Artigos
Recepción: 30 Diciembre 2017
Aprobación: 24 Mayo 2018
DOI: https://doi.org/10.5965/2175180310242018410
Resumo: Este artigo tem por objetivo compreender a trajetória político e organizacional da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), entre os anos de 1970 e 1979, com ênfase na elaboração das estruturas normativas e funcionais, em especial no modelo de gestão empreendido nos primeiros anos da Fiocruz e no chamado processo de “recuperação de Manguinhos” (1975-1979), a partir da análise das fontes oficiais da instituição, sobretudo dos estatutos, dos relatórios de atividades e planos estratégicos. Partimos da hipótese de que se forjou na Fiocruz um projeto político-institucional constituído pela simbiose entre uma lógica funcional privada que se alimenta de sua identidade pública, no qual os interesses de natureza privada se sobrepõem à edificação de uma estrutura pública e estatal. Portanto, almejamos traçar uma análise crítica da trajetória da Fiocruz, compreendendo a formação de suas bases político-organizacional, os conflitos entre a noção de público e privado na instituição, bem como quais projetos foram contemplados.
Palavras-chave: Fundação Oswaldo Cruz – HISTÓRIA, Fundação Oswaldo Cruz – Aspectos políticos, Manguinhos (Rio de Janeiro, RJ).
Abstract: This article seeks to grasp the trajectory organization and politics in the Oswaldo Cruz Foundation (Fiocruz), between the years 1970 and 1979, with an emphasis on the preparation of normative and functional structures, particularly in the management model undertaken in the early years of the Fiocruz and in the so-called ‘Manguinhos recovery’ process (1975-1979), based on the analysis of official sources from the institution, especially the statutes, activity reports, and strategic plans. We start from the hypothesis that a political-institutional project has been designed in the Fiocruz, which consists of a symbiosis between a private functional rationale that feeds on its public identity, where private-sector interests overlap the building of a public and State-based structure. Therefore, we aim at delineating a critical analysis of Fiocruz’s history, including the formation of its political-organizational bases, conflicts between the notion of public and private spheres in the institution, as well as which projects were considered.
Keywords: Oswaldo Cruz Foundation - HISTORY, Oswaldo Cruz Foundation - Political aspects, Manguinhos (Rio de Janeiro, RJ).
Introdução
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) é uma instituição pública e estatal de ciência e tecnologia (C&T), vinculada ao Ministério da Saúde brasileiro, criada em 25 de maio de 1900 a partir do Instituto Soroterápico Federal, com sede na cidade do Rio de Janeiro, no bairro de Manguinhos. A Fiocruz se destaca como a mais importante do setor na América Latina e um dos mais proeminentes patrimônios científicos e tecnológicos da saúde brasileira, voltado às finalidades de ensino, pesquisa, informação, tecnologia, produção de bens e serviços e apoio estratégico ao Sistema Único de Saúde (SUS), com o objetivo de contribuir para melhorar a qualidade de vida da população[1].
Investigar a história de uma instituição centenária e de fundamental importância para a saúde pública brasileira é, sem dúvida, um desafio que requer análise detalhada de sua organização interna e de sua política. Assim, o objetivo desta pesquisa foi compreender os aspectos político-institucionais da Fiocruz, a partir da discussão dos ordenamentos políticos, normativo-estruturais, de funcionamento e, sobretudo, do processo de construção de seu modelo de gestão, entre os anos de 1970 e 1979. A escolha da baliza temporal compreende o ano de criação da entidade enquanto fundação pública de direito privado (Fiocruz), abrangendo o período conhecido como “recuperação de Manguinhos” (1975-1979), responsável por estabelecer o estatuto da entidade que perdurou até 2003.
Para dar conta de nossa proposta, analisamos as fontes oficiais produzidas pela Fiocruz entre 1970 e 1979, com destaque para os relatórios de atividades, os planos estratégicos, os boletins e os demais documentos internos. Buscamos perceber o não dito, os discursos legitimadores e o subentendido por meio das fontes oficiais. Não obstante, esta pesquisa não pretende avançar nos conflitos internos que extrapolam a temática do modelo de gestão, como, por exemplo, as lutas dos trabalhadores da Fiocruz por maior autonomia nos campo de pesquisa, ensino e desenvolvimento tecnológico[2].
Nesse sentido, a investigação busca traçar um contraponto à historiografia especializada[3] sobre a entidade, que, em sua grande maioria, enquadra-se em uma perspectiva saudosista e elogiosa, carregando uma visão positiva dos fenômenos internos do ponto de vista das políticas de natureza gerencial atreladas ao dinamismo econômico, organizacional e de expansão institucional. Além disso, a interpretação tradicional defende a ideia de “recuperação” de Manguinhos a partir da gestão de Vinícius da Fonseca à frente da presidência da Fiocruz (1975-1979), na qual se afirma um processo de ganhos institucionais (estrutural, organizacional, econômico e político, dentre outros) para a fundação. Desse modo, almejamos compreender como se organizou e desenvolveu a política interna na Fiocruz, acreditando ser necessário relativizar a ideia de “recuperação” e buscando perceber quais projetos são contemplados na edificação das bases institucionais forjadas nesse período.
