Território e territorialidade: um estudo sobre as gangues de jovens em Boa Vista. Estado de Roraima, Brasil

Territory and territoriality: a study about the gang youths in Boa Vista. Roraima State, Brazil

Artur Rosa Filho
Universidade Federal de Roraima, Brasil
Rodeval Marques Andrade Sousa
Universidade Federal de Roraima, Brasil

Território e territorialidade: um estudo sobre as gangues de jovens em Boa Vista. Estado de Roraima, Brasil

Revista Geográfica Venezolana, vol. 57, núm. 2, pp. 187-203, 2016

Universidad de los Andes

Resumo: A presente pesquisa aborda a violência urbana de modo a compreender os territórios e as territorialidades presentes na produção do espaço urbano por grupos de gangues na cidade de Boa Vista (Roraima, Brasil). A pesquisa objetiva-se a mapear essas gangues, também conhecidas como ‹galeras›, atuantes na zona oeste, bem como fazer identificações acerca das relações conflituosas e conflitantes dessas gangues com os moradores dos bairros.

Palavras-chave: Territorialidade, violência, cidade.

Abstract: This research deals with urban violence to understand the territories and territoriality present in the production of urban space by groups of gangs in Boa Vista (Roraima, Brazil). The objective is to search and map these gangs active in the west area, as well as making identifications about the conflict and conflicting relationships of these gangs with neighborhood residents.

Keywords: Territoriality, violence, city.

1. Introdução

Em Dantas e Morais (2008), a discussão sobre território está presente em diferentes áreas do conhecimento científico, desde a Etologia, da qual surgiram as formulações iniciais sobre territorialidade, passando pela História, Ciência Política, Antropologia e Sociologia, até aportar na Geografia, na qual se constitui um dos conceitos básicos. Ao perpassar esses diferentes campos, o conceito assume uma enorme polissemia, posto que cada área sintetiza um enfoque a partir de uma determinada perspectiva.

Para as autoras, no âmbito da própria Geografia, as diferentes definições de território atestam essa condição, cujos sentidos variam de uma abordagem jurídica, social e cultural, e mesmo afetiva, na qual a problematização se ancora em aspectos vinculados a relações que a sociedade estabelece com a natureza, mediadas por mecanismos de apropriação, dominação, ocupação ou posse de uma fração do espaço. Dessa relação emerge a fragmentação do espaço com distintas funções, cuja organização, gestão, manutenção ou, mesmo, reorganização conjugarão interesses dos atores envolvidos.

Segundo Hasbaert (2004), o vínculo mais tradicional na definição de território é aquele que faz a associação entre território e os fundamentos materiais do Estado. Dentre os geógrafos que se destacam nessa perspectiva, encontra-se Ratzel (1897; apud Moraes, 2000), que assinala que o território pode ser entendido como um espaço qualificado pelo domínio de um grupo humano, sendo definido pelo controle político de um âmbito espacial. Para este autor, no mundo moderno há áreas de dominação estatal e, mais recentemente, estatal nacional, sendo impossível compreender o incremento da potência e da solidez do Estado sem considerar o território. Na obra de Santos (1996), o espaço geográfico, sinônimo de território usado, é definido como um conjunto indissociável de sistemas de objetos e sistemas de ações, e a análise do território enfatiza a sua funcionalização e o seu conteúdo técnico. Tais aspectos explicitam a base materialista de fundamentação econômica presente em sua concepção de território.

Os conceitos de território e territorialidade, no sentido de espaço ou área definida e caracterizada por relações de poder, estão interligados. A noção de poder, domínio ou influência de vários agentes (políticos, econômicos e sociais) no espaço geográfico expressa a territorialidade, daí a afirmação ‹entrar em território alheio poder ser considerada uma afronta›. O território é o espaço que sofre o domínio desses agentes e à forma como eles moldaram a organização desse território chamamos territorialidade (Ratzel, 1897; apud Moraes, 2000).

De acordo com Ferreira e Penna (2005), tradicionalmente a violência abrange as ações de natureza criminal como roubos, furtos, latrocínios, homicídios etc. Atualmente àquelas, vêm-se somar os atos que ferem os direitos humanos, como os de natureza sexual, maus-tratos, discriminação de gênero e de raça, englobando não apenas a agressão física, mas também situações de humilhação, exclusão, ameaças, desrespeito.

As autoras afirmam ainda que a problemática da violência em nossas cidades não se resume a uma questão quantitativa pelo número de pessoas atingidas; é a abrangência e a complexidade do fenômeno, na atualidade, o que mais preocupa. É a nova faceta da criminalidade ligada ao crime organizado que gera insegurança nos cidadãos, interfere no território e se torna um poder paralelo ao do Estado.

