Resumo: Impulsionadas pelas Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de graduação em medicina, publicadas em 2001, as universidades reestruturaram seus currículos a fim de articular a prática médica ao Sistema Único de Saúde, dando maior atenção às humanidades. A Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia reformulou seu currículo em 2007, implantando o eixo ético-humanístico, ofertado do primeiro ao oitavo semestre. Este estudo analisa a percepção acerca desse eixo com base em questionário respondido por 418 estudantes. A maioria dos participantes afirmou conhecer os objetivos do eixo ético-humanístico, mas acredita que seus colegas de curso não o consideram importante para a formação. A maior parte diz privilegiar disciplinas dos módulos biológico e clínico, mas considera necessário que disciplinas do eixo ético-humanístico estejam presentes em todos os semestres.
Palavras chave: Ética médicaÉtica médica,EnsinoEnsino,Educação de graduação em medicinaEducação de graduação em medicina,Ciências humanasCiências humanas.
PESQUISA
Eixo ético-humanístico da Faculdade de Medicina da Bahia: percepção dos estudantes
Recepção: 11 Março 2019
Revised document received: 7 Janeiro 2020
Aprovação: 30 Março 2020
Mudanças na formação em saúde têm sido impulsionadas pelo esgotamento do modelo biomédico, que ao se centrar na doença, e não na pessoa, enfatiza ações curativas e negligencia aspectos sociais, culturais, psicológicos, econômicos e políticos 1 , 2 . A formação alicerçada nesse paradigma, com destaque apenas para o conhecimento científico sobre a fisiologia humana, não atende às necessidades da prática profissional, pois a atenção focada no paciente deve considerar variáveis ausentes nesse modelo 3 - 5 . É necessário, portanto, agregar outros campos do conhecimento à educação médica, como filosofia, sociologia e ética 5 , 6 .
Com isso, foram elaboradas iniciativas que fomentam a inserção das humanidades no currículo, impulsionadas inicialmente pela Comissão Interinstitucional Nacional de Avaliação do Ensino Médico, criada em 1991 com o objetivo de apresentar sugestões consistentes para a reformulação do ensino 7 . Posteriormente, algumas leis e programas foram desenvolvidos para estimular essas transformações: Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 8 , Programa Nacional de Incentivo às Mudanças Curriculares para as Escolas Médicas 9 e Programa Nacional de Reorientação da Formação em Saúde (Pró-Saúde) 10 .
A consolidação desse processo veio em 2001, com a publicação das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) do curso de graduação em medicina 11 , atualizadas em 2014. Com elas, os currículos das universidades foram reestruturados a fim de se conectarem à prática médica no Sistema Único de Saúde, e as humanidades tiveram importante papel nessa reformulação 8 , 9 . O artigo 12 das DCN, por exemplo, preconiza a inclusão de dimensões éticas e humanísticas, desenvolvendo no aluno atitudes e valores orientados para a cidadania11 . Esse documento reorienta a prática pedagógica, até então centrada na transmissão de conteúdo, direcionando-a ao desenvolvimento de competências, inclusive humanísticas.
As DCN instigam a interação ativa entre estudantes, professores, profissionais de saúde e usuários, propondo a formação de médicos competentes, éticos e comprometidos com as necessidades de saúde da população:
Art. 3º O Curso de Graduação em Medicina tem como perfil do formando egresso/profissional o médico, com formação generalista, humanista, crítica e reflexiva, capacitado a atuar, pautado em princípios éticos, no processo de saúde-doença em seus diferentes níveis de atenção, com ações de promoção, prevenção, recuperação e reabilitação à saúde, na perspectiva da integralidade da assistência, com senso de responsabilidade social e compromisso com a cidadania, como promotor da saúde integral do ser humano 11 .
