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Recepción: 27 Mayo 2022
Aprobación: 13 Agosto 2022
Publicación: 20 Enero 2023
Resumo:
Objetivo da pesquisa: Considerando as possibilidades de alteração da vivência das pessoas a partir da inclusão financeira, a temática da pesquisa foi definida em analisar as mudanças nos modos de vida da população de Chapada Gaúcha-MG a partir da criação da cooperativa de crédito Sicoob Credichapada.
Enquadramento teórico: A lente teórica que fundamenta a pesquisa é a teoria do desenvolvimento comunitário, com as visões de Garkovich (2011) e Gunton e Markey (2021), com orientação para o desenvolvimento comunitário cooperativo, apoiada em Zeuli e Radel (2005).
Metodologia: A pesquisa se utiliza de observação, análise documental e entrevistas semiestruturadas com sujeitos do território em estudo, além da utilização do diário de campo como fonte de informações.
Resultados: Os resultados evidenciam que o processo de composição do município, marcado por dificuldades, é transformado com a criação da cooperativa, gerando mudanças tematizadas como economia financeira e comodidade, auxílio ao comércio local, facilidade de acesso ao crédito, geração de empregos, capacitação de membros e colaboradores, participação cívica, apoio à agricultura local e auxílio a instituições filantrópicas.
Originalidade: Além da análise das mudanças ainda inexplorados sobre os modos de vida dos sujeitos da pesquisa, o estudo inova ao ressaltar empiricamente as contribuições da criação das cooperativas de crédito sobre diferentes aspectos de uma vida comunitária.
Contribuições teóricas e práticas: O estudo contribui para a lente teórica utilizada ao trazer aspectos em que as cooperativas de crédito podem auxiliar no desenvolvimento a partir de suas práticas. Além disso, o estudo demonstra que a atuação de instituições financeiras cooperativas pode gerar mudanças sobre os modos de vida das comunidades, sugerindo políticas voltadas para maior articulação e fortalecimento do cooperativismo financeiro no país.
Palavras-chave: Cooperativas de crédito, Desenvolvimento Comunitário, Impactos Econômicos e Sociais.
Abstract:
Research purpose: Considering the possibilities of changing people's life from financial inclusion, the research theme was defined by analyze the changes in the lifestyle of Chapada Gaúcha-MG population from the creation of the credit union Sicoob Credichapada.
Theoretical framework: The theoretical lens that underlies the research is the theory of community development, with views of Garkovich (2011) and Gunton and Markey (2021), with an orientation towards cooperative community development, supported by Zeuli and Radel (2005).
Methodology: The research uses observation, document analysis and semi-structured interviews with subjects from the territory under study, in addition to using the field diary as a source of information.
Results: The results show that the process of municipality composition, marked by difficulties, is transformed with the creation of the cooperative, generating changes thematized as financial economy and convenience, aid to local commerce, ease of access to credit, job creation, training of members and employees, civic participation, support for local agriculture and assistance to philanthropic institutions.
Originality: In addition to analyzing the still unexplored changes on the research subjects' lifestyle, the study innovates by emphasizing empirically the contributions of the creation of credit unions on different aspects of a community life.
Theoretical and practical contributions: The study contributes to the theoretical lens used by bringing aspects in which credit unions can help in the development from their practices. In addition, the study shows that the performance of cooperative financial institutions can generate changes on the communities' lifestyle, suggesting policies aimed at greater articulation and strengthening of financial cooperativism in the country.
Keywords: Credit unions, Community Development, Economic and Social Impacts.
Resumen:
Objetivo de investigación:Considerando las posibilidades de cambiar la experiencia de las personas a partir de la inclusión financiera, se definió el tema de investigación para analizar los cambios en los modos de vida de la población de Chapada Gaúcha-MG a partir de la creación de la cooperativa de ahorro y crédito Sicoob Credichapada.
Marco teórico: El lente teórico que fundamenta la investigación es la teoría del desarrollo comunitario, con la visión de Garkovich (2011) y Gunton y Markey (2021), con una orientación hacia el desarrollo comunitario cooperativo, sustentado en Zeuli y Radel (2005).
Metodología: La investigación utiliza la observación, el análisis de documentos y entrevistas semiestructuradas con sujetos del territorio de estudio, además de utilizar el diario de campo como fuente de información.
Resultados: Los resultados muestran que el proceso de composición del municipio, marcado por dificultades, se transforma con la creación de la cooperativa, generando cambios tematizados como economía financiera y conveniencia, ayuda al comercio local, facilidad de acceso al crédito, generación de empleo, formación de socios y empleados, participación ciudadana, apoyo a la agricultura local y asistencia a instituciones filantrópicas.
Originalidad: Además del análisis de los cambios aún inexplorados sobre los modos de vida de los sujetos de investigación, el estudio innova al enfatizar empíricamente las contribuciones de la creación de cooperativas de ahorro y crédito en diferentes aspectos de la vida comunitaria.
Aportes teóricos y prácticos: El estudio contribuye al lente teórico utilizado al traer aspectos en los que las cooperativas de ahorro y crédito pueden ayudar en el desarrollo de sus prácticas. Además, el estudio demuestra que la actuación de las instituciones financieras cooperativas puede generar cambios en los modos de vida de las comunidades, sugiriendo políticas encaminadas a una mayor articulación y fortalecimiento del cooperativismo financiero en el país.
Palabras clave: Cooperativas de ahorro y crédito, Desarrollo comunitario, Impactos Económicos y Sociales.
1 INTRODUÇÃO
O acesso a serviços financeiros formais tem se tornado um assunto de crescente interesse entre órgãos reguladores, formuladores de políticas e outras partes interessadas do setor financeiro (Allen, Demirguc-Kunt, Klapper, & Peria, 2016). Isso acontece principalmente porque a inclusão financeira foi recentemente reconhecida globalmente como uma chave para o desenvolvimento, uma vez que o acesso a serviços financeiros formais permite transações financeiras eficientes e seguras (Tram, Lai, & Nguyen, 2021).
Dessa forma, destaca-se a importância do acesso ao crédito como fator estimulante do desenvolvimento. Mais recentemente, a prestação de serviços pelas organizações do sistema financeiro tem sido destacada pelo seu potencial para influenciar os recursos que estão disponíveis no mercado, de forma a gerar efeitos sobre o crescimento econômico e consequente desenvolvimento das localidades (Ongore & Kusa, 2013, Morgan & Long, 2020).
É nesse contexto que os conceitos de inclusão financeira e acessibilidade financeira se tornam intimamente relacionados, apesar de suas ênfases particulares (Camacho, Molina, & Rodríguez, 2020). Isto acontece porque a inclusão financeira sublinha a capacidade de acessar e utilizar os serviços financeiros, enquanto a acessibilidade financeira se refere às condições que torna a inclusão financeira possível e se torna um componente chave para o bem-estar financeiro das comunidades (Birkenmaier & Fu, 2018). Um elemento importante para a determinação da acessibilidade financeira é a geografia das agências das instituições financeiras (Camacho et al., 2020). As agências financeiras podem ser consideradas a conexão entre as instituições financeiras e seus clientes, e por isso sua localização geográfica é tão importante (Leyshon, French, & Signoretta, 2008).
