conteúdo é baseado em um texto do jornalista norte-americano Alex Berenson. A Science não tem publicações que corroboram que vacinas contra o novo coronavírus são inúteis ou prejudiciais. A Agência Lupa verificou que, na verdade, há publicações que demonstram o contrário, dado que os imunizantes protegem contra formas graves da doença, ou seja, não são nocivos e, sim, úteis para prevenir que pessoas infectadas desenvolvam um quadro grave ou vão à óbito em decorrência da Covid-19 (AGÊNCIA LUPA, 2023).

O exemplo F da Figura 1, é uma postagem compartilhada no WhatsApp de um estudo da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos que teria comprovado a eficácia da hidroxicloroquina como tratamento precoce da Covid-19. A informação analisada pela Lupa é falsa. Um artigo foi publicado por pesquisadores da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos em parceria com pesquisadores da Universidade de Málaga, na Espanha, não comprova que a hidroxicloroquina é eficaz como tratamento precoce contra a Covid-19. O grupo lamenta que as evidências foram pouco significativas do ponto de vista estatístico dos primeiros ensaios com a droga, ainda no começo da pandemia; o que fez com que interrompessem a possível realização de mais pesquisas sobre o assunto. A Agência Lupa verificou há uma revisão sistemática de estudos publicada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que aponta que o medicamento não apresenta benefícios na redução da mortalidade e hospitalização pela doença (AGÊNCIA LUPA, 2023)

Fake news e desinformação criaram uma narrativa em que o medo de efeitos adversos impactam diretamente a cobertura vacinal no Brasil. Dados do Ministério da Saúde mostram que nenhuma das vacinas do calendário nacional atingiu os indicadores preconizados pelo Programa Nacional de Imunizações. O movimento antivacina no país instrumentalizou as fake news muito antes da pandemia Covid-19 (HENRIQUES, 2018). O Brasil perdeu a certificação de país livre do sarampo pela Organização Panamericana de Saúde (Opas) em 2017, apenas um ano após conquistá-la, e um dos principais fatores apontados é a divulgação de desinformação e fake news por parte de grupos antivacina (DRUMOND, 2022).

Revela-se uma realidade preocupante: o retorno de doenças que haviam sido erradicadas dada a relação direta entre a queda das taxas de vacinação e o aumento da proliferação da desinformação fomentada pelas fake news.

A partir dessa pequena amostra de fake news, percebe-se que há múltiplas opressões simultâneas. As diferentes organizações tendem a privilegiar uma ou algumas dessas opressões e colocam em tensão formas de politização da experiência. vitrines pode explicar as profundas tensões que entrelaçam gênero, nacionalidade, etnia e classe. É característico do fenômeno provocar emoções negativas, além do fator viral que se deve justamente ao ultraje que provoca, resultando em ganhos financeiros (ALLCOTT&GENTZKOW, 2017). A produção de fake news apresenta duas motivações dominantes: ideológica e financeira (TANDOC JR& LIM& LING, 2018), em síntese, notícias total ou parcialmente falsas e até mesmo descontextualizadas são fabricadas e difundidas premeditadamente com a única função de enganar visando objetivos políticos, econômicos ou ambos.

O ano de 2020 apontou os holofotes ao negacionismo científico que em relação à pandemia de Covid-19, ilustra-se com aceite de intervenções sem validação científica, recusa ao uso de máscaras e desconfiança em relação à produção das vacinas. No Brasil, pode-se destacar o posicionamento político-ideológico contraditório às medidas combate à Covid-19 propostas e defendidas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) por parte do presidente, Jair Bolsonaro (sem partido), em suas redes sociais, especialmente no Facebook e Twitter, a construção dessa narrativa alinha-se à estratégias marcadas pela Agnotologia[1] e se vale de um aparente relacionamento mais próximos aos sujeitos possibilitado pelas redes sociais (CARVALHO &CASTRO &SCHNEIDER, 2021) para que seu discurso de autoridade advindo pelo cargo construa dúvida, desconfiança e medo diante das recomendações dadas por especialistas em saúde. O uso do Twitter, por exemplo, tem servido como estratégia de diferentes governos, os tweets de chefes de Estado podem ser usados para definir uma linguagem e cultura política que é exclusiva e excludente (MACAGNO, 2022)

As construções dessas realidades elaboradas pelas práticas comunicacionais e em especial quando usadas as fake news retroalimentam e ampliam estereótipos, fomentando também o que Thompson (2014) chama de pânico moral. Desencadeiam-se representações e percepções errôneas sobre grupos minoritários e/ou comportamentos culturais, assim, os estereótipos construídos nos meios de comunicação também podem facilitar a promoção de um pânico moral à sociedade sobre um tema específico (THOMPSON, 2014). Suas principais características são:

1) algo ou alguém é definido como uma ameaça aos valores e interesses da sociedade; 2) esta ameaça se representa nos meios massivos de tal modo que sua forma será facilmente reconhecida; 3) se produz uma rápida construção de uma preocupação pública; 4) as autoridades e os formadores de opinião devem responder ou dizer algo a respeito; 5) o pânico passa ou produz mudanças sociais. (THOMPSON, 2014: 23).

