Neoplasias malignas em região de cabeça e pescoço: perfil dos pacientes atendidos na UFMG

Neoplasias malignas en la cabeza y el cuello: perfil de pacientes atendidos en la UFMG

Malignancies in the head and neck: profile of patients seen at UFMG

Igor Figueiredo Pereira
Universidade Federal de Minas Gerais, Brasil
Vladimir Reimar Augusto de Souza Noronha
Centro Universitário Newton Paiva, Brasil
Marcelo Drummond Naves
Faculdade da Odontologia de Minas Gerais, Brasil
Tania Mara Pimenta Amaral
Faculdade da Odontologia de Minas Gerais, Brasil
Vagner Rodrigues Santos
Faculdade da Odontologia de Minas Gerais, Brasil

Neoplasias malignas em região de cabeça e pescoço: perfil dos pacientes atendidos na UFMG

Revista Cubana de Estomatología, vol. 53, núm. 4, pp. 233-244, 2016

Centro Nacional de Información de Ciencias Médicas

Recepção: 13 Agosto 2015

Aprovação: 04 Junho 2016

Resumo: Introdução: no Brasil, a mortalidade por doenças crônico-degenerativas vemmostrando uma ascensão progressiva, destacando-se as neoplasias malignas comoa segunda causa de morte. O câncer bucal possui uma predominância em paísesem desenvolvimento, em especial na classe social com níveis socioeconômicos maisbaixos.

Objetivo: verificar o perfil epidemiológico dos pacientes submetidos àradioterapia/quimioterapia e atendidos na Faculdade de Odontologia da UFMG.

Métodos: consistiu de um estudo retrospectivo, descritivo do tipo transversal.Foram analisados todos os registros dos pacientes atendidos no projeto deextensão: "Atendimento de suporte odontológico ao paciente portador de neoplasiamaligna e irradiado em região de cabeça e pescoço", no intervalo de 2005 a 2104.Após a coleta, as informações foram digitadas e organizadas em base do programaR versão 3.0.3.

Resultados: dos 458 registros analisados entre 2005 e 2014, 351 (76,6 %)corresponderam a indivíduos do sexo masculino e 107 (23,4 %), do sexo feminino,com 55,57 (± 12,2) anos de média de idade. Verificou-se que o carcinoma decélulas escamosas foi o mais prevalente com 334 (73,2 %) dos casos. Em relação àlocalização do tumor, a cavidade oral apareceu com 193 (43,0 %) dos casos, já ostumores localizados em faringe e laringe, foram 156 (34,7 %). Em relação aotratamento, a radioterapia foi realizada em 409 (89,7 %) dos pacientes, já aquimioterapia foi realizada em 237 (52,7 %) dos casos. Ao analisar as complicaçõespós-radioterapia, foram registrados 144 (32,6 %) casos de mucosite, 76 (17,2 %)de candidíase e apenas 40 (10,6 %) de osteorradionecrose.

Conclusão: houve uma maior prevalência de pacientes do sexo masculino, com asexta década de vida, como a mais acometida, sendo expressivo o número decasos em que o tratamento preconizado foi a radio e quimioterapia. O tipo deCâncer mais frequente foi o de células escamosas, localizados principalmente nacavidade oral e a complicação pós-radioterápica mais encontrada foi a mucosite.

Palavras-chave: neoplasias de cabeça e pescoço, radioterapia, quimioterapia, epidemiologia.

Resumen: Introducción: en Brasil, la mortalidad por enfermedades crónicas ha mostrado unaumento progressivo; se destacan las neoplasias malignas como la segunda causaprincipal de muerte. El cáncer oral tiene un predominio en los países en desarrollo,sobre todo en la clase social con niveles socioeconómicos más bajos.

Objetivo: verificar el perfil epidemiológico de los pacientes sometidos a radioterapia/quimioterapia atendidos en la Facultad de Odontología de la UFMG.

Métodos: consistió en un estudio retrospectivo, descriptivo de corte transversal. Seanalizaron todos los registros de los pacientes atendidos en el proyecto de extensión:"Apoyo y cuidado dental para los pacientes con neoplasias malignas e irradiado en lacabeza y el cuello" desde el 2005 a 2104. Después de la recolección de datos, seintrodujo la información y se organizó sobre la base del programa R versión 3.0.3.

