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Editorial
Silvia Maria Fávero Arend ; Luiz Felipe Falcão
Silvia Maria Fávero Arend ; Luiz Felipe Falcão
Editorial
Revista Tempo e Argumento, vol. 9, núm. 21, pp. 1-4, 2017
Universidade do Estado de Santa Catarina
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Editorial

Editorial

Silvia Maria Fávero Arend
Luiz Felipe Falcão
Revista Tempo e Argumento, vol. 9, núm. 21, pp. 1-4, 2017
Universidade do Estado de Santa Catarina
Editorial

Em 11 de agosto de 2017, manifestantes da extrema direita norte-americana marcharam pelo campus da Universidade da Virgínia e, no dia seguinte, pelas ruas da cidade de Charlottesville com ofensas e ameaças a negros, judeus e gays. O confronto com grupos antifascistas que a eles se contrapuseram teve como saldo uma morte e muitos feridos. De acordo com os manifestantes da extrema direita, a marcha foi convocada em protesto contra a retirada da estátua do general confederado Robert Edward Lee, um dos comandantes do exército sulista na Guerra de Secessão, no século XIX, de um parque da cidade. Os registros da manifestação e dos confrontos entre os grupos rivais, em diferentes mídias, circularam pelo mundo provocando reações sobretudo no âmbito dos defensores dos Direitos Humanos. O acontecimento produziu debates seja no universo acadêmico ou no do senso comum sobre temas e problemas fundantes da História do Tempo Presente, isto é, a articulação entre a memória, a política, as mídias e a História.[1]

A revista Tempo & Argumento, no seu segundo número do ano de 2017, apresenta o dossiê intitulado “Memória e Mídia”, organizado pelos historiadores Rafael Rosa Hagemeyer (Universidade do Estado de Santa Catarina) e Javier Campo (Universidad del Centro de la Província de Buenos Aires). O dossiê é composto de nove artigos de autoria de pesquisadores brasileiros e argentinos: Paulo Roberto de Azevedo Maia, Alcilene Cavalcante Oliveira, María Emilia Zarini, Maurício Freitas Brito, Maria Virginia Morazzo, Rosane Kaminski Correio, Fernando Perli, Maria Aimaretti e Daniel Barbosa de Andrade Faria. Eles debruçam-se sobre diferentes artefatos culturais — programas veiculados na televisão, filmes, marginalias, imagens pictóricas e entrevistas orais — buscando produzir reflexões sobre as relações existentes entre memória, política, mídias e História. Reflexões, especialmente de cunho teórico-metodológico, que possibilitem extrair elementos historiográficos para compreender de forma mais densa acontecimentos como o de Charlottesville.

A outra seção deste número, Artigos, é composta por seis trabalhos de autoria de pesquisadores/as brasileiros, argentinos, portugueses e espanhóis. O primeiro artigo, denominado “História do Partido Comunista do Brasil (PCdoB): um balanço bibliográfico”, de autoria de Jean Rodrigues Sales, apresenta uma análise da historiografia nacional que trata da emergência e atuação do PCdoB no cenário político do país durante o século XX. O artigo “Los mapas históricos como instrumentos para la enseñanza de la historia escolar”, de Cristian Abraham Parellada, procura refletir acerca da relação entre a concepção dos/as estudantes sobre a História e a cartografia produzida na Argentina a respeito do território nacional. Claiton Marcio da Silva, no artigo “O Oeste Catarinense não pode parar aqui”. O ideal de progresso na Chapecó de linchamentos e da ditadura militar (1950-1969)”, discute como o conceito de progresso foi de fundamental importância no processo de edificação dos novos rumos da economia e relações socioculturais na região oeste do estado de Santa Catarina nas décadas de 1950 e 1960. Leandro Seawright Alonso, no artigo intitulado “Teoria da História – a escrita, o lugar do morto e do assombro em Michel de Certeau” apresenta reflexões sobre o processo de escrita da História a partir das contribuições teórico-metodológicas do historiador francês Michel de Certeau. O artigo de Isabel Vaz de Freitas, Juan Carlos Martín Cea, Olatz Villanueva Zubizarreta e Isabel del Val Valdivies, intitulado “Abordagem metodológica de conservação da História e do patrimônio: o vale do Douro”, apresenta uma inovadora discussão de cunho metodológico sobre a temática da preservação do patrimônio histórico em uma perspectiva transnacional (a península ibérica). Por fim, Bibiana Werle, no artigo intitulado “Acessibilidade documental e autoridade compartilhada: pela construção de uma História Pública”, discute os impactos jurídicos e socioculturais relativos ao fenômeno da ausência de arquivos municipais na maior parte das cidades do Brasil.

A seção Resenhas, apresenta a análise de duas obras. Franciele Becher tece comentários sobre o livro “Crer e destruir: os intelectuais na máquina de guerra da SS nazista”, recentemente traduzida para o idioma português. A obra é de autoria de Christian Ingrao que foi diretor do Institut d’Histoire du Temps Présent (IHTP) entre 2008 e 2014, e aborda as trajetórias de intelectuais das áreas do Direito, Economia, Geografia, História e Linguística no interior de instituições alemãs, bem como as ações idealizadas pelos academiker durante o regime nazista, especialmente no que diz respeito ao processo de conquista do Leste. O livro “Ensaios sobre Michel Foucault no Brasil; presença, efeitos e ressonâncias”, de autoria de Helena de Barros Conde Rodrigues, foi analisado por Fernanda Biava. A obra apresenta uma narrativa das viagens e estadias de Michel Foucault ao Brasil durante os anos de 1970, descrevendo os impactos da presença do pensamento do filósofo francês sobre o campo acadêmico brasileiro seja na área da Ciências Humanas, seja na da Saúde.

Na seção Entrevistas, a revista Tempo & Argumento permanece tratando da gênese e consolidação da História do Tempo Presente nos países da América Latina. Camila Serafim Daminelli entrevista Maria Inês Mudrovic, professora de Filosofia da História da Universidade de Nacional de Comuhue, Argentina, que apresenta um rico panorama da História do Tempo Presente em seu país do ponto de vista historiográfico e teórico-metodológico.

Por fim, nessa edição da revista Tempo & Argumento inauguramos a seção Debates com a contribuição da historiadora e cientista política Céli Regina Jardim Pinto intitulada “Tempos de pós-democracia: a ausência do povo”, em que ela, a partir da análise de recentes acontecimentos, sobretudo no campo das disputas eleitorais na Inglaterra, França, Estados Unidos e Brasil, discute a emergência de um amplo rechaço, por parte da população, dos cânones da política tradicional. Como resultado desse processo, tem-se assistido, entre outros fenômenos, a eleição de pessoas advindas de campos como o midiático ou o empresarial, além do fortalecimento de um ideário de direita ou conservador.

Desejamos a todos/as uma boa leitura.

Material suplementar
Notas
Notas
[1] DOSSE, François. O renascimento do acontecimento: um desafio para o historiador: entre Esfinge e Fênix. São Paulo: Editora UNESP, 2013, p. 259-314.
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