Com base nas DCN, a Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia (FMB/Ufba) implantou em 2007 o chamado “eixo ético-humanístico”, evocando a obrigação da escola médica de zelar pela formação ética de seus estudantes e a constatação de que a educação influencia a conduta do profissional e sua relação com o paciente 12 . Implementado com apoio do Pró-Saúde, o eixo abrange do primeiro ao oitavo semestre do curso. O novo currículo foi organizado por módulos, buscando contemplar o conhecimento técnico-científico, a formação em pesquisa e dimensões ético-humanísticas, as quais perpassam todos os segmentos 13 .
Considerando que reformas curriculares podem fracassar caso os alunos não sejam parte do processo 11 , 14 , este estudo tem como objetivo analisar a percepção dos estudantes da FMB/Ufba acerca do eixo ético-humanístico e traçar seu perfil.
Este é estudo quantitativo, transversal, realizado com discentes da FMB/Ufba em 2018, quando havia 713 estudantes matriculados entre o primeiro e o oitavo semestres do curso de medicina, de acordo com a Superintendência de Administração Acadêmica da universidade. A amostra foi formada por conveniência, com os seguintes critérios de inclusão: o participante deveria ser maior de 18 anos, estudante do primeiro ao oitavo semestre do curso de medicina da Ufba e, depois de informado sobre os objetivos da pesquisa, concordar em participar dela assinando termo de consentimento livre e esclarecido em duas vias. O recorte do período se deve ao fato de que, após o oitavo semestre, os alunos seguem para o internato e não cursam mais componentes curriculares do eixo ético-humanístico.
O questionário foi desenvolvido especificamente para esta pesquisa, mas pode ser utilizado em estudos futuros. A escala Likert foi escolhida para compô-lo, pois permite mensurar a atitude dos respondentes, o que, segundo Lucian, é importante pelo fato de que este conhecimento é útil na compreensão do comportamento das pessoas, no entendimento da forma como tomam decisões e no conhecimento do modo como se organizam em grupos15 . As assertivas do questionário versavam sobre a estrutura curricular do curso e o eixo ético-humanístico. O instrumento foi aplicado no dia da última prova do semestre relativa a componentes do eixo. Ao todo, 418 questionários foram integralmente respondidos. O software Statistical Package for the Social Sciences 18 foi utilizado para análise descritiva das frequências e respectivas porcentagens das respostas obtidas da população estudada.
A média de idade dos participantes foi de 23 anos, e 63,3% deles tinham entre 20 e 24 anos. Com relação ao sexo, 50,5% eram homens, e 49,5% mulheres. Quanto à autoclassificação no que diz respeito à cor, a maioria (52,4%) se considerou parda. Quando questionados sobre o conhecimento que têm acerca das DCN do curso de medicina, 34,9% afirmaram já ter ouvido falar sobre elas, mas não saber do que se trata. Apenas 7,7% já as leram/estudaram, e somente 3,6% sabem quais mudanças as diretrizes trouxeram para a graduação na área ( Tabela 1 ). As porcentagens das respostas às 11 assertivas que tratavam da estrutura curricular do curso da FMB/Ufba e de seu eixo ético-humanístico são demonstradas na Tabela 2 .
Os resultados demonstram que a maioria dos estudantes afirma conhecer a estrutura curricular do curso (75,4%), mantém-se neutra quanto à afirmação de que o currículo da FMB/Ufba atende às DCN (57,2%) e acredita que o curso privilegia disciplinas técnicas e científicas (69,9%). Dentre os participantes, 50,2% consideram mais importantes as disciplinas biológicas, 77,8% as do módulo clínico e 57,4% as do eixo ético-humanístico; 65,6% não consideram as disciplinas de formação em pesquisa mais importantes para sua formação, enquanto 59,8% acham que seus colegas de curso não consideram o eixo ético-humanístico importante. A maior parte diz conhecer os objetivos do eixo ético-humanístico (84,7%), considera necessário que as disciplinas desse eixo estejam presentes em todos os semestres (74,2%) e declara ser importante cursar disciplinas eletivas de outros institutos da Ufba durante a graduação em medicina (60,3%).
