Resumo:
Objetivo da pesquisa: Este estudo tem como objetivo, investigar a estrutura da rede de extrema-direita brasileira presente no aplicativo de mensagens Telegram, compreendendo como a rede se divide e quais nós desempenham papel crucial na conexão entre as comunidades.
Enquadramento Teórico: Este estudo tem como base a integração da Análise de Redes Sociais (SNA) com a Teoria Fundamentada. A SNA possibilita a análise das interconexões entre diversas entidades em uma rede, enquanto a Teoria Fundamentada viabiliza a construção de teorias a partir da análise meticulosa dos dados, ancorando as conclusões na realidade empírica. No contexto das investigações sobre desinformação e extrema-direita, conforme evidenciado por Urman & Katz (2020), o estudo se insere na literatura que explora a complexa interseção entre tecnologia, política e sociedade, com enfoque na disseminação de desinformação e na dinâmica de mobilização dos grupos extremistas digitais.
Metodologia: Utilizou-se uma abordagem de amostragem exponencial discriminativa em bola de neve para compilar um banco de dados abrangente de canais e grupos associados à extrema-direita no Telegram. Além disso, a técnica Louvain foi aplicada para identificar as distintas comunidades presentes. Para a identificação dos canais mais influentes, empregou-se um sistema de classificação baseado no algoritmo PageRank, enquanto a métrica de Bridging Centrality foi empregada para reconhecer os canais que desempenham o papel de ligação entre diferentes comunidades.
Resultados: Dentre as descobertas, foi constatado que a rede de extrema direita no Telegram é caracterizada por uma notável descentralização, com comunidades que exibem distinções ideológicas e políticas. Os canais de maior relevância para a interconexão entre essas comunidades, em sua maioria, estão associados a influenciadores ativos em outras plataformas digitais.
Originalidade: Este estudo proporciona uma contribuição inovadora ao investigar o potencial da plataforma Telegram como ambiente de análise para categorizar a rede de extrema-direita, levando em consideração suas distintas subdivisões no contexto digital, em contraposição às divisões puramente políticas frequentemente adotadas. Sendo, até onde sabe-se, pioneiro ao aplicar o método de classificação em bola de neve a estudos deste gênero, ampliando ainda mais sua originalidade.
Contribuições teóricas e práticas: As conclusões alcançadas por meio desta pesquisa carregam implicações de grande relevância para orientar a tomada de decisões e a formulação de políticas públicas voltadas ao enfrentamento da disseminação do extremismo e discursos antidemocráticos no cenário digital.
Palavras-chave: análise de redes sociais, algoritmos de ranqueamento, comunidades online, extrema direita.
Abstract:
Research Objective: This study delves into Brazil's far-right network on the Telegram messaging app, examining its structure and dynamics. The aim is to understand the network's divisions and which nodes play a pivotal role in connecting its parts.
Theoretical Framework: This work is rooted in Social Network Analysis (SNA) and Grounded Theory. SNA enables the analysis of inter-relations among entities within a network, while Grounded Theory allows theory construction from the data, grounding insights in empirical reality. Continuing research on misinformation and the far-right, as outlined by Urman & Katz (2020), it contributes to literature examining the intersection of technology, politics, and society, exploring misinformation and the mobilization of extremist digital groups.
Methodology: An exponential snowball sampling technique was used to build a database of far-right channels and groups on Telegram. The Louvain method identified existing communities. Next, a ranking system based on the PageRank algorithm identified the most influential channels, and the Bridging Centrality measure pinpointed channels connecting different communities.
Results: The network on Telegram is highly decentralized, with communities having distinct ideological and political niches. Main channels connecting these communities are predominantly linked to influencers active on other digital platforms.
Originality: This study uniquely classifies the far-right network based on its digital subdivisions, contrasting with commonly-used purely political divisions. It further sheds light on the role of digital influencers within Brazil's far-right.
Theoretical and Practical Contributions: The findings have significant implications for decision-making and public policy formulation against the spread of extremism and anti-democratic rhetoric online.
Keywords: social network analysis, ranking algorithms, online communities, far right.
Resumen:
Objetivo de la investigación: Este estudio investiga la red de extrema derecha brasileña en Telegram, analizando su estructura y dinámicas. El objetivo es comprender cómo se estructura la red y cuáles nodos son esenciales en la conexión de sus partes.
Marco Teórico: Basado en el Análisis de Redes Sociales (ARS) y la Teoría Fundamentada. ARS es útil para entender interrelaciones entre entidades en una red, mientras que la Teoría Fundamentada construye teorías a partir de datos, anclando percepciones en realidad empírica. Siguiendo investigaciones sobre desinformación, como la de Urman & Katz (2020), este trabajo contribuye a la literatura que explora la relación entre tecnología, política y sociedad, y la movilización de grupos extremistas digitales.