Dentre as instituições financeiras que oferecem a prestação de serviços financeiros, as cooperativas de crédito se mostram como importante instrumento na alavancagem do desenvolvimento de diversos países do mundo (Pinheiro, 2008). Entretanto, para que ocorra esse desenvolvimento, devem ser observados os valores, atitudes, hábitos e rotinas das cooperativas, além de estudar aspectos históricos, sociais, culturais e econômicos em seu ambiente de atuação, de forma a sustentar seu sucesso como organização (International Co-operative Alliance [ICA], 2021).
As cooperativas de crédito buscam, muitas vezes, a inserção financeira e social de uma parcela da população de baixa renda, às vezes sem sistema bancário, o que poderia aumentar a concorrência no sistema financeiro e consequentemente a parcela da população com acesso a essas agências de crédito, de forma a desempenhar, assim, importante papel para o desenvolvimento (Banco Central do Brasil [BACEN], 2018). Ferguson e McKillop (1997) destacaram a importância da localidade na análise das cooperativas, e ressaltavam que a evolução dessas organizações estaria ligada a fatores históricos, sociais, políticos e econômicos. Desse modo, ressalta-se a importância da localidade para o desenvolvimento, não restringindo a avaliação das cooperativas apenas a fatores internos, mas ampliando os objetivos da análise também para aspectos e abordagens sociais, corroborando com a ampliação da discussão dos efeitos dessas instituições nas localidades em que elas atuam.
Nesse cenário de inclusão financeira é que surgiu a Cooperativa de Crédito de Livre Admissão da Margem Esquerda do Urucuia e São Francisco Ltda., aqui denominada de “a [cooperativa] Sicoob Credichapada”. A Sicoob Credichapada é uma cooperativa de crédito sediada no município de Chapada Gaúcha, no norte do estado de Minas Gerais, inaugurada em setembro de 2011. A área de atuação da cooperativa está limitada aos municípios mineiros de Chapada Gaúcha, Urucuia, Pintópolis, São Francisco, Bonito de Minas, Cônego Marinho e Januária. A cooperativa foi a primeira instituição financeira do município de Chapada Gaúcha, e desde então vem oferecendo a prestação de serviços financeiros para a comunidade chapadense e demais municípios de atuação. Além disso, a cooperativa vem sendo destaque na promoção de ações sociais, tendo vencido em 1º lugar em 2016 e em 2º lugar em 2018 o Prêmio Concred Verde, na categoria Harmonia Social, que reconhece práticas de interesse pelo bem-estar comunitário; além de ter ficado em 1º lugar no Prêmio Somos Coop – Melhores do Ano 2020, na categoria de Comunicação e Difusão do Cooperativismo.
A partir da criação de uma acessibilidade mínima, com a presença de pelo menos uma agência financeira em um dado território, é que esse estudo é realizado. Assim, a questão central que move essa pesquisa é: Como se apresentam as mudanças nos modos de vida da comunidade chapadense a partir da criação da Sicoob Credichapada? Utilizando uma abordagem de desenvolvimento comunitário, o objetivo deste estudo se revela em analisar as mudanças nos modos de vida da população de Chapada Gaúcha-MG a partir da criação da Sicoob Credichapada. Especificamente, são analisados o processo de criação do território chapadense e a influência da criação da Sicoob Credichapada para a vida das pessoas dessa localidade.
O acesso físico às agências financeiras poderá aumentar o conhecimento e consciência financeira nas comunidades, o que, por sua vez, pode gerar a confiança nas instituições financeiras (Brown, Cookson, & Heimer, 2019). Além disso, é possível que haja efeitos positivos da proximidade de agências financeiras sobre a acumulação de riqueza, principalmente para famílias de baixa renda (Célerier & Matray, 2019). A inclusão financeira pode, portanto, impactar ainda na redução da pobreza e na desigualdade de renda (Tram et al., 2021), proporcionando, em um cenário otimista, oportunidades para que a população de baixa renda possa, por exemplo, investir na educação dos membros da família e também criar e gerenciar empreendimentos (Chaudhry, Ahmed, Shafiullah, & Huynh, 2020).
Assim, na medida em que este estudo revela as particularidades das mudanças nos modos de vida da comunidade de Chapada Gaúcha-MG a partir da criação da Sicoob Credichapada, há potencial para contribuir com a literatura sobre os reflexos da inclusão financeira para uma comunidade. Além disso, o artigo possui potencial para contribuir com órgãos reguladores e formuladores de políticas públicas no que diz respeito ao exame da importância de instituições financeiras para o desenvolvimento das localidades. Este último ponto pode sugerir, a esses órgãos, indícios sobre a abertura e fechamento de instituições financeiras em territórios possivelmente desassistidos.
2 PERSPECTIVA TEÓRICO-METODOLÓGICA: DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO
Apesar de o termo “desenvolvimento” possuir diversos significados, está implícito nesses significados a ideia de que o desenvolvimento se relaciona a mudanças direcionadas a algum objetivo social ou econômico específico (Garkovich, 2011). Igualmente, o conceito de “comunidade” também possui uma infinidade de significados, podendo estar relacionado a um local geograficamente delimitado com pessoas em interação social ou grupos de pessoas com interação não baseada na proximidade, mas em interesses comuns, por exemplo (Theodori, 2008). Essas diversidades de definições e estruturas conceituais entre teorias de desenvolvimento comunitário podem inclusive ser contrastantes em algum grau, influenciando o significado do desenvolvimento comunitário e sua aplicação (Gunton & Markey, 2021).
Entretanto, apesar dessa diversidade, há uma ideia que, segundo Garkovich (2011), permeia todas as conceituações de desenvolvimento comunitário: uma mudança em algum aspecto da estrutura ou vida da comunidade. Ainda segundo a autora, o grau de mudança, como ela acontece, quem é o agente de mudança ou quem se beneficia dela ainda são questões cujas respostas são reflexos de contextos políticos, ideológicos, territoriais e das perspectivas das pessoas. Nesse sentido, as mudanças nos modos de vida das pessoas e o progresso das comunidades são referências para a concepção dessas ideias de desenvolvimento (Camacho et al., 2020; Schallenberger, 2003).
Uma das contribuições para a teoria do desenvolvimento comunitário está na inserção das cooperativas como um importante veículo para o desenvolvimento, realizada inicialmente por Zeuli e Radel (2005). Os autores propõem a estratégia de “desenvolvimento cooperativo” como um complemento para o desenvolvimento comunitário, sugerindo a eficácia das cooperativas em mobilizar recursos locais a partir de sua estrutura e orientá-los para a comunidade. Com base nisso, torna-se necessário reconhecer que as contribuições sociais e econômicas das cooperativas para suas comunidades devem ser tratadas como resultados intencionais no processo de organização e operação de uma cooperativa, trazendo credibilidade no alcance dos objetivos do desenvolvimento local (Zeuli & Radel, 2005).
