Editorial

Editorial: Volume 15, Número 39, Ano 2023

Caroline Jaques Cubas
Universidade do Estado de Santa Catarina, Brasil
Silvia Maria Fávero Arend
Universidade do Estado de Santa Catarina, Brasil
Reinaldo Lindolfo Lohn
Universidade do Estado de Santa Catarina, Brasil

Editorial: Volume 15, Número 39, Ano 2023

Revista Tempo e Argumento, vol. 15, núm. 39, e0001, 2023

Universidade do Estado de Santa Catarina

Editorial

O segundo número da revista Tempo e Argumento de 2023 vem a público em um contexto dual. Em âmbito nacional, observamos o esforço coletivo para a reinstauração de políticas públicas voltadas à educação, notadamente a partir da avaliação e reelaboração do Plano Nacional de Educação. Destacamos o fortalecimento institucional das agências de fomento científico, possibilitando novo fôlego à pesquisa, insuflado por editais direcionados às distintas áreas de conhecimento. Somam-se a isso algumas ações de Estado que visam recolocar o país em agendas político-sociais, através do estabelecimento de convênios e da reconstrução de laços diplomáticos que, outrora suspensos, reatualizam possibilidades de cooperação e internacionalização.

Tal otimismo, todavia, divide espaço com a inquietação. Seguem vívidas as práticas e discursos que, pelo violento desrespeito à diversidade, pela relativização dos direitos humanos ou pelo apoio explícito a projetos de extrema-direita, alertam-nos acerca das fragilidades de nossa experiência democrática. Diante delas, o estudo de experiências sociais, assentado nos aportes da História do Tempo Presente, permite-nos apurar o olhar em relação as ambivalências de nosso tempo.

Na seção “demanda contínua”, seguindo os propósitos de diversidade e amplitude em temas e abordagens, apresentamos dois trabalhos nos quais as marcas da cooperação acadêmica e das inquietações acima referidas estão presentes. O artigo de Sebastián Molina Puche, da Universidade de Murcia, Jorge Ortuño Molina, da Universidade de Zaragoza, Helena Pinto, da Universidade do Porto e Pilar River, da Universidade de Zaragoza, por meio de uma abordagem interinstitucional e interdisciplinar, apresenta contundente reflexão sobre a relevância da memória e do ensino escolar da História na conformação de identidades coletivas. Por outro lado, Natália dos Reis Crus, da Universidade Federal Fluminense, convida-nos a acompanhar – em termos narrativos e geopolíticos – a disseminação de versões de tempos e eventos, as quais subsidiam projetos facilmente identificáveis como conspiratórios e neofascistas. Ainda que distintos em seus propósitos e escolhas teórico-metodológicas, ecoa em ambos os textos a preocupação com o que se convencionou chamar “usos do passado” na composição do tempo presente.

Na seção resenha, Claudinei Aparecido de Freitas Silva, da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, apresenta-nos obra do filósofo e dramaturgo francês, Gabriel Marcel, cujo pensamento influenciou sobremaneira o trabalho de intelectuais como Paul Ricoeur, Jean-Paul Sartre e Emmanuel Lévinas e que tematiza a presença – cada vez mais naturalizada e cotidiana – do mal. A edição resenhada, publicada em língua italiana em 2022, ressoa problemáticas hodiernas, na medida em que não trata o objeto em termos ontológicos, mas em suas expressões materiais, por meio de ações coletivas ou individuais.

Destacamos, por fim, o importante dossiê Religiões e Religiosidades na História do Tempo Presente, cuja apresentação, redigida por Patricia A. Fogelman (Universidad Nacional de Tres de Febrero) e Claudia F. Touris (Universidad Nacional de Luján), vem a seguir:

Este dossier sobre “Religiones y Religiosidades en la Historia del Tiempo Presente” abre um espacio de discusión plural e interdisciplinaria sobre las complejas cuestiones que envuelven las diversas expresiones religiosas en la actualidad. De frente a los desafíos teóricos, epistemológicos y metodológicos que atraviesan la historia del pasado reciente y la historia del tiempo presente, los trabajos seleccionados enfocan particularmente los casos de Argentina y Brasil.

