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RE(LEITURAS): NOVOS CAMINHOS PARA A POLÍTICA EDUCACIONAL
Sandra Fernandes Leite; Andressa Luiza de Souza Mafra; Tayná Victória de Lima Mesquita
Sandra Fernandes Leite; Andressa Luiza de Souza Mafra; Tayná Victória de Lima Mesquita
RE(LEITURAS): NOVOS CAMINHOS PARA A POLÍTICA EDUCACIONAL
RE(LECTURAS): NUEVAS ORIENTACIONES PARA LA POLÍTICA EDUCATIVA
RE-REDINGS: NEW DIRECTIONS FOR EDUCATIONAL POLICIES
Roteiro, vol. 41, núm. 3, pp. 743-748, 2016
Universidade do Oeste de Santa Catarina
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Resenha

RE(LEITURAS): NOVOS CAMINHOS PARA A POLÍTICA EDUCACIONAL

RE(LECTURAS): NUEVAS ORIENTACIONES PARA LA POLÍTICA EDUCATIVA

RE-REDINGS: NEW DIRECTIONS FOR EDUCATIONAL POLICIES

Sandra Fernandes Leite
Universidade Estadual de Campinas, Brazil
Andressa Luiza de Souza Mafra2
Universidade Estadual de Campinas, Brazil
Tayná Victória de Lima Mesquita3
Universidade Estadual de Campinas, Brazil
Roteiro, vol. 41, núm. 3, pp. 743-748, 2016
Universidade do Oeste de Santa Catarina

Recepção: 14 Abril 2016

Aprovação: 15 Agosto 2016

O livro Estudos Epistemológicos no campo da pesquisa em política educacional, organizado pelos professores César Tello e Maria de Lourdes Pinto de Almeida e lançado em 2013, é resultado de uma compilação de artigos que realizam um debate ontoepistemológico, isto é, de sentido e de finalidade (ontologias) e de construção (epistemologias) para alcançar determinado fim (TELLO; ALMEIDA, 2013, p. 12); tem o enfoque na divulgação de reflexões acadêmicas relativas aos temas atuais e polêmicos próprios da pesquisa e ensino em Política Educacional. O livro discute as perspectivas metodológicas e os desafios no âmbito da formação acadêmica e do desenvolvimento de políticas públicas, e auxilia, efetivamente, os educadores acerca desse campo de pesquisa ainda emergente. Assim, os textos apresentados discutem os caminhos já percorridos por pesquisadores e estudiosos dos domínios das Ciências Sociais, Política e Educação e como essas construções de saberes influenciaram, e ainda influenciam, as políticas educacionais no século XX. Permeados por reflexões, os textos aproximam o leitor à construção das políticas públicas no auge do neoliberalismo.

O livro está dividido em sete capítulos subdivididos em duas partes: a primeira, Perspectivas Epistemológicas para a análise de políticas educativas, tem quatro capítulos, e a segunda, Perspectivas Epistemetodológicas para a análise de políticas educativas, possui três capítulos.

Os autores discutem o papel da Globalização, da individualidade dentro da competição capitalista e do mercado de trabalho e como esses “olhares” influenciam na construção das políticas públicas para a educação, na ótica mercadológica e neoliberal.

A educação, enquanto ferramenta de inserção do sujeito no mundo, pode ser libertária ou opressora. Na adoção do neoliberalismo, que estimula a competitividade e a desigualdade social, o conhecimento é visto como uma maneira de melhorar o desempenho dos sujeitos em uma economia cada vez mais concorrida, ou seja, as políticas educacionais e as práticas educativas caminham segundo a ordem do mercado.

O poder emancipatório do desenvolvimento científico, que tem como pressuposto o retorno dos resultados para a sociedade civil, é apropriado em detrimento de ser socializado. Sobre esse assunto, os organizadores do livro, na Apresentação, ressaltam: “A apropriação ocorre na medida em que o sistema de patentes e convênios confere a alguns grupos o direito exclusivo sobre os saberes produzidos na universidade pública.” (TELLO; ALMEIDA, 2013, p. 11).