Resultados: de los 458 expedientes analizados entre 2005 y 2014, 351 (76,6 %)correspondieron a hombres y 107 (23,4 %) a mujeres, con una media de 55,57(± 12,2) años de edad. Se encontró que el carcinoma de células escamosas prevalecióen 334 (73,2 %) casos. En cuanto a la ubicación del tumor, la cavidad oral apareciócon 193 (43, 0%) de los casos, ya que los tumores localizados en la faringe y lalaringe fueron 156 (34,7 %). Respecto al tratamiento, la radioterapia se realizó en409 (89,7 %) pacientes, ya que la quimioterapia se efectuó en 237 (52,7 %) casos.Mediante el análisis de las complicaciones posradiación, hubo 144 (32,6 %) casos demucositis, 76 (17,2 %) de candidiasis y solo 40 (10,6 %) de osteorradionecrosis.

Conclusiones: hubo una mayor prevalencia de pacientes del sexo masculino, y lasexta década de la vida fue la más afectada, con un número significativo de casos enque el paciente fue tratado con la radiación y la quimioterapia. El tipo más frecuentede cáncer en la boca fue de células escamosas, siendo la mucositis bucal lacomplicación más frequente posradioterapia.

Palabras clave: neoplasias de cabeza y cuello, radioterapia, quimioterapia, epidemiologia.

Abstract: Introduction: in Brazil, the mortality from chronic diseases has shown aprogressive rise, highlighting the malignant neoplasms as the second leading causeof death. The oral cancer is predominant in developing countries, particularly inlower socioeconomic sectors.

Objective: to verify the epidemiological profile of patients undergoingradiotherapy/chemotherapy and treated at the dental school of UFMG.

Methods: retrospective, descriptive and cross-sectional study. All the medicalrecords of patients seen in the extension project "Support and dental care forpatients with malignant and irradiated tumor in the head and the neck" wereanalyzed from 2005 to 2014. After data collection, they were entered and organizedaccording to R program version 3.0.3.

Results: out of 458 records analyzed in the period of 2005 through 2014, threehundred and fifty one (76.6 %) and 107 (23.4 %) belonged to males and females,respectively, with mean age of 55.57 (± 12.2). It was found that the squamous cellcarcinoma was prevailing in 334 (73. 2 %) cases. Regarding the location of thetumor, the oral cavity comprised 193 (43.0 %) cases, since the tumors located inthe pharynx and the larynx were present in 156 (34.7 %). In terms of treatment,radiotherapy was performed in 409 (89.7 %) patients and chemotherapy in237 (52.7 %) cases. By analyzing the post-radiation complications, there werefound 144 (32.6 %) cases of mucositis, 76 (17.2 %) candidiasis and just 40 (10.6%) osteoradionecrosis.

Conclusions: malignant neoplasms show higher prevalence in male patients andthe 60 year age group was the most affected, with a significant number of patientstreated with radiation and chemotherapy. The most frequent type of oral cancerwas the squamous cell cancer, being mucositis the most frequent oral complicationafter treatment.

Keywords: head and neck neoplasms, radiotherapy, chemotherapy, epidemiology.

INTRODUÇÃO

No Brasil, a mortalidade por doenças crônico-degenerativas vem mostrando umaascensão progressiva, destacando-se as neoplasias malignas como a segunda causade morte, responsáveis por quase 17 % dos óbitos de razão conhecida, notificadosem 2007 no Sistema de Informações sobre Mortalidade. O número de casos decâncer aumentou consideravelmente em todo o mundo e configura-se, atualmente,como um dos mais importantes problemas de saúde pública mundial.1

O câncer bucal possui uma predominância em países em desenvolvimento, emespecial em uma população com níveis socioeconômicos mais baixos. Grande partedestes pacientes é dependente do sistema público de saúde, onde pode ocorreruma demora no atendimento, favorecendo assim um diagnóstico tardio, cujotratamento é mais agressivo, com um prognóstico desfavorável, reduzindo assimsua qualidade de vida e aumentando as taxas de mortalidade.2,3

O tabagismo e o abuso de álcool são fatores de risco bem conhecidos para odesenvolvimento do câncer bucal. Atualmente a quantidade total e o tempo deconsumo de álcool têm sido considerados mais importantes do que o tipo de bebidaalcoólica ingerida.4,5

O tratamento do doente com câncer bucal envolve uma equipe multidisciplinar quedeve trabalhar integrada objetivando a eliminação da doença, porém mantendo aqualidade de vida do paciente. Fazem parte dessa equipe de profissionais:cirurgiões-dentistas, médicos (cirurgiões de cabeça e pescoço, cirurgiões plásticos,oncologistas, radioterapeutas), enfermeiros, psicólogos, fonoaudiólogos,nutricionistas, assistentes sociais, sem destacar nenhuma dessas figuras - todas,em suas áreas de competência, que trabalham e cooperam no atendimento aopaciente.6

As altas doses de radiação em extensos campos deixam várias sequelas que afetamde forma significativa a qualidade de vida dos pacientes. Além disso, estascomplicações podem afetar inclusive o curso do tratamento. É de suma importânciaque todos os profissionais da área de saúde, envolvidos com esses pacientessaibam diagnosticar as complicações advindas do tratamento anti-neoplásico.7

Um amplo suporte profissional irá proporcionar ao paciente maior confiança e cooperação que irão refletir positivamente no resultado final do tratamento6.