Dimensões estruturais da Fiocruz
A década de 1960 revelou as contradições políticas, econômicas e sociais do desenvolvimento capitalista brasileiro, marcado pelo rompimento do pacto populista por meio do golpe civil-militar de 1964[4]. Os anos subsequentes sob domínio do regime ditatorial (1964-1985) preconizaram o papel do Estado brasileiro como agenciador do capital privado, expropriando os trabalhadores, investindo diretamente no setor produtivo mediante um capitalismo monopolista[5] e dependente da economia internacional, que culminou em um processo de intensa acumulação de capital e de concentração de renda (MENDONÇA, 2003).
O regime se instaurou sob uma base totalitária e repressiva, com o objetivo de modernizar o capitalismo nacional de modo a privilegiar e promover a prosperidade da empresa privada, orientada pelo capital estrangeiro, por meio de reformas institucionais, dentre elas a reforma administrativa. Renato Lemos (2014) aponta que os militares se preocuparam em dominar as relações de classe, mediante uma política de “terrorismo de Estado”, suprimindo as reações dos adversários e, fundamentalmente, institucionalizando mecanismos de legitimação e domínio de suas ações, sobretudo com os chamados atos institucionais (AI)[6], e pela promulgação da Constituição Federal de 1967 (BRASIL, 1967a). Nas palavras de Octávio Ianni (1977), verificou-se a “hegemonia do executivo”, com predomínio absoluto do Poder Executivo sobre os demais poderes.
Nessas condições, arquitetou-se um processo de reforma da administração pública, com o propósito de “obter que o setor público possa operar com a eficiência da empresa privada”[7]. A reforma administrativa, como salienta Claudia Guimarães (1990, p. 160), configurou-se na “expressão mais acabada do processo de reordenamento institucional dos aparelhos econômicos estatais que promove o Governo Castelo”. As transformações na administração pública estão relacionadas à política econômica[8] e às premissas políticas do regime civil-militar de legitimação do poder instaurado.
O regime civil-militar promulgou a nova Constituição Federal em 24 de janeiro de 1967 (BRASIL, 1967a), que, de certo modo, favoreceu a aprovação da reforma administrativa um mês depois, em 25 de fevereiro de 1967, por meio do Decreto-Lei n. 200 (BRASIL, 1967b), dispondo sobre a organização da administração federal e estabelecendo as diretrizes para a reforma administrativa. Em síntese, o Decreto-Lei n. 200/1967 concentra seus esforços em regular e delimitar a estrutura, as atribuições, as normas, o funcionamento e o desenvolvimento da administração pública, dividindo-a em administração direta[9] e indireta[10].
A reforma administrativa revelou a descentralização das atividades do poder público federal, isentando as instituições descentralizadas de sanções públicas mediante o não cumprimento dos programas acordados (DIAS, 1969, p. 77). O Decreto-Lei n. 200/1967 também prevê o regime celetista (disposto na Consolidação das Leis do Trabalho – CLT)[11] para os trabalhadores da administração pública, refletindo especialmente sobre a perda da estabilidade do cargo e a não obrigatoriedade dos concursos públicos. A Lei n. 6.185/1974 (BRASIL, 1974d) estabelece que a administração indireta só admitirá servidores regidos pela legislação trabalhista, sem os direitos de greve e sindicalização[12]. Assim, os funcionários públicos estatutários poderão optar pelo regime celetista de acordo com o art. 4º da referida lei. Como resultado dessas medidas, como indica o estudo de Gileno Marcelino (1989), evidenciou-se uma nítida política de flexibilização e precarização do funcionalismo, ao passo que, em 1988, o percentual total de trabalhadores do serviço público chegou a 6% sob o regime estatuário e 94% assentes no regime celetista.
Nessa direção, Luciano Martins denomina revolução silenciosa[13] o processo descontrolado e desordenado dos governos militares, preconizado pelo desejo de libertar-se da rigidez burocrática e dos baixos salários da administração pública, conduzindo à precariedade das relações de trabalho em direção aos contratos típicos do setor privado e promovendo a expansão das empresas estatais. Desse modo, estimulou-se o crescimento das entidades públicas descentralizadas de caráter eminentemente empresarial, como fica evidente no art. 27 do Decreto-Lei n. 200/1967, que assegura “às empresas públicas e às sociedades de economia mista, condições de funcionamento idênticas às do setor privado”[14]. Portanto, o projeto de descentralização da administração pública promoveu o crescimento em ritmo acelerado das diferentes modalidades jurídicas dispostas pela administração indireta[15].
