Resumo: A pandemia de covid-19 causou uma grave crise de saúde pública e a vacinação se tornou uma importante ação para o enfrentamento da doença. Entretanto, a hesitação vacinal representa uma barreira no esforço para alcançar a imunidade coletiva. Deve-se considerar que tal recusa é um direito decorrente da autonomia do paciente e pode ser influenciada por fatores como política, confiança nos governantes, ceticismo em relação à indústria farmacêutica e exposição midiática, no contexto da pandemia. Diante disso, conhecer tais aspectos faz-se necessário a fim de minimizar esse problema e promover maior aceitação da vacina, por meio de amplos esforços das autoridades de saúde pública.
Palavras chave: Autonomia pessoal, recusa de vacinação, vacinas contra covid-19.
Resumen: La pandemia de la covid-19 causó una grave crisis de salud pública, y la vacunación es una acción importante para enfrentar la enfermedad. Sin embargo, la vacilación ante la vacuna representa una barrera en el esfuerzo por lograr la inmunidad colectiva. Se puede considerar que esta negativa es un derecho que surge de la autonomía del paciente y que puede estar influenciada por los factores como la política, la confianza en los gobernantes, el escepticismo hacia la industria farmacéutica y la exposición a los medios en el contexto de la pandemia. Por lo tanto, conocer estos aspectos es necesario para minimizar el problema y promover una mayor aceptación de la vacuna mediante un gran esfuerzo por parte de las autoridades de salud pública.
Palabras clave: Autonomía personal, negativa a la vacunación, vacunas contra la covid-19.
Abstract: Amidst the serious public health crises caused by the COVID-19 pandemic, vaccination became a key measure to combat the disease; however, vaccination refusal or hesitancy hinders the efforts to reach collective immunity. Such refusal is a right arising from patient autonomy and can be influenced by political factors, trust in governments, skepticism towards the pharmaceutical industry, and media exposure. Thus, knowledge of these aspects added to public health efforts is paramount to mitigate refusal and promote vaccination acceptance.
Keywords: Personal autonomy, vaccination refusal, covid-19 vaccines.
Pesquisa
Autonomia do paciente ante a vacinação contra covid-19
Autonomía del paciente ante la vacunación contra la covid-19
Patient autonomy regarding the COVID-19 vaccine
Recepção: 05 Setembro 2022
Revised document received: 23 Março 2023
Aprovação: 24 Março 2023
Em dezembro de 2019, na província chinesa de Wuhan, foi detectada uma síndrome respiratória aguda, causada pelo Sars-CoV-2, agente patogênico pertencente à família dos coronavírus. Esse vírus tornou-se o agente causador da covid-19 (do inglês coronavirus disease ), doença infecciosa com alta velocidade de disseminação. Três meses três após sua identificação, a Organização Mundial da Saúde classificou a emergência de saúde causada pela doença como uma pandemia 1 .
O inesperado início de um cenário pandêmico teve repercussões amplas e complexas, afetando padrões políticos, econômicos e sociais, com elevado número de óbitos, principalmente de idosos e pessoas portadoras de condições patológicas crônicas – caracterizados como grupos de risco 1 , 2 . Diante disso, a comunidade científica, em parceria com os Estados e o setor privado, iniciou um esforço inédito para o desenvolvimento de vacinas no intuito de minimizar os impactos da pandemia, tendo em vista que estas geram imunidade contra o micro-organismo alvo ao ativar o sistema imunológico 2 , 3 .
Todo paciente pode, se assim desejar, recusar tratamento médico. Esse é um preceito que defende a dignidade da pessoa humana, colocando a liberdade de tomada de decisão em primeiro lugar, independentemente das crenças que a impulsionaram 4 . No cenário da assistência médica, qualquer intervenção, mesmo que mínima, deve ser informada ao paciente pelo médico ou profissional responsável, sendo uma obrigação inerente à sua função. Também se deve esclarecer possíveis efeitos e dúvidas, visando dar ao paciente condições necessárias para consentir ou recusar 5 .
Esse direito é reforçado na perspectiva ética e jurídica. Na bioética, a liberdade é caracterizada pela capacidade de exercer a autonomia mediante decisão própria, ainda que exija abstenção do médico. Já na Declaração de Helsinki , de 1964, que norteia a pesquisa envolvendo seres humanos, menciona-se que os interesses e o bem-estar do indivíduo estão acima do interesse exclusivo da sociedade ou da ciência 6 .
Outrossim, entende-se que o paciente detém a palavra final sobre quais intervenções podem ou não ser realizadas, uma vez que isso consiste na liberdade intrínseca da pessoa (livre-arbítrio) para decidir sobre questões que envolvam sua intimidade e privacidade, com base no seu projeto de vida 7 .
