Editorial

Editorial - Vol. 12 - No. 2 - Maio a Agosto (2020)

Editado por: Gizlene Neder; Gisálio Cerqueira Filho

Editorial - Vol. 12 - No. 2 - Maio a Agosto (2020)

Passagens. Revista Internacional de História Política e Cultura Jurídica, vol. 12, núm. 2, pp. 176-179, 2020

Universidade Federal Fluminense

EDITORIAL

Saudamos os nossos leitores e, apesar da pandemia em curso, temos a satisfação de apresentar o vol.12 no 2, maio – agosto de 2020 de Passagens.

Wanda Capeller, Professora Catedrática Emérita em Sociologia e Sociologia do Direito - IEP - Université des Sciences Sociales de Toulouse, France e Professora Visitante do Programa de Pós-Graduação em Direito e Sociedade da Universidade La Salle, em Canoas (RS), Brasil, nos dá a honra de sua presença com o ensaio “A emergência do campo penal global: desconstrução do direito penal moderno”. A articulação destes dois aspectos busca o “pulo do gato” em que consiste o salto epistemológico necessário para a constituição de uma nova ecologia dos saberes penais, garantista da humanização do penal.

A construção do objeto teórico do segundo artigo deste fascículo se realiza a partir da literatura de João Guimarães Rosa no conto póstumo “O Dar das pedras brilhantes”. Metáforas, personagens e contexto histórico-político são ressaltados por Gisálio Cerqueira Filho, cientista político e Professor Titular de Teoria Política na UFF. No texto, o autor tem em vista a captura as situações singulares onde pathos (sofrimento/paixão) e o autoritarismo norteiam a busca pelas manifestações de força política simbólica e de potência. De forma estupenda, o escritor brasileiro João Guimarães Rosa impõe, com beleza e delicadeza, o sertão, o garimpo, o Brasil profundo dos indígenas, a desigualdade social presente na exploração tanto das pedras brilhantes quanto dos homens e mulheres que lá contracenam com o Capital, sob o pano de fundo da relação entre ethos e pathos.

Já Nilo Batista, jurista, Professor Titular de Direito Penal da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e Doutor Honoris Causa da Universidade Nacional de General San Martín, Argentina, nos apresenta a extraordinária contribuição de Baruch Spinoza à ciência política e, dentro dela, à específica ciência do poder punitivo. Vale uma breve visita a três obras decisivas para compreendê-la, pois a reflexão filosófica sobre direito e punição aborda o pensamento de Baruch Spinoza em Ética, Tratado Teológico-Político e Tratado Político.

Pedro Fortes, Professor Visitante do Programa de Doutorado da Faculdade Nacional de Direito (Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro - PPGD/UFRJ) apresenta a questão da análise do instante inscrita na pandemia do corona vírus com “A regulação global para combate à COVID-19: riscos de captura, ruptura e adaptação”. Ao Pedro Fortes devemos ainda a intermediação solidária que possibilitou o artigo de Poul F. Kjaer, Professor do Departamento de Administração, Política e Filosofia da Copenhagen Business School, Dinamarca, “Constitucionalizando a conectividade: a articulação constitucional da sociedade mundial”. O autor visa compreender o colonialismo e a governança global contemporânea como equivalentes funcionais, embora não como equivalentes normativos. Numa perspectiva histórica, o autor percebe tanto o direito colonial quanto os direitos humanos como podendo ser entendidos como ferramentas à serviço da função de constitucionalização orientada à estabilização e à facilitação da conectividade.

Jefferson de Almeida Pinto, docente do Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais - campus de Juiz de Fora, é Diretor de Pesquisa, Inovação e Pós-Graduação, onde desenvolve projetos no âmbito do Laboratório de Humanidades. Seu artigo “Abrindo as portas da Casa de Rilhafoles: Os lazaristas e o movimento jacobeu em Portugal no século XVIII” está focado na trajetória político-cultural da Congregação da Missão, em Portugal, com destaque para o jansenismo, tão importante para conhecermos o Brasil. A referida Ordem (lazaristas) estabeleceu-se em 1717 e permaneceu até 1834, quando da extinção das ordens religiosas portuguesas.

O sistema prisional moçambicano vai aqui estudado em coautoria pelos professores Domingos Nhamboca Hale Bacião, Universidade de Zambeze, e mestrando em Direito Público pela Universidade Federal da Bahia (2018-2020). Graduado em Direito pela Universidade Zambeze- Moçambique (2017), membro da AMAC-Associação Moçambicana dos Advogados Cristãos. A coautoria é de. Júlio Cesar de Sá da Rocha, Professor Associado da Universidade Federal da Bahia e membro do quadro permanente do Mestrado e Doutorado em Direito (PPGD). Diretor da Faculdade de Direito da UFBA (2017-2021). Graduado em Direito pela Universidade Federal da Bahia (1992), Mestre em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1997) e Doutor em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2001), com Doutorado Sanduíche - Tulane University (2000) e pós-doutoramento em Antropologia pela Universidade Federal da Bahia.