Para Ferreira e Penna (2005), a busca de soluções para um dos problemas que mais aflige aos citadinos e absorve as atenções dos políticos e administradores das cidades demandam um esforço de entendimento, que aponte rumos para uma prática eficiente de combate e/ou de prevenção. Faz-se necessário atentar para os diferentes aspectos da complexidade da violência de nossos dias, confrontando as diversas abordagens e assimilando novos olhares que complementem os já existentes. É nesse sentido que se coloca a presente contribuição à discussão da problemática, mostrando como a violência, tratada sob diferentes enfoques, se territorializa no processo de produção e reprodução desse espaço urbano.

Assim como na investigação de Ferreira e Penna (2005), esta pesquisa também enfoca a violência de um ponto de vista geográfico, isto é: a territorialidade; a formação do território da violência, reduto de poder do crime organizado que daí comanda sua atuação na cidade, seu exército formado pela população excluída que se liga à rede da droga e da contravenção. Considerase, também aqui, a violência em todas as suas manifestações e tomam-se como dado os crimes contra a pessoa, ‹homicídio, lesão corporal›, crimes contra o patrimônio, ‹furto, roubo› etc., embora o tipo de violência mais relevante seja sempre aquela que cotidianamente termine em morte, por que, a morte revela a violência levada ao extremo.

Este artigo tem por objetivo analisar as condições em que ocorre a transmissão da violência urbana pelas gangues ‹galeras› em Boa Vista, capital do estado de Roraima, Brasil. Busca-se, também, avaliar de que forma ela interfere na construção e reconstrução do território e na origem e formação desses grupos. Nesse sentido, temos o seguinte questionamento: Qual é a relação entre o jovem e o espaço, vivenciado por ele? As gangues ‹galeras› estudadas foram: Top Love, umas das mais violentas gangues da cidade, os Galinhas, arque rivais dos Top Love, os DDR (Donos Da Rua), galera essa que fornece drogas na zona oeste, os Atritos, a menor gangue, porém muito respeitada pelos outros grupos, e os Cruviana, uma gangue formada por pequenos grupos de jovens do bairro Cruviana.

Este estudo proporcionou uma reflexão quanto à territorialidade e a violência de grupos de jovens, às práticas dessas violências e o surgimento delas, com o qual se espera contribuir para uma melhoria na qualidade de vida desses jovens, com vistas à formação de futuros cidadãos mais críticos e reflexivos sobre suas ações.

Compreender as identidades territoriais e as territorialidades presentes na produção do espaço urbano por grupos de gangues ‹galeras› na cidade de Boa Vista (RR), Brasil, acrescentado à perspectiva da violência entre essas gangues também foram focos de nosso estudo.

2. Materiais e método

Os procedimentos metodológicos consistiram em quatro etapas básicas:

Após a aplicação dos questionários, esses foram armazenados em um banco de dados criado especificamente para atender a pesquisa, utilizando-se o aplicativo Microsoft Excel 2010, para o tratamento das informações coletadas, bem como a produção de material bibliográfico, utilizou-se da infraestrutura e técnicas de geoprocessamento da Universidade Federal de Roraima (UFRR).

2.1. Fundamentação teórica

De acordo com Raffestin (1993), o território é uma construção conceitual a partir da noção de espaço. Com isso pretende fazer uma distinção entre algo já ‹dado›, o espaço (na condição de matéria prima natural e um produto resultante da moldagem pela ação social dessa base) e o território (um construto, passível de uma formalização e/ou quantificação).

O território é, assim, a base física de sustentação locacional e ecológica, juridicamente institucionalizado do Estado Nacional. Contém os objetos espaciais, naturais e/ou construídos, na condição de instrumentos exossomáticos, para reprodução de uma identidade étnico-sócio-cultural.

O conceito de territorialidade foi definido em 1920 por um ornitólogo inglês, Howard, como sendo ‹a conduta característica adotada por um organismo para tomar posse de um território e defendê-lo contra os membros de sua própria espécie›. Raffestin (1993) e Le Berre (1995) atestam essa origem no campo das ciências naturais, na área da etologia. Soja (1971) faz uma discussão crítica das tentativas de se traduzir para o âmbito humano comportamentos espaciais próprios dos animais.

