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A DESCONSTRUÇÃO E A CONSTRUÇÃO DO NOVO: AS CÓPIAS NA CHINA, CONFORME BYUNG-CHUL HAN
Edgardo Moreira Neto
Edgardo Moreira Neto
A DESCONSTRUÇÃO E A CONSTRUÇÃO DO NOVO: AS CÓPIAS NA CHINA, CONFORME BYUNG-CHUL HAN
Deconstructing and constructing the new: the Chinese copy according to Byung-Chul Han
La desconstrucción y la construcción del nuevo: las copias en China según Byung-Chul Han
Signos do Consumo, vol. 14, núm. 1, e195684, 2022
Escola de Comunicações e Artes da USP
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RESUMO: O filósofo sul-coreano Byung-Chul Han tratou de analisar a cultura das cópias chinesas em seu texto de 2011, SHANZHAI: A arte da falsificação e a desconstrução na China , ainda sem tradução para o português. Para os chineses, a noção de que há uma permanência (ser) nas coisas dá lugar à noção de caminho ( Tao ) e de transformação (Quan) . Desse modo, as cópias, ou o Shanzhai , não são malvistas, pois são compreendidas como elementos transformados, em um processo contínuo e ininterrupto de melhoria. Esse é o mote do livro ora resenhado.

PALAVRAS-CHAVE: China, Cópias, Fake.

ABSTRACT: In his 2011 essay SHANZHAI: The Art of Counterfeiting and Deconstruction in China , not yet translated into Portuguese, South Korean philosopher Byung-Chul Han analyzes the Chinese copy culture. For the Chinese, the notion of the permanence (being) of things gives way to the notion of path ( Tao ) and transformation ( Quan ). Thus, copies, or Shanzhai , are not viewed negatively, rather they are understood as transformed elements, in a continuous and uninterrupted process of improvement. This is the theme of the book here reviewed.

KEYWORDS: China, Copies, Fake.

RESUMEN: El filósofo surcoreano Byung-Chul Han analiza la cultura de la copia china en su obra de 2011 SHANZHAI: el arte de la falsificación y la deconstrucción en China , aún no traducida al portugués. Para los chinos, existe la noción de que la permanencia en las cosas (el ser) da paso a la noción de camino ( Tao ) y transformación ( Quan ). Así, las copias o Shanzhai no son mal vistas, ya que se entienden como elementos transformados en un proceso continuo e ininterrumpido de mejora. Este es el lema del libro ahora revivido.

PALABRAS CLAVE: China, Copias, Falso.

Carátula del artículo

resenha

A DESCONSTRUÇÃO E A CONSTRUÇÃO DO NOVO: AS CÓPIAS NA CHINA, CONFORME BYUNG-CHUL HAN

Deconstructing and constructing the new: the Chinese copy according to Byung-Chul Han

La desconstrucción y la construcción del nuevo: las copias en China según Byung-Chul Han

Edgardo Moreira Neto
Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil
Signos do Consumo, vol. 14, núm. 1, e195684, 2022
Escola de Comunicações e Artes da USP

Recepção: 14 Março 2022

Aprovação: 06 Junho 2022

Como citar este artigo: MOREIRA NETO, E. A desconstrução e a construção do novo: as cópias na China, conforme Byung-Chul Han. Signos do Consumo , São Paulo, v. 14, n. 1, p. 1-6, Jan./Jun. 2022.

APRESENTAÇÃO

O popular filósofo sul-coreano, atualmente radicado na Alemanha, Byung-Chul Han (1959-) é bastante conhecido por suas várias publicações com textos concisos, nos quais trabalha teses muito específicas, diferenciando-se assim dos tradicionais filósofos, que elaboram grandes volumes e pesados textos. Apesar de sua popularidade mundial e de seus textos acessíveis, algumas dessas publicações ainda não chegaram traduzidas ao Brasil, como é o caso de SHANZHAI: A arte da falsificação e a desconstrução na China (tradução nossa), de 2011 – livro que faz par temático com outro, também sem tradução ao português, intitulado AUSÊNCIA: acerca da cultura e da filosofia do Extremo Oriente (tradução nossa), de 2008. Como fica explícito pelos próprios títulos, Han trata da cultura chinesa, pouco difundida no ocidente, sobretudo em nossos estudos acadêmicos, que são dominados pelas filosofias eurocêntricas.