O perfil dos participantes da pesquisa revela algumas características interessantes. Por exemplo, a FMB/Ufba tem comparativamente cerca de 13% menos alunas do que a população de universitárias do país. De acordo com o censo da educação superior de 2017 16 , 57% das vagas das instituições de ensino superior (IES) são ocupadas por mulheres, enquanto na amostra da FMB/Ufba que participou deste estudo essa porcentagem é de 49,5%. Homens são 50,5% dos discentes participantes, enquanto no censo citado esse número é de 43% 16 . Em estudo de 2008 acerca do interesse e conhecimento sobre ética médica e bioética na FMB/Ufba 17 , 46,8% dos participantes eram do sexo masculino, e 53,2% feminino. Tomando como base este dado, no presente estudo o número de mulheres caiu 7%.
Quanto à idade, a média entre os participantes da pesquisa é de 23 anos, com variação de 17 a 44 anos. No já citado estudo de 2008, de Almeida e colaboradores 17 , a média era de 21,6 anos, com variação entre 18 e 39. No presente estudo, há número considerável de estudantes entre 20 e 24 anos (63,3% dos matriculados do primeiro ao oitavo semestre), enquanto 40,39% dos universitários brasileiros estão nesse intervalo etário, segundo o censo de 2017 16 .
Quanto à cor, dos 8.286.663 universitários brasileiros, apenas 6,42% se consideram pretos 16 . Na amostra pesquisada na FMB/Ufba, em que 15,3% dos alunos se declaram negros, esse grupo é, comparativamente, cerca de 138% maior. Dentre outras, há duas explicações para esse número: o fato de Salvador ser a cidade de maior população negra no país 18 e a implementação da política de cotas na Ufba, que promoveu reparação histórica incentivando diversidade, justiça social e equidade.
A pesquisa de Ristoff 19 sobre o perfil do estudante de graduação no Brasil demonstrou que o número de pardos nas universidades é 20% inferior ao seu número na sociedade. Para esse grupo, em nenhum curso foi observada representação igual ou superior à sua parcela na população. Portanto, os resultados do presente estudo diferem dos encontrados por Ristoff 19 : enquanto 43,1% da população total é parda 18 , na amostra pesquisada essa porcentagem é de 52,4%.
Já os brancos são 39,7% dos universitários brasileiros 16 , mas nos semestres pesquisados na FMB/Ufba, onde apenas 30,6% dos alunos se declaram brancos, esse percentual é cerca de 36% menor. Segundo Ristoff 19 , apesar de este ser um processo lento, o curso de medicina a cada ano torna-se menos branco. O fenômeno decorre em grande parte do Programa Universidade para Todos e do Fundo de Financiamento Estudantil, nas IES privadas, e da Lei das Cotas, nas instituições federais.
Apenas 1,4% dos estudantes da amostra se declaram indígenas. O número baixo, mas acima da porcentagem nacional (0,68%, segundo o censo de 2017 16 ), pode ser considerado fruto da política de cotas da Ufba, que reserva 2% das vagas para candidatos de escolas públicas autodeclarados descendentes indígenas e duas vagas suplementares para candidatos de escolas públicas autodeclarados indígenas aldeados.
É importante traçar o perfil dos médicos em formação na FMB/Ufba, pois, segundo as DCN, o Projeto Político Pedagógico (PPP) deve ser construído de forma coletiva, tendo como foco a formação do estudante enquanto sujeito da aprendizagem, de modo a torná-lo competente, ético e, principalmente, comprometido com as necessidades de saúde da população 11 . A partir da percepção dos discentes sobre elementos de sua formação, como o eixo ético-humanístico, pode-se colocar em prática essa diretriz, construindo e reavaliando o PPP de acordo com os anseios da sociedade e com foco no aluno em formação.
As DCN não são regras fechadas, definitivas. Elas têm o papel de orientar quanto aos principais aspectos da reformulação de um PPP 14 , 17 , 20 . Nelas, fica evidente a necessidade de formar profissionais atentos às demandas da sociedade – incluindo a relação com novas tecnologias e formas de cuidado –, com habilidades clínicas, humanistas e críticas 17 , 20 . No entanto, quando questionados sobre o conhecimento acerca das DCN, apenas 7,7% dos estudantes da FMB/Ufba afirmam já tê-las lido/estudado, e apenas 3,6% sabem que mudanças elas trouxeram.