Ressaltese, no entanto, nessa linha, o esforço de Hall (1966), através do conceito de ‹proxemics› ou proxemia, um refinamento da territorialidade animal, que define uma espécie de envoltório ou bolha invisível que delimita espaços individuais, atuando como uma linguagem silenciosa, acompanhando os indivíduos como ‹territórios› portáteis pessoais e cujo limite varia segundo a percepção e uso do espaço enquanto um componente cultural especializado.

Para Soja (1971: 19), no âmbito da conotação política da organização do espaço pelo homem, a territorialidade pode ser vista como «um fenômeno comportamental associado com a organização do espaço em esferas de influência ou de territórios claramente demarcados, considerados distintos e exclusivos, ao menos parcialmente, por seus ocupantes ou por agentes outros que assim os definam». Ainda Soja (1971: 19), argumenta que «ao nível individual, por exemplo, uma das mais claras ilustrações da territorialidade humana pode ser encontrada na forma como no Ocidente se estabeleceu a propriedade privada da terra».

Raffestin (1993) considera que a territorialidade é mais do que uma simples relação homem-território, argumentando que para além da demarcação de parcelas individuais existe a relação social entre os homens. Dessa forma, a territorialidade seria um conjunto de relações que se originam num sistema tridimensional sociedade- espaço-tempo em vias de atingir a maior autonomia possível, compatível com os recursos do sistema. Considerando-se a dinâmica dos fatores envolvidos na relação, seria possível a classificação de vários tipos de territorialidade, desde as mais estáveis às mais instáveis.

As concepções naturalistas de território reduzem a territorialidade ao seu caráter biológico; consideram a própria territorialidade humana como moldada por um comportamento instintivo ou geneticamente determinado. Nesse sentido, é importante refletir até que ponto é possível conceber uma definição naturalista de território (Saquet, 2010).

O espaço é perene e o território é intermitente. Território e territorialidade têm essas definições para a compreensão destes conceitos da ciência geográfica, pois sofreu a influência da filosófica contemporânea aplicando ao território como forma de re-territorialização, povoamento e a desterritorialização, trabalhando a ideia de território como uma relação entre fluidez e rigidez (Fernandes, 2005).

2.2. Gangues «galeras» de jovens: a violência nossa de cada dia

A expressão ‹galera› tem sido cada vez mais popularizada em Boa Vista (RR) para qualificar turmas de jovens. De modo geral, os meios de comunicação local, a polícia e o imaginário social tomam gangue ‹galera› e turma de jovens envolvidas em ações delituosas como termos correlatos, não fazendo distinção entre: as consideradas ‹formas legítimas› de agregação juvenil, que levam os jovens a estarem juntos por interesses bem alheios à violência, mas que não os impedem de cometer transgressões e delitos; e as ‹formas delinquentes› de agregação, nas quais a transgressão e violência são norma.

A observação de turmas de jovens na periferia de Boa Vista colocou-se diante de uma realidade que revela tênues diferenças que marcam experiências da constituição e vivência desses grupos. Ainda que os jovens compreendessem exatamente a que tipo de grupo se referia quando lhes perguntava sobre a existência de gangues ‹galeras› em Boa Vista (RR), ou sobre a sua participação em alguma delas, o efeito produzido na expressão era tal que, em muitos casos, jovens que diziam, num primeiro momento, fazer parte de uma gangue a recusavam, pela impregnação do aspecto pejorativo do conceito.

Os meios de comunicação desempenham um papel de extrema importância em Boa Vista na vulgarização do termo galera, dando ênfase contínua à agressividade e à violência dos seus integrantes. Além disso, na difusão das percepções a elas relacionadas, é cada vez mais comum que crimes, assaltos, roubos, brigas, enfim, delitos e agressões envolvendo jovens sejam atribuí dos às ações de galeras, pouco importando se o delito tenha sido ou não cometido a título individual.

Uma turma de jovens reunida se transforma numa galera, o jovem de boné e bermudas largas passa a ser membro de uma galera, a troca de insultos entre adolescentes na porta da escola se transmuta em desafio entre galeras rivais. A violência das gangues é sempre apresentada com relatos exagerados, apimentados, tingidos de bastante sangue.

Segundo os entrevistados, há um sutil limite que poderia significar pertencer a uma gangue ou a uma galera: uma galera é uma turma unida de amigos que costumam sair juntos para se divertir, para ‹curtir›, ir à festas ‹piseiro›, shows, que se reúnem para ouvir musica, conversar, consumir drogas, estando sempre prontos para defender e proteger uns aos outros: «O que rola para um, rola para todos» afirma um adolescente entrevistado.