Diogo de Calasans Melo Andrade, é Professor Titular da graduação e do mestrado em direitos humanos do Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade Tiradentes (PPGD-UNIT), Sergipe, Brasil. Líder do grupo de pesquisa “Novas tecnologias e o impacto nos Direitos Humanos” do mestrado em direito Humanos da UNIT. Doutor em direito político e econômico pela Universidade Mackenzie. Ele nos apresenta “O surgimento do Estado e da Propriedade privada na Idade Antiga e na Idade Média”, realizando uma discussão no campo das ideias jurídicas sobre propriedade a partir da análise descritiva de autores e conceitos.

Por fim, em LITURATERRA, Gizlene Neder, Professora Titular de História na UFF (Universidade Federal Fluminense), pesquisadora de Produtividade do CNPq. além de coordenadora do Laboratório Cidade e Poder (LCP-UFF) e “Cientista do Nosso Estado” (FAPERJ), nos apresenta em boa hora o livro de Richard Davemport-Hines, “Universal Man; the lives of JOHN MAYNARD KEYNES”. USA, New York: Basic Books (Perseus Book Group), 2015. A autora é particularmente atenta ao perceber nos mínimos detalhes os sinais e indícios iluminados por Davemport-Hines nas relações entre Lord Keynes com a cultura religiosa, o “universal” no seu pensamento econômico-social, facetas de uma subjetividade sofisticada e complexa nem sempre percebida pelo leitor. Novos ângulos analíticos são propostos pelo biógrafo de Keynes e devidamente acolhidos, se não melhorados e desenvolvidos, pela autora.

Os prezad@s leitores tem em mão um número supimpa! Agradecemos aos autores, colaboradores, tradutores, revisores, especialmente a Sergio Simões de Sant’Ana (webmaster) - bem como à FAPERJ (Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq.) - que tornam Passagens. Revista Internacional de História Política e Cultura Jurídica (on line) - um empreendimento que vale a pena, sobretudo nestes dias de quarentena e isolamento social em função da pandemia do Covid-19.

Ressaltamos ainda que o acaso nos reuniu a muitos do Research Committee of Sociology of Law – International Sociological Association (RCSL-ISA) neste número de Passagens. Em 1913 nos reunimos em Toulouse, França, para a nossa reunião internacional. Os trabalhos foram realizados na Escola de Economia de Toulouse, com Wanda Capeller dirigindo a comissão organizadora.

Ainda estava conosco o Professor Dr. André Jean-Arnaud, a quem dedicamos este número in memorian.

Atentem os leitores o quanto pulsa nos trabalhos aqui apresentados a palavra do professor Jean Tirole (Escola de Economia de Toulouse) que recebeu o Premio Nobel de Economia (2014). Aqui estão presentes as bandeiras do multilateralismo e da solidariedade com a presença forte das agências independentes e internacionais. O desempenho da OMS (Organização Mundial de Saúde) e os profissionais da saúde coletiva neste momento evoca o pensamento de Tirole. O poder e a necessária regulação do mercado chamarão atenção dos cientistas sociais nos próximos anos do século XXI ...