Formigli e colaboradores 14 apontaram que apenas oito discentes participaram do grupo de trabalho para elaboração do PPP hoje em vigor na FMB/Ufba, estruturado a partir das DCN. Essa pequena participação pode estar refletida nos resultados do presente estudo, em que 25,6% dos estudantes afirmaram não conhecer as DCN, e outros 34,9% afirmaram já ter ouvido falar sobre elas, mas não sabem do que se trata. Esse resultado preocupa, pois, para transformar o ensino, a participação dos estudantes é necessária. São eles o ator principal das mudanças na graduação, visto que o PPP defende a formação cidadã e representa os sujeitos envolvidos em seu processo de reformulação.
Historicamente, o movimento estudantil de medicina sempre almejou transformar a educação médica de forma a adequá-la às necessidades sociais e à construção de um sistema de saúde integral, de qualidade e universal 12 , 17 , 21 . Mas, apesar de o PPP da FMB/Ufba ter sido elaborado com a participação de professores, discentes e funcionários técnico-administrativos, percebe-se que o engajamento dos alunos deixou a desejar. Seguindo a tendência nacional, o movimento dos estudantes de medicina da Ufba cresceu, mas não o suficiente para impulsionar mudanças profundas 21 .
Sobre a estrutura curricular em vigor, 75,4% dos entrevistados afirmam conhecê-la, mas apenas 29,4% concordam que o currículo da FMB/Ufba atende às DCN, enquanto 57,2% mantiveram-se neutros quanto a essa assertiva. Instituído em 2007 com base em competências, o PPP da FMB/Ufba trouxe como principal mudança um programa de ensino integrado, organizado por módulos fundamentados nas concepções de inter e transdisciplinaridade, superando práticas do “ensinar/aprender” por meio da abordagem de temas geradores 13 .
Ainda sobre a estrutura curricular do curso, 69,9% dos estudantes concordam que o currículo privilegia disciplinas técnicas e científicas, realidade fruto da formação mecanicista fundada na ideia de cura da biomedicina, implementada com base nas recomendações do Relatório Flexner 22 . Esse documento contribuiu para a compartimentalização do ensino das ciências básicas e para a utilização de hospitais-escolas como principal campo de aprendizado clínico, reservando pouco espaço à dimensão social, psicológica e econômica da saúde 22 .
Essa influência ainda pode ser observada na estrutura curricular e organizacional da faculdade. Apesar da proposta de integração, na prática ainda se mantém a divisão entre um período inicial de disciplinas básicas e outro dedicado a estudos clínicos, com inserção de componentes relativos a especialidades médicas que não interagem entre si e muito menos articulam saberes para promover um sistema de saúde integral.
A plena implementação dos módulos interdisciplinares e interdepartamentais tem enfrentado alguma resistência por parte de docentes e departamentos da FMB/Ufba, o que vem gerando sucessivas adaptações 14 . O foco do ensino continua sendo a doença, o conhecimento sobre sua evolução, mecanismos fisiopatológicos, terapêutica, prognóstico etc., o que pode explicar a preferência da maioria dos estudantes por disciplinas biológicas e módulos clínicos.
Um diferencial do currículo da FMB/Ufba é o eixo de formação em pesquisa, que também perpassa todos os semestres e tem o objetivo de preparar o aluno para desenvolver projetos e apresentar trabalhos em eventos científicos 14 . Porém, 65,6% dos estudantes não consideram as disciplinas desse eixo as mais importantes para sua formação, apesar de a capacidade de pesquisa ser defendida como competência, habilidade e valor no PPP da FMB/Ufba, que estimula o discente a investigar e relacionar o conhecimento acadêmico-científico com outros saberes do campo da saúde 14 .