Metodología: Se empleó muestreo exponencial en bola de nieve para construir una base de datos de canales y grupos de extrema derecha en Telegram. Luego, se usó el método Louvain para identificar comunidades y un sistema basado en el algoritmo PageRank para determinar canales influyentes, y la Centralidad de Puente para señalar canales que unen diferentes comunidades.
Resultados: Se descubrió que la red en Telegram es descentralizada, con comunidades que poseen nichos ideológicos y políticos distintos. Los principales canales conectores están vinculados a influenciadores activos en otras plataformas digitales.
Originalidad: Este estudio ofrece una clasificación única de la red de extrema derecha considerando sus subdivisiones digitales, en contraste con divisiones políticas tradicionales. Además, resalta el rol de influenciadores digitales en la extrema derecha brasileña.
Contribuciones teóricas y prácticas: Los hallazgos tienen relevancia para la toma de decisiones y la creación de políticas públicas dirigidas contra el crecimiento del extremismo y la retórica antidemocrática en línea.
Palabras clave: análisis de redes sociales, algoritmos de clasificación, comunidades en línea, extrema derecha.
Artigos
Explorando a estrutura das redes da extrema-direita brasileira no Telegram: uma proposta de classificação para compreender a divisão e os elos entre suas comunidades
Exploring the structure of the far-right networks on Telegram: a classification proposal to understand their division and links between communities.
Explorando la estructura de las redes de extrema derecha en Telegram: una propuesta de clasificación para comprender su división y los vínculos entre comunidades.

Recepción: 12 Agosto 2023
Aprobación: 11 Septiembre 2024
Publicación: 18 Marzo 2025
A ascensão global do movimento de extrema-direita está fortemente ligada ao surgimento das mídias digitais (Jungherr, Schroeder & Stier, 2019). No Brasil, as primeiras manifestações de coordenação entre grupos de extrema-direita surgiram com a popularidade do Orkut na primeira década do século XXI (Rocha, 2019). Na segunda década do século XXI, o discurso da extrema-direita encontrou solo fértil nas plataformas de mídias sociais, intensificado pela percepção de corrupção sistêmica revelada pela Operação Lava-Jato. Este cenário culminou na eleição de Bolsonaro, cuja estratégia se beneficiou do uso intensivo de tais mídias para disseminar discursos radicais e desinformação (Fernandes et al., 2022). Inicialmente, houve poucos esforços das plataformas digitais para restringir esses grupos, resultando em um ambiente repleto de discursos de ódio e desinformação (Pohjonen & Udupa, 2017). Somente em 2019, as plataformas Facebook e Instagram anunciaram uma abordagem mais proativa na moderação de conteúdo e no banimento de usuários envolvidos em tais ações (Lorenz, 2023).
A recente iniciativa de moderação de conteúdo das principais plataformas de mídia social, como Facebook, WhatsApp e Twitter, resultou na migração de grupos que promovem extremismos políticos, discursos de ódio e teorias da conspiração para redes alternativas, cuja política de moderação é mais flexível ou inexistente. Isso inclui usuários que difundem antissemitismo, neonazismo e outras ideologias de extrema-direita (Rogers, 2020).
Nessa perspectiva, esses usuários frequentemente alegam que a mídia "mainstream" possui um viés na cobertura dos eventos relacionados ao seu movimento ou simplesmente os ignora (Ellinas, 2018). Isso os leva a buscar maneiras alternativas de disseminar informações que reforcem suas perspectivas de mundo. Neste contexto, entre os aplicativos disponíveis, o Telegram surge como uma das plataformas escolhidas para a migração entre aqueles que foram "deplatformed" em 2019, ou seja, que tiveram suas contas excluídas ou banidas de plataformas como Facebook e Twitter (Rogers, 2020).
O Telegram, criado na Rússia em 2013, é uma plataforma de mensagens instantâneas que apresenta características distintas, como anonimato, segurança, visibilidade e permanência, que atraem grupos de extrema-direita – que o preferem ao Whatsapp – e facilitam a disseminação de desinformação. O anonimato é acentuado pela possibilidade de envio de mensagens sem revelar o número de telefone, enquanto a segurança é reforçada por uma criptografia robusta e a opção de apagar mensagens sem deixar rastros. A plataforma permite ainda formar grupos de até 200 mil membros e canais com inscritos ilimitados, maximizando a visibilidade. A permanência é garantida pela capacidade de upload de arquivos grandes para acesso e compartilhamento contínuos. Por fim, o Telegram atua como um repositório para conteúdos banidos em outras plataformas, posicionando-se como um sistema híbrido de troca de mensagens com comunicação estilo broadcast (Maia, Oliveira, Massarani, & Santos Júnior, 2023).