Os Editores

Autor notes

* Professora Titular do Departamento de História da Universidade Federal Fluminense. Graduada em História pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1973). Mestre em Ciência Política pelo IUPERJ (1979), doutora em História Social pela Universidade de São Paulo (1987). Realizou pesquisa de pós-doutorado na Biblioteca Nacional de Lisboa (1999), como Bolsista de Investigação da Fundação Luso-Brasileira para o Desenvolvimento dos Povos de Língua Portuguesa. Em 2010 foi contemplada com Bolsa de Investigação para Estrangeiros da Fundação Calouste Gulbekian, Lisboa (Portugal), que fomentou a realização de estágio de pós-doutorado. Cientista do Nosso Estado (FAPERJ), triênios 2018/2020 e 2009/2011. É professora universitária na área de História desde 1974; e teve seu primeiro projeto de pesquisa fomentado pelo CNPq em 1977. Foi Bolsista de Produtividade do CNPq entre 1984 e 2000 (Pesquisadora I-C); retornou ao programa de Bolsas de Produtividade em 2005. Professora do Departamento de História da Universidade Federal Fluminense desde 1977; atua no Programa de Pós-Graduação em História (desde 1987) e no Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Direito (desde 2004). Tem experiência na área de História, com ênfase em História Política, Teoria da História e História Moderna e Contemporânea. Foi professora e pesquisadora na área de Ciência Política , com ênfase em Teoria Política, entre 1987 e 1992. Atua principalmente nos seguintes temas: história do poder e da política; história das idéias políticas e da cultura política; história do direito e das instituições. Atua, desde 2006, na Comissão de Biblioteca do PPGH/UFF, que vem ampliando o alcance das modernizações empreendidas para toda a área de ciências humanas e sociais da UFF (projetos contemplados com recursos do PROINFRA-Finep, Pró-Equipamentos da CAPES e Apoio à Bibliotecas-FAPERJ). Foi Bolsista do Programa Cientista do Nosso Estado (CNE-FAPERJ) no triênio 2009-2011). Coordenou projeto integrado de pesquisa dentro do Edital Pensa Rio (FAPERJ), triênio 2012-2014. Bolsista do Nosso Estado (CNE-Faperj) triênio 2018-2020. É Editora de Passagens. Revista Internacional de História Política e Cultura Jurídica - http://www.historia.uff.br/revistapassagens/
** GISÁLIO CERQUEIRA FILHO tem 56 anos de docência no Rio de Janeiro, 47 deles como professor do ensino superior do Brasil. Em 2015 sua obra foi discutida em eventos, seminários e comemorações acadêmicas. Ver http://www.historia.uff.br/stricto/files/public_ppgh/hol_2016_lcp_questaoReligiosa.pdf Como Decano, foi Diretor "pro tempore" do (ICHF-UFF) em 2005. É Professor Titular de Teoria Política, por concurso de provas e títulos. Coordena o "Seminário Internacional Permanente sobre Subjetividade e Política" (LCP-UFF). Aposentou-se aos 70 anos, em janeiro de 2016 e atua no quadro permanente do Programa de Pós-graduação em Ciência Política da UFF na área de pesquisa "teoria política e interpretações do Brasil". É pesquisador sênior e um dos coordenadores do Laboratório Cidade e Poder (LCP-UFF) http://www.historia.uff.br/lcp/ Ex-Presidente do Forum Universitário Mercosul (FoMerco), eleito para o biênio Setembro de 2009 a setembro de 2011. Ex-diretor do Departamento de Sociologia e Política da PUC-RIO (1983-1988), Gisálio Cerqueira Filho é Bacharel e Licenciado em Ciências Sociais pela Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil , FNFi - UB (1969), hoje UFRJ. Tem especialização em Métodos e Técnicas de Pesquisa (FGV- RJ - 1971), Mestre em Ciência Política (IUPERJ -1975), Doutor em Ciência Política (USP -1980) , pós-doutorado na Biblioteca Nacional de Lisboa, Portugal (1999). Professor Titular de Sociologia (aposentado) da Universidade Cândido Mendes (UCAM). Professor Associado Doutor Avançado (aposentado) da PUC-RIO. Foi fundador do Programa de Mestrado em Pensamento Social e Político no Brasil (PUC-RIO) e exerceu mandato como professor eleito na qualidade de representante do CCS (PUC-RIO) no Conselho Curador da Fundação Padre Leonel Franca. Ex-professor do Programa de Pós-graduação da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP-FIOCRUZ). Foi membro fundador e diretor executivo do Socii ( Pesquisadores Associados em Ciências Sociais ), uma das primeiras organizações de pesquisa independente neste campo no Brasil, grupo formado por diversos pesquisadores e professores na década de 70. Atuou no Centro de Formação Intercultural (CenFI), Petrópolis, na recepção e formação (cultura brasileira e teoria política) de missionários católicos estrangeiros que vinham trabalhar em diferentes prelazias localizadas no "Brasil profundo". É pesquisador sênior na Associação Universitária de Pesquisa em Psicopatologia Fundamental (AUPPF), São Paulo, fazendo parte da Comissão de Seleção da AUPPF(1917-1920). Tem experiência na área de Ciência Política, com ênfase em Teoria Política, atuando principalmente nos seguintes temas: cultura e ideologia, estado democrático, ideologia e direito, politica e psicanálise, história política, direito e sociedade. É membro do Research Committee on Sociology of Law (RCSL/ ISA), da Associação Brasileira de Ciência Política (ABCP) e da Associação Nacional de História (ANPUH). É membro da Associação Brasileira de Editores Científicos (ABEC), do Conselho Editorial da Editora Escuta, São Paulo, e do Conselho Consultivo da Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_s Editor de PASSAGENS - Revista Internacional de História Política e Cultura Jurídica on line http://www.historia.uff.br/revistapassagens/ Por muitos anos foi pesquisador do CNPq., alcançando o nível I .Tem atuado como consultor ad-hoc da CAPES e da FAPERJ. Desde 2010 vem trabalhando no âmbito dos convênios internacionais do Laboratório Cidade e Poder (LCP-UFF) com a Universidade Técnica de Lisboa (UTL-ISCSP), hoje ULisboa, e Universidade de Buenos Ayres (UBA-GEHBP). Desde setembro de 2011 dirige o Núcleo Observando o Sul (NOS) no LCP-UFF. Participou, em 2017, do Projeto de co-tutela com Université Paris 3-Sorbonne Nouvelle. Vasta obra publicada no Brasil e no exterior e com forte impacto acadêmico.

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