Estudo de Oliveira, Alves e Luz 23 com estudantes do sexto ano de seis escolas médicas de quatro estados brasileiros revelou que 28% dos entrevistados não participaram de programas de iniciação científica. Os autores apontam como causas desse dado a inexistência de pessoal qualificado ou motivado, a carência de condições materiais e, principalmente, a falta de incentivo institucional. O quadro preocupa, pois por meio da pesquisa o aluno pode melhorar sua formação, exercitando honestidade e humildade diante dos dados obtidos, especialmente quando estes contradizem suas hipóteses iniciais 24 .
Quanto ao outro eixo da formação, o ético-humanístico, 57,4% consideram suas disciplinas as mais importantes para a formação. Portanto, de modo geral, é positiva a percepção dos estudantes quanto a essa parte inovadora do currículo, uma vez que, antes dela, não havia iniciativa que abordasse as humanidades de modo específico no curso de medicina da Ufba. No estudo de Almeida e colaboradores 17 , numa escala de 1 a 5, a importância atribuída pelos estudantes à disciplina ética médica foi em média 4,5. Nota relevante, ainda mais considerando que, na época da pesquisa, apenas as disciplinas de deontologia e diceologia médica compunham o currículo. Observa-se, portanto, avanço no ensino da ética e humanidades e valorização por parte dos alunos desse tipo de conhecimento.
Ainda na pesquisa de Almeida e colaboradores 17 , 28,7% dos estudantes desejavam que matérias relativas à ética médica fossem ofertadas já no primeiro semestre, enquanto 21,4% queriam que estas fossem ofertadas todos os semestres. Somente um estudante (0,3%) considerou o tema não essencial, e para outros quatro disciplinas desse tipo deveriam ser optativas.
No presente estudo, observa-se que, após 11 anos da implementação do eixo ético-humanístico, 84,7% dos estudantes afirmam conhecer seus objetivos e 74,2% consideram sua presença necessária em todos os semestres da graduação. O que se verifica, apesar da baixa carga horária do eixo (187 de 8.957 horas, ou seja, 2% do total), é que a reforma curricular de 2007 representou um marco no ensino das humanidades 14 , mas deve continuar avançando, visto que 27% dos participantes deste estudo ainda não consideram o eixo ético-humanístico o mais importante para sua formação.
Um último dado a ser destacado é o de 60,3% dos estudantes considerarem importante cursar disciplinas de outros institutos da Ufba, além daquelas obrigatórias. Esses alunos parecem compreender que, por meio do diálogo entre áreas e pesquisadores, a interdisciplinaridade permite pensar soluções para problemas que não podem ser resolvidos apenas pela medicina 25 .
Em debate nas últimas décadas, o modelo de ensino médico vem sofrendo críticas resultantes da insatisfação com a falta de preparo humanístico dos profissionais para lidar com problemas morais. As reformas curriculares vêm tentando agregar experiências inovadoras e variar competências, na busca por priorizar temas da ética e da bioética. Essa mudança é necessária e deve ser efetiva, a fim de reorientar profundamente a prática clínica.
Transformações, no entanto, dependem da participação dos estudantes. Por isso, devem ser criados espaços que permitam o envolvimento dos alunos em discussões sobre o sistema de saúde e o modelo hegemônico de ensino das escolas médicas, para que fique clara a falta de integração entre esses dois polos.
Mais estudos sobre a inserção do eixo ético-humanístico no currículo da FMB/Ufba devem ser desenvolvidos, pois este é um diferencial na formação que precisa ser estudado profundamente a fim de corrigir erros e, talvez, torná-lo referência para outras escolas do país. A limitação do estudo está em características da escala Likert, que permitiu ordenar as respostas dos indivíduos apenas por concordância e discordância em relação às assertivas, sem medir como a inserção do eixo ético-humanístico mudou a percepção dos estudantes, podendo este ser objetivo de futura pesquisa.