Diferentemente de bancos comerciais, as cooperativas de crédito não possuem objetivo de maximização de lucros e sim de fornecer serviços financeiros de forma justa aos seus membros. Por essa razão, os interesses econômicos das cooperativas de crédito estão vinculados às comunidades em que atuam, o que faz com que elas estejam engajadas no bem-estar econômico dessas localidades, alinhados com causas sociais e de desenvolvimento (Pavlovskaya & Eletto, 2021). Nesse contexto, na medida em que as cooperativas de crédito possibilitam o acesso a serviços e produtos financeiros, principalmente analisando localidades excluídas financeiramente, elas possibilitam a integração das populações e comunidades inteiras à economia e à sociedade, ampliando as oportunidades de desenvolvimento econômico e social (Schuntzemberger, Jacques, Gonçalves, & Sampaio, 2015).
Além dos aspectos relacionados à inclusão financeira e fornecimento de crédito para as localidades em que atuam, as cooperativas de crédito também contribuem para o desenvolvimento comunitário a partir da preocupação com a comunidade que é materializada por fundos de desenvolvimento comunitário, que assumem diferentes nomenclaturas nos países, mas, em geral, buscam o desenvolvimento sustentável de suas comunidades locais (Launio & Sotelo, 2021; Oczkowski, Krivokapic-Skoko, & Plummer, 2013).
Assim, a partir das perspectivas teóricas sobre o desenvolvimento comunitário, este estudo se concentra metodologicamente sob a construção do território de Chapada Gaúcha-MG e na identificação das mudanças nos modos de vida da comunidade a partir da criação da Sicoob Credichapada. Nesse sentido, a metodologia deste trabalho é orientada para a aplicação prática da teoria do desenvolvimento comunitário. Stake (2010) destaca a observação, a entrevista e análise documental como principais metodologias de pesquisa qualitativa, as quais foram utilizadas neste estudo.
Dessa forma, nesse estudo, o pesquisador se inseriu no campo, que compreende o município de Chapada Gaúcha e seus entornos, entre agosto e outubro de 2019. Essa inserção visava a identificação das mudanças nos modos de vida da comunidade com a criação da cooperativa de crédito, vivenciando a realidade vivida na localidade. Essa inserção no campo indica a utilização de estratégia metodológica de observação, que varia da observação participante à participação observante, dos objetos e sujeitos em um contexto histórico e no entendimento de suas conexões com a comunidade (Paluck & Cialdini, 2014), construindo assim as mudanças nesses modos de vida. As observações compreenderam o período de campo do pesquisador, entre agosto e outubro de 2019, em que se buscou conhecer o contexto de desenvolvimento comunitário e das realidades das pessoas, avaliando o papel da cooperativa de crédito para esse desenvolvimento.
A fim de entender a holística que compõe essa comunidade, o processo de criação do território chapadense é exposto nesse trabalho, demonstrando o ambiente em que as mudanças a partir da criação da Credichapada foram exercidas, trazendo conjunções históricas, sociais e de desenvolvimento do município a partir de uma ótica documental. A utilização de documentos e conteúdos históricos permite a compreensão do contexto das organizações, mantendo a complexidade dos fatos a partir dessas conexões e contextos específicos (Barros & Carrieri, 2015). A busca desses documentos envolveu consulta ao acervo institucional da cooperativa em estudo, bem como documentos da Biblioteca Pública Municipal de Chapada Gaúcha, como livros, revistas e cartilhas disponíveis, que permitiram compreender o contexto de desenvolvimento da comunidade.
Ainda, além da observação e da análise documental, como forma de captura das expressões das experiências dos sujeitos da pesquisa, foram utilizadas entrevistas semiestruturadas, que buscavam coletar as perspectivas dessas pessoas sobre o desenvolvimento comunitário. Foram entrevistadas pessoas da comunidade em geral, cooperados da cooperativa, representantes da administração pública municipal e de órgãos e entidades locais. As entrevistas aconteceram em diversas localidades do município de Chapada Gaúcha, tendo sido realizadas de forma presencial e gravada, com o consentimento dos entrevistados. As entrevistas foram baseadas em um roteiro que buscava capturar informações sobre o desenvolvimento do município com relação à criação da Sicoob Credichapada.
Por fim, destaca-se a utilização do diário de campo ou diário de bordo da pesquisa. O diário de campo pode ser considerado como um importante elemento para construção e apresentação dos resultados, uma vez que possibilita o registro do fenômeno de pesquisa e das observações, além de ser útil para registrar o processo de pesquisar (Medrado, Spink, & Méllo, 2014).
3 PROCESSO DE CRIAÇÃO DO TERRITÓRIO DE CHAPADA GAÚCHA
Os antecedentes históricos do município de Chapada Gaúcha, assim como os demais municípios do sertão norte mineiro, remontam frentes de expansão que datam do século XVII. Após a década de 1970, políticas públicas começaram a despertar o olhar para o cerrado na região, havendo, neste período, uma expansão da apropriação do bioma, o que obrigou famílias a deixarem suas terras de origem, enquanto as terras passavam a ser exploradas por grandes latifundiários da época. Essa expansão e implantação de monoculturas de espécies exóticas, dentre outras atividades, encontraram apoio na própria Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste – Sudene (Prefeitura Municipal de Chapada Gaúcha, 2012).
Já na segunda metade da década de 1970, o município de Chapada Gaúcha teve o início do processo de povoamento. Após estudos na localidade, a Fundação Rural Mineira – RURALMINAS instalou cerca de dez famílias para compor a então Vila dos Gaúchos, a qual se transforma em distrito no ano de 1995, passando a se chamar Chapada Gaúcha, pertencendo ao município de São Francisco, juntamente com o distrito de Serra das Araras. Fato curioso ainda aconteceu no mesmo ano de 1995, quando Chapada Gaúcha se emancipou do município de São Francisco e se torna o primeiro município do Estado de Minas Gerais a conseguir se tornar distrito e município no mesmo ano, a partir da Lei 12.030, de 21 de dezembro de 1995.
A administração do plano de assentamento pela RURALMINAS acontecia a passos lentos no início do povoado. Demorou-se, por exemplo, dois anos até a criação da primeira escola, três anos até furar o primeiro poço artesiano, depois a luz a motor. Dentre essas dificuldades, enfrentadas pelas primeiras famílias da época, ainda existiam restrições quanto ao trabalho na própria terra. Conseguir financiamentos era complicado e com juros mais altos, pois os bancos não acreditavam na produtividade das terras. A falta de água para germinação, a falta de preparo do solo e a queimada de safras, sem seguros, além da falta de maquinário para colheita também fizeram com que muitos produtores perdessem muitos hectares de plantações durante os primeiros anos de colonização da região (Prefeitura Municipal de Chapada Gaúcha, 2012).
