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Editorial: Volume 14, Número 37, Ano 2022
Reinaldo Lindolfo Lohn; Silvia Maria Fávero Arend; Caroline Jaques Cubas
Reinaldo Lindolfo Lohn; Silvia Maria Fávero Arend; Caroline Jaques Cubas
Editorial: Volume 14, Número 37, Ano 2022
Revista Tempo e Argumento, vol. 14, núm. 37, e0001, 2022
Universidade do Estado de Santa Catarina
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Editorial

Editorial: Volume 14, Número 37, Ano 2022

Reinaldo Lindolfo Lohn
Universidade do Estado de Santa Catarina, Brasil
Silvia Maria Fávero Arend
Universidade do Estado de Santa Catarin, Brasil
Caroline Jaques Cubas
Universidade do Estado de Santa Catarina, Brasil
Revista Tempo e Argumento, vol. 14, núm. 37, e0001, 2022
Universidade do Estado de Santa Catarina
Editorial

Com este número, apresentamos a última edição da revista Tempo e Argumento no ano de 2022. É o encerramento de um período muito intenso em variados aspectos da sociedade brasileira: pode-se mesmo sugerir que foi possível experimentar ao longo do ano a densidade histórica dos diferentes acontecimentos que o marcaram e o quanto a História do tempo presente é necessária. Os embates e conflitos eleitorais extravasaram para outros âmbitos da vida social e diferentes tradições e culturas políticas estiveram em jogo, suscitando leituras do passado e projetos de futuro antagônicos.

Houve o escrutínio minucioso e público de uma série de informações históricas referentes à sociedade brasileira e ao seu passado remoto ou próximo. Processos históricos extremamente dolorosos foram (e são) focos de discussão aberta, incluindo o passado escravocrata, o genocídio indígena e as violações aos direitos humanos, fazendo emergir temas que parcelas da sociedade prefeririam rejeitar a todo custo, seja pelos negacionismos ou pelo ódio. A profunda desigualdade social e as formas de reprodução de um sistema de poder e de exploração das maiorias seguem como estruturas a serem desafiadas em meio a ameaças aos mecanismos institucionais democráticos. Por outro lado, ainda estamos longe de tornar mais densos e efetivos os processos participativos que possam tornar as vozes das camadas populares mais ativas e transformadoras.

Ainda assim, o ano de 2022 se encerra com esperanças renovadas de que possamos retomar o fortalecimento da construção democrática timidamente iniciada ao final da última ditadura militar. Apesar dos percalços, das ameaças constantes de golpismos e das dificuldades em assegurar os direitos básicos de diferentes grupos sociais vulneráveis, há a expectativa de que possamos conduzir nossos conflitos e dilemas, muitos quase inconciliáveis, no interior de uma esfera política aberta e tolerante.

Entendemos que construímos junto com autores e autoras, leitores e leitoras, ao longo do ano, uma revista ainda mais qualificada e capaz de proporcionar um avançado debate acadêmico no domínio da História do tempo presente. Não seria diferente neste número, que traz o dossiê “Resistência, adesão e acomodação na América Latina: imprensa e humor em contextos autoritários” e a Seção Temática “Os desafios de ensinar e aprender História no tempo presente”. Além dos trabalhos incorporados a tais seções editoriais, trazemos ainda os artigos que são avaliados em fluxo contínuo, buscando sempre o mais esmerado processo de publicação com vistas a oferecer um resultado à altura das expectativas dos que confiam na qualidade de nossa revista. Este número, como procuramos fazer com frequência, traz ainda textos nas seções “Debate”, “Entrevista” e “Resenhas”, o que diversifica pontos de vista e amplia a divulgação da produção historiográfica.

A temática que mobilizou os textos que compõem o dossiê “Resistência, adesão e acomodação na América Latina: imprensa e humor em contextos autoritários” suscita interações muito pontuais com o contexto histórico que vivenciamos. Traz questões que são próprias ao tempo presente, dado que concerne a dimensões das relações políticas no Brasil e em outras sociedades que são constantemente reatualizadas nos debates contemporâneos. As composições formadas por acomodações, adesões e possibilidades de resistência diante de cenários impostos por regimes e contextos autoritários criam situações instáveis e que desafiam as interpretações históricas.

Um dos meios para delimitar tais jogos de força tem sido a imprensa e, no caso dos trabalhos submetidos ao dossiê, as expressões de humor gráfico produzidas sobre distintos acontecimentos e processos. Em particular, adotar a perspectiva da construção de narrativas e interpretações voltadas para o tempo presente constitui um estímulo para os debates acerca de objetos e produções culturais que demandam análises sutis e sofisticadas que devem considerar dimensões artísticas, políticas e sociais. Os textos versam sobre diferentes publicações e contextos, considerando aspectos que envolvem tanto conexões entre formas artísticas diversas quanto relações políticas nacionais e internacionais. Deve-se ainda ter em conta que o humor envolve tornar em objeto histórico o âmbito das percepções e das subjetividades presentes nas relações políticas.