1. Idade: ___ anos Gênero: ( ) Masculino ( ) Feminino
2. Naturalidade: ( ) Salvador ( ) Interior da Bahia ( ) Outro estado: _______________
3. Como você se considera? ( ) Branco ( ) Negro ( ) Indígena ( ) Pardo ( ) Amarelo
4. Onde você estudou a maior parte do ensino médio? ( ) Escola pública ( ) Escola particular
5. Qual é a escolaridade dos seus pais?
Mãe ( ) Nenhum ( ) Ensino fundamental ( ) Ensino médio ( ) Ensino superior ( ) Pós-graduação
Pai ( ) Nenhum ( ) Ensino fundamental ( ) Ensino médio ( ) Ensino superior ( ) Pós-graduação
6. Qual é a renda total da sua família (incluindo os seus rendimentos)?
( ) Até 1,5 salário mínimo (até R$ 1.086,00).
( ) De 1,5 a 3 salários mínimos (R$ 1.086,01 a R$ 2.172,00).
( ) De 3 a 4,5 salários mínimos (R$ 2.172,01 a R$ 3.258,00).
( ) De 4,5 a 6 salários mínimos (R$ 3.258,01 a R$ 4.344,00).
( ) De 6 a 10 salários mínimos (R$ 4.344,01 a R$ 7.240,00).
( ) De 10 a 30 salários mínimos (R$ 7.240,01 a R$ 21.720,00).
( ) Acima de 30 salários mínimos (mais de R$ 21.720,01).
7. Seu ingresso no curso de graduação se deu por meio de políticas de ação afirmativa ou inclusão social? ( ) Não.
( ) Sim, por critério étnico-racial.
( ) Sim, por critério de renda.
( ) Sim, por ter estudado em escola pública ou particular com bolsa de estudos.
( ) Sim, por sistema que combina dois ou mais critérios anteriores.
( ) Sim, por sistema diferente dos anteriores.
8. Você recebe algum tipo de…
a. Bolsa-auxílio?
( ) Nenhum.
( ) Auxílio-moradia.
( ) Auxílio-alimentação.
( ) Auxílio-moradia e alimentação.
( ) Auxílio-permanência.
( ) Outro tipo de auxílio.
b. Bolsa acadêmica?
( ) Nenhum.
( ) Bolsa de iniciação científica.
( ) Bolsa de extensão.
( ) Bolsa de monitoria/tutoria.
( ) Bolsa Programa de Educação Tutorial (PET).
( ) Outro tipo de bolsa acadêmica.
9. Possui graduação anterior? ( ) Não ( ) Sim. Qual? _______________________
10. Ano e semestre de entrada no curso de graduação em medicina: ______________
11. Qual é o seu semestre atual do eixo ético-humanístico? ( ) 1º ( ) 2º ( ) 3º ( ) 4º ( ) 5º ( ) 6º ( ) 7º ( ) 8º
12. Já atuou como profissional? ( ) Não ( ) Sim Já fez ou faz estágio? ( ) Não ( ) Sim
13. Trabalha atualmente? ( ) Não ( ) Sim
14. Participou de alguma atividade de extensão na graduação em medicina? ( ) Não ( ) Sim
15. Participou de algum grupo de pesquisa na graduação em medicina? ( ) Não ( ) Sim
16. Cursou disciplinas em outros institutos ou faculdades da Ufba durante a graduação em medicina fora da matriz curricular obrigatória? ( ) Não ( ) Sim
17. Pretende fazer especialização depois de formado? ( ) Não ( ) Sim. Qual? _______________________
18. Conhece as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) do curso de graduação em medicina?
( ) Não conheço as DCN
( ) Já ouvi falar sobre as DCN, mas não sei do que se trata.
( ) Sei o que são as DCN.
( ) Já li/estudei as DCN.
( ) Sei quais mudanças as DCN trouxeram para a minha graduação.
Nesta parte do questionário, responda de acordo com seu nível de concordância em relação às frases a seguir.