Este aplicativo, comparado aos seus concorrentes, apresentou o maior crescimento em número de usuários entre 2018 e 2022, marcando presença em 65% dos smartphones brasileiros. Esse aumento ocorreu principalmente a partir de 2020, com um incremento de 46% (Paiva, 2022). Esse crescimento foi mais acentuado quando a Meta Platforms, então Facebook Inc., anunciou a moderação de conteúdo em páginas de desinformação brasileiras nas plataformas Facebook e Instagram após investigações do Superior Tribunal Federal sobre uma estrutura secreta da burocracia presidencial, conhecida na imprensa como "gabinete do ódio" (Zanini, 2020).
Portanto, a migração da extrema-direita para o Telegram já é um fenômeno discutido na literatura, tornando-se o local de suas principais articulações (Nascimento, Cesarino & Fonseca, 2022). No entanto, apesar de sabermos que a plataforma acolheu uma série de atores associados a práticas que foram moderadas em outras redes, a natureza dos grupos que compõem essa migração ainda é desconhecida. Ao contrário da extrema-direita histórica, que se organizava monoliticamente em partidos na década de 1930, a versão contemporânea é composta por grupos menores e mais dispersos, mas que mantêm facilidade de associação entre suas organizações (Griffin, 2003). Esse comportamento se reflete na plataforma em questão e pode ser mensurado por meio dos vínculos diretos que tais grupos e canais mantêm entre si.
Compreender esses grupos, categorizá-los em comunidades com interesses compartilhados e analisar os discursos e atores que desempenham um papel de conexão entre essas comunidades são desafios em aberto que este estudo aborda. O objetivo é desmistificar a classificação da "extrema-direita" e aprofundar a compreensão de suas diversas facetas no ambiente do Telegram.
Neste estudo, seguindo a abordagem metodológica sugerida por Prodanov (2013, p. 72), optou-se por uma pesquisa aplicada que incorpora estratégias tanto qualitativas quanto quantitativas para analisar a rede de extrema-direita no Telegram. Os procedimentos começam com uma pesquisa bibliográfica e documental preliminar, seguida de uma exploração no ambiente digital e a coleta de dados. A escolha da Teoria Fundamentada (Grounded Theory) como abordagem metodológica central para este trabalho não foi aleatória. Tendo em vista a natureza mutável e multifacetada das redes de extrema-direita, especialmente no ambiente digital, uma metodologia que permite a construção teórica a partir dos dados se torna fundamental. O cenário político digital é caracterizado por sua fluidez, e as ideologias, discursos e alianças estão em constante transformação. A Teoria Fundamentada, neste contexto, permite-nos acomodar tais nuances, evitando a imposição de teorias ou ideias preconcebidas que poderiam limitar ou distorcer nossa compreensão do fenômeno em estudo.
O cerne dessa abordagem reside no uso da Teoria Fundamentada, um método desenvolvido por Glaser e Strauss (1967) que defende a emergência de teorias a partir dos dados coletados, em vez da verificação de uma teoria previamente estabelecida. Esta abordagem é especialmente valiosa para explorar fenômenos pouco compreendidos ou em rápida evolução, como é o caso das redes de extrema-direita em plataformas digitais.
Conforme salientado por Charmaz (2006), este paradigma apoia nossa intenção de decifrar a estrutura complexa e dinâmica da rede de extrema-direita, sem a restrição de preconceitos anteriores, permitindo que os padrões e relações emergentes direcionem nossa compreensão e formulem novas teorias. Esta flexibilidade inerente à Teoria Fundamentada nos dá a liberdade de explorar o terreno digital em sua complexidade total, abrindo caminho para descobertas inovadoras e insights profundos sobre o tema em questão.
Fez-se necessário a pesquisa bibliográfica por dois principais motivos: 1) encontrar na bibliografia relacionada ao tema – isto é, extrema-direita – uma definição conceitual do fenômeno social, de forma que sirva de parâmetro de decisão para a inclusão de grupos e canais na base de dados e; 2) aferição das principais características da extrema-direita contemporânea, de forma a gerar uma lista de palavras a ela associadas que servirá para a etapa subsequente. Para ambos os casos, adotou-se as definições traçadas por Cas Mudde (2019).
A investigação bibliográfica revelou um desafio considerável ao tentar traduzir corretamente o fenômeno em estudo para o idioma português, especialmente ao tentar fazer um paralelo com as terminologias adotadas internacionalmente, como aquelas estabelecidas por pesquisadores respeitados como Mudde (2019) e Mattew Goodwin (2018).
Segundo a classificação proposta por Mudde (2019), o fenômeno que estamos analisando é chamado de "far-right", uma expressão que, ao ser traduzida literalmente para o português, corresponde ao termo extrema-direita. Esta tipologia divide o fenômeno em duas principais categorias: a "extreme right" e a "radical right", que em português correspondem, respectivamente, a extrema direita e direita radical. Este uso causa uma certa ambiguidade no português, já que o termo extrema-direita pode se referir tanto ao conceito mais amplo ("far-right") quanto a uma de suas subdivisões ("extreme right"). Neste trabalho, nosso objetivo é compreender o que convencionalmente é referido como "far-right", ou seja, grupos que não apenas se alinham à direita política - aqueles que veem as desigualdades sociais como condições naturais e positivas, que devem ser defendidas ou ignoradas pelo Estado (Bobbio, 2012) - mas também se autodefinem como "anti-sistema" e possuem uma postura hostil em relação à democracia liberal (Mudde, 2019).