Hemos recogido miradas que provienen de una diversa gama de conocimientos científicos sobre discursos, representaciones y prácticas religiosas desde diferentes metodologías. El uso de la historia y la biografía, el recurso crítico de los estudios sobre memoria y dictadura, tanto como el cruce entre memoria y construcción de legitimidades religiosas, atraviesa y marca varios de los trabajos presentados en este número. Por otro lado, el interés por los escenarios religiosos, especialmente por dos santuarios (Fátima da Serra Grande y Aparecida), permiten pensar las coordenadas de la religiosidad actual y abordar cuestiones como las prácticas y las representaciones, haciendo especial énfasis en las materialidades y dispositivos culturales implicados.

Religión, memoria y política son algunos de los grandes ejes vertebradores de este dossier. Como uno de los objetivos iniciales fue problematizar “la presencia” de las religiones y religiosidades frente a temas como la intolerancia, que durante las dictaduras lastimó a Brasil, Argentina y Uruguay, logramos – en los dos primeros artículos del dossier- acercarnos a una sensibilidad que vibra en los intersticios del tiempo: autoritarismo, persecución, terror, exilio y memoria son algunas de las palabras claves que dialogan con la religión. El segundo bloque de textos aborda la construcción de las legitimidades en el campo espiritista y la construcción de la santidad católica; aquí, lxs autorxs detectan los esfuerzos memorialistas y el papel de las hagiografías que estratégicamente se pusieron en acción. Finalmente, en los dos últimos artículos, los estúdios sobre religión y cultura se cruzan en la escena del santuario: por un lado, se analizan las romerías y su papel en la cultura política contemporánea y luego, se indaga en el carácter museográfico del dispositivo cultural que alberga la exhibición d promessas (exvotos) en el mayor santuario de Brasil.

En conjunto, los artículos seleccionados, favorecen un diálogo con otras disciplinas por fuera de la historia, como la antropología, la literatura, la historia del arte y la preservación del patrimonio.

Esperamos que este nuevo dossier sea del interés de lxs lectorxs y contribuya acercar - aún más entre sí - a los estudios sobre Brasil y Argentina. (Patricia Fogelman y Claudia Touris).

No final do ano de 2022, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Nível Superior – CAPES/Ministério da Educação/Brasil divulgou na Plataforma Sucupira a listagem do Qualis 2017- 2020[1]. O Qualis consiste em um conjunto de procedimentos, que busca avaliar a produção bibliográfica da pós-graduação brasileira, emitindo a cada quatro anos uma listagem com a estratificação dos periódicos. Entre 2017 e 2020, a revista Tempo e Argumento galgou o Qualis A na área da História, ingressando no estrato mais alto da listagem. A atual equipe editorial da revista Tempo e Argumento entende que um período científico é construído sempre de forma coletiva. Essa conquista foi fruto de um trabalho efetuado por um conjunto de pessoas há longa data.

Agradecemos aos editores que atuaram entre 2017 e 2020 junto à equipe, o professor Luiz Felipe Falcão (in memoriam) e a professora Maria Teresa Santos Cunha; aos técnicos/as universitários/as — Anderson Mendes, Karla Cristina Fernandez Philipovsky Koerich, Darli Damian da Silva e Andreza Campos da Luz — que cotidianamente realizaram as atividades de secretaria, revisão de textos e normalização das referências bibliográficas; ao estagiário Lucas Augusto Valente, aos discentes do Programa de Pós-graduação em História, da Universidade do Estado de Santa Catarina, Jorge Luiz Zaluski, Elisangela da Silva Machieski, Igor Lemos Moreira, Camila Serafim Daminelli, Luana Borges Lemes, Carlos Eduardo Pereira de Oliveira, Yomara Feitosa Caetano de Oliveira Fagionato, Cláudia Regina Nichnig e Pedro Eurico Rodrigues e, às pós-doutorandas do mencionado curso, Ana Luiza Mello Santiago de Andrade e Nashla Aline Dahas Gomozias, que atuaram na divulgação científica nas redes sociais, bem como realizando outras atividades editoriais naquele período; à equipe do Portal de Periódico da UDESC, em especialmente a técnica universitária Marcela Reinhardt de Souza; aos avaliadores ad hoc; e, por fim, aos autores e autoras dos artigos científicos que escolheram a revista Tempo e Argumento para publicizar os resultados de suas pesquisas.

Desejamos a todos e todas uma excelente leitura!

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