As galeras, descritas desse modo, possuem elementos que são característicos das gangues, que também são formadas por grupos de amigos que se unem com esses mesmos propósitos, que se auto protegerem, mas que acrescentam à razão de estarem juntos: as brigas e rivalidades com outros grupos, a defesa de um território, o objetivo explícito de roubar, assaltar ou cometer algum delito. A violência e a transgressão são apontadas pelos jovens como elementos diferenciadores entre gangue e galera, mas o que chama a atenção é um fato, já assinalado por Diógenes (1998) em sua pesquisa sobre gangues e galeras na cidade de Fortaleza: ‹toda gangue é uma galera, mas nem toda galera é gangue›.

2.3. Caracterização da área de estudo: histórico e localização dos bairros e das gangues de jovens

A pesquisa foi realizada com os jovens de gangues ‹galeras› nos bairros Pintolândia, Santa Luzia, Equatorial, Senador Hélio Campos, Cruviana e Silvio Botelho, todos localizados na zona oeste da cidade de Boa Vista, estado de Roraima, Brasil (Figura 1).

Esses bairros foram escolhidos porque se localizam na zona oeste de Boa Vista que concentra a maioria da população de baixa renda da cidade. Há muitos jovens desempregados e sem estudar, por isso, ficam ociosos durante muito tempo, formando, assim, os grupos de galeras ou ‹galerosos› como são conhecidos na cidade.

Os bairros Pintolândia, Dr. Silvio Botelho, Santa Luzia e Senador Hélio Campos fazem parte de um dos maiores loteamentos destinados à população de baixa renda em Roraima. Desenvolvido pelo então governador Ottomar de Sousa Pinto, o projeto, que visava doar terrenos, materiais de construção e até mesmo casas para migrantes, ficou conhecido como Pintolândia.

A região cresceu tanto que foi dividida em Pintolândia I, II, III e IV. No final da década passada, a nomenclatura destes bairros mudou. O primeiro permanece como Pintolândia, o segundo passou a se chamar Dr. Sílvio Botelho, o terceiro é Santa Luzia e o quarto recebeu o nome de Senador Hélio Campos.

As diferenças no histórico do bairro Santa Luzia é que, ao contrário do que ocorreu no Pintolândia e Dr. Sílvio Botelho, onde casas de alvenaria e madeira foram doadas, os inscritos recebiam de acordo com a pesquisa qualitativa da Secretaria Municipal

Mapa de localização da atuação das gangues ‹galeras› presentes na zona oeste
de Boa Vista, estado de Roraima (RR), no contexto urbano. (Imagem
SIVAM/adaptações 2014).
Figura 1
Mapa de localização da atuação das gangues ‹galeras› presentes na zona oeste de Boa Vista, estado de Roraima (RR), no contexto urbano. (Imagem SIVAM/adaptações 2014).
Rodeval Marques com adaptações

de Gestão Social (SEMGE), um lote de terra e um ‘kit construção’, que continha quatro dúzias de tábuas, uma dúzia de pernas-mancas (caibro que sustenta as telhas), cinco sacos de cimento e 40 telhas. Tais materiais eram suficientes para construir uma moradia de 3m x 3m.

Este material foi recebido por Maria das Neves de Jesus (52) costureira. Depois de oito meses morando de aluguel em uma estância no bairro São Vicente, Maria das Neves, que havia chegado de Santarém, no Pará, se inscreveu na Secretaria de Estado do Trabalho e Bem-Estar Social (SETRABES) e foi sorteada. «Em dois dias eu e o meu marido fizemos o barraco e viemos com os nossos filhos morar aqui», ela relembra, acrescentando que, apesar da fama, não considera a região violenta e se habituou ao local onde reside.

A energia elétrica, na época, era proveniente de ‹gato› e a água era adquirida com moradores dos bairros vizinhos. Segundo a costureira, que mora na rua S 17, as ligações elétricas foram feitas com arame farpado. Porém, por volta de 1994, à água foi canalizada com ajuda dos próprios moradores, que cavaram as valas para pôr os canos, e a eletricidade foi regularizada.

É relevante destacar que, esses bairros também foram focos de invasões e a pressão policial para impedir as ocupações ilegais foi grande. Em uma destas ações, em 1994, barracos foram destruídos, contudo, apesar disso, muitas famílias permaneceram morando na região. Hoje, estes bairros contam com 36.965 pessoas, o que faz dele a região mais populosa de Boa Vista.