Os conhecimentos produzidos nas universidades sempre tiveram seus destinos nos interesses privados (TELLO; ALMEIDA, 2013). A globalização do acesso, dos avanços tecnológicos e a disseminação do conhecimento imprimiram uma diferença crucial na apropriação do saber. Os autores completam:

O conhecimento produzido pela universidade diz-se público pelo fato de se engendrar dentro de instituição não privada. Contudo, dentro do novo ethos acadêmico, o conhecimento já em sua origem e destino tende a trazer a marca do interesse privado. Os interesses privados referem-se às forças do mercado, representadas pela demanda das empresas. Nesse sentido não se poderia falar de uma socialização do saber, mas de uma apropriação. A apropriação ocorre na medida em que o sistema de patentes e os convênios conferem a alguns grupos o direito exclusivo sobre os saberes produzidos na universidade pública. (TELLO; ALMEIDA, 2013, p. 11).

O que define as relações entre os “produtores de conhecimento” (universidades) e os seus consumidores (sociedade civil) são os interesses do mercado (TELLO; ALMEIDA, 2013). Um debate ideológico é travado: quão legítimo é o agenciamento da produção científica pelos interesses neoliberais capitalistas? Qual o lugar do imperialismo nesse processo?

O livro, por meio do debate ontoepistemológico, frente aos modos de produção científica no campo das Políticas Educacionais, busca responder aos seguintes questionamentos: De onde se produz conhecimento? E para quem? Propõe, assim, um esquema flexível para a reflexão do leitor sobre os processos de pesquisa científica em Política Educacional a partir de discussões epistemológicas e epistemetodológicas.

No primeiro capítulo, A perspectiva epistemológica de Gramsci e a pesquisa de políticas educacionais, escrito por Maria de Lourdes Pinto de Almeida e Sidney Reinaldo da Silva, destaca-se a (re)apropriação do marxismo por Gramsci enquanto filosofia da práxis, aplicando-a à análise das políticas educacionais como enfoque, método e reflexão sistemática.

Gramsci retoma o princípio marxista da totalidade para se compreender a atividade intelectual e lê as relações pedagógicas enquanto práticas hegemônicas. Neste capítulo, os autores defendem a perspectiva de que o trabalho investigativo em educação se estabeleça em uma relação pedagógica hegemônica e produtora de cultura.

No segundo capítulo, Orientações para o desenvolvimento de investigação em políticas educativas a partir da Teoria Marxista, a autora Gisele Masson apresenta algumas contribuições para a pesquisa em Política Educacional do ponto de vista marxiano. Nessa perspectiva, o materialismo histórico e dialético enquanto postura, método e práxis. A atividade intelectual está ancorada no social independentemente de sua falsidade ou veracidade ideológicas.

O sistema capitalista impõe limites e contradições à educação. Por esse motivo, compreender o sistema capitalista e o papel do Estado em sua manutenção é imprescindível para a análise de Política Educacional.

O terceiro capítulo, escrito pelos autores Xavier Bonal, Antoni Verger e Aina Tarabini, aborda as principais dimensões da ruptura epistemológica de Roger Dale, destacando a aplicabilidade de suas teses como chave interpretativa para relações entre educação, política e sociedade.

O artigo Superando limites disciplinares e territoriais: a Ruptura epistemológica de Roger Dale na pesquisa em política educativa apresenta e discute, ao longo do capítulo, a Teoria da Ausência do Estado proposta por Roger Dale.

Os autores Nicolas José Isola e Hermán Mariano Amar escreveram o quarto capítulo, A perspectiva epistemológica de Pierre Bourdieu: as apropriações no campo acadêmico da educação na Argentina (1971-1989). O texto propõe compreender a produção de conhecimento científico no contexto argentino, desde o início dos anos 1970 até o final dos anos 1980, enquanto campo em disputa, apoiando-se na teoria social de Pierre Bourdieu.

No período pós-ditadura militar, as apropriações intelectuais de Bourdieu embasaram reflexões sobre a reprodução de desigualdades sociais e a não integração dos setores dominados na Argentina e na América Latina como um todo.