Na esteira dos grandes projetos de legitimação do regime civil-militar e da expansão das instituições da administração pública, o mineiro de Ouro Preto, Francisco de Paula Rocha Lagoa[16], assumiu em 30 de outubro de 1969 o cargo de Ministro da Saúde do Brasil, posto que ocupou até junho de 1972. Durante sua gestão, elaborou um audacioso projeto de criação de um grande polo em saúde pública brasileira e o epicentro desse novo empreendimento seria representado pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC). A ideia de Lagoa se assentou em aproveitar a possibilidade oferecida pelo regime ditatorial civil-militar de instituir entidades estatais sob a designação fundação de direito privado[17]. Essas fundações estavam na moda na época, em grande medida porque conferiam ao ente público a capacidade de orientar-se por instrumentos legais cabíveis ao direito privado, ou seja, às premissas organizacionais e legais do setor privado (SCHWARTZMAN, 2001).
Desse modo, Rocha Lagoa à frente do Ministério da Saúde, com apoio e participação do Poder Executivo, representado pelo General Emílio Garrastazu Médici, originam na cidade do Rio de Janeiro, aproveitando-se do campus do IOC, no bairro de Manguinhos, o maior centro de pesquisa científica e tecnológica em saúde pública da América Latina. O “novo” empreendimento em saúde ganhou o nome de Fundação Instituto Oswaldo Cruz – podendo ser chamado simplesmente de Fiocruz –, construído a partir da fusão de renomados institutos de pesquisa científica em saúde no Brasil em uma só identidade jurídica e constitutiva, por meio do Decreto n. 66.624, de 22 de maio de 1970 (BRASIL, 1970a), são eles: Instituto Oswaldo Cruz[18], Instituto Fernandes Figueira, do Departamento Nacional da Criança[19], Instituto Nacional de Endemias Rurais, do Departamento Nacional de Endemias Rurais[20], Instituto Evandro Chagas, da Fundação Serviços de Saúde Pública[21] e o Instituto de Leprologia, do Serviço Nacional de Lepra[22].
Em 13 de agosto de 1970, por meio do Decreto n. 67.049, instituiu-se o estatuto da fundação, que contou com a incorporação de mais duas unidades, o Instituto de Produção de Medicamentos e Produtos Profiláticos (Ipromed)[23], derivado da fusão do Serviço de Produtos Profiláticos, até então ligado ao Departamento Nacional de Endemias Rurais, e o Departamento de Soros e Vacinas do Instituto Oswaldo Cruz, e o Instituto Presidente Castello Branco[24], nova denominação da Escola Nacional de Saúde Pública, criada em 1954.
Assim, o novo empreendimento criado pelo regime ditatorial civil-militar adquiriu formato a partir da aprovação do estatuto que formalizou e estabeleceu as diretrizes para a fundação. No aspecto legal, a Fiocruz ganhou personalidade jurídica de direito privado, enquadrada no Código Civil brasileiro como fundação privada, vinculada ao Ministério da Saúde. Do ponto de vista gerencial, o estatuto previa plena autonomia administrativa, financeira, técnica-científica, didática e disciplinar. A natureza jurídica conferida à Fiocruz revela a personificação de um ente público sob uma norma jurídica inteiramente nova, tendo em vista que o modelo de fundação para entidades públicas foi uma novidade no arcabouço jurídico brasileiro nesse período, proporcionada pelo Decreto-Lei n. 200/1967 (BRASIL, 1967b).
A instituição manteve as mesmas finalidades do IOC construídas por seu fundador, Oswaldo Cruz, em ensino, pesquisa e produção. No primeiro recai a responsabilidade de realizar pesquisas científicas no campo da medicina experimental, da biologia e da patologia; no segundo cabe a responsabilidade de formar e aperfeiçoar pesquisadores em ciências biomédicas, sanitárias e demais profissionais da saúde; por fim, em nível da produção, fica incumbida a elaboração e fabricação de produtos biológicos, profiláticos e medicamentosos para as atividades da fundação e do Ministério da Saúde, tendo em vista as necessidades do país e as exigências da Segurança Nacional[25].
Definidos os instrumentos legais desse “novo” empreendimento em saúde pública, os institutos, que em grande medida já vinham contribuindo para o desenvolvimento da ciência em saúde, tiveram pela frente o desafio de compor uma unidade e uma identidade, sob a direção do IOC e sob a designação Fiocruz. Porém, o funcionamento das instituições que compõem o complexo fundacional não sofreu impactos significativos no que diz respeito ao modus operandi anterior à criação da Fiocruz (BENCHIMOL e TEIXEIRA, 1993). A reestruturação planejada e formalizada das funcionalidades ocorreu a partir de 1976, no Governo Geisel. Desse modo, durante longos 15 anos do regime ditatorial, a fundação se viu na tarefa de criar um sentido unitário, um projeto político institucional a fim de dizer a que veio.