Já os bairros Equatorial e Cruviana têm suas origens peculiares. As terras onde hoje se localiza o bairro Equatorial pertenciam a proprietário particular e em meados da década de 80 foram adquiridas pelo governo do ex-território. A ocupação da extensa área foi rápida e logo houve a divisão dos aglomerados em Equatorial I (atual Dr. Sílvio Botelho), II (hoje é o Alvorada) e III (permaneceu com a denominação inicial).

O bairro Cruviana surge através de um programa social em que faz parte os três entes federativos, intitulado ‹Minha casa Minha vida›. Aproximadamente cinco mil famílias se inscreveram no período de maio a dezembro de 2010, depois foram pré-selecionadas e mil tiveram o cadastro aprovado pela Caixa Econômica Federal.

Em Boa Vista sempre houve grupos de gangues, mas no decorrer da historia da capital, muitos grupos foram desaparecendo e outros surgindo. Na zona oeste, área mais nova, este processo se repetiu. Atualmente temos cinco gangues ou ‹galeras›: Top Love, Galinhas, DDR (Donos Da Rua), Atritos e Cruviana.

A gangue Top Love surgiu aproximadamente em fevereiro de 2010; sua formação inicial era apenas garotas que se organizavam para falar de seus relacionamentos amorosos, fazer brincadeiras em redes sociais. Só que aos poucos foi entrando jovens do sexo masculino, o grupo passou a se reunir nas esquinas da Avenida N-11 e bares da região. Começaram a usar drogas, fazer pequenos furtos, roubos (assaltos) e a entrar em confronto com outros grupos. Hoje, os Top Love contam com aproximadamente 120 (cento e vinte) galerosos. O grupo conta com uma extensa ficha criminal, inclusive com homicídios. Sua área de atuação começa na S-24 até S-37 (Sul/norte) e da Avenida Ataíde Teive até a Isídio Galdino de Freitas, antiga N-21 (leste/oeste), bairros Silvio Botelho e Santa Luzia. A faixa etária é de 10 (dez) a 19 (dezenove) anos.

A gangue dos Galinhas surgiu aproximadamente em abril de 2009; os precursores desta galera foram garotas que moravam na antiga S-12, Pintolândia. Elas eram conhecidas como ‹galinhas›, que significava meninas fáceis, meninas que ficam com qualquer pessoa. O grupo tinha por objetivo se relacionar com o máximo de garotos possíveis.

Com o passar do tempo foi incorporando jovens do sexo masculino, passaram a usar drogas, a se encontrarem no Bar do Quebra Molas, na Av. Lauro Pinheiro Maia, antiga N-11, bairro Pintolândia, diga-se de passagem, até hoje, esse bar é ponto de encontro desses jovens. Atualmente praticam crimes de furtos, roubos, homicídios, agressões e confrontos com seus principais rivais, os Top Love. A idade desse grupo varia de 10 (dez) a 21 (vinte e um) anos e tem em torno de 130 (cento e trinta) membros.

A gangue DDR (Donos Da Rua) é a gangue mais antiga da zona oeste; surgiu em meados do ano de 2004. É um grupo muito violento; prática homicídios e não há relatos de outros crimes; é também fornecedor de drogas para as gangues da zona oeste. Seus membros são muito discretos e não tão jovens como as outras gangues ‹galeras›. Seu território se mistura com os Galinhas e Top Love.

A gangue Atritos é a menor gangue da zona oeste da capital e tem um pequeno território que fica inserido dentro da área da gangue dos Galinhas. A rua de atuação dos Atritos é a N-15, N16, S-14 e S-15, bairros Senador Hélio Campos e Pintolândia. Sobre a origem desta Gangue não há relatos, mais segundo os membros tem aproximadamente 3 (três) anos. Não existe presença feminina entre os seus membros e a faixa etária é entre 12 (doze) e 17 (dezessete) anos. O grupo conta com 24 membros.

A gangue Cruviana é a mais nova de todas. Sua área de atuação é o próprio bairro e tem aproximadamente 60 (sessenta) membros. A faixa etária é de 11 (onze) a 19 (dezenove) anos. Tem varias garotas como membros. Cometem furtos, roubos e dano ao patrimônio. Há registros de vários combates envolvendo a gangue Cruviana com grupos do bairro Equatorial e Conjunto Cidadão.

3. Resultados e discussões

Os dados coletados foram tabulados e convertidos em gráficos no intuito de ilustrar os resultados da pesquisa. Foram entrevistados 100 (cem) jovens, escolhidos aleatoriamente entre as gangues, sendo trinta (30) da gangue dos Galinhas, trinta (30) dos Top Love, vinte (20) dos Cruvianas, dez (10) dos Donos Da Rua (DDR) e dez (10) dos Atritos. A temática das perguntas foi direcionada para questões simples, fechadas, num total de 6 (seis) questões objetivas.