Dado esse contexto de desenvolvimento da Vila dos Gaúchos para posterior município de Chapada Gaúcha, há que se destacar o importante papel da Cooperativa Agropecuária Pioneira Ltda. (COOAPI). A COOAPI foi fundada em 1982 a partir da iniciativa de agricultores gaúchos com o objetivo de viabilizar a atividade econômica e comercial para as famílias residentes na comunidade. No início, a COOAPI começou atuando principalmente com o fornecimento de insumos para seus cooperados, para que eles pudessem fazer suas plantações com os recursos exigidos pelo solo, e posteriormente auxiliava na comercialização da produção. Um tempo depois da fundação da cooperativa COOAPI, os funcionários da RURALMINAS deixaram a então Vila dos Gaúchos e a COOAPI passou a ser responsável pelo fornecimento de água e de energia para a comunidade (COOAPI, 2021).
Para o entendimento dos processos recentes que envolvem o município de Chapada Gaúcha e seu desenvolvimento, ressalta-se que esse processo de desenvolvimento do município é marcado por uma série de dificuldades, mas que foram apresentando melhorias ao longo do tempo.
Além dos contextos socioeconômicos, históricos e geográficos, destaca-se ainda a oferta de serviços financeiros em Chapada Gaúcha. Segundo o Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (SESCOOP, 2017), até o ano de 2009 era possível observar em Chapada Gaúcha um alto nível de inadimplência e visualizar ainda práticas de gestão desatualizadas, como cadernos de anotações e notas promissórias. Esse movimento se dava principalmente ao fato de não haver, na época, uma agência bancária na cidade, o que fazia com que os serviços financeiros demandados pela população, como saque de salários, aposentadoria, pensão, dentre outros, fossem realizados em outras cidades, como a cidade mineira de Januária, que fica a 170 Km de distância, em estrada de terra, de Chapada Gaúcha (SESCOOP, 2017).
A realização desses serviços financeiros em outros municípios resultava no fato de que boa parte do dinheiro sacado pelas pessoas acabava ficando nesses municípios, onde realizavam suas compras antes de voltar para a Chapada Gaúcha. Essa ausência de agência bancária no munícipio de Chapada Gaúcha motivou os moradores e comerciantes da cidade a fundarem um banco comunitário, que seria responsável pela administração de uma moeda alternativa ao Real, denominada moeda “vereda”, também chamada de moeda local ou moeda social. Em Julho de 2009, foi então inaugurado o primeiro banco comunitário de Minas Gerais, o Banco Comunitário Chapadense, uma iniciativa do Instituto Palmas de Desenvolvimento e Socioeconomia Solidária e da Fundação Banco do Brasil, e administrado pela Agência de Desenvolvimento Local de Chapada Gaúcha – ADISC.
Dentre os principais objetivos do Banco Comunitário Chapadense estavam a promoção do desenvolvimento por meio da criação de redes locais de produção e consumo, baseando-se em princípios de economia solidária e com amparo a diversos públicos, que não possuíam acesso ao crédito em outras instituições financeiras (Prefeitura Municipal de Chapada Gaúcha, 2012). Dentre os serviços prestados pelo Banco Comunitário Chapadense estavam: crédito para o consumo local; contratação de empréstimos; crédito produtivo; abertura e extrato de conta corrente; seguro de vida; pagamento de funcionários públicos; recebimento de títulos; recebimento de convênios (água, luz, telefone e outros); saque de cliente do Banco do Brasil; pagamento de aposentados e pagamento de benefícios de seguridade social.
Pouco tempo depois da criação do Banco Comunitário Chapadense, inaugurava-se em Chapada Gaúcha a Cooperativa de Crédito de Livre Admissão da Margem Esquerda do Urucuia e São Francisco Ltda., a Sicoob Credichapada. Nesse sentido, a criação, tanto do Banco Comunitário e posteriormente da Sicoob Credichapada possuíam possibilidade de geração de desenvolvimento no município de Chapada Gaúcha, considerando a já destacada importância do crédito para o desenvolvimento. O crédito disponibilizado por instituições financeiras pode gerar oportunidades para crescimento e também de renda para a população, o que, por sua vez, pode gerar desenvolvimento econômico e social (Schuntzemberger et al., 2015).
Desde sua fundação, a Credichapada vem sendo reconhecida pelas suas ações voltadas para o desenvolvimento econômico e social da localidade em que atua. Assim, na próxima seção foca-se nas mudanças dos modos de vida da comunidade, proporcionados com a criação da cooperativa na região de Chapada Gaúcha.
4 MUDANÇAS NOS MODOS DE VIDA DA COMUNIDADE A PARTIR DA CRIAÇÃO DA SICOOB CREDICHAPADA
Partindo do entendimento de que transformações em uma determinada localidade é possível a partir da força de uma comunidade ativa que reconhece suas potencialidades por meio dessas relações de interação em grupo, tem-se que o foco dessa transformação está nos próprios agentes dessa localidade (Ávila, 2006; Zeuli & Radel, 2005). Nesse sentido, as constatações de transformações dos modos de vida da comunidade aqui assumidas, partem de questões observadas pelo pesquisador e também por aspectos vividos e narrados pelos sujeitos desta pesquisa, assumindo-os como protagonistas das transformações de suas próprias condições de existência. A percepção dos sujeitos da pesquisa é um ponto de partida fundamental para compreender o contexto de transformação de Chapada Gaúcha, pois parte de uma participação de inclusão que busca trazer à tona as dimensões desse processo que são importantes para a comunidade em estudo.
Dessa forma, são reproduzidos os reflexos que a criação da Sicoob Credichapada provocou e provoca na comunidade e em seu meio de atuação. São identificados os efeitos econômicos e sociais concretizados na área de atuação da Sicoob Credichapada, com foco em Chapada Gaúcha, a partir da observação e das entrevistas realizadas com diferentes agentes da população local. Ressalta-se que essas melhorias de qualidade de vida vivenciadas a partir do cooperativismo de crédito, na figura da Credichapada, é resultado da crença inicial do grupo de pessoas responsáveis pela fundação da cooperativa, os quais são reconhecidos como agentes iniciais para o desenvolvimento, mas que não são foco deste trabalho.
Com o intuito de analisar os dados coletados com as observações e as entrevistas, foi aplicada a Análise de Conteúdo. A partir da Análise de Conteúdo, foram construídos temas de mudanças sobre os modos de vida. Feita essa análise dos dados das transcrições das entrevistas e das notas de campo (originadas do diário), foram adotadas 8 categorias para análise dos dados: 1) economia financeira e comodidade, 2) auxílio ao comércio local; 3) facilidade de acesso ao crédito; 4) geração de empregos; 5) capacitação de membros e colaboradores; 6) participação cívica; 7) apoio à agricultura local; e 8) auxílio a instituições filantrópicas.