Para suprir parte dessa lacuna, decidimos apresentar esta resenha sobre o citado texto de 2011. Nesse sentido, gostaríamos de agradecer ao arquiteto e professor Flavio de Lemos Carsalade, da UFMG, que apresentou o material que agora resenhamos. Destacamos que partimos da leitura de uma versão em castelhano argentino ( HAN, 2019 ), publicada em 2019, pela editora Caja Negra, de modo que as traduções para o português são de nossa autoria. Com isso, queremos contribuir com os lusófonos interessados nos textos do sul-coreano e com aqueles interessados na questão cultural e filosófica chinesa. SHANZHAI: A arte da falsificação e a desconstrução na China se divide em cinco partes: Quan : Direito; Zhenji : Originalidade; Xian Zhang : Carimbos poéticos; Fuzhi : Cópia; e Shanzhai : Fake . Seguiremos a mesma divisão definida pelo livro, tentando destacar as principais ideias de cada uma das seções.

QUAN : DIREITO

Byung-Chul Han inicia sua exposição lembrando que o filósofo germânico Hegel (1770-1831) acusava os chineses de serem imorais e condescendentes com a mentira. Logicamente, ele se referia ao conceito ocidental de verdade e mentira. Hegel relacionava o caráter chinês à questão religiosa, e depositava no budismo esse suposto problema. Assim, ele apontava que o budismo não admitia Deus e menosprezava o indivíduo.

A noção de “vazio” budista se contrapõe ao “ser” ocidental, que se refere à substância, ao imutável ou àquilo que permanece, apesar das mudanças, sendo algo. Assim, o pensamento chinês transcende a noção ocidental de algo imutável (o “ser”) e admite que as coisas estão sempre em processo de transformação. É o que chamam de Tao , “o caminho”. Assim, o “ser” resiste às mudanças, permanece sempre o mesmo; já o Tao busca se ajustar às transformações ao longo da jornada. A ideia de “processo” como incessante transformação domina a consciência chinesa de história e de tempo, por isso ela abstrai os conceitos de rupturas, de início e de fim. Para os chineses, a ideia de que haveria um ponto de criação inicial e absoluta é impensável. A partir desse panorama, os chineses não abarcam a ideia de “originalidade”, pois essa pressupõe a existência de um começo, uma gênese.

Na concepção chinesa, o Quan é aquilo que se ajusta ao novo, o que não tem posição conclusiva, assim com uma “balança” que varia em função do peso colocado do lado oposto. Também tem ligação com a noção de adaptar-se às diversas situações, mas beneficiando-se delas. Os chamados “direitos humanos”, por exemplo, são traduzidos como: ren quan , querendo dizer, nesse caso, que, não havendo uma posição fixa, é preciso encontrar o equilíbrio adequado. Ainda, a chamada “propriedade intelectual” ( zhi shi chan quan ) carrega semanticamente as noções de “relatividade” e de “provisoriedade” do quan . O zhi significa “conhecimento”, que, quando colocado no conceito de “propriedade intelectual”, se afasta da noção ocidental sobre o conhecimento “verdadeiro”, que precisa ser consistente, imutável e durável. Assim, a relatividade inerente ao quan desconstrói a noção de verdade essencial (ser) do conhecimento.

ZHENJI : ORIGINALIDADE

Para Sigmund Freud (1856-1939), conforme aponta Han ( 2019, p. 19 ), a memória humana não se estrutura a partir de registros sequenciais claramente organizados (tal e qual se imagina o tempo linear no ocidente), como uma consequência da vivência. Para o autor, a memória se constrói a partir de um conjunto complexo de relações psíquicas, e não funciona como conjunto de marcas carimbadas e imutáveis. Portanto, a atual psique das pessoas pode influenciar nas suas lembranças, modificando-as. Nesse ponto, a cultura chinesa (de transformação e não linearidade) se casa com a visão de Freud sobre o funcionamento das memórias (como redescrições atemporais).

O “ser” para o ocidental é sempre igual a si mesmo, ou seja, não admite qualquer tipo de reprodução. Para Platão (428 a.C. – 348 a.C.), a “beleza” e o “bem” eram imutáveis, logo, toda reprodução teria algo de “maligno”, uma vez que destruiria a pureza do original. Nesse sentido, as reproduções seriam, conforme Platão, vazias de “ser”.

A obra de arte chinesa nunca permanece igual, é sempre modificada, pois, à diferença do platonismo, a filosofia oriental não se apoia no unívoco e no uniforme , mas se assenta no processo e no multiforme . As obras de arte mais veneradas são as mais mutantes, sobre as quais se acrescentam mais e mais desenhos e inscrições. Assim, tais obras se convertem em um tipo de palimpsesto. Na China, a obra de arte se dá no processo e não no começo, do qual não guarda uma permanência necessária. A cópia de uma obra pode chegar a ser mais representativa que aquela inicial, pois pode responder melhor aos novos tempos e aos gostos dessa nova época. Na antiguidade chinesa, o aprendizado se dava pela cópia, coisa que significava respeito ao mestre. Ainda hoje, os artistas acumulam seu prestígio a partir das cópias que lhe fazem, que lá são compreendidas como grandes reverências.