Neste contexto, decidiu-se incorporar as duas subdivisões ao nosso estudo: a "extreme right", que engloba grupos que rejeitam a essência da democracia, isto é, o princípio da soberania popular e do governo da maioria, sendo o fascismo o exemplo mais evidente dessa categoria, e; a "radical right", que, embora aceite a ideia de democracia, rejeita seus elementos liberais, como os direitos das minorias e a separação dos poderes, uma posição que abrange os populismos de direita (Mudde, 2019). A "far right", em geral, rejeita o consenso democrático estabelecido no pós-guerra, no entanto, cada uma de suas subdivisões rejeita este consenso de maneiras diferentes. A "radical right" pode ser vista como a vertente "reformista" do espectro, enquanto a "extreme right" se apresenta como a fração "revolucionária". Considerando essas especificidades, optamos por usar o termo extrema-direita para nos referirmos ao fenômeno de uma maneira mais ampla a partir deste ponto em nosso trabalho.
Neste trabalho, partiu-se de canais criados por políticos reconhecidamente de extrema-direita e através da busca por canais com a utilização de palavras-chave, tais como: patriota, nacionalismo, integralismo, nazismo, fascismo, terceira posição, ucranizar (Alessi, 2020), nacional socialismo, redpill (Gaglioni, 2020), narigudo (termo pejorativo utilizado na extrema-direita como referência aos judeus), globalismo e nova ordem mundial. Apenas os canais e grupos encontrados que atenderam às definições que adotamos de extrema-direita foram incluídos em nossa lista inicial.
Mapeou-se, através da procura manual no aplicativo Telegram, grupos e canais com as características previamente identificadas como ponto de partida para a descoberta de canais. Levou-se em consideração canais vinculados a reconhecidas personalidades da extrema-direita do meio político e midiático nacional. Tais canais foram listados e utilizados como ponto de partida para a criação de um “dataset” (com canais e mensagens encaminhadas) através de uma amostragem exponencial discriminativa em bola de neve, conforme praticado em outros contextos (Peter, Kühn, Mitrović, Granitzer & Schmid-Petri, 2022; Urman & Katz, 2020).
A coleta de dados para esta pesquisa foi realizada por meio da Interface de Programação de Aplicações (API) do Telegram. O processo se deu através da biblioteca Telethon, especificamente desenvolvida para Python (Exo, 2020). Resumindo de forma simplificada, a técnica que empregamos envolve iniciar a partir de um conjunto de canais pré-selecionados, e a partir desses, rastrear outros canais que tiveram mensagens encaminhadas deles. Nesta modalidade específica, os canais que possuem o maior "ranking" são priorizados e avaliados a cada iteração subsequente. É importante ressaltar que o "ranking" de cada canal é definido pela quantidade de canais distintos que fazem referência a ele. Para o propósito desta análise, optamos por tomar 36 canais como nosso ponto de partida. Todos os dados pertinentes à pesquisa foram coletados em uma data específica, 10 de janeiro de 2023, para garantir a consistência e a relevância dos dados recolhidos.
Uma vez concluída a coleta de dados, prosseguiu-se com a construção de uma rede direta, uma representação gráfica na qual os nós simbolizam os canais ou grupos, e as arestas são representadas pelas mensagens encaminhadas, ou "forwards", que servem como links do canal de origem ao de destino. Dentro desta rede, aplicamos o método Louvain para detecção de comunidades. Essa aplicação foi realizada através do software Gephi, um programa de análise de redes. Através desta abordagem, entendeu-se que a intensidade das conexões - ou seja, a quantidade de mensagens encaminhadas - não só geraria aglomerações visíveis nos gráficos, mas também revelaria temas e assuntos comuns aos canais que pertencem a essas aglomerações.
Para entender melhor a estrutura da rede, extraiu-se a medida de modularidade, um parâmetro que é calculado concomitantemente à detecção de comunidades. Esta medida é especialmente útil porque permite verificar se a rede em questão é centralizada ou descentralizada. Além disso, oferece uma visão sobre se a rede é intensamente conectada ou se é fragmentada em múltiplos grupos distintos. Esta informação foi crucial para determinar se a estrutura da extrema-direita brasileira no Telegram se assemelha ou difere das descrições presentes na literatura internacional, como as fornecidas por Griffin (2003) e Mudde (2019). Neste estudo, optou-se por definir os canais e grupos mais influentes nas comunidades analisadas através da aplicação do algoritmo PageRank, que foi originalmente concebido com o intuito de determinar a importância relativa das páginas da web e organizá-las de forma hierárquica (Brin & Page, 1998). Neste contexto, um alto valor de PageRank para um canal ou grupo especificamente denotou que muitas mensagens provenientes deste canal foram encaminhadas por outros canais ou a outros grupos que também possuem um alto grau de influência.