Destaca-se que quando questionados sobre a melhoria das condições de vida e dos impactos econômicos e sociais em Chapada Gaúcha a partir da ocorrência da fundação da Sicoob Credichapada, as pessoas, com as quais o pesquisador dialogou e entrevistou, assentiram positivamente para as mudanças a partir da criação da cooperativa para a comunidade local. Essa visão pode ser observada em associados e não associados, comerciantes, funcionários de outras organizações, representantes da administração pública, professores e a comunidade de forma geral. Esse fragmento de entrevista ilustra que as mudanças aconteceram tanto em termos de transformações econômicas quanto sociais, ficando claro na fala de um representante da administração pública, ao relatar que:
[...] isso é tanto no aspecto social, como um aspecto financeiro. Só pra ti ter uma ideia, nós tínhamos aqui dentro do município de Chapada Gaúcha, nós não tínhamos uma instituição financeira, e a cooperativa, com a criação da cooperativa, ela pôde ofertar essa questão de serviço financeiro, de serviços bancários. Ela é uma cooperativa, mas no caso presta serviço bancário. [...] o ganho social indireto com isso já foi muito importante, sem contar que teve muitas outras ações voltadas pela iniciativa da parte da própria cooperativa mesmo. [grifos nossos] (Administração Pública 06).
Nos grifos pode ser observada a percepção de que a implementação e oferta de serviços financeiros pela cooperativa por si só já seria capaz de trazer transformações econômicas para a sociedade. Além disso, o representante ainda considera que essa própria função do crédito poderia ser responsável pela geração de ganhos sociais, além de considerar também que a Credichapada realiza outras ações que promovem também transformações sociais.
Partindo para as categorias de análise dessas mudanças, a primeira delas se refere à economia financeira e comodidade. Esta categoria diz respeito à economia que as pessoas passaram a ter apenas pelo fato de a agência da Credichapada estar localizada no próprio município de Chapada Gaúcha. Antes da criação da cooperativa, o acesso às outras instituições em outros municípios era feito em estrada de chão. Além da questão da economia de recursos financeiros dispendida no deslocamento de Chapada Gaúcha até outros municípios da região, há também o tempo gasto nessas viagens lentas, devido às estradas de chão, fazendo com que as pessoas tivessem que dedicar boa parte do dia, ou o dia todo, para ter que fazer essas operações financeiras.
Essa economia e comodidade já foi ressaltada pela literatura como uma estratégia local de inclusão financeira promovida pelas cooperativas de crédito, em que Pavlovskaya e Eletto (2021) destacam que o compromisso das cooperativas de crédito com o desenvolvimento comunitário e a inclusão de grupos desfavorecidos abrange perspectivas espaciais.
Em diversas falas de trechos de conversas e de entrevistas pode ser observada a ‘economia financeira e comodidade’ como impacto positivo da constituição da Credichapada, como por exemplo:
Tudo é questão de agilidade dos processos, distância das agências bancárias... Quando criou o Sicoob, a gente não tinha nenhuma agência bancária de Chapada Gaúcha, então ou tinha que ir em Januária, 170 km de chão, ou em Arinos, a mais próxima, 100 km [...]. Eu acho que foi um divisor, porque a pessoa tem que ir no banco muitas vezes [...], aí chegar, viajar 170 km chegar lá e não ser atendido, ter que ficar pro outro dia... Aqui não, a pessoa sai de casa, vai e resolve seus problemas. (Entrevistado 08).
[...] porque realmente era 3 horas daqui em Arinos. 100 km você gastava 3 horas, se tivesse chovendo então você podia desistir [...]. Era uma tristeza, dá nem pra lembrar. (Entrevistado 10).
[...] mas já pensou quantas viagens um produtor tinha que ir em Arinos, tinha que ir em Januária? Quantas vezes tinha que ir lá, por quantas burocracias, burrocracias, que a gente costuma dizer que, “ah assinatura... volta...” entendeu... Então o que que isso trouxe de prejuízo? Então [a comunidade] ganhou sim, com certeza. (Entrevistado 15).
Todo esse desgaste pode ser evidenciado na fala de uma das entrevistadas que relatou a situação dos servidores públicos na época em que não havia uma agência em Chapada Gaúcha. Ela ressaltava que havia um rodízio para o recebimento de salário dos servidores, em que eles se dirigiam à cidade de Arinos para que pudessem receber. Além disso, ela ressalta que, se por algum motivo algum funcionário não pudesse ir receber no dia para o qual tivesse sido escalado naquele mês, ficaria até o próximo mês sem receber, caso não providenciasse um transporte particular para que fosse receber o salário (Notas de campo, 16 Set. 2019). Outro impacto observado a partir dos dados foi o auxílio ao comércio local proporcionado pela Sicoob Credichapada. Além dos próprios benefícios gerados pela implantação da agência, a cooperativa busca sempre apoiar o comércio local com parcerias e estímulos a eventos que acontecem na região, além de facilitar as movimentações financeiras para os comerciantes. Nesse sentido, uma das representantes do comércio local afirma que houve desenvolvimento do comércio a partir da criação da cooperativa, e destaca que há uma prontidão da Credichapada em estimular iniciativas que busquem desenvolver a economia local. A representante destaca que é importante receber auxílios para eventos locais porque eles influenciam no nível de renda e de vendas dos empresários da cidade, fazendo com que mais recurso fique na economia local, o que é facilitado pela presença da Credichapada, pois segundo ela:
O que que o comércio ganha com isso? A gente chegou à conclusão de que, segundo as pesquisas, que 30% do volume do comércio nesses 6 dias de evento [Encontro dos Povos – evento local] aumentava 30%, então que isso pro comércio [...] é um evento que traz, não um evento que leva embora. Traz para o comércio, aquece o comércio local. Agita o turismo de todo o lugar, e aí movimenta o comércio local. (Representante Comércio Local).
Outra temática, bastante destacada, foi a de facilidade de acesso ao crédito. Essa categoria se voltou para duas principais características: os serviços financeiros mais baratos e a acessibilidade ao crédito (interligados) e a criação de riqueza. Essa característica de taxas mais baixas, aliada ao fato de as cooperativas de crédito suprirem, muitas vezes, a carência ao crédito (acessibilidade), seria um fator importante com relação ao desenvolvimento econômico e social das localidades (Jacques & Gonçalves, 2016). Ainda dentre os serviços financeiros mais baratos, destaques foram dados às taxas zero de manutenção de conta e ao fato de o dinheiro retornar todo para a comunidade local, o que não aconteceria no caso dos bancos. No trecho a seguir pode ser ilustrado esse aspecto:
[...] mas assim, se você pensar, por exemplo, manutenção de conta, a gente não paga, a gente paga mas recebe de volta. E os outros bancos? E as taxas? Então a pessoa as vezes não faz essa continha que é fácil. Sem falar que o dinheiro fica todo aqui pra cidade, até o que sobra volta pra gente. E fora gente, fora que se tiver um erro eu falo com o gerente, ele tá aqui, entendeu, gente daqui, a cooperativa também é minha. (Entrevistado 10).