É curioso notar que a noção de originalidade ocidental, submetida ao conceito de verdade , que se coloca contra a mudança (posto que a verdade seria uma só), é uma construção recente. Até o Renascimento, a obra se impunha sobre o artista, de forma que não existiam os “falsificadores”. Se obtivéssemos uma cópia superior ao seu original, estaríamos simplesmente frente a um artista melhor que o seu mestre. Michelangelo (1475-1564), por exemplo, era um excelente copiador, sem ser considerado um fraudulento.

XIAN ZHANG : CARIMBOS POÉTICOS

A arte chinesa é entendida como uma atividade comunicativa e interativa, de maneira que sua aparência é constantemente transformada por essas interações. Assim, quanto mais uma obra é conhecida, mais está submetida às interações e transformações. As pinturas chinesas contam com espaços vazios que servem para intervenções textuais poéticas, as quais são carimbadas ao longo do tempo. Entretanto, esses textos não são meros paratextos ou subtextos, eles são considerados parte da obra. Os pintores reservam ambientes nas telas para tais carimbos, de modo que não há uma soberania sobre a obra, o que se vê é um compartilhamento do resultado artístico. Esses textos não têm a mesma finalidade das assinaturas dos pintores eurocêntricos, pois, para estes, suas obras estão finalizadas a partir de suas assinaturas, dando um sentido de pertencimento subjetivo – a autoria – à sua arte.

A prática da assinatura autoral estabelece uma preponderância do artista sobre a obra. Para ilustrar o caso, recorremos ao famoso quadro O Casal Arnolfin ( VAN EYCK, 1434 ), pintado em 1434 por Jan van Eyck (1390-1441). Nele, pode ser lida a inscrição “Jan van Eyck esteve aqui 1434” sobre um espelho que reflete a imagem do próprio pintor, bem no centro do quadro – de modo a se estabelecer uma presença dupla na obra: pela assinatura e pelo autorretrato. As assinaturas sobre as obras, como essa de Jan van Eyck, estabelecem que, qualquer alteração na obra após a assinatura significa uma alteração do original, portanto uma adulteração da “verdade” – noção oposta à prática chinesa de intervenção coletiva.

FUZHI : CÓPIA

A exposição dos guerreiros chineses de terracota , que estava ocorrendo em Hamburgo em 2007, foi fechada quando se soube que tais guerreiros eram réplicas dos originais. Os chineses encararam o fechamento como uma ofensa, pois os guerreiros de terracota, de mais de dois mil anos, que foram desenterrados desde a década de 1970, foram feitos a partir de moldes. Ocorre que, para os chineses, as peças expostas em Hamburgo eram autênticas, mas não originais, de modo que simplesmente faziam parte de uma retomada de produção das estátuas; ou seja, eram réplicas da mesma qualidade que aquelas descobertas nos anos 1970. Talvez não seja sem razão o fato de que a prensa tenha sido inventada na China – antes da máquina de Gutenberg (1400-1468).

Os chineses possuem duas palavras para expressar elementos copiados; são elas: fuzhipin (para itens em que não se nota a diferença entre original e cópia) e fangzhipin (para itens em que há diferenças evidentes entre original e cópia). Para eles, as cópias e os originais possuem valores similares. Um exemplo japonês mostra bem a diferença do entendimento sobre uma cópia e um original entre ocidente e oriente: o templo de ISE possui cerca de 1300 anos e é reconstruído a cada 20 anos. Por causa disso, a Unesco decidiu retirar o título de patrimônio da humanidade, considerando que se tratava de uma edificação de “apenas” vinte anos de idade. Aqui se percebe a diferença a partir da relação entre o velho e o novo: para o ocidente, o original é o mais antigo; para o oriente, o original é o mais novo, pois pode representar melhor a perfeição, dado que está em constante melhoria.

SHANZHAI : FAKE

A palavra chinesa Shanzhai é algo como o nosso “ fake ”. Ela foi inicialmente utilizada para designar smartphones copiados, é o que chamamos de falsificações. Entretanto, aqui não se trata de cópias malfeitas, pois algumas vezes os produtos replicados são superiores aos originais. Eles também não são cópias dissimuladas, já que adotam nomes que fazem alusão à marca original – Samsung vira Samsing , por exemplo. Nesse sentido, o movimento Shanzhai busca se adequar melhor às novas situações e circunstâncias locais e temporais. Nele, ocorre um processo de “desconstrução”, de forma que a marca original se converte em algo novo e reconstruído. O Shanzhai , frente a uma nova realidade, reivindica uma transformação – é a oposição entre o “ser” ocidental e o Tao chinês. Para um ocidental, por outro lado, isso não passaria de uma simples fraude, um avanço sobre as leis de propriedade intelectual.

