Editorial

Inauguramos com este número 1, o volume 8 de Passagens. Revista Internacional de História Política e Cultura Jurídica. E ele está espetacular. Já se passaram sete anos desde o lançamento do periódico no primeiro semestre de 2009. Desde então, várias melhorias e modernizações foram realizadas. Os Editores, aprendizes, nesta nova atividade – editoria de uma publicação científica – vincularam-se à ABEC (Associação Brasileira de Editores Científicos) e têm buscado atuar na construção de possibilidades de criação de uma rede de sociabilidade política e social da comunidade acadêmica do campo dos estudos de humanidades. Aprendizes porque fomos nos qualificando ao longo destes anos na administração de um rol de atividades que giram em torno das demandas generosas dos autores que nos oferecem seus textos para publicação.
Pretendemos sustentar um novo paradigma de comunicação sob o signo aymara ARUSKIPASIPXAÑANAKASAKIPUNIRAKISPAWA[1], acolhido no Projeto Vivir Bien/Buen Vivir, cujo significado é “necessariamente devemos sempre comunicar-nos uns com os outros”. Este pré-requisito se articula com uma estética expressiva para uma verdadeira “epistemologia del sur” e com decisiva inscrição no campo político e social do desenvolvimento econômico.
Nossa pauta baseia-se numa perspectiva multidisciplinar (diríamos mesmo erasmiana), porque concebe a produção do conhecimento em ciências humanas e sociais de forma mais holista. Combatemos as barreiras da compartimentação dos saberes, que resultou como efeito mais nefasto a reprodução das igrejinhas corporativas que se enfeixam em redes de favores e submissão dos pesquisadores; estes se constituem no lugar de verdadeiros chefetes de domínio “senhorial”, inclusive na tentativa de obtenção do monopólio do direito de avaliação e qualificação de projetos de pesquisa, cursos de pós-graduação e periódicos científicos. Com ironia, o saudoso Roberto Lyra Filho chamava os antigos professores catedráticos de “catedráulicos”...
Este número de Passagens abriga a diversidade da federação do Brasil com bem cuidada seleta de autores do Amazonas, Niterói, Rio de Janeiro e São Paulo. A internacionalização do periódico é dada pela presença de Argentina (Universidad de Córdoba e Universidad de Buenos Aires), de Espanha (Universidad de Vigo) e Uruguai (com a temática da História Rio Platense). Na secção LITURATERRA, prestamos homenagem à obra de Theotonio dos Santos, Teoria da Dependência: Balanços e Perspectivas. Obras Escolhidas, v.1, Florianópolis, Santa Catarina: Editora Insular, 2015. A obra deste autor mineiro de Carangola, mas cidadão do mundo, é bem a expressão da internacionalização do pensamento brasileiro no que concerne à reflexão sobre os antigos e novos problemas que a hora presente impõe.
Os Editores
Em tempo: enquanto escrevíamos o editorial recebemos a triste notícia do falecimento de André-Jean Arnaud, ocorrida em 25/12/2015. Grande nome do campo Direito & Sociedade (socio-legal studies), acabara de receber o Adam Podgòrecki Prize-2015 conferido pelo Research Commiitee on Sociolgy of Law (RCSL)/International Sociological Association (ISA). Sua última obra [André-Jean Arnaud. La Governance. Um outil de participation, Collection Les Petits Manuels Droit et Societé. Preface de Laure Ortiz, Paris: Librairie générale de droit et de jurisprudence (LGDJ)/Lextenso Éditions, 2014] foi matéria na secção LITURATERRA assinada por Gizlene Neder. Ver Passagens. Revista Internacional de História Política e Cultura Jurídica. Rio de Janeiro: vol. 7, no.2, maio-agosto, 2015, p.427-432.
As nossas homenagens póstumas e o reconhecimento emocionado de Passagens.
ANDRÉ-JEAN ARNAUD ! Presente !