Questões relacionadas à autonomia do paciente se aprofundaram durante a pandemia de covid-19, justamente pelos aspectos bioéticos atrelados à vacinação 8 . Nesse contexto, apesar de existirem diversos argumentos que comprovem os efeitos benéficos da vacina, há pessoas que hesitam em se vacinar.
As razões que determinam essa hesitação são complexas e abrangem desde falta de confiança e informações sobre a vacina, até dificuldades no acesso a esta e desconfiança nos formuladores das políticas circundantes. Também há alegações de motivos religiosos e discursos de que a vacina seria uma medida de controle da população pelo governo ou por grandes empresas 9 .
A autonomia diante da vacinação permite que indivíduos hesitantes componham um grupo heterogêneo, com diversos níveis de incerteza sobre vacinas específicas ou a vacinação em geral. Trata-se de um fenômeno social bastante complexo, que diz respeito a um ideal de caráter coletivo, de um grupo que traz em suas indagações temas como liberdade individual e autonomia do paciente em decisões de saúde 10 .
Sob essa perspectiva, milhares de pessoas saíram às ruas em todo o mundo para protestar contra as políticas de distanciamento social e de vacinação em massa. Essa reação é preocupante, já que as atitudes do público em relação à segurança e à eficácia da vacina estão associadas a uma redução da aceitação da vacinação no corpo social 11 . Dessa forma, por ser um método de controle de doenças que depende de alcance populacional para sua efetividade, a vacinação apresenta sérios prejuízos caso não se obtenha o alcance necessário 12 .
Portanto, o presente estudo tem como objetivo conhecer os dilemas e os entraves bioéticos envolvidos na hesitação ante a vacina contra covid-19.
Trata-se de estudo analítico, exploratório e descritivo, realizado por meio de revisão integrativa de literatura, seguindo as diretrizes propostas pelo método Principais Itens para Relatar Revisões sistemáticas e Metanálises (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses – Prisma) 13 , 14 , com o objetivo de agrupar e sintetizar conhecimentos relevantes sobre a temática proposta. Foi organizado em seis fases: 1) nomeação do tema e questão norteadora; 2) formulação dos critérios de busca; 3) estabelecimento dos dados a serem extraídos das publicações; 4) apreciação crítica dos artigos incluídos; 5) exposição dos resultados; e 6) apresentação dos conhecimentos em síntese.
Desse modo, buscou-se responder à seguinte questão norteadora: quais são os dilemas bioéticos envolvidos na hesitação ante a vacinação contra covid-19? A coleta de dados ocorreu entre abril e junho de 2022, e foram pesquisados estudos de 2020 a 2022 pertinentes à temática. Realizou-se busca on-line nas bases de dados PubMed e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), plataformas escolhidas por apresentarem artigos nacionais e internacionais.
No levantamento bibliográfico, foram usados os seguintes descritores e operadores booleanos: “ covid-19 and vaccines and vaccine uptake and vaccine hesitancy and vaccine confidence and covid-19 vaccine ”. Esses descritores fazem parte das plataformas Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) e Medical Subject Headings (MeSH). As estratégias de busca foram conduzidas por quatro pesquisadores independentes.
A análise dos trabalhos selecionados se deu por meio de leitura crítica integral, buscando detectar e associar o texto ao tema proposto. Os dados foram interpretados, categorizados e armazenados nos softwares Excel 2016 e Word 2016, da Microsoft, a partir dos quais foram organizados em gráficos, tabelas e textos.
Os critérios de inclusão das publicações foram: apresentar expressões associadas à temática em títulos, palavras-chave ou resumos; ser publicado em português e/ou inglês; estar disponível gratuitamente nas bases escolhidas. Foram excluídos artigos que tinham apenas o resumo disponível, consistiam em proposta/projeto sem validação e/ou que não atenderam ao objeto proposto. As publicações que apareceram em mais de uma base de dados foram computadas uma única vez.
A busca inicial nas plataformas de pesquisa identificou 212 publicações com base no título, sendo 103 artigos encontrados no PubMed e 109 na BVS. Desses, 83 foram eliminados por estarem duplicados e 101 por não estarem relacionados ao tema de interesse (com base no título, resumo e leitura do texto completo). Assim, foram selecionados 28 estudos para compor esta revisão ( Figura 1 ).

As publicações contempladas nesta revisão foram sintetizadas no Quadro 1 , de acordo com o primeiro autor e ano de publicação, país, título, periódico, objetivo e principais resultados de interesse. Todos os artigos foram publicados em inglês e em sua maioria eram transversais (24); os demais eram descritivos, randomizados controlados e relatórios (4).

Os Estados Unidos foram o país com mais artigos, o total de dez; seguidos por Itália, com três; Reino Unido, Bangladesh, Catar e China, com duas publicações cada; e os demais países, com apenas uma cada. Todos os estudos incluídos são recentes, tendo sido publicados nos anos de 2021 e 2022. A amostra dos estudos transversais variou de 70 a 52 mil participantes.