Com o objetivo de entender mais profundamente cada comunidade, tomou-se os 5 canais ou grupos com maior PageRank em cada comunidade, que foram utilizados para categorizar cada comunidade com base nos temas que foram mais frequentemente discutidos em seus históricos de mensagens. Através dessa análise, pudemos discernir os tópicos que dominavam a conversa em cada comunidade. Ademais, em um esforço para mimetizar a metodologia empregada por Peter et al. (2022), buscamos definir o papel do proprietário do canal. Especificamente, procuramos identificar se o dono do canal era um ator político, um agregador de notícias, uma fonte de mídia alternativa, um influenciador digital ou um coletivo político.
Através de ambas as classificações - a categorização das comunidades por tema e por tipo de ator – pôde-se observar se a estrutura das redes sociais no Telegram reflete as diferentes divisões ideológicas do espectro da extrema-direita. Além disso, pôde-se esclarecer se e como as redes brasileiras estão conectadas com outras comunidades que não estão diretamente relacionadas ao espectro ideológico da extrema-direita.
Para aprofundar ainda mais a análise, buscou-se entender a importância relativa dos nós individuais na rede. Para isso, utilizou-se uma métrica de centralidade em redes sociais conhecida como "Centralidade de Ponte" (do inglês "Bridging Centrality"), conforme sugerido pela metodologia de Freeman (1977). Esta métrica se concentra na importância de um nó específico para a conexão de diferentes partes da rede. Com ela, é possível identificar os atores que controlam o fluxo de informações entre grupos que não costumam interagir muito entre si. Ao identificar atores com alta centralidade de ponte, pôde-se ganhar uma compreensão mais profunda de como a informação e as ideias se movimentam através da rede e como ela se mantém unificada, mesmo frente à diversidade ideológica.
Foram encontrados 5690 canais ou grupos. O algoritmo de detecção de comunidades (Blondel, Guillaume, Lambiotte & Lefebvre, 2008) os dividiu em 20 comunidades, sendo 9 delas de apenas um único nó que foram descartadas para fins da análise; as 11 comunidades restantes correspondem a 97,3% dos nós. Encontrou-se uma modularidade de 0,735, o que é próximo do encontrado no estudo de Urman et al (2020) em que analisaram a extrema direita no Telegram para canais de língua inglesa.
Tal modularidade implica que a rede é altamente descentralizada, uma vez que, valores próximos de 1, apontam para uma densa conexão entre os nós pertencentes a uma comunidade, porém, com conexões esparsas entre tais comunidades. É um resultado esperado pois reflete a estrutura da extrema-direita fora do Telegram (Griffin, 2003). Esse fenômeno topológico pode ser observado na Figura 01, construído a partir da aplicação do algoritmo OpenOrd implementado no Gephi (Martin, Brown, Klavans & Boyack, 2011).

Observou-se ainda que a partir da técnica de amostragem, a inclusão no banco de dados de canais em outras línguas, notadamente o inglês e o russo. Esse fenômeno é compatível com achados anteriores, referentes a estudos sobre a extrema-direita de outras nacionalidades em que Peter et al. (2022) encontra, a partir de canais em língua alemã, uma comunidade de língua inglesa (notadamente, referente ao Reino Unido) e Urman et al, (2020) encontra, a partir do contexto estadunidense, comunidades em alemão, italiano, russo e cantonês. Tais constatações são interessantes pois podem revelar laços internacionais que os grupos detêm, demonstrando especificamente a nacionalidade dos grupos que os influenciam. O Quadro 1 resume as informações encontradas, inclusive após a aplicação do algoritmo PageRank:

A análise dos dados apresentada na Tabela 1 revelou a existência de 11 comunidades distintas, que demonstram características de recortes ideológicos e linguísticos. A maior comunidade identificada, rotulada como grupo 1, engloba um total de 1212 canais ou grupos, que apresentam conteúdos alinhados com o que denominamos direita radical, sobretudo em sua vertente populista. Este grupo é caracterizado pela concepção da sociedade como estratificada em duas categorias opostas, sendo elas, pessoas puras e elite corrupta. A prática política, neste caso, seria a expressão dos anseios e desejos deste primeiro grupo, com a ampla disseminação de teorias da conspiração sendo uma de suas principais marcas (Mudde, 2019).