“Recuperação de Manguinhos” para quais interesses?
A direção da Fiocruz e o regime civil-militar foram incapazes de construir nos primeiros anos um projeto institucional unificador que promovesse uma identidade para a fundação. Vários fatores contribuíram para seu fracasso, dentre eles o irrisório respaldo político do Ministério da Saúde no quadro governamental, que, de certo modo, contribuiu para aprofundar o descaso acerca dos repasses orçamentários, que não passava de 1% do produto interno bruto (PIB) neste período (BENCHIMOL, 2001). Em segundo lugar, Rocha Lagoa, como o grande formulador desse novo empreendimento, não foi capaz de traçar um planejamento que conferisse sentido à fusão dos institutos, tampouco de convencer os institutos quanto à importância de unir-se em busca de objetivos comuns.
Em terceiro lugar, o processo de decadência do poder simbólico da instituição, que, de acordo com a historiografia, sugere que os primeiros anos da Fiocruz foram marcados, dentre outros aspectos, pela perda do respaldo político do IOC no cenário nacional, pela fragilidade interna decorrente da nova configuração institucional e pelo descaso do regime com a C&T em saúde[26]. Um dos fatores centrais nesse processo se deve aos conflitos existentes entre os projetos de C&T para o país, tendo de um lado pesquisadores que defendiam uma ciência aplicada e de outro os defensores da ciência básica e da ciência como produção[27].
Um segundo conflito se mostrou fundamental para a compreensão do desprestígio do instituto nos primeiros anos pós-golpe – referimo-nos às disputas entre os pesquisadores que defendiam uma ciência dependente, sobretudo a partir da proposta estadunidense de Vannevar Bush para a C&T, que, dentre outros aspectos, propunha a pesquisa aplicada como de interesse da iniciativa privada e a pesquisa básica como meio produtor de saber disponível para a indústria e seus interesses comerciais. Contrapondo a visão de dependência científica, havia um grupo de pesquisadores em nível nacional e também de Manguinhos com a proposta de criar um Ministério da Ciência que fosse capaz de promover um espaço de participação da comunidade científica nas decisões acerca da construção de um projeto científico e tecnológico de base nacional, com políticas autônomas e com liberdade cientifica diante das regras impostas pelos órgãos governamentais (HAMILTON, 1989).
No entanto, após o golpe civil-militar de 1964, o cotidiano social, econômico e político de Manguinhos se altera substancialmente. O quadro de pesquisadores que vislumbravam um ministério das ciências e sua desvinculação do Ministério da Saúde, visando a maior autonomia, passam a ser duramente perseguidos pela ditadura e por opositores internos, como, por exemplo, o ex-presidente do instituto Olympio da Fonseca Filho (1949-1953) e Rocha Lagoa, defensores do projeto estadunidense.
Um quarto aspecto que devemos levar em consideração diz respeito a uma suposta crise financeira e econômica para justificar a chamada “crise” de Manguinhos. Os estudos realizados acerca da C&T em saúde no Brasil apontam um papel de subalternidade diante dos recursos e das políticas governamentais, em especial a trajetória do IOC e os primeiros anos da Fiocruz[28]. O depoimento do pesquisador da Fiocruz Haity Moussatché[29] ajuda a compreender esse fenômeno no interior da entidade, quando sugere que a saúde jamais pertenceu ao grupo de prioridades do Estado para o desenvolvimento da nação – pelo contrário, caracterizou-se pelos baixos investimentos ao longo de todo o século XX, o que por sua vez, contribuiu para o sucateamento da instituição no nível financeiro e político. O investimento na saúde tinha cariz imediatista, especialmente no que se refere ao Instituto de Manguinhos, direcionando-se, principalmente ao combate às enfermidades. Moussatché (1998) argumenta que as gestões de Oswaldo Cruz (1902-1917) e Carlos Chagas (1917-1934), tidas como as mais emblemáticas, souberam, cada uma à sua maneira, aproveitar as circunstâncias políticas de sua época. Portanto, a carência de recursos enfrentada pela Fiocruz nos primeiros anos de sua criação pode ser percebida como uma carência estrutural da C&T em saúde no Brasil, bem como a ausência de políticas voltadas à instituição e a falta de autonomia política e organizacional dos agentes internos sob domínio das instâncias do Poder Executivo federal.