Na modernidade, um princípio básico nos serviços de saúde é a autonomia do paciente, principalmente no que tange ao combate a imposições de cuidados médicos sem seu consentimento proclamado e participado 15 . Porém, existem certas exceções que permitem abrir um questionamento em relação a esse direito, como as questões de saúde pública. Nessa perspectiva, quando a condição médica de uma pessoa representa ameaça à comunidade, é discutível se, em determinadas circunstâncias e dentro de certos parâmetros, deve haver imposição de cuidados médicos ao indivíduo 16 .
Nos serviços de saúde pública, a autonomia individual está sob o princípio da responsabilidade, pois sua aplicação, da maneira como ocorre no campo da investigação biomédica ou na prática clínica, resultaria em intensas dificuldades para qualquer tipo de ação intervencionista 17 . Isso não significa que a autonomia perde espaço no contexto da saúde pública, mas que apresenta um papel diferente e menor. Assim, uma pandemia implica claros e importantes riscos à comunidade, de forma que a autonomia individual inevitavelmente necessita de certas limitações 18 .
A mais evidente manifestação associada à vacinação é a conhecida imunidade de grupo, ou seja, a ideia de que a imunidade de parte da população reduz o risco de doenças na outra parte. Ao prevenir a propagação da infecção, a vacina beneficia não apenas o indivíduo vacinado, mas também o corpo social em torno, propiciando um benefício social agregado 19 - 21 .
Na atualidade, a vacina contra covid-19 não é obrigatória na maioria das jurisdições, porém aqueles que a recusam enfrentam obstáculos, como dificuldades para viajar, quarentenas, testes sucessivos. Além disso, podem ter restrições variadas na vida cotidiana, como impedimento à entrada em serviços públicos e zonas de lazer, já que não possuem certificados de vacinação e põem em risco a saúde de outros indivíduos 22 .
É de extrema importância conhecer as situações em que a autonomia do indivíduo pode desafiar a completa cobertura vacinal, pois podem ser usadas como base para a elaboração de estratégias de intervenção que busquem alcançar o maior público possível 17 , 23 .
Destaca-se, entre elas, o papel da influência política: estudos demonstraram que a falta de confiança nas atividades do governo pode ocasionar hesitação vacinal. Segundo Roberts e colaboradores 22 , em pesquisa realizada no Reino Unido, aqueles que não confiavam no governo tinham maiores chances de não se vacinar. Além disso, a afiliação a um partido político também pode contribuir para a recusa da vacina – principalmente quando se trata de partido com forte aspecto populista – e a opinião de políticos atua como fator de influência na escolha final da pessoa 24 - 26 .
Outro aspecto impactante na aceitação vacinal, encontrado de forma conjunta com a falta de confiança no governo, é o ceticismo em relação à indústria farmacêutica e a órgãos fiscalizadores. Muitas pessoas hesitam em se vacinar contra covid-19 por acreditarem que a grande velocidade com que a vacina foi produzida e aprovada ocorreu por interesses lucrativos, podendo, dessa maneira, ter maiores efeitos indesejados e desconhecidos 22 , 27 - 29 .
Ademais, chama atenção a resistência em se vacinar por parte de alguns indivíduos com alta escolaridade, como profissionais enfermeiros e médicos 24 , 30 - 32 . Isso ocorre possivelmente devido ao maior contato durante a prática cotidiana com efeitos adversos que podem ser causados por vacinas, ou à preferência pela imunidade adquirida fisiologicamente 24 . Dessa maneira, a hesitação vacinal da população pode aumentar, uma vez que, como relataram Musa e colaboradores 33 e Sharma, Davis e Wilkerson 25 , a baixa recomendação profissional constitui outro fator de influência.
É válido ressaltar, ainda, que o processo de tomada de decisão é uma somatória de vários fatores internos e externos. Dentre os externos, destaca-se a mídia social, por se tratar de ambiente em que as pessoas podem informar e ser informadas 28 . Muitos movimentos de hesitação vacinal ganharam grande visibilidade e adeptos durante a pandemia, em grande parte pela difusão de crenças e opiniões em blogs, sites , mídias sociais, entre outros, por seus representantes 34 , 35 .
Atualmente, as pessoas utilizam a internet para pesquisar todos os tipos de informação, incluindo saúde e vacinas. O grande problema está na qualidade da informação, que é variável e pode ser imprecisa e/ou enganosa, acarretando atitudes negativas sobre o processo de vacinação 43 .
Em contrapartida, o estudo de Hossain e colaboradores 36 , realizado em Bangladesh, constatou que pessoas que ouviram falar a respeito da vacina contra covid-19 nas mídias sociais e/ou portais de notícias on-line eram menos hesitantes em relação àqueles que tinham autopercepções sobre a vacina. De toda forma, ainda é necessária cautela ao avaliar tais efeitos midiáticos.