Com relação à criação de riqueza, a lógica segue a mesma linha, que a Credichapada estaria auxiliando seus cooperados a criar riqueza na localidade, a partir da implementação de cursos de capacitação para lidar com dinheiro – que geraria economia de recursos – e no acesso aos produtos e serviços financeiros mais baratos que proporcionam empréstimos residenciais, comerciais e a própria acumulação de juros, criando riqueza para o cooperado. Essas características estão aliadas aos efeitos benéficos da inclusão financeira para os indivíduos, na medida em que trazem essa proximidade com os intermediários financeiros e, consequentemente, possuem potencial para impulsionar o desenvolvimento (Allen et al., 2016; Morgan & Long, 2020; Tram et al., 2021). Além disso é possível destacar o fato de os recursos permanecerem no município, acumulando riqueza e movimentando a economia local, conforme observado no trecho a seguir:
Eu acho que a grande vantagem da [cooperativa] de crédito é que o volume da cooperativa de crédito acumulado vai ficar no município [...], os donos estão aqui, os sócios são os proprietários. Então o recurso fica e é investido aqui, então é muito importante que fique aqui. Porque no caso [...] [dos outros bancos] vem aqui, trabalha, vende o dinheiro, recebe e o lucro vai pra outra cidade, não fica aqui, enquanto que na cooperativa trabalha, tem retorno, custo mais baixo, e o que sobra é investido aqui. Então muito importante. (Administração Pública 07).
A próxima categoria que emergiu foi a geração de empregos. A percepção dos agentes da pesquisa é a de que a cooperativa gera empregos direta e indiretamente. Diretamente a partir dos colaboradores da cooperativa. Indiretamente a percepção é voltada para dois aspectos: 1) se gera empregos para os colaboradores na cooperativa, eles recebem salários e movimentam o comércio local, que refletiria numa maior empregabilidade; e 2) a partir do momento em que se facilita o acesso ao crédito, a produção rural aumenta e os produtores passam a precisar de um maior número de mão-de-obra para as lavouras. Esses dois aspectos ressaltam a importância das iniciativas da cooperativa para o desenvolvimento comunitário, uma vez que, segundo Jacques e Gonçalves (2016), as cooperativas de crédito possibilitam a formação de poupança e financia as iniciativas empresariais, resultando em benefícios como geração de empregos para a comunidade e distribuição de renda.
Implicitamente também foi possível perceber que com o crescimento da economia local, em partes devido à Credichapada, e a maior facilidade de financiamentos residenciais, também teria aumentado os empregos para profissionais da área de construção civil.
[...] quando começou a cooperativa eles tiveram até dificuldade de achar gente pra trabalhar. Não tinha gente formada pra saber trabalhar lá, mexer com os computadores, essas coisas. A Eliene que trabalhava no Banquinho [Banco Comunitário Chapadense] e que depois foi pra lá [Credichapada] e tá lá até hoje. (Entrevistado 11)
Depois que a cooperativa começou a crescer ainda faltava gente que sabia pra poder trabalhar no Sicoob, aí eles tinham que contratar a pessoa e ir ensinando devagar. Agora que já tem os meninos estudados, que estudaram e trabalham lá [...]. (Entrevistado 26).
Já com relação à categoria de capacitação de membros e colaboradores, ficou ressaltado o fato de a Credichapada promover ações que capacitem ou que deem auxílio aos cooperados e aos funcionários. As informações e portais institucionais da cooperativa permitiram realizar o levantamento de ações que indicam os resultados desta categoria de análise.
Para os cooperados e funcionários regularmente são oferecidos cursos de capacitação financeira, de gestão de finanças pessoais e a cooperativa também está em constante parceria com questões relacionadas ao agronegócio, aos negócios locais e a possíveis futuros empreendedores. Exemplo dessas ações é a parceria da Sicoob Credichapada como Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais (SEBRAE-MG) e Junta Comercial do Estado de Minas Gerais (JUCEMG), dentre outras, para a criação da Sala Mineira do Empreendedor, inaugurada em 25 de Janeiro de 2019, promovendo orientações, informações, serviços e capacitações referentes ao processo de abertura de empresas, estimulando o empreendedorismo na localidade.
A cooperativa também promove encontros de discussão e capacitação específica para os colaboradores, sobre o cenário econômico e finanças pessoais, por exemplo, e que identificadas pela análise documental do estudo. Essa promoção de treinamentos, formação e capacitação dos cooperados e colaboradores é uma das formas de exercício da educação cooperativista, um dos princípios do movimento cooperativista que fundamenta o desenvolvimento das cooperativas e das localidades (Ferreira & Sousa, 2019; ICA, 2021). Em pesquisa realizada com membros de cooperativas australianas, Oczkowski et. al. (2013) destacam a importância atribuída à educação, formação e informação dos membros como fundamental para a orientação e desenvolvimento das próprias cooperativas e das comunidades em seu entorno. Zeuli e Radel (2005) destacam que as cooperativas conseguem construir o capital humano local a partir da educação dos seus membros e colaboradores, o que, por sua vez, potencializa o desenvolvimento comunitário.
Outra temática de impactos que surgiu é a participação cívica. Essa temática diz respeito ao espírito democrático que os cooperados passam a ter na esfera política. A partir do envolvimento com a cooperativa e com sua atividade, muitos cooperados passam a ter conhecimentos e exigir questões sobre a transparência e a responsabilidade do que é feito com a organização, uma vez que eles também são proprietários. Nesse sentido, o cooperado leva essas questões para o lado cívico de sua vida, passando a exigir transparência e responsabilidade para a administração pública e até para a sociedade civil de forma geral. Essa transformação pode ser ilustrada com fragmento de fala de um cooperado e também pela fala de um gestor público municipal:
[...] porque a gente aprende que o dinheiro é nosso e aí começa a cobrar dos outros que tem que ser honesto com o que não é só deles. (Cooperado 10).
[...] nas outras gestões eu não sei o porquê não tinha tanta cobrança, agora pode ser até que seja até o momento político, ou as pessoas estão aprendendo a cuidar do dinheiro, mas tem bastante cobrança [...]. (Administração Pública 08).
Esse tipo de mudança em recursos humanos, sociais, ambientais, financeiros ou conjuntos, como a participação cívica da comunidade, é destacado por Zeuli e Radel (2005) como um dos impactos mais substanciais das cooperativas para o desenvolvimento comunitário. Os autores ressaltam que a contribuição potencial das cooperativas para o desenvolvimento do capital humano é mais ampla do que outras organizações, uma vez que nas cooperativas há a possibilidade da participação efetiva de todos os membros da organização.
Outro aspecto que foi destacado como importância da Credichapada para o desenvolvimento local de Chapada Gaúcha foi o apoio à agricultura local. Visando auxiliar os agricultores e produtores rurais, a Credichapada auxilia no desenvolvimento da agricultura local ao passo que oferece e apoia capacitações para os cooperados e fornecem crédito para que os produtores possam viabilizar suas atividades. Na fala de cooperados e produtores rurais pode-se perceber a importância da cooperativa para a manutenção da agricultura local:
[...] porque antes tinha que ficar viajando pra tentar conseguir recurso e era muito complicado ainda pra conseguir. Era tudo muito difícil, outras cidades, porque nem sempre dava pra largar a produção pra ir. Hoje em dia qualquer tempinho que tem no plantio ou na colheita já dá pra passar no Sicoob [...]. (Cooperado 09).
[...] então eu vejo que ela pensa em todos, do grande produtor que tem financiamento até o microempreendedor e produtor familiar, então eu acho que tá bem amplo o leque deles. Então eu acho que esse papel de preocupação social da Credichapada é exemplar, é muito bom. (Entrevistado 08).