1. Eu conheço a estrutura curricular do meu curso de graduação.
( ) Discordo totalmente
( ) Discordo parcialmente
( ) Não concordo nem discordo
( ) Concordo parcialmente
( ) Concordo totalmente
2. O currículo de minha instituição atende aos objetivos das Diretrizes Curriculares Nacionais para o meu curso.
( ) Discordo totalmente
( ) Discordo parcialmente
( ) Não concordo nem discordo
( ) Concordo parcialmente
( ) Concordo totalmente
3. O currículo da graduação em medicina privilegia disciplinas técnicas e científicas.
( ) Discordo totalmente
( ) Discordo parcialmente
( ) Não concordo nem discordo
( ) Concordo parcialmente
( ) Concordo totalmente
4. Eu considero as disciplinas biológicas as mais importantes para a minha formação.
( ) Discordo totalmente
( ) Discordo parcialmente
( ) Não concordo nem discordo
( ) Concordo parcialmente
( ) Concordo totalmente
5. Eu considero as disciplinas dos módulos clínicos as mais importantes para a minha formação.
( ) Discordo totalmente
( ) Discordo parcialmente
( ) Não concordo nem discordo
( ) Concordo parcialmente
( ) Concordo totalmente
6. Eu considero as disciplinas de formação em pesquisa as mais importantes para a minha formação.
( ) Discordo totalmente
( ) Discordo parcialmente
( ) Não concordo nem discordo
( ) Concordo parcialmente
( ) Concordo totalmente
7. Eu considero as disciplinas ético-humanísticas as mais importantes para a minha formação.
( ) Discordo totalmente
( ) Discordo parcialmente
( ) Não concordo nem discordo
( ) Concordo parcialmente
( ) Concordo totalmente
8. Meus colegas de curso não consideram o eixo ético-humanístico importante para sua formação.
( ) Discordo totalmente
( ) Discordo parcialmente
( ) Não concordo nem discordo
( ) Concordo parcialmente
( ) Concordo totalmente
9. Eu conheço os objetivos do eixo ético-humanístico do meu currículo.
( ) Discordo totalmente
( ) Discordo parcialmente
( ) Não concordo nem discordo
( ) Concordo parcialmente
( ) Concordo totalmente
10. Considero necessário que as disciplinas do eixo ético-humanístico estejam presentes em todos os semestres da graduação.
( ) Discordo totalmente
( ) Discordo parcialmente
( ) Não concordo nem discordo
( ) Concordo parcialmente
( ) Concordo totalmente
11. É importante cursar disciplinas de outros institutos da Universidade Federal da Bahia (fora da grade curricular padrão) durante a graduação em medicina.
( ) Discordo totalmente
( ) Discordo parcialmente
( ) Não concordo nem discordo
( ) Concordo parcialmente
( ) Concordo totalmente
12. O eixo ético-humanístico aborda os conteúdos de forma interdisciplinar.
( ) Discordo totalmente
( ) Discordo parcialmente
( ) Não concordo nem discordo
( ) Concordo parcialmente
( ) Concordo totalmente
13. Existe integração entre as disciplinas do eixo ético-humanístico.
( ) Discordo totalmente
( ) Discordo parcialmente
( ) Não concordo nem discordo
( ) Concordo parcialmente
( ) Concordo totalmente
14. Há correlação/integração entre os assuntos estudados no eixo ético-humanístico e os conteúdos das demais disciplinas.