A entrevista foi realizada entre os dias quatro (4) e dezoito (18) de abril de 2014 com os jovens membros das gangues ‹galeras› conhecidos como Top Love, Galinhas, DDR (Donos da Rua), Atritos e Cruviana, situados nos bairros Pintolândia, Santa Luzia, Equatorial, Senador Hélio Campos, Cruviana e Silvio Botelho, todos da zona oeste de Boa Vista (RR). Com isso buscou-se mostrar, de forma objetiva, uma caracterização geral do envolvimento destes jovens em violência e suas relações sociais, também no que se refere ao entendimento e percepção desses entrevistados sobre em qual território que estão inseridos. Além disso, o questionário destacou aspectos e perfis destas gangues ‹galeras› e seus territórios, transcrevendo em dados para melhor discussão sobre a violência e território dessas gangues ‘galeras’.

Assim, quando perguntado sobre ‹o que levou você a ser membro de gangue (galera)› constatou-se que 60 % (sessenta per cento) disseram que sofre influência de amigos, 14 % (quatorze per cento) para cometer crimes, 12 % (doze per cento) para se sentir importante no bairro, 8 % (oito per cento) para se sentir protegido, enquanto que 6 % (seis per cento) responderam ‹outros› (Figura 2).

A maioria dos jovens entrevistados assume que são influenciados por amigos. Assim como o espaço urbano é produzido pelos agentes sociais, são produto, meio e condição (Carlos, 1994), de forma excludente, desigual e injusta, mais, por outro lado, coerente com a lógica dominante. As pessoas se deixam influenciar por grupos sociais daquele território, ainda mais os jovens, que para serem inseridos no meio de outros jovens, devem compartilhar de ideias do momento. A partir daí teremos a gênese das gangues ‹galeras›.

Caracterização geral do envolvimento dos jovens integrantes das galeras.
Elaboração: questionário aplicado aos integrantes das «gangues» galeras
Figura 2
Caracterização geral do envolvimento dos jovens integrantes das galeras. Elaboração: questionário aplicado aos integrantes das «gangues» galeras
questionário aplicado aos integrantes das «gangues» galeras

As alternativas ‹para se sentir protegido, para se sentir importante no bairro, para cometer crimes e outros› somaram juntas 40 % (quarenta per cento), significando que fatores além da amizade torna-se motivo para se reunir em grupo. Mais dentre tais respostas, a que mais preocupa é a ‹para cometer crimes›, somando 14 % (quatorze per cento). São elementos que veem o crime como diversão, algo prazeroso.

O Estado tem que agir de forma eficaz relacionado a esses jovens, dando opções e oportunidade a essas pessoas. Porque se a autoridade pública, ao se omitir das obrigações elementares em decorrência do colapso do Estado no contexto social, ‹entrega as ruas e as favelas ao império da violência e da lei do mais forte› (Abranches et al., 1989). Complementando o questionamento da figura anterior, foi perguntado ‹você tem medo de morrer em combate com gangues rivais (galeras)?› as respostas foram que 70 % (setenta per cento) disseram que sim, em contra ponto, 30 % (trinta per cento) disseram que não (Figura 3).

Observamos que a grande maioria tem medo de morrer em combate com gangues rivais. Ai fica a pergunta, se a maioria tem medo da morte em confrontos com o inimigo, por que entram e fazem parte das gangues? As respostas podem ser as mais variadas possíveis. Mais uma é certa, a influência de amigos é papel preponderante na hora de participar de gangues ‹galeras›. Segundo Abranches et al. (1989), as raízes da violência urbana possuem uma matriz multifatorial que abrange duas dimensões diferentes: a social e a moral. Essas dimensões se manifestam no macro e no microambiente social e espacial. O plano macro é caracterizado pela institucionalidade vigente, pela ordem pública constituída, onde se realiza os processos gerais da urbanização brasileira.

O microambiente é dado pela estrutura da convivência nas comunidades locais, e se realiza produzindo e consumindo um determinado espaço. No microambiente socioespacial se articulam as condições locais favoráveis à apropriação desses espaços pelas ideias criminosas. Tem-se então a formação do território da violência, onde ter medo ou não da morte vira rotina. Outra questão trabalhada foi ‹você usa drogas?› As respostas foram nesta sequência: Crack com 45 % (quarenta e cinco per cento), em seguida maconha com 33 % (trinta e três per cento), cola de sapateiro ou similares, somente álcool e outros, todos ficaram com 7 % (sete per cento). Com 1 % (um per cento), a cocaína, (Figura 4).