A segunda comunidade (2), por outro lado, é predominantemente composta por fontes alternativas de notícias em língua inglesa, incluindo agências de notícias e agregadores. Interessantemente, muitos dos grupos e canais que compõem esta comunidade já foram mencionados em literatura internacional (Urman et al. 2020), sugerindo um papel significativo na articulação de redes de extrema-direita de vários países, e não apenas no mundo lusófono. A partir desta observação, surge a possibilidade de uma análise mais aprofundada que poderia cruzar os dados de estudos semelhantes, realizados por pesquisadores de diversas nacionalidades, para investigar se este conjunto de canais atua na articulação e formação ideológica de uma extrema-direita global.
Esta comunidade em particular torna-se ainda mais intrigante considerando que, embora seus conteúdos sejam predominantemente em inglês, uma significativa parcela está relacionada à Rússia e envolve debates geopolíticos. Em grande parte dos canais com maior valor de PageRank, as posições são favoráveis ao regime de Putin, apesar de alguns canais apresentarem pontos de vista em conflito. O que se pode afirmar com relativa segurança é que a temática “Rússia” e o debate geopolítico são elementos comuns nesta comunidade.
Esse achado reforça uma conclusão presente em um estudo clássico sobre o fascismo histórico (Bernardo, 2003), que descreve a operação ideológica fundamental do fascismo como uma transformação da luta entre classes em uma luta entre nações. Ou seja, o fascismo tende a identificar os interesses da classe dominante com os da nação, enquanto os interesses da classe dominada seriam identificados com os das nações inimigas. Dessa forma, o fascismo substitui reflexões tipicamente sociológicas – tais como classe e estrutura social – por preocupações geopolíticas, o que, em última instância, leva ao conflito entre nações e às respectivas celebrações e lealdades, caracterizando o fenômeno do nacionalismo. Assim, a comunidade (2) e sua atenção à geopolítica fornecem um vislumbre contemporâneo desta dinâmica ideológica.
As comunidades identificadas como (3) e (4) demonstram conteúdos semelhantes, embora sua apresentação seja notadamente distinta. Ambas podem ser caracterizadas como alinhadas à "extreme-right", trazendo à tona imagens e vídeos que abordam temas recorrentes neste subgrupo ideológico. A comunidade (4) em particular apresenta uma predominância de conteúdo associado à subcultura "incel" (celibatários involuntários), fazendo referências frequentes à cultura juvenil, incluindo elementos como animes e mangás. A forma de apresentação deste grupo difere da comunidade (3), ao utilizar um pretenso senso de humor para a propagação de suas ideias.
Nesse sentido, vale destacar que comunidades cujos temas giram em torno de tal abordagem já foram identificadas em estudos anteriores (Panizo-Lledot, Torregrosa, Bello-Orgaz, Thorburn & Camacho 2020). Considerando o contexto brasileiro, um campo de investigação potencialmente relevante seria o exame das relações entre animes e mangás e a propagação de ideias extremistas, dado que o Brasil é um dos países que mais consomem estas formas de entretenimento no mundo (Abadde, 2017). Além disso, tal investigação poderia revelar recortes etários nos grupos de extrema-direita, uma vez que foi somente na década de 90 que as animações japonesas se popularizaram no Brasil (Soares, 2019).
Quanto à comunidade (5), apesar de abordar temas que têm proximidade com a comunidade (1), esta se distingue pelo maior número de personalidades presentes, incluindo diversos canais de políticos profissionais e influenciadores digitais alinhados à direita brasileira. Por outro lado, a comunidade (1) é composta majoritariamente por canais que postam de forma anônima.
A comunidade identificada como (6) se centraliza em torno da figura controversa de Alexandr Dugin, filósofo e teórico político russo, e de sua obra mais conhecida, "A Quarta Teoria Política". O conteúdo disseminado nesta comunidade frequentemente faz referências a tradições nacionais e religiosas, abordando o catolicismo e o cristianismo ortodoxo, além de enfatizar uma postura de conservadorismo moral. As postagens também apresentam críticas significativas ao imperialismo de duas potências mundiais, Estados Unidos e União Europeia.
Entretanto, dentro desta comunidade, nota-se a presença de canais que se posicionam de maneira diametralmente oposta, emitindo críticas tanto ao filósofo russo e sua teoria quanto aos grupos brasileiros que a ela se alinham, como A Nova Resistência. Esses canais frequentemente se proclamam como representantes da "terceira posição", referindo-se ao fascismo histórico. É interessante observar que, neste segmento contrário, é comum a partilha de informações relacionadas ao Regimento de Operações Especiais "Azov", uma milícia paramilitar ucraniana fundada por neonazistas (John & Lister, 2022), ressaltando o contraste ideológico existente na comunidade (6).
Por sua vez, a comunidade (7) foca-se principalmente em tópicos relacionados ao anarcocapitalismo, às liberdades individuais e à rejeição ao voto e ao Estado. Apesar de essa comunidade aparentar um viés político e ideológico bastante definido, observa-se a presença de uma quantidade considerável de postagens ligadas à religiosidade cristã e ao conservadorismo moral.