Em quinto lugar, a estrutura jurídica traçada pelo estatuto da Fiocruz, de 1970, mesmo que indicasse autonomia e flexibilidade administrativa e financeira, mantinha certas normas de controle, como por meio do Conselho Administrativo[30] e do repasse das receitas de produção para o governo federal. O status de fundação de direito privado nos moldes corretos de orientação mercadológica, como previsto pelo Decreto-Lei n. 200/1967 (BRASIL, 1967b), ainda não havia sido colocado em prática; assim, seria preciso desatar os nós da estrutura jurídica do estatuto.
O desafio do regime e da direção da Fiocruz para solucionar tais problemas, nos primeiros anos de seu funcionamento, consistiu em buscar alternativas de obtenção de recursos financeiros para além do orçamento do Ministério da Saúde, produzir um projeto institucional que conferisse coerência ao novo empreendimento em saúde, reformular os aspectos legais assentes no estatuto e, sobretudo, forjar uma gestão direta na fundação que estivesse em total harmonia com a Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Econômico (Seplan), o Ministério da Saúde e o Presidente da República.
No que diz respeito à institucionalização da fundação nos programas financeiros, coube a responsabilidade aos planos de desenvolvimento relacionados à área da C&T. Esse setor passou a fazer parte das preocupações do desenvolvimento econômico do regime, considerado motor essencial para a modernização do país. Desse modo, sua importância é explicitada a partir da confecção de três planos de desenvolvimento econômico, que contou com a integração de planos específicos para a C&T. Os planos de desenvolvimento são os responsáveis por aglutinar a estrutura estatal para a C&T em documentos formais que serviram de base para ações focalizadas e prioritárias do regime.
Nesse sentido, o arcabouço político delineado pelo regime ditatorial civil-militar para a C&T se constituiu a partir de reformas no campo da educação[31], na reestruturação das agências e nas políticas de fomento[32], nos planos de desenvolvimento econômico do governo e no controle federal por meio dos ministérios e da Seplan. Entretanto, a busca incessante por planos norteadores do planejamento estatal conferiram um caráter limitado às políticas de desenvolvimento, pelo fato do planejamento ser de curto prazo e por não detalhar de modo preciso os seus desdobramentos.
O I Plano Nacional de Desenvolvimento foi publicado em 17 de dezembro de 1971, fazendo referência ao exercício de 1972 a 1974, sendo incluído posteriormente de modo anexo o Plano Básico de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (PBDCT) para 1973-1974 (BRASIL, 1973a, 1973b). Em resumo, o I PND/PBDCT propôs a interação entre pesquisa-universidade-empresa, promovendo a formação de capital humano nas universidades, desenvolvendo pesquisas e fornecendo pessoal de acordo com as necessidades e demandas do mercado privado (LEHER e SILVA, 2014). Além disso, priorizou os investimentos em setores como eletrônica, energia nuclear, pesquisa espacial e indústria pesada[33]. Do ponto de vista da Fiocruz, o I PND/PBDCT não empreendeu mudanças na instituição, em boa medida devido à fraca presença ministerial de Rocha Lagoa à frente do Ministério da Saúde e pelo fato da saúde não ser uma área prioritária, como foi possível confirmar por meio dos escassos recursos transferidos e da ausência de projetos do governo voltados à Fiocruz.
As mudanças na Fiocruz ocorreram após a posse do General Ernesto Geisel, em 3 de agosto de 1974. Nesse ano tiveram início os trabalhos para o II PND/PBDCT, que, em grande medida, preservaram as bases políticas do I PND. No entanto, Geisel inova ao reformular a estrutura administrativa responsável pela elaboração do plano ao extinguir o Ministério de Planejamento e Coordenação Geral e em seu lugar criar a Seplan, em 1º de maio de 1974. A Seplan adquire status de ministério, assumindo um papel de destaque no governo à medida que integra o centro das decisões econômicas do país por estar ligada diretamente à Presidência da República:
Pode-se afirmar que a Seplan era a representação da consolidação do Estado tecnocrático. Era ela o centro do poder e da articulação entre os ministérios, empresas privadas e estatais e a responsável por coordenar e desenvolver, a partir de seus órgãos, acessórios como o Ipea – Instituto de Pesquisa de Economia Aplicada –, planos de execução orçamentária e projetos, acompanhando-os detalhadamente. Por este quadro e pelo entendimento de que os avanços tecnológicos do país tinham uma relação direta com o crescimento econômico e, principalmente, pelas suas características de centralização, estabeleceu-se uma vinculação entre o CNPq e a Seplan. Além desta mudança, o CD – Conselho Deliberativo do CNPq – foi substituído pelo Conselho Científico e Tecnológico – CCT –, órgão máximo de assessoramento (LEHER e SILVA, 2014, p. 13).