O resultado demonstra claramente o nível social desses jovens, visto que 78 % (setenta e oito per cento) usam maconha e crack. São drogas mais acessíveis, tanto pelo baixo custo na sua produção como pelo poder de dependência química causada ao usuário. Em contra ponto temos a cocaína, droga com custo muito elevado para os padrões desses jovens. A farinha ‹cocaína› que eles chamam, custa em torno

Situação dos integrantes das galeras em questão do medo de morrer, nos
confrontos
Figura 3
Situação dos integrantes das galeras em questão do medo de morrer, nos confrontos

Relação ao consumo de drogas.
Figura 4
Relação ao consumo de drogas.
questionário aplicado aos integrantes das «gangues» galeras

de R$ 50 (cinquenta reais), já a maconha custa apenas R$ 3 (três reais), que eles chamam de ‹um dólar›. E a pedra ‹crack›, assim é conhecida, custa entre R$ 5 (cinco reais) a R$ 10 (dez reais).

A maconha causa ao usuário euforia, sonolência, sentimento de felicidade, risos espontâneos, sem motivo algum, perda de noção do tempo, espaço, de coordenação motora, equilíbrio, fala, aceleramento do coração, podendo levar ao ataque cardíaco, momento temporário de inteligência, fome, olhos vermelhos e outras características.

Já o crack é bem pior; sua dependência é mais rápida que da maconha e seus efeitos no organismo humano é mais intenso, atingindo principalmente o sistema nervoso central. O crack é o resto, a borra, sobra da produção da cocaína. Cinco a sete vezes mais potente do que a cocaína, o crack é também mais cruel e mortífero do que ela. Possui um poder avassalador para desestruturar a personalidade, agindo em prazo muito curto e criando enorme dependência psicológica. Assim como a cocaína, não causa dependência física, o corpo não sinaliza a carência da droga e leva a óbito o usuário em menos de um ano.

O que se observa também no resultado é que o consumo de cola de sapateiro e similares, ainda é utilizado pelos jovens. Outro dado interessante é que tem jovens galerosos que somente usa álcool, droga essa aceita socialmente. Na resposta ‹outros› subentendem que também tem jovens que não usa nenhum tipo de droga, fato esse descritos por alguns jovens ouvidos. Outra questão, bem mais sensível e complexa, perguntou ‹Já matou alguém em confronto de gangues (galera)?›, e a resposta foi que 83 % (oitenta e três per cento) disseram que não, em quanto 17 % (dezessete per cento) disseram que sim (Figura 5).

A questão traz um dado interessante, onde 17 % (dezessete per cento) são réus confessos, ou seja, aproximadamente 60 membros de galeras já cometeram homicídio, um crime de natureza grave, demonstrando assim, o grau de violência desses grupos.

A questão seguinte ‹Quais são os crimes que vocês mais cometem?›, temos a seguinte sequência: furtos e roubos 41 % (quarenta e um per cento), ou seja, a grande maioria disse que cometeram estes crimes, lesão corporal com 23 % (vinte e três per cento), venda de drogas 14 (quatorze per cento), homicídio 12 % (doze per cento), arrombamentos e outros com 4 % (quatro per cento), dano ao patrimônio publico com apenas 2 % (dois per cento), (Figura 6).

Sobre os crimes perguntados, temos quatro modalidades de infrações: crimes contra o patrimônio, a saber, furtos e roubos e arrombamentos, crimes contra a vida, homicídio e lesão corporal, crime contra a saúde publica, ‹venda de drogas› e crimes contra o patrimônio publico.

A lesão corporal é resultado dos combates envolvendo as gangues, que quando se intensificam chagam a causar mortes, no caso os homicídios. Esses dois delitos contra a vida correspondem a 35 % (trinta e cinco per cento), significa algo preocupante para as autoridades de segurança publica, tem buscar alternativas para evitar esses confrontos reduzindo combates e consequentemente a redução desses crimes.