A combinação “pânico” e “moral” evoca uma ameaça ao que é entendido como sagrado para uma determinada sociedade. O uso da palavra moral revela um suposto perigo atrelado à ordem social em si mesma ou a uma concepção idealizada (ideológica) de alguma parte de tal ordem social. Sendo que, essa própria “ameaça” e seus executores passam a ser vistos como o mal, como 'demônios populares' que [...] despertando fortes sentimentos de controle. (THOMPSON, 2014: 24). Exige-se então uma resposta a esse “mal”, uma demanda para regressar aos 'valores' tradicionais" (THOMPSON, 2014).

Somado a isso, os pânicos morais frequentemente surgem em situações de aumento de níveis de stress na população em geral, provocados por várias origens que passam pela mídia, política, economia, dentre outros fatores, mas que não tem relação com o estopim do fenômeno em si. De fato, não se pode atribuir a criação de um pânico moral a apenas um segmento, o fenômeno não é uma força coerente de conhecimentos que refuta a ciência, é sobretudo nada mais que uma disputa que objetiva influenciar os critérios do que é conhecimento legítimo.

Aponta-se que as fakes news carregam crenças ancoradas na relação colonizador/colonializado como forma de subjugação de indivíduos ou grupos sociais a interesses de determinado grupo dominante, principalmente as de cunho político, transmitem informações relacionadas aos interesses do pensamento do colonizador, expressam a tentativa de perpetuação de poder mantendo condições simbólicas de subjugação através de uma representação propositadamente irreal do mundo.

A informação está presente na vida das pessoas nos mais variados contextos, Barreto (1994: não paginado) afirma que “[...] a informação é qualificada como um instrumento modificador da consciência e da sociedade como um todo”; portanto pode-se afirmar que a informação é um dos elementos que constituem a cultura de grupo. Por isso, o acesso à informação é um componente básico para o exercício da cidadania em contextos democráticos.

Nesse sentido, retoma-se a questão de pânico moral para evidenciar que sua identificação que levar em conta dois objetivos: compreender os atores implicados nesse processo, e buscar explicações nas razões que levaram ao desenvolvimento de um pânico moral. Há dois elementos principais para identificar os pânicos morais: "um alto nível de preocupação pelo comportamento de um determinado grupo ou tipo de pessoas, e um aumento do nível de hostilidade a aqueles considerados como uma ameaça" (THOMPSON, 2014: 24). Ademais, os pânicos morais geralmente são voláteis, durando um certo período de tempo, e desproporcionais, já que nem sempre tais ameaças ou perigos atribuídos ao pânico moral são de fato consideráveis, caso se analise o fenômeno de forma realista e não apenas com base em suposições.

No contexto de fake news e desinformação, ao se estabelecer a intenção de enganar (FALLIS, 2015; SANTOS-D’AMORIM& MIRANDA, 2021) é preciso mais do que habilidades e ferramentas tecnológicas. Pode-se tomar como método de luta o “feminismo de terceiro mundo dos EUA”, que a partir de críticas rigorosas aos feminismos que não reconhecem as formas complexas pelas quais raça, classe e sexo estão presentes na categoria de gênero denunciam a falsa noção de um movimento feminista homogêneo. É preciso compreender como os movimentos sociais e as identidades são capazes de falar com, contra e através do poder (SANDOVAL, 2000).

É a partir do reconhecimento da consciência diferencial que é possível moldar uma luta de oposição efetiva e contínua. Reconhecer como o “feminismo do terceiro mundo” nos EUA foi influenciado por lutas contra hierarquias, sexualidade racial, nacionalidade, economia e cultura que se organizaram conscientemente em oposição às ordens de dominação social, evidenciando pontos críticos dentro dos quais indivíduos e grupos buscam transformar poderes dominantes e opressores. Ignorar a dimensão cultural e política da aprendizagem resvala no desenvolvimento de uma “educação bancária” (FREIRE, 1997), na qual o conhecimento é tratado como capital cultural e econômico e o mesmo ocorre com a informação e seus processos comunicacionais. Em um país como o Brasil, “A realidade social não é visível olho nu” (SOUZA, 2015: 9), o domínio das estruturas de poder, da informação e da inteligência mantêm formas de legitimação de privilégios injustos e violência, tanto literal quanto simbólica.

