O novo número de Passagens. Revista Internacional de História Política e Cultura Jurídica (maio a agosto de 2018) tem a virtude de conectar algumas das regiões mais dinâmicas do pensamento jurídico na América do Sul, aí incluindo o Brasil, Uruguai e Argentina.

O Doutor Alcides Goularti Filho, Doutor em economia pela UNICAMP e Professor da Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC) nos oferece um vasto panorama da formação da política pública referida ao sistema de comunicações (telefonia) em Santa Catarina no período de 1876-1927.

Flávia de Ávila, Doutora em Direito Público pela UFMG e especialista em Direito e Relações Internacionais pela UFSC, atualmente Professora no Departamento de RI da Universidade Federal de Sergipe, concentra-se na legislação antiterrorista no Brasil à luz de considerações teóricas de Hannah Arendt e Giorgio Agamben sobre o totalitarismo.

Enquanto Fabrícia Helena Linhares Coelho da Silva Pereira, mestranda pela Universidade Federal do Ceará, especialista em Direito aplicado ao Ministério Público pela Escola Superior do Ministério Público da União reflete, do ponto de vista da História do Direito, sobre as chamadas leis fundamentais do “antigo regime” para alcançar o que designa como “a expressão de uma nova qualidade jurídica no direito”.

Assim, vemos com satisfação que o tema da “qualidade” vem ganhando corações e mentes no campo intelectual da História Política e cultura jurídica, pois esta é uma das nossas iniciativas que vem de longe e ultimamente em parceria com o sociólogo e psicanalista Dr. Manoel Tosta Berlinck (1937-1916), figura ímpar de intelectual, a quem rendemos nossas homenagens.

Lautaro Gómez Sepliarsky, economista e docente da Faculdade de Ciências Económicas e Estatística da República Argentina, nos brinda com um ensaio sobre tema candente e cada vez mais inscrito no plano das relações internacionais: a saber, a economia do narcotráfico. O que o autor pretende é maior compreensão deste fenômeno crucial no mundo contemporâneo.

Lyza Anzanello de Azevedo especialista em Análise Econômica do Direito e mestre em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) realiza certa convergência entre História do Direito, cultura jurídica e Economia do Direito com realce para o realismo jurídico norte-americano.

Por seu turno, o “marxismo” ou a obra de K. Marx e F. Engels na história do Supremo Tribunal Federal (STF) durante o período da ditadura civil-militar-empresarial brasileira (1964-1985) é o tema central do Doutor Enzo Bello, Professor da UFF, e do doutorando Rene José Keller, Escola de Serviço Social da PUC-RS.

O discurso dos direitos humanos nas suas crises recorrentes, mas sem perder a perspectiva crítica, poderia resgatar nova efetividade de sentido? Esta é a indagação dos Doutores em Direito pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos Tássia Aparecida Gervasoni e Felipe da Veiga Dias, ambos com “bolsa sanduíche” na Facultad de Derecho de Sevilha, Espanha.

Os doutorandos Tiago Dalla Corte (História na Universidade de Passo Fundo) e Thais Dalla Corte (Faculdade de Direito de Lisboa, Portugal) visam a teoria política sobre a democracia no século XXI. E isto a partir das crises que ela vem enfrentando. Construtos e conceitos capazes de pensar a “qualidade da democracia” é o objetivo do ensaio dos dois autores.

Finalmente, na seção Lituraterra, o doutorando Gabriel Souza Cerqueira, do Programa de Sociologia e Direito da Universidade Federal Fluminense (PPGSD-UFF), nos apresenta uma resenha crítica das idas e vindas das políticas públicas na área da infância e adolescência em situação de risco exposta na obra de ABELLA, Rosana; FESSLER, Daniel (comp.). El retorno del “estado peligroso”. Los vaivenes del sistema penal juvenil. Com prefacio do Dr. Emilio Garcia Mendez. Montevideo: Casa Bertold Brecht – Grupo de Estudios sobre Infracción, CSIC – UDELAR, 2017.

Alertamos os leitores que os resumos de Passagens. Revista Internacional de História Política e Cultura Jurídica continuam sendo publicados em português, inglês, espanhol, francês e mandarim (chinês). Assim, buscamos maior público leitor no que se refere à abrangência editorial o plano internacional. Tal decisão implica em reconhecer as novas tecnologias na verdadeira revolução que vem ocorrendo especialmente no campo dos periódicos científicos.

Oxalá saibamos aproveitá-las também no trabalho coletivo de pesquisa e na divulgação científica, tanto nas salas de aula quanto na circulação do conhecimento.

Isto por um lado. Por outro lado, convém observar os acontecimentos no Oriente Médio a partir da decisão do presidente dos EUA, Donald Trump, de transferir a Embaixada norte-americana em Israel, mudando-a de Tel Aviv para Jerusalém; realizando a inauguração em 14 de maio de 2018 quando Israel completava 70 anos de existência desde a declaração da ONU no pós II Guerra.

Todavia, é preocupante ouvir do Dr. Zeev Sternhell, historiador, professor da Universidade Hebraica de Jerusalém e membro da Academia de Ciências de Israel, a palavra de que “em Israel de hoje projeta-se o espectro de um apartheid contra os palestinos que beira um racismo próximo ao nazismo nos seus primórdios”...

Os Editores