Além disso, falta de confiança, desinformação sobre efeitos adversos e incompreensão sobre a necessidade vacinal são alguns tópicos relacionados às vacinas que, em alguns casos, passaram a sobrepor o medo da doença que se deseja evitar 44 . Durante a pandemia de covid-19, quando as vacinas começaram a ser ofertadas para a população, essas percepções foram mais abundantes na massa digital, visto que houve produção e divulgação de informações sem evidências e enganosas. Isso claramente influenciou a tomada de decisão e implicou outras incertezas, como descrença na qualidade e segurança da fabricação da vacina 37 , 38 , 45 .
Nesse cenário, deve-se buscar caminhos para vencer essa barreira e promover maior aceitação e recomendação da vacinação entre os profissionais de saúde, que podem ser comparados a líderes influenciadores, pois sua opinião é muitas vezes refletida nas pessoas de que cuidam 24 , 39 , 40 . No estudo de Kalam e colaboradores 41 , em que se verificaram determinantes comportamentais da aceitação da vacina contra covid-19 em cidade de Bangladesh, identificou-se que as pessoas eram 3,2 vezes mais propensas a se vacinarem se um médico ou enfermeiro as aconselhasse.
Produzir e divulgar informações baseadas em evidências sólidas, abrangentes, compreensíveis e atualizadas sobre vacinas é um importante meio de contrabalancear as informações enganosas e errôneas que circulam na internet e fora dela. Tais estratégias precisam, ainda, abordar crenças e determinantes comportamentais, como o próprio risco percebido de contrair covid-19 e as consequências da não vacinação, a fim de aumentar a confiança das pessoas sobre as vacinas em geral 42 .
Por fim, diante de situações de recusa à vacina, o profissional de saúde deve ter conhecimento das normas que regem a ética no âmbito médico, com o intuito de deliberar corretamente sobre sua decisão 39 . É vedado ao médico não garantir ao paciente o direito a sua autonomia e bem-estar, bem como é proibido utilizar sua autoridade para impor limites ao indivíduo assistido. Cabe-lhe também informar o paciente sobre riscos e benefícios de sua escolha, respeitando, assim, sua hesitação em ser vacinado, mesmo que tal atitude comprometa a imunização em massa 15 , 46 .
A pandemia não aniquila o direito dos indivíduos à autonomia perante certas decisões sobre sua saúde, porém possibilita determinadas restrições. A aplicação de tais restrições deve-se ao fato desse problema ocorrer em esfera pública, demandando medidas e intervenções que contemplem o bem-estar do corpo social, de forma que a autonomia individual ceda ao princípio da responsabilidade.
A alta cobertura vacinal é imprescindível para o controle da pandemia e a hesitação é uma ameaça para esse objetivo, pois a imunidade de rebanho depende da disponibilidade de vacinas e da disposição do público em aceitar a vacinação. Há preocupações evidentes acerca das vacinas e variados fatores que interferem nas crenças da população; entretanto, no contexto atual, a mídia e as redes sociais são veículos com intensa divulgação de notícias falsas e informações inverídicas sobre as vacinas recém-produzidas.
Outro aspecto importante é a forma como a atuação médica em prol da autonomia do paciente é abordada durante a formação acadêmica. Discussões com esse propósito permitem que o estudante reflita sobre dilemas e entraves bioéticos envolvidos na vacinação, possibilitando melhor desenvolvimento da capacidade de definir, junto com o paciente, metas diante de mudanças. Nessa perspectiva, tais temas são um grande desafio ao profissional médico, destacando-se a importância de serem trabalhados durante sua formação.
A sociedade em geral necessita de conhecimentos adequados, precisos e de alta qualidade, de forma que fontes de elevada confiabilidade, com tais informações e de fácil assimilação pela população devem ser uma prioridade dos governos. Além disso, são necessários variados esforços de autoridades nacionais de saúde pública visando melhorar a aceitação e cobertura vacinal contra covid-19. Por fim, entende-se que estudos adicionais podem promover um melhor entendimento dos efeitos da covid-19 na recusa da vacina para motivar ações futuras, com o objetivo de diminuir esse entrave.
Carlos Arthur da Silva Morais – Graduando – carlosarthur1234@gmail.com
Erick Antonio Rodrigues Mendes – Graduando – erickrmendes2@gmail.com
Francinei Gomes Pinto – Graduando – fr4ncinei.gpinto@gmail.com
Patrícia Regina Bastos Neder – Doutora – patricia.neder@uepa.br
Correspondência: Gustavo Batista Ferro – Universidade do Estado do Pará. Trav. Perebebuí, 2623, Marco CEP 66087-662. Belém/PA, Brasil.