O crime de dano ao patrimônio público é o que ocorre com menos frequência; a explicação pode se dar pela ausência de bens públicos nessas áreas, também pela falta de

Envolvimento com assassinatos.
Figura 5
Envolvimento com assassinatos.
questionário aplicado aos integrantes das «gangues» galeras

Crimes que as galeras mais cometem.
Figura 6
Crimes que as galeras mais cometem.
questionário aplicado aos integrantes das «gangues» galeras

Demarcação dos territórios de cada galera.
Figura 7
Demarcação dos territórios de cada galera.
questionário aplicado aos integrantes das «gangues» galeras

estrutura e obras publicas nesses bairros. A última questão trabalhada foi ‹Como é feita a demarcação do território da sua gangue (galera)?›. As respostas foram que ‹Pichação com nome da gangue› teve 60 % (sessenta per cento), grande maioria. Em seguida foi ‹Pichação com a sigla da gangue› com 22 % (vinte e dois per cento) e ‹Outros meios› com 18% (dezoito per cento), (Figura 7).

Os resultados respondem por que a maioria das gangues da zona oeste de Boa Vista (RR) utiliza o nome da galera, pois as duas maiores gangues são os Galinhas e os Top Love. Gangues ‘galeras’ essas têm nomes curtos. Temos gangues que utiliza siglas, por exemplo, os DDR (Donos Da Rua). Gangue que conta com poucos integrantes e que tem um território pequeno.

As gangues que aterrorizam esses bairros estão utilizando na maioria das vezes as escolas para marcar território. Em várias escolas públicas podem ser vistas, nas paredes, os nomes, siglas das gangues ‹galeras›. Segundo o comandante do 2.º batalhão da Polícia Militar, Tenente Coronel Maia, a polícia iniciou um trabalho de repressão à atuação dessas gangues, no entanto elas continuam agindo, provocando, assim, terror e medo à população desses bairros.

4. Considerações finais

Compreender as identidades territoriais e as territorialidades presentes na produção do espaço urbano por grupos de gangues ‹galeras› na cidade de Boa Vista estado de Roraima, Brasil, acrescentado à perspectiva da violência entre essas gangues, mapear as gangues ‹galeras› presentes na zona oeste desta cidade e identificar as relações conflituosas e conflitantes das gangues nas suas diversas áreas de atuação, foram os objetivos desta investigação.

A investigação foi interessante e importante porque pode perceber quem são e como agem os grupos de gangues e galeras de Boa Vista. Na pesquisa de campo, o contato com essas gangues ‹galeras› foi essencial para estabelecer uma relação de confiabilidade no processo de discussão das respostas, mesmo as questões sendo com opções, o examinado teve liberdade para dar resposta de suas vidas e convívios As referências bibliográficas foram importantes para enriquecer e dar cientificidade do proposito da pesquisa. Trazendo respostas e implicações epistemológicas para quem tenha vontade de buscar retornos para esta problemática hoje enfrentada pela sociedade roraimense, mais precisamente na sua capital Boa Vista.

É preciso que a violência urbana, como fenômeno biopsicossocial, não seja vista como algo que acomete unicamente alguns territórios em função de determinadas peculiaridades que se fazem presentes, em especial nos locais de maiores carências sociais. Ela é um fenômeno que faz parte da humanidade integrando a consciência histórica pessoal dos indivíduos. Está presente em todo e qualquer setor da vida humana e não pode ser combatida a partir de conceitos ideológicos, mas de ações que contemplem todos os estudos necessários ao seu conhecimento e origens, quer no campo conceitual geral, quer na particularização de determinados fenômenos que se acentuam em algumas sociedades.

Os jovens infratores membros das gangues ‹galeras› não devem ser vistos simplesmente como inimigos da sociedade boa vistense, conforme muitas vezes são postas publicamente em jornais locais. Eles não são somente causa da violência, mas consequência dela e, por isto, precisam ser conhecidos quanto às suas condições e necessidades.

Quando nos deparamos diante das situações de enfrentamento e combate a violência e que precisam ser resolvidas por imposição da lei e do interesse individual ou coletivo. A violência das gangues deve ser encarada como algo que está sempre presente na vida desses meliantes que atuam na área oeste da capital e que ela é, na maioria dos casos, tal como se apresenta, em outros locais sociais. O que é necessário para a solução da violência nesses territórios, é a efetiva presença da polícia, pela sua legalidade que impõe a defesa da sociedade e dos próprios jovens infratores. Não deve ser confundida e nem generalizada como o único ato ou meio de resolução dos conflitos envolvendo os membros de galeras. Por fim, a solução de problemas de segurança pública não afeta unicamente às gangues ou às ‹galeras›, mas todos os segmentos da sociedade que precisam envolver-se nas questões da violência, pois fazemos parte dela. Isto é, todos nós temos que ter a consciência da importância que cada um representa socialmente, uma responsabilidade na solução dos conflitos e a condução do melhor convívio em seu território.

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