O quinto capítulo, A abordagem do ciclo de políticas como epistemetodologia: usos no Brasil e contribuições para a pesquisa sobre políticas educacionais, abre a segunda parte do livro, descrevendo e discutindo a abordagem “ciclo de políticas” proposta por Stephen J. Ball.

Os autores Jefferson Mainardes e Luís Armando Gandin fazem uma análise quantitativa do ciclo de política no Brasil. Foram publicados um livro, 10 capítulos, 36 artigos, 24 teses e 43 dissertações que tratam ou utilizam o ciclo de políticas como referencial metodológico em pesquisas que abordam políticas educacionais. Tal abordagem contribuiu para a visibilização das reinterpretações, ajustes e adaptações dos quais as políticas são alvo quando aplicadas à realidade, em uma perspectiva de totalidade, articulando contextos de influência ideológica, a produção do texto legislativo em si e a prática.

O sexto capítulo, escrito por César Tello e Jorge M. Gorostiaga, trata da metodologia cartografia social. O texto Aportes da cartografia social para uma epistemetodologia do visual na pesquisa sobre política educativa descreve o enfoque metodológico da cartografia social, baseado na análise textual que busca a representação de fenômenos.

Enquanto enfoque epistemetodológico, a cartografia social configura preciosa ferramenta para a caracterização e identificação de argumentos e perspectivas diversas. A metodologia se constitui como uma importante ferramenta de pesquisa que pode ser combinada com outros métodos e técnicas para um estudo crítico das políticas educacionais.

O livro é finalizado com o sétimo capítulo, (Des)construindo caminhos: propostas para uma análise política dos textos jurídicos educativos, com autoria de Renata Giovine e Juan Suásnabar. O artigo traz uma descrição das contribuições da neoinstitucionalização para o campo das políticas educacionais, permitindo investigar relações de poder entre os diferentes níveis e setores governamentais em torno da regulação e definição das institucionalizações. Propõe uma análise das constituições e leis, a reinstalação da agenda política e a necessidade de uma reconstrução histórica das políticas públicas.

O Posfácio, escrito também pelos organizadores do livro, César Tello e Maria de Lourdes Pinto de Almeida, retoma a questão inicial e reflete sobre os desafios da ordem competitiva capitalista para as políticas educacionais: o que, por que e para quem se investiga? Qual o vínculo entre as Políticas Educacionais e a promoção de justiça educativa? Abordando a questão de um ponto de vista materialista, histórico e dialético, compreendendo a produção de conhecimento enquanto prática política não mecanizada, o texto mostra que se torna impossível determinar instrumentos prescritivos completamente fechados para a compreensão. Nesse sentido, a questão permanece aberta, embora clarificada pelas diferentes abordagens apresentadas.

O livro apresenta ao leitor diversas perspectivas epistemológicas e epistemetodológicas nas pesquisas em Política Educacional, contribuindo para a compreensão e o fortalecimento do campo de investigação. A obra se converte em bibliografia necessária para a formação de todas as categorias de acadêmicos interessados em se apropriarem de um leque teórico abrangente relativo à pesquisa em política educacional, desde estudantes de graduação até estudantes dos diferentes níveis de pós-graduação e professores da academia. Considerando a dinamicidade do campo e a pluralidade de concepções sobre o que é produção de conhecimento em política educativa, este livro cumpre bem o desafio de produzir, a partir de diferentes referenciais, um pano teórico sólido e convergente.

Material suplementar
REFERÊNCIA
TELLO, C.; ALMEIDA, M. de L. P. de. (Org.). Estudos Epistemológicos no campo da pesquisa em política educacional. 1. ed. Campinas: Mercado das Letras, 2013.
Notas
Notas
1 Doutora em Educação pela Universidade Estadual de Campinas; Mestre em Educação pela Universidade Federal de Juiz de Fora.
2 Graduada em Letras pela Universidade Estadual de Campinas; mestranda em Educação pela Universidade Estadual de Campinas.
3 Graduanda em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas
Autor notes

Endereço para contato: Avenida Bertrand Russel, 801, Cidade Universitária “Zeferino Vaz”,13083-865, Campinas, São Paulo; sfleite@unicamp.br

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