A seção temática “Os desafios de ensinar e aprender História no tempo presente”, por sua vez, aborda os cenários presentes nos processos que envolvem o ensino de História no Brasil e em outros lugares do mundo. Os artigos debatem temas que estão na ordem do dia deste campo tão importante da disciplina e as suas interfaces com a História do Tempo Presente, a saber: a formação de docentes em nível de pós-graduação para atuarem na Educação Básica no contexto do século XXI; a relação entre a História ensinada, memórias e narrativas historiográficas acerca de personagens considerados construtores do Estado nacional; as tensões e as possibilidades presentes no estágio docência que visa a formação das licenciadas e dos licenciados em História; e os processos de aprendizagem da disciplina tendo em vista a relação entre o currículo e a formação do pensamento histórico. A seção “Artigos” traz contribuições que abordam temáticas relativas às dimensões política, socioeconômica e cultural. Os textos apresentam interpretações inovadoras sobre os fenômenos analisados.

No ano de 2022 foram lembrados os 200 anos do processo de independência do Brasil. A disputa de narrativas relativa à efeméride esteve presente na denominada grande imprensa, nas redes sociais e nos veículos de divulgação científica do campo acadêmico. Tempo e Argumento traz uma contribuição para esta discussão na seção “Debates”. A referida seção apresenta o texto de autoria do historiador Felipe Matos, do arqueólogo Renato Kipnis e da historiadora Ilsa Carla Favaro de Lima, abordando questões no âmbito da “museologia social” a partir de um caso ocorrido no processo de restauração do Museu do Ipiranga-USP (https://museudoipiranga.org.br/), principal monumento brasileiro dedicado ao tema da independência, o que teve grande repercussão nas mídias sociais.

Na seção “Entrevista”, intitulada “História a múltiplas mãos: tempo presente, História pública e interdisciplinariedade”, temos uma entrevista realizada pelas historiadoras Caroline Jaques Cubas e Mariana Joffily com o professor e pesquisador da Universidade de Rennes 2 (França), Luc Capdevila. Tendo como foco central a temática das guerras nos séculos XIX e XX, o referido historiador tece considerações inovadoras sobre as articulações existentes entre as narrativas historiográficas, as memórias e as relações de gênero (quase sempre invisibilizadas nas fontes consideradas “oficiais”). Cabe ainda destacar a seção “Resenhas”, que apresenta uma reflexão sobre o livro da pesquisadora estadunidense bell hooks (que faleceu em novembro de 2022), acerca das relações entre as subjetividades (especialmente o amor romântico) e o campo do político.

Informamos ainda sobre uma alteração na composição da chefia editorial de Tempo e Argumento. Deixamos de contar em nossa equipe com a colega e professora Maria Teresa Santos Cunha, que encerrou sua segunda passagem no comando da revista. Desde nosso primeiro número, a professora foi uma das mais dedicadas entusiastas deste periódico, colaborando de diversas formas ao procurar dotar nossa publicação de estritos requisitos acadêmicos e critérios densos e qualificados. Sua experiência e constante disposição ao trabalho em equipe contribuíram de modo indelével para que Tempo e Argumento alcançasse o patamar de respeitabilidade que hoje ostenta. Temos, portanto, muito o que agradecer a Maria Teresa Santos Cunha e reconhecer seu mérito na construção conjunta que envolveu a produção de uma revista que desde seu início procurou estar aberta a novas perspectivas historiográficas.

Por outro lado, a equipe responsável pela chefia editorial de Tempo e Argumento passa a contar com Caroline Jaques Cubas, que chega com o compromisso de qualificar o trabalho até aqui realizado por diferentes colegas e colaboradores, sejam estes docentes, técnicos administrativos – Anderson Mendes, Darli Damian da Silva e Karla Cristina Fernandez Philipovsky Koerich – e os estudantes Antonio Greff de Freitas, Carlos Eduardo Pereira de Oliveira, Claudia Regina Nichnig, Igor Lemos Moreira, Luana Borges Lemes, Luiz Felipe Machado de Genaro, Pâmela Minuzi Machado e Reginaldo Giassi, da Universidade do Estado de Santa Catarina.

Desejamos uma ótima leitura e que possamos de algum modo contribuir para a construção democrática e plural de uma sociedade justa e igualitária em nosso país.

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