Segundo um responsável pela administração pública do município, esse apoio ao pequeno produtor (grifos anteriores) é importante para a manutenção da agricultura familiar e para que esses produtores consigam continuar produzindo, melhorando suas condições de vida e mantendo suas propriedades em suas terras. Na fala da entrevista a seguir é possível ilustrar essa preocupação:
[...] tem a parte do município mais do interior, que é onde tá muito carente ainda né, então é importante a gente fazer um trabalho com os pequenos produtores da agricultura familiar, pra que ele consiga produzir. [...] isso é importante porque realmente essas pessoas possam ganhar seu dinheiro e consigam melhorar a sua condição da vida [...]. Porque se a gente não der condição dessas pessoas trabalhar, o que vai acontecer realmente é isso: quem está estruturado vai comprando as terras e vai acabar daqui em poucos anos meia dúzia de gente ser dono da maioria das terras da Chapada, e o resto da população fica aí na dependência de emprego, ou ter que ir embora né. Então por isso que a gente tem que incentivar o produtor, principalmente da agricultura familiar, pra que ele fique em sua terra, pra que produza, que possa sustentar sua família lá e não ter que ir embora. (Administração Pública 08).
Por fim, mas não menos importante, destaca-se a categoria de impactos econômicos e sociais, voltada para ações sociais que beneficiem toda a comunidade da área de atuação da Sicoob Credichapada. Uma dessas ações é o apoio financeiro à Associação Palotino de Chapada Gaúcha. A Associação foi idealizada e criada pelo Padre Gilberto Antônio Orsolin, que é membro da Sociedade do Apostolado Católico dos padres e irmãos palotinos. No início a Associação Palotino possuía principalmente o Projeto Palotino de Adoção de Coração que era um projeto em que pessoas de países como a Itália, Alemanha, dentre outros, “apadrinhavam” crianças e jovens de 0 a 18 anos de Chapada Gaúcha e enviavam recursos financeiros para que essas crianças pudessem ter atendimento odontológico, condições de comprar materiais escolares e de comprar alimentos. O projeto atendia cerca de 400 crianças na época em que esteve em vigor.
Com o fim do Projeto Adoção de Coração, a Associação Palotino passou a desenvolver o Projeto de Gabinete Odontológico, o qual continua sendo desenvolvido até então e que é apoiado pela Credichapada. O Projeto Odontológico atende cerca de 50 famílias, atendendo agora, não só as crianças, mas toda a família. Em diálogo com um dos responsáveis pela manutenção do Projeto Palotino, nota-se que a forma de seleção dessas famílias acontece “por meio de visitas para ver a necessidade dessas famílias e também por repasses de informações por meio da assistência social” (Notas de campo, 11 Set. 2019). Outro aspecto ressaltado por um dos representantes é a importância do projeto para essas famílias, necessidade que teria surgido devido ao fato de que:
[...] então houve um salto muito grande no desenvolvimento da Chapada Gaúcha, aumentando a população. Essa população, principalmente de trabalhadores das lavouras, faz com que falte assistência a esses empregados e suas famílias, [...] principalmente para os jovens e adolescentes. É necessário o desenvolvimento da criatividade entre os jovens e adolescentes. [...] então projetos que ajudem na saúde dessa população de baixa renda e também que trabalhe com questões ecológicas são muito importantes para a cidade. (Responsável Projeto Palotino).
Outras ações que a Sicoob Credichapada desenvolve são ações voltadas para a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de Chapada Gaúcha. A cooperativa auxilia a APAE desde sua fundação até os dias atuais. Anteriormente à fundação da APAE em Chapada Gaúcha, as Pessoas com Deficiência (PCD) do município não possuíam qualquer tipo de atendimento, situação que começou a mobilizar, pais, familiares e amigos dessas pessoas para que fosse criada a APAE no município.
Antes da criação da APAE, outras tentativas haviam sido realizadas pelos fundadores da associação, os quais já haviam feito inclusive capacitação na Federação Mineira das APAEs. Já em 2016, a Credichapada, por meio da iniciativa Cooperação Sem Limites, abraçou a causa da fundação da APAE e começou a fazer ações voltadas para mobilização e sensibilização para a fundação da APAE de Chapada Gaúcha.
Assim, a partir das ações da Credichapada e do grupo de pais, familiares e amigos das PCD do município, em Novembro de 2016 aconteceu a assembleia de constituição da APAE de Chapada Gaúcha. Fato inusitado também aconteceu na assembleia, devido à infraestrutura da cidade: faltou energia no momento da assembleia, fazendo com que tivessem que ser utilizados o farol de um carro e lanternas de celulares para iluminar o local e conseguir realizar a assembleia. Na ocasião estiveram presentes autoridades públicas, representantes e conselheiros de APAEs da região, pais, amigos e familiares das PCD e representantes da Sicoob Credichapada.
Um dos pais de um aluno especial da APAE reconhece as dificuldades que eram enfrentadas anteriormente no transporte dessas pessoas para o município de Arinos, além do fato de que a parcela de PCD atendidas era mínima.
[...] esses impactos e essas ações de criação teve um impacto muito significativo pras famílias e para o contexto social do município. Pra gente ter uma ideia, eu tenho uma criança que é especial, e nós deslocávamos daqui, eu firmei uma parceria com a APAE de Arinos, [...] e eu ia toda semana levava meu filho. Na época eu tinha essa condição, essa logística e podia tá levando. E tinha muitas famílias que não tinham essa condição. Depois nós conseguimos mobilizar, através da prefeitura, uma parceria para que a gente conseguisse ter um veículo pra levar essas famílias. Aí você imagina, nós saíamos daqui duas vezes por semana, com veículo, saíamos daqui 6 horas da manhã e retomava às 17 horas, 16/17 horas. Aí você imagina pessoas com crianças cadeirantes, muitos com paralisia cerebral, ou criança de colo, a gente ia para ser atendido na comunidade no município de Arinos. (Entrevistado 06).
Apesar de algumas pessoas conseguirem o atendimento em Arinos, ainda havia toda a dificuldade com relação ao transporte e o tempo gasto por esses pais e familiares para que conseguissem obter o atendimento mínimo para essas pessoas. Nesse sentido é que foi estimulada a criação da APAE em Chapada Gaúcha, como pode ser visto na continuação da fala do pai de um aluno especial no fragmento:
[...] então por mais que tinha o atendimento, ainda causava muito transtorno, a gente ficava, em uma situação o seguinte: ou nós sofremos um pouco nesse logística de ir pra lá [Arinos] e conseguimos ofertar o mínimo para eles [PCD] ou então não vamos ofertar nada. E a gente percebia que a gente podia melhorar isso, esses atendimentos que a gente tinha em Arinos, a gente poderia ter eles aqui na sede do município. E foi uma das questões que a gente resolveu correr atrás de fundar, de criar, fazer a APAE aqui pra Chapada Gaúcha. (Entrevistado 06).