A composição diretiva responsável pelo II PBDCT consistiu, além do Poder Executivo, no Seplan e no CNPq. Este último também passou por uma reestruturação interna, abandonando sua personalidade jurídica de direito público e identidade de autarquia e passando para a qualidade jurídica de fundação de direito privado. Desse modo, em 1974 foi lançado o II PND, correspondente ao exercício de 1975-1979 (BRASIL, 1974a), e em 31 de março de 1976 surgiu o II PBDCT (BRASIL, 1976a). Somado a isso surgiu, em 1975, o Sistema Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (SNDCT), responsável por estruturar a área de C&T em sistemas, determinando que cada ministério com participação no setor se mobilize para construir órgãos setoriais em forma de secretarias. A descentralização das ações em C&T foi incorporada pelo II PBDCT, responsável por organizar, orientar e coordenar as ações selecionadas como prioritárias de cada secretária, com aporte financeiro principal do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT)[34].
Nessas condições, o Governo Geisel anunciou para o II PBDCT a quantia de Cr$ 23 bilhões, correspondente ao período 1975-77 (valores de 1975), com média anual prevista de Cr$ 6,8 bilhões. Além disso, os recursos do Plano Nacional de Pós-Graduação também são anunciados para compor o II PBDCT, com previsão para o período 1975-77 de Cr$ 3,7 bilhões (valores de 1975) (SALLES FILHO, 2003, p. 183). Porém, como demonstra o historiador Vicente Contador (2007), durante o Governo Geisel (1975-1979), foram transferidos Cr$ 925 milhões para a C&T, quantia que se mostrou abaixo do previsto no PBDCT. A Tabela 1 indica os valores efetivamente repassados para a C&T ao longo do II PND/PBDCT.
Referências
BENCHIMOL, Jaime Larry (Coord.). Manguinhos do sonho à vida: a ciência na Belle Époque. Rio de Janeiro: Fiocruz/Casa de Oswaldo Cruz, 1990.
BENCHIMOL, Jaime Larry. Febre amarela: a doença e a vacina, uma história inacabada. 20. ed. Rio de Janeiro: Ed. Fiocruz/Bio-Manguinhos, 2001.
BENCHIMOL, Jaime Larry; TEIXEIRA, Luiz Antônio. Cobras, lagartos e outros bichos: uma história comparada dos Institutos Oswaldo Cruz e Butantã. Rio de Janeiro: Ed. UFRJ/Casa de Oswaldo Cruz, 1993.
BOSCARIOL, Gabriel Amabile. Os planos nacionais de desenvolvimento e a institucionalização da ciência durante a ditadura militar (1964-1985): a defesa de uma ciência nacional pela comunidade científica brasileira. 2013. 156 f. Dissertação (Mestrado em História) – Faculdade de Ciências e Letras, Universidade Estadual Paulista, Assis, 2013.
BRASIL. Constituição (1967). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado, 1967a.
BRASIL. Decreto-Lei n. 200, de 25 de fevereiro de 1967. Dispõe sobre a organização da Administração Federal, estabelece diretrizes para a Reforma Administrativa e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 24 fev. 1967b. Seção 1.
BRASIL. Ato Institucional n. 5, de 13 de dezembro de 1968. São mantidas a Constituição de 24 de janeiro de 1967 e as Constituições Estaduais; O Presidente da República poderá decretar a intervenção nos estados e municípios, sem as limitações previstas na Constituição, suspender os direitos políticos de quaisquer cidadãos pelo prazo de 10 anos e cassar mandatos eletivos federais, estaduais e municipais, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 13 dez. 1968. Seção 1.
BRASIL. Decreto-Lei n. 66.624, de 22 de maio de 1970. Dispõe sobre a Fundação Instituto Osvaldo Cruz. Diário Oficial da União, Brasília, 25 maio 1970a. Seção 1.
BRASIL. Decreto-Lei n. 67.049, de 13 de agosto de 1970. Aprova o Estatuto da Fundação Instituto Oswaldo Cruz e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 14 ago. 1970b. Seção 1.
BRASIL. I Plano Nacional de Desenvolvimento, 1972-74. Rio de Janeiro: Presidência da República, 1971.
BRASIL. PBDCT: Plano Básico de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, 1973-1974. Brasília, DF: Presidência da República, 1973a.
BRASIL. III PBDCT: Plano Básico de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, 1973-1974. Brasília, DF: Seplan/CNPq, 1973b.
BRASIL. II Plano Nacional de Desenvolvimento, 1975-79. Brasília, DF: Presidência da República, 1974a.
BRASIL. Decreto-Lei n. 74.878, de 12 de novembro de 1974. Altera a redação do artigo 7º do Decreto n. 67.049, de 13 de agosto de 1970, que aprova o Estatuto da Fundação Instituto Oswaldo Cruz. Diário Oficial da União, Brasília, 14 nov. 1974b. Seção 1.