É o fato de que todas as ordens sociais hierarquicamente organizadas em relações de dominação e subordinação criam posições de sujeito particulares e essas posições de sujeito, uma vez reconhecidas, podem se tornar locais efetivos de resistência. A partir disso, é necessário que o movimento de competição na informação se torne um modo diferencial de movimento e conscientização social que depende da capacidade de ler a situação de poder do presente e escolher e adotar a melhor posição ideológica para lutar contra suas configurações. A consciência diferencial requer flexibilidade e força: força suficiente para se comprometer com uma estrutura de identidade bem definida por um determinado tempo. Flexibilidade suficiente para transformar essa identidade de acordo com as exigências de outra tática ideológica se a leitura da formação do poder o exigir. Graça suficiente para reconhecer a aliança com outros grupos comprometidos com as relações sociais e a justiça social. (SANDOVAL, 2000).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As diferenças dos ambientes informacionais tradicionais para essa configuração informacional exigem novas estratégias em relação a fake news e desinformação, é preciso apontar as características políticas, sociais e econômicas da informação e como estas características podem e são utilizadas como mais um instrumento de manipulação social e para manter as estruturas de dominação.

Evidenciar que a marginalização e opressão de grupos sociais têm raízes na chegada do colonizador e como aqueles que não se encaixaram passaram pelo processo de aculturação que se estendeu ao longo do tempo, é pertinente que a vivência em termos de racismo, misoginia, xenofobia, entre outras mazelas enfrentadas sejam trazidas por pesquisadores atuais, assim como conhecimentos que são forjados a partir dessas vivências e são invalidados pelo racionalismo científico.

A capacidade humana de criações de narrativas ficcionais através da linguagem para além de um alto nível de abstração, permitiu que a imaginação fosse também partilhada, coletiva e com isso possibilita a criação de uma realidade que é influenciada por uma realidade imaginada o que somado à grande escalabilidade de compartilhamento propiciada pela WEB serve também de instrumentos para tentativas deliberadas de criação de em que se objetiva a manipulação e manutenção da ideologia que está no poder, que no caso do Brasil é extremamente excludente.

Somado à existência de fatores como o machismo, racismo, preconceito religioso, preconceito contra pessoas LGBTQIA+, entre outros, pode-se afirmar que tais construções comunicacionais podem fomentar não apenas discursos de ódio contra grupos minoritários, como também pôr em risco sua integridade física, moral além de ser também um atentado à própria democracia. Além disso, entende-se que as práticas voltadas ao combate das fake news devem ser ações, estratégias, métodos e práticas configuradas em/por/com/de/para a compreensão de que a informação e recursos tecnológicos não são neutros e, portanto, é imprescindível reconhecer seus vieses para que seja possível analisá-las com criticidade.

REFERÊNCIAS

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Notas

1 “[...] o estudo da ignorância, desenvolvendo ferramentas para compreender como e porque várias formas de conhecimento não 'emergiram', ou desapareceram, ou foram retardadas ou negligenciadas por longo tempo, para melhor ou para pior, em vários pontos da história.” (PROCTOR, 2008, apud LEITE, 2014: 179).

Notas de autor

1 Áreas de investigación o interés: Ciencia de la información, Comunicación, fake news, desinformación.

Procedencia-Afiliación institucional actual: Maestría en Ciencia de la información en la Universidade Estadual Paulista

Dirección postal: Av. Getúlio Vargas, 1279. Parque Olímpico. São Lourenço – MG/ Brasil. CEP: 37470-000.

Dirección electrónica: ancanelllo.j@gmail.com

Teléfonos: +55 (35) 99942-1203

ORCID: https://orcid.org/0000-0002-4199-0958.

2 Áreas de investigación o interés: Ciencia de la información, Comunicación, fake news, desinformación.

Procedencia-Afiliación institucional actual: licenciatura en Bibliotecología en la Universidade Estadual Paulista

Dirección postal: Rua catanduva, 511. Alto cafezal. Marília – SP/ Brasil. CEP: 17504-089.

Dirección electrónica: ricardof.osawa@gmail.com

Teléfonos: +55 (14) 99827-9498

ORCID: https://orcid.org/0000-0002-9707-4975.

Información adicional

redalyc-journal-id: 3239

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