Um dos responsáveis pela Secretaria de Ações Sociais de Chapada Gaúcha também corrobora com a importância da APAE como serviço social e ressalta que:
[...] com a criação da APAE, tem esses impactos sociais, dessa dificuldade que a gente tinha de levar as famílias, de melhorar a qualidade de vida de algumas crianças. [...] Nós tínhamos crianças especiais que, inclusive nós conseguimos fazer com algumas famílias da zona rural que tinha crianças com paralisia cerebral, que nunca tinha ido numa aula, e que para ela agora funciona e a família dela fica muito satisfeita. A gente percebe a satisfação da família de poder ter uma criança inserida no contexto escolar, e isso foi uma ação através da APAE que identificou esse público que tava, de certa forma, desassistido das políticas públicas. A gente identificou esse povo, trouxe pra APAE e a APAE encaminhou ele pra questão das escola. Então foi muito, tá sendo ainda, [...] muito, muito importante. A gente percebe a qualidade de vida das famílias hoje, pessoal com uma satisfação muito grande por esse serviço prestado para a comunidade. (Administração Pública 06).
A APAE de Chapada Gaúcha presta atendimentos, de forma individual, a pessoas que residem na área urbana da cidade, e algumas são atendidas até duas vezes por semana. Dentre as especialidades atendidas na APAE se encontram a terapia ocupacional, psicologia, fisioterapia, fonoaudiologia e assistência social. Segundo as responsáveis pela APAE, a capacidade gira em torno de 40 pessoas atendidas, além de ainda existirem muitas outras que precisariam de atendimento, mas que devido às dificuldades de deslocamento não conseguem o acesso, uma vez que a maioria se encontra na zona rural. Dentre os principais transtornos atendidos destacam-se o autismo, as deficiências intelectuais e múltiplas e a Síndrome de Down.
Ademais, além dos impactos relatados nesta seção, a Credichapada ainda participa, apoia e promove vários eventos em Chapada Gaúcha como o Café com os Aposentados, Campeonato de Futsal, Dia das Crianças, Dia de Cooperar, Projeto EducampoCapim, além de outros eventos locais e tradicionais na cidade, como o Encontro dos Povos, a AgroChapada, dentre outros, promovendo o aumento da qualidade de vida da população e incentivando o comércio e a economia local.
Esses resultados de auxílios a instituições filantrópicas e a eventos e projetos comunitários são destacados pela literatura como atendimento ao princípio da preocupação com a comunidade (ICA, 2021; Launio & Sotelo, 2021). Oczkowski et al. (2013) constataram que cooperativas australianas destacam a preocupação com a comunidade como um fator de elevada importância. Launio e Sotelo (2021), por sua vez, encontram resultados que indicam o compromisso de cooperativas de crédito das Filipinas com relação à alocação de ações e projetos para o desenvolvimento comunitário.
Dessa forma, fundamentado nesses resultados encontrados para as mudanças ocorridas na localidade do entorno da Credichapada, ressalta-se o potencial de contribuição das cooperativas para o desenvolvimento comunitário, conforme preconizado por Zeuli e Radel (2005) sobre a utilização das cooperativas como estratégia de desenvolvimento. Nesse sentido, corrobora-se com a teoria do desenvolvimento comunitário ao encontrar resultados que permitem estabelecer a utilização de negócios cooperativos como estratégias autossuficientes de desenvolvimento comunitário.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Instituições financeiras vêm desempenhando um importante papel ao longo dos anos com o acesso ao crédito e a serviços financeiros a várias localidades, em especial ressalta-se as cooperativas de crédito, instituições pautadas em princípios de justiça, transparência e equidade. A criação dessas instituições financeiras cooperativas pode ocasionar mudanças nos modos de vidas das pessoas das comunidades em que atuam.
Uma dessas cooperativas de crédito, criada para suprir essa demanda de serviços financeiros, é a Sicoob Credichapada, sediada em Chapada Gaúcha-MG, foco deste estudo. A criação dessa instituição financeira em um ambiente até então desassistido fornece um cenário interessante o suficiente para investigar os efeitos que a instituição provocou e provoca na comunidade em que foi criada.
Notou-se que a dinâmica entre o desenvolvimento de uma comunidade e a existência de instituições financeiras formais pode ser sentida principalmente em contextos com grande parte da população pobre e que era antes privada do acesso a serviços financeiros. Esses grupos de pessoas marginalizadas podem sentir uma grande necessidade de encontrar facilidades financeiras de forma flexível, contínua e adequada às suas necessidades e realidades locais.
A partir da análise do entorno da Credichapada foi possível identificar vertentes de mudanças provocadas pela criação da cooperativa e pela sua atuação junto à comunidade. Dentre essas mudanças, são elencados a economia financeira e comodidade, auxílio ao comércio local, facilidade de acesso ao crédito, geração de empregos, capacitação de membros e colaboradores, participação cívica, apoio à agricultura local e auxílio a instituições filantrópicas. Dessa forma, fica ressaltado o papel das instituições financeiras para o desenvolvimento e bem-estar das comunidades, principalmente no que diz respeito aos efeitos gerados por cooperativas de crédito, como é o caso da Sicoob Credichapada, foco deste estudo. Ressalta-se assim, a função imprescindível das pessoas que fazem parte dessas instituições, já que as cooperativas são sociedades de pessoas, as quais são as principais protagonistas dos resultados dessas organizações. Nesse contexto, é possível constatar a relevância do aspecto social e das mudanças econômicas e sociais geradas nas comunidades para o sucesso das organizações cooperativas. Tais efeitos ressaltam a importância de se verificar as tentativas e experiências nacionais e internacionais com relação à inclusão financeira de diferentes comunidades.
Assim, esta pesquisa auxilia na compreensão sobre o desenvolvimento comunitário a partir da criação de cooperativas de crédito, o que sugere algumas formas pelas quais as mudanças acontecem na vida em comunidade. Nesse sentido, o estudo avança em termos teóricos e metodológicos ao indicar aspectos do desenvolvimento comunitário cooperativo capturados a partir da fundamentação estabelecida na literatura. Essas mudanças podem auxiliar na estratégia cooperativa da teoria do desenvolvimento comunitário, auxiliando a prática do próprio desenvolvimento, bem como nas pesquisas sobre avaliação de programas focados em mudanças. A pesquisa ainda revela que outras comunidades poderiam buscar seus objetivos de desenvolvimento comunitário com base no cooperativismo de crédito, além de demonstrar as cooperativas como uma iniciativa de autodesenvolvimento comunitário, gerando novos negócios e trazendo novas facilidades para a comunidade.
Assim, os resultados podem sugerir agendas de pesquisa e de políticas públicas com relação não só a diferentes tipos de acesso a serviços financeiros, mas também partindo de uma ótica dos impactos da inclusão financeira nos modos de vida e no bem-estar de diferentes comunidades. Dessa forma, é pertinente considerar a inclusão financeira não só como criação de instituições financeiras, mas de instituições que ampliem o acesso ao crédito, que forneçam poupança e produtos que consigam satisfazer as necessidades das pessoas, principalmente as de baixa renda, para que possam alcançar aumentos de renda.
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