A oitava comunidade analisada compreende canais relacionados ao universo dos videogames, bem como canais que são propriedade de duas personalidades proeminentes da extrema-direita brasileira. Uma dessas figuras é uma personalidade digital de grande relevância, enquanto a outra é um parlamentar atuante. Intrigantemente, essa comunidade também se caracteriza pela disseminação de conteúdo de natureza pornográfica e misógina. A maior parte das postagens nesta comunidade se caracteriza pela utilização de memes e humor, que, em algumas ocasiões, servem como veículos para a disseminação de propaganda nazista e ataques contra a esquerda. Destaca-se a existência de um canal em língua inglesa, baseado no Brasil, que publica notícias internacionais. Uma particularidade dessa comunidade é a frequente menção a um influenciador digital cujo canal homônimo ocupa uma posição de destaque. Este fenômeno indica a relevância desta personalidade para a audiência, demonstrando o impacto significativo que esta figura possui sobre o discurso e as interações sociais dos membros da comunidade.
A comunidade denominada como (9) é caracterizada por um uso de linguagem fortemente alinhada às teorias da conspiração. O conteúdo disseminado neste ambiente está estreitamente ligado a essas teorias, defendendo conceitos extremamente peculiares, como a existência de seres reptilianos e híbridos humano-animal. Além disso, essa comunidade se dedica a atacar figuras públicas associadas à esquerda brasileira e a indústria farmacêutica, ao mesmo tempo em que promove discursos anticomunistas e a valorização de medicinas alternativas e pseudociência. Nota-se uma forte disseminação de propaganda contrária à vacinação, o que sugere a presença de um grupo antivacina atuante dentro desta comunidade. De maneira surpreendente e preocupante, há canais que oferecem o que chamam de "passaportes de vacina", os quais supostamente permitem alterar registros no sistema SUS para fazer constar que pessoas não vacinadas receberam doses da vacina contra a COVID-19. Trata-se de uma conduta altamente ilegal e que pode representar sérios riscos à saúde pública.
A décima comunidade, por sua vez, é composta principalmente por vídeos que retratam acidentes e lutas corporais. Além disso, nota-se a presença de vídeos e comentários com teor homofóbico, racista e misógino, além de apologia ao nazismo. Este ambiente parece ser caracterizado por um clima de agressividade e intolerância.
A comunidade (11), em contrapartida, se dedica a discussões de cunho técnico, focando na garantia de privacidade na internet. Os temas abordados incluem estratégias para proteção de dados pessoais e uso de criptomoedas, bem como métodos para acessar conteúdos proibidos no país, como sites bloqueados pelo governo ou materiais considerados ilegais. Entre as discussões mais recorrentes estão a utilização de Redes Privadas Virtuais (VPNs) para ocultar o endereço IP do usuário, o uso de navegadores anônimos para evitar o rastreamento de dados, e a adoção de moedas virtuais para garantir maior anonimato nas transações financeiras.
Pode-se notar que, ao menos quando olhamos os canais com maior PageRank, a divisão em comunidades (ou seja, a partir da intensidade das ligações entre os nós) também corresponde a recortes nos temas recorrentes ou na linguagem empregada. A extrema-direita no Brasil, no ecossistema do Telegram, é composta por diversos grupos distintos com poucos elos entre si, apesar da partilha de alguns valores comuns.
Neste sentido, a próxima etapa visa endereçar a seguinte questão: se os grupos são esparsamente conectados, quais canais são responsáveis por fazer-lhes elos, ou seja, quais canais funcionam como pontes entre as diferentes comunidades? A Tabela 2 resume os 10 canais com maior valor de Centralidade de Ponte da nossa rede, entendendo que eles podem nos dar pistas de como as comunidades se conectam.

A análise do Quadro 2 nos proporciona uma visão esclarecedora de que a comunidade 5 é de grande relevância dentro da rede do Telegram. Isso porque 8 dos 10 canais com maior valor de Centralidade de Ponte são associados a esta comunidade, fato que é bastante significativo dado que tal comunidade representa apenas 8,93% dos nós. Esta comunidade particular possui uma característica distintiva: seus canais com maior PageRank não são mantidos por indivíduos anônimos, mas por personalidades publicamente reconhecidas, principalmente através da Internet. Este aspecto é fundamental para compreender a configuração e dinâmica da rede.
Além disso, é importante mencionar que 6 dos 8 canais mais importantes desta comunidade estão ligados a influenciadores digitais da extrema-direita no Brasil. Ademais, um desses canais é um portal de notícias que foi fundado por uma das personalidades que aparece no Quadro 2. Essa descoberta indica que o papel desempenhado por essas figuras públicas, no contexto da rede do Telegram, é essencialmente de atuar como conectores entre as diferentes comunidades.