( ) Discordo totalmente
( ) Discordo parcialmente
( ) Não concordo nem discordo
( ) Concordo parcialmente
( ) Concordo totalmente
15. O programa das disciplinas do eixo ético-humanístico faz com que eu me interesse pela minha formação.
( ) Discordo totalmente
( ) Discordo parcialmente
( ) Não concordo nem discordo
( ) Concordo parcialmente
( ) Concordo totalmente
16. Os professores do eixo ético-humanístico demonstram domínio dos conteúdos e temas ministrados.
( ) Discordo totalmente
( ) Discordo parcialmente
( ) Não concordo nem discordo
( ) Concordo parcialmente
( ) Concordo totalmente
17. A carga horária do eixo ético-humanístico deveria aumentar para o aprendizado sobre os conteúdos ser satisfatório.
( ) Discordo totalmente
( ) Discordo parcialmente
( ) Não concordo nem discordo
( ) Concordo parcialmente
( ) Concordo totalmente
18. Os materiais bibliográficos são disponíveis e suficientes para a abordagem dos conteúdos no eixo ético-humanístico.
( ) Discordo totalmente
( ) Discordo parcialmente
( ) Não concordo nem discordo
( ) Concordo parcialmente
( ) Concordo totalmente
19. Há coerência entre os objetivos propostos do eixo-ético humanístico e o conteúdo das suas aulas.
( ) Discordo totalmente
( ) Discordo parcialmente
( ) Não concordo nem discordo
( ) Concordo parcialmente
( ) Concordo totalmente
20. Os assuntos abordados no eixo ético-humanístico priorizam aspectos relativos ao Código de Ética Médica.
( ) Discordo totalmente
( ) Discordo parcialmente
( ) Não concordo nem discordo
( ) Concordo parcialmente
( ) Concordo totalmente
21. Depois de graduado, pretendo ingressar de imediato em um programa de residência médica.
( ) Discordo totalmente
( ) Discordo parcialmente
( ) Não concordo nem discordo
( ) Concordo parcialmente
( ) Concordo totalmente
22. Depois de formado, eu pretendo abrir um consultório médico próprio.
( ) Discordo totalmente
( ) Discordo parcialmente
( ) Não concordo nem discordo
( ) Concordo parcialmente
( ) Concordo totalmente
23. Depois de formado, eu pretendo seguir carreira acadêmica.
( ) Discordo totalmente
( ) Discordo parcialmente
( ) Não concordo nem discordo
( ) Concordo parcialmente
( ) Concordo totalmente
24. Depois de formado, eu pretendo trabalhar em uma instituição de saúde privada.
( ) Discordo totalmente
( ) Discordo parcialmente
( ) Não concordo nem discordo
( ) Concordo parcialmente
( ) Concordo totalmente
25. Depois de formado, eu pretendo atuar no Sistema Único de Saúde.
( ) Discordo totalmente
( ) Discordo parcialmente
( ) Não concordo nem discordo
( ) Concordo parcialmente
( ) Concordo totalmente
26. Aplico os conhecimentos adquiridos no eixo ético-humanístico em minha prática clínica.
( ) Discordo totalmente
( ) Discordo parcialmente
( ) Não concordo nem discordo
( ) Concordo parcialmente
( ) Concordo totalmente
27. Estudar o Código de Ética Médica é o mais importante para a minha atuação profissional.
( ) Discordo totalmente
( ) Discordo parcialmente
( ) Não concordo nem discordo
( ) Concordo parcialmente
( ) Concordo totalmente
28. Estudar sobre a ética envolvida na relação médico-paciente é o mais importante para a minha atuação profissional.
( ) Discordo totalmente
( ) Discordo parcialmente
( ) Não concordo nem discordo
( ) Concordo parcialmente
( ) Concordo totalmente
29. Considero que o ensino da ética médica em todos os semestres do curso de graduação em medicina é fundamental para desenvolver a minha atuação profissional.
( ) Discordo totalmente
( ) Discordo parcialmente
( ) Não concordo nem discordo
( ) Concordo parcialmente
( ) Concordo totalmente
30. Se o eixo ético-humanístico não existisse, a minha prática clínica seria a mesma.
( ) Discordo totalmente
( ) Discordo parcialmente
( ) Não concordo nem discordo
( ) Concordo parcialmente
( ) Concordo totalmente
Jarbas Carneiro Mota coletou e processou os dados e escreveu o artigo. Renata Meira Véras orientou e revisou o artigo.
Renata Meira Véras – Doutora – renatameiraveras@gmail.com
Correspondência Jarbas Carneiro Mota – Praça XV de novembro, s/n, Largo do Terreiro de Jesus CEP 40026-010. Salvador/BA, Brasil.