O movimento Shanzhai guarda as propriedades do Quan e pode ser verificado em outros aspectos que não mercadológicos e mais ligados aos outros aspectos da cultura, como na literatura ou na arquitetura. Também aparece em aspectos políticos, como no Maoismo, que pode ser considerado um Marxismo adaptado à particularidade chinesa. Como no Maoismo não havia uma luta de classes ou industriais, o comunismo na China conseguiu absorver aspectos do capitalismo, sem que isso significasse uma contradição para a população, apresentando-se como um corpo híbrido. Com o tempo, o comunismo chinês poderá se converter em uma “democracia Shanzhai ”, caso esse próprio movimento consiga produzir energias subversivas e antiautoritárias.

UMA CRÍTICA “XING-LING”

O filósofo alemão Peter Sloterdijk ( GONZÁLEZ HARBOUR, 2022 ) comenta sobre um tipo de “encantamento” que o mundo ocidental provoca nas pessoas, inclusive sobre os orientais. No campo arquitetônico, este encantamento pode ser observado por meio de um fenômeno muito peculiar: as cópias de ambientes ocidentais em solo chinês. Tais ambientes copiados buscam conformar um tipo de simulacro para que alguns chineses se sintam em países estrangeiros, mesmo estando em seu próprio país ( BOSKER, 2013 ). Esse fenômeno pode ser mais bem entendido pelos registros do artista visual François Prost (1968-) em sua obra A sindrome de Paris1 ( Figura 1 ).


Figura 1:
Ambientes chineses (os quadros à esquerda) e os originais franceses (os quadros à direita)
Fonte: fotos de François Prost (Síndrome de Paris, 2017), retiradas de: francoisprost.com. Ver Prost ( 2017 ).

A lógica ocidental é oposta à filosofia oriental, que aceita bem as chamadas cópias . A visão ocidental sobre essa questão pode ser revelada pela popular expressão “xing-ling”, que carrega duplo sentido: ao mesmo tempo que se refere genericamente a um produto copiado, também dá uma conotação de algo pejorativo. Byung-Chul Han ( 2019 ) argumenta que o entendimento ocidental de originalidade está relacionado com a noção de essencialidade, ou seja, aquilo que é colocado na obra pelo autor, dando-lhe a substância, e deve permanecer na obra eternamente, fazendo emergir o seu “ser”. Nesse sentido, para os ocidentais, desde que a essência seja mantida, mantém-se a autenticidade da obra, pois o autêntico seria a verdade na obra, uma verdade colocada pelo autor. Logo, as cópias seriam necessariamente esvaziadas de substância e a eliminação do “ser” autoral representaria a deturpação da obra.

Por fim, talvez seja tempo de tentar conciliar o Tao e o Quan chinês com a noção de “dialética hegeliana” – aquela que se refere ao constante movimento dos processos históricos ( ABBAGNANO, 2012, p. 315 ) –, apesar das duras críticas do filósofo sobre os chineses, conforme Han (2019) comenta no início de seu livro.

Material suplementar
REFERÊNCIAS
ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia. 6. ed. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2012.
BOSKER, Bianca. Original copies: architectural mimicry in contemporary China. Honolulu: University of Hawaii Press, 2013. E-book.
GONZÁLEZ HARBOUR, Berna. Peter Sloterdijk: “vienen tiempos duros para quienes viven la vida moderna”. El País, Madrid, 29 jan. 2022. Ideas. Disponível em: bit.ly/3qaMAnX. Acesso em: 16 mar. 2022.
HAN, Byung-Chul. Shanzhai: el arte de la falsificación y la deconstrucción en China. Tradução Paula Kuffer. Buenos Aires: Caja Negra, 2019.
PROST, François. Paris syndrome. 2017. 80 fotografias. Disponível em: https://bit.ly/3myfvju. Acesso em: 6 jun. 2022.
VAN EYCK, Jan. O Casal Arnolfin. 1434. Óleo sobre tábua. 82 x 60 cm.
Notas
Notas
1 O artista também trata de outras cidades, a exemplo da italiana Veneza, disponível em: francoisprost.com.
Autor notes
Doutor e mestre pela Escola de Arquitetura da UFMG, na área de concentração: teoria, produção e experiência do espaço do NPGAU. Especialista em Gestão e Tecnologia da Construção Civil, pela Escola de Engenharia da UFMG. Integrante da equipe de arquitetos do Departamento de Planejamento e Projetos, órgão pertencente à Reitoria da UFMG. Professor da Escola de Design da Universidade do Estado de Minas Gerais. Possui experiência na concepção, planejamento, coordenação e desenvolvimento de projetos de arquitetura, ambientes e urbanismo.

E-mail: Edgardo.arq@gmail.com


Figura 1:
Ambientes chineses (os quadros à esquerda) e os originais franceses (os quadros à direita)
Fonte: fotos de François Prost (Síndrome de Paris, 2017), retiradas de: francoisprost.com. Ver Prost ( 2017 ).
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