Um aspecto fundamental a ressaltar é que esses canais representam apenas um fragmento da presença online dos indivíduos que os controlam. Eles também funcionam como um elo entre outras redes sociais e plataformas na web onde as personalidades de extrema-direita mantêm uma presença ativa e a rede de extrema-direita no Telegram. Devido à visibilidade dessas personalidades em vários outros contextos, tanto digitais quanto não-digitais, eles operam como pontes não apenas entre as diversas comunidades do Telegram, mas também com o ambiente externo ao aplicativo.
Considerando o acima exposto, é possível supor que esses influenciadores desempenham também um papel de porta de entrada para a rede. Eles sobrevivem à moderação de outras plataformas e mantêm páginas da web que são facilmente localizáveis através de motores de busca, atraindo assim novos usuários para a rede do Telegram e para o ecossistema informacional da extrema-direita. Aqui, conteúdos mais radicais e extremos podem circular livremente, sem moderação significativa, o que poderia contribuir para a radicalização dos usuários e para a sensibilização de temas que inicialmente não estariam no radar desses indivíduos.
A modularidade encontrada – de 0,735 – e a variedade de temas ligados aos canais indicam que a rede de extrema-direita que se forma no Telegram é mais diversificada do que a literatura originalmente sugeria. As comunidades diferem não só em termos de suas divisões políticas, mas também apresentam outras diferenças mais evidentes, como a referência cultural adotada, o tipo de conteúdo veiculado, os principais assuntos debatidos, o público-alvo das postagens e a língua utilizada. É fundamental que qualquer abordagem para lidar com a expansão desta rede leve em consideração sua heterogeneidade.
Desta forma, fica evidente que a rede de extrema-direita no Telegram compartilha alguns valores comuns – como a concepção de liberdade que inclui o direito de ofender e exercer poderes baseados em hierarquias sociais. No entanto, esses não são suficientes para gerar uma rede altamente integrada. Tal rede só pode ser compreendida como uma unidade na medida em que a insularidade das comunidades é superada pelo papel desempenhado pelos influenciadores de alta visibilidade que ainda mantêm presença online em outras plataformas.
Esta análise nos leva a concluir que o papel principal dessas personalidades é de unir grupos heterogêneos, proporcionando algum tipo de convergência política. Ainda que muitos usuários expulsos das redes sociais mais convencionais – como Facebook e Instagram – continuem suas atividades no Telegram, a expansão e integração da rede ainda dependem da presença de alguns atores nessas outras plataformas.
Vale notar que em 6 de junho de 2024, vários canais e grupos citados nesse estudo não se encontram mais disponíveis no Telegram. Uma análise longitudinal, isto é, de como a configuração desse ecossistema se transforma ao longo do tempo, está fora do escopo desse artigo, mas essa constatação pode servir como premissa para investigações futuras, revelando quais canais e grupos se mantém - e quais desapareceram - revelando propriedades dessa rede que o presente artigo não pôde dar conta.
Este estudo realizou uma análise minuciosa da rede de extrema-direita no Telegram no Brasil, revelando uma estrutura complexa e altamente descentralizada. Composta por 20 comunidades distintas, esta rede apresenta uma diversidade de atores e temáticas que refletem a pluralidade existente dentro do próprio espectro da extrema-direita.
Através de uma abordagem de análise de rede, identificamos as 11 comunidades que conjugam a maior parte dos nós e as classificamos de acordo com os temas predominantes em seus canais com maior valor de PageRank. Este estudo revelou divisões notáveis, tanto em termos de temas abordados quanto em relação ao idioma utilizado. Além disso, as análises sugerem possíveis divisões etárias dentro das comunidades.
Destacamos que uma grande parcela dos canais com maior PageRank são categorizados como de suposto humor ou são reconhecidos por disseminar desinformação e teorias da conspiração. Estes canais parecem compartilhar uma ideologia subjacente: a crença na existência de uma "verdade interdita" e a defesa da liberdade irrestrita de expressão, independente do conteúdo disseminado.
Por outro lado, os canais com maior centralidade de ponte foram associados a personalidades e veículos de comunicação da extrema-direita que também mantém presença em outras plataformas online. Isso reforça a hipótese de que estas figuras e veículos de comunicação desempenham um papel crucial na manutenção da coesão da rede e na sua expansão para outros contextos digitais.
A partir destas descobertas, concluímos que, apesar de sua natureza fragmentada, a rede de extrema-direita no Telegram no Brasil é unida por alguns princípios e ideias fundamentais. A diversidade linguística e temática apresentada por estas comunidades constitui um fator importante que deve ser considerado ao se analisar esta rede.
Ao mesmo tempo, a coesão da rede é mantida pelas personalidades e veículos de comunicação que conseguem se manter em outras plataformas, apesar das estratégias de moderação de conteúdo. Este estudo sugere que estas entidades funcionam como "pontes", facilitando a circulação de conteúdos e ideias entre diferentes comunidades e plataformas, reforçando a integração e expansão dessa rede.