BRASIL. Decreto-Lei n. 74.891, de 13 de novembro de 1974. Dispõe sobre a Estrutura Básica do Ministério da Saúde e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 14 nov. 1974c. Seção 1.
BRASIL. Lei n. 6.185, de 11 de dezembro de 1974. Dispõe sobre os servidores públicos civis da Administração Federal direta e autárquica, segundo a natureza jurídica do vínculo empregatício, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 13 dez. 1974d. Seção 1.
BRASIL. Decreto-Lei n. 75.225, de 15 de janeiro de 1975. Dispõe sobre o Sistema Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 16 jan. 1975. Seção 1.
BRASIL. II PBDCT: Plano Básico de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, 1973-1974. Brasília, DF: Presidência da República, 1976a.
BRASIL. Decreto-Lei n. 77.481, de 23 de abril de 1976. Aprova o Estatuto da Fundação Osvaldo Cruz e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 26 abr. 1976b. Seção 1.
BRITTO, Nara. (Coord.). Memória de Manguinhos. Acervo de depoimentos. Rio de Janeiro: Casa de Oswaldo Cruz/Fundação Oswaldo Cruz, 1991.
CABRAL. Jacqueline Ribeiro. Prometeu (des)acorrentado: Manguinhos e a (contra-) reforma sanitária brasileira. 2003. 110 f. Dissertação (Mestrado em História) – Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2003.
SILVA, Carla Luciana Souza da; BOTH, M. A. (Org.). Ditaduras e democracias: estudos sobre poder, hegemonia e regimes políticos no Brasil (1945-2014). Porto Alegre: FCM, 2014.
CONTADOR. Vicente. Modelo econômico e projeto de nação potência: Brasil 1964-1985. 2007. 409 f. Tese (Doutorado em História) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007.
DIAS, José Nazaré Teixeira. A reforma administrativa de 1967. 2. ed. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas. 1969. (Série Cadernos de Administração Pública, n. 73).
DINIZ, Eli ; LIMA JUNIOR, Olavo Brasil de. Modernização autoritária: o empresariado e a intervenção do Estado na economia. Brasília: IPEA/CEPAL, 1986.
DREIFUSS, René Armand. 1964: a conquista do Estado. Petrópolis, RJ: Vozes, 1981.
FINKELMAN, Jacobo (Org.). Caminhos da saúde no Brasil. Rio de Janeiro: Ed. Fiocruz, 2002.
FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ – FIOCRUZ. Relatório das atividades referente ao exercício de 1974. Rio de Janeiro: Ed. Fiocruz, 1974.
FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ – FIOCRUZ. Ata da 28ª reunião extraordinária do Conselho de Administração da Fundação Oswaldo Cruz. Fundo Presidência. Departamento de Arquivo e Documentação/Casa de Oswaldo Cruz. Rio de Janeiro: Fiocruz, 1975, caixa 12, maço 5.
FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ – FIOCRUZ. Estatuto Fiocruz. Rio de Janeiro: Fiocruz, 1976, caixa 55, maço 3.
FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ – FIOCRUZ. Política de Desenvolvimento de Recursos Humanos na Fiocruz. Documento-síntese. Rio de Janeiro: Fiocruz, 1977, caixa 29, maço 8.
FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ – FIOCRUZ. Relatório: base de administração de cargos e salários da Fiocruz. Fundo Presidência, Departamento de Arquivo e Documentação/Casa de Oswaldo Cruz. Rio de Janeiro: Fiocruz, 1978, caixa 14, maço 7.
FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ – FIOCRUZ. Recuperação 1975-1978. Fundo Presidência, Departamento de Arquivo e Documentação/Casa de Oswaldo Cruz. Rio de Janeiro: Fiocruz, caixa 12, maço 6, 1979.
FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ – FIOCRUZ. Relatório do Plano de Classificação de Cargos e Salários, versando sobre alterações do mesmo. Fundo Presidência, Departamento de Arquivo e Documentação/Casa de Oswaldo Cruz. Rio de Janeiro: Fiocruz, 1979, caixa 17, maço 7.
FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ – FIOCRUZ. Memorandos e tabelas de cargos emitidos pela Assessoria de Cargos e Salários. Fundo Presidência, Departamento de Arquivo e Documentação/Casa de Oswaldo Cruz. Rio de Janeiro: Fiocruz, 1979, caixa 160, maço 1.
FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ – FIOCRUZ. Relação e análise de cargos emitidos pela Fiocruz, versando sobre a descrição de salários e cargos: Plano II e III. Fundo Presidência, Departamento de Arquivo e Documentação/Casa de Oswaldo Cruz. Rio de Janeiro: Fiocruz, 1979, caixa 163, maço 1.
FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ – FIOCRUZ. Relação e análise de cargos emitidos pela Fiocruz, versando sobre a descrição de salários e cargos: Plano II. Fundo Presidência, Departamento de Arquivo e Documentação/Casa de Oswaldo Cruz. Rio de Janeiro: Fiocruz, 1979, caixa 163, maço 3.
FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ – FIOCRUZ. Relação e análise de cargos emitidos pela Fiocruz, versando sobre a descrição de salários e cargos: Plano I. Fundo Presidência, Departamento de Arquivo e Documentação/Casa de Oswaldo Cruz. Rio de Janeiro, 1979, caixa 163, maço 4.
FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ – FIOCRUZ. Relatório de atividades 2000. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2001.
GEISEL. Ernesto. Discurso pronunciado na V Conferência Nacional de Saúde. In: da CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE, V, Brasília, 1975 Anais... Brasília, DF: Ministério da Saúde, 1975.
GUIMARÃES. Claudia Maria Cavalcanti de Barros. 1964 Estado e economia: a nova relação. 1990. 331 f. Tese (Doutorado em Economia) – Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1990.
HAMILTON, Wanda. Massacre de Manguinhos: crônica de uma morte anunciada. Cadernos da Casa de Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, v. 1, n. 1, p. 7-18, 1989.
HAMILTON, Wanda; AZEVEDO. Nara. Um estranho no ninho: memórias de um ex-presidente da Fiocruz. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, Rio de Janeiro, v. 8, n. 1, p. 237- 264, 2001.
HOCHMAN, Gilberto. A era do saneamento: as bases da política de saúde pública no Brasil. São Paulo: Hucitec/Anpocs, 1998.
IANNI, Octávio. Estado e planejamento econômico no Brasil (1930-1970). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1977.
LEHER, Roberto; SILVA, Simone Maria. A universidade sob céu de chumbo: a heteronomia instituída pela ditadura empresarial-militar. Universidade e Sociedade, Brasília, v. 22, p. 6-17, 2014.
LEMOS, Renato. Contrarrevolução e ditadura: ensaio sobre o processo político brasileiro pós-1964. Marx e o Marxismo, Niterói, v. 2, n. 2, p. 111-138, 2014.
LENT, Herman. O massacre de Manguinhos. Rio de Janeiro: Avenir, 1978.
MACIEL, David. Ditadura militar e capital monopolista: estruturação, dinâmica e legado. Lutas Sociais, São Paulo, v. 18, p. 64-78, 2014.
MARCELINO, Gileno Fernandes. Administração pública brasileira: evolução, situação atual e perspectivas futuras. Revista do Serviço Público, Brasília, v. 117, n. 2, p. 105-116, 1989.
MARTINS, Luciano. Estado capitalista e burocracia no Brasil pós-64. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1985.
MENDONÇA, Sônia Regina. Estado e economia no Brasil: opções de desenvolvimento. Rio de Janeiro: Graal, 2003.
MORGADO, Anastácio. Manguinhos político: o massacre interno. Rio de Janeiro. Ed. Fiocruz, 1998.
MOUSSATCHÉ, Haity. Haity Moussatché: homenagem ao guerreiro da ciência brasileira. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, Rio de Janeiro, v. 5, n. 2, p. 443-491, jul./out. 1998.
OLIVEIRA, Francisco Maria Cavalcanti de. Crítica à razão dualista. O ornitorrinco. 2. ed. São Paulo: Boitempo, 2003.
PONTE, Carlos Fidelis. Pesquisa versus produção em Manguinhos: constrangimentos e perspectivas de desenvolvimento tecnológico em uma instituição pública. 2012. 239 f. Tese (Doutorado em Políticas Públicas, Estratégias e Desenvolvimento) – Instituto de Economia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2012.
REZENDE, Fernando. O crescimento (descontrolado) da intervenção governamental na economia brasileira. In: LIMA JUNIOR, Olavo Brasil de; ABRANCHES, Sérgio Henrique (Org.). As origens da crise: Estado autoritário e planejamento no Brasil. Rio de Janeiro: Vértice/Iuperj. 1987.
SALLES FILHO, Sérgio. Política de Ciência e Tecnologia no II PBDCT (1976). Revista Brasileira de Inovação, Rio de Janeiro, v. 2, n. 1, p. 179-211, jan./jun. 2003.
SANTOS, Sérgio Gil Marques dos. Estado, ciência e autonomia: da institucionalização à recuperação de Manguinhos. 1999. 234 f. Dissertação (Mestrado em História Social) – Instituto de Filosofia e Ciências Sociais, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1999.
SCHWARTZMAN, Simon. Um espaço para a ciência: a formação da comunidade científica no Brasil. Brasília, DF: MCT, 2001.
Notas