Portanto o objetivo do trabalho foi determinar o perfil dos pacientes portadores deneoplasia maligna de cabeça e pescoço, atendidos na Faculdade de Odontologia daUFMG.

MÉTODOS

O presente estudo consistiu em uma pesquisa de campo aplicada, sendo um estudo retrospectivo, descritivo do tipo transversal.8

A pesquisa foi realizada nas dependências da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Minas Gerais, em Belo Horizonte.

O universo do estudo foi composto por todos os registros dos pacientes atendidosno projeto "Atendimento de suporte odontológico ao paciente portador de neoplasiamaligna e irradiado em região de cabeça e pescoço".

Os registros foram examinados minuciosamente, buscando informações dasseguintes variáveis: idade, gênero, naturalidade, local de residência, profissão, cor,estado civil, tipo de Carcinoma, localização da lesão, alterações sistêmicas, ato defumar ou beber, radioterapia (dose total, número de sessões), quimioterapia,mucosite, candidose, número de exodontias, alterações nos tecidos duros e molesda boca antes, durante e após a radioterapia e tamanho do tumor. Para a coletadesses dados, foi elaborada uma base de dados com programa especifico para essefim.

Após a coleta dos dados, as fichas obtidas foram digitadas em um banco de dadoscriado no programa estatístico. O software utilizado na análise foi o R versão 3.0.3.

Foi realizado um cálculo de perda de informação em cerca de 10 % das fichas, asquais serão escolhidas aleatoriamente.

Os dados foram tratados e analisados estatisticamente de maneira descritiva, queaplica várias técnicas para descrever e sumarizar um conjunto de dados. Sediferenciando da estatística inferencial, ou estatística indutiva, pelo objetivo:organizar, sumarizar dados ao invés de usar os dados em aprendizado sobre apopulação, além de dispor os resultados obtidos na forma de gráficos e tabelas defrequências absolutas e percentuais, possibilitando melhor compreensão e clareza.9

Para a execução do presente estudo, foram observados e obedecidos todos osaspectos éticos prescritos na Resolução 196/96, do Conselho Nacional de Saúde(CNS), que versa sobre a ética em pesquisa envolvendo seres humanos e matériasdestes derivados. Foram consideradas apenas as informações de prontuários queestivessem preenchidos corretamente e que tenham as autorizações dos pacientesassinados os Termos de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (anexo).

RESULTADOS

Durante os anos de 2013 e 2014 foi realizada a coleta de dados em fichas clínicasno projeto de extensão: Atendimento de Suporte Odontológico a Pacientesportadores de Neoplasias Malignas e irradiados em região da cabeça e pescoço, naFaculdade de Odontologia da Universidade Federal de Minas Gerais. A amostra foicomposta por 458 prontuários de pacientes atendidos referentes ao intervalo de2005 a 2014.

Em relação ao gênero, houve uma predominância do sexo masculino 351 (76,6 %),contra 107 (23,4 %) do sexo feminino, dos prontuários analisados.

Na tabela 1, podem ser observadas as variáveis categóricas, inerentes àidentificação do paciente, como: cor, estado civil, naturalidade, profissão e cidadede residência.

Ao analisar as características provenientes dos hábitos e da condição sistêmica dospacientes, foi observada uma prevalência importante de alterações e hábitosnocivos, segundo a tabela 2. Na tabela 3, podem-se encontrar informaçõesinerentes ao tipo de Câncer de cada paciente, além do tratamento realizado.Importante destacar a prevalência do carcinoma de células escamosas com 73,2 %dos casos. A cavidade oral foi a área mais acometida com 43 %. Aosteorradionecrose foi encontrada em apenas 40 pacientes, ou seja, 10,6 % daamostra. Em relação às variáveis quantitativas, a idade média dos pacientes foi de55,57 años, com o desvio padrão de (± 12,62). A dose média de radioterapiarealizada pelos pacientes foi de 5186,2Gy, para uma média de cerca de 32 sessõespor paciente. Já o número médio de dentes removidos por paciente foi de 9,88.Como observado na tabela 4.

Tabela 1
Identificação dos pacientes
Identificação dos pacientes

Tabela 2
Condição e hábitos dos pancientes
Condição e hábitos dos pancientes

Tabela 3
Características do tumor, tratamento e complicações pós RXT
Características do tumor, tratamento e complicações pós RXT

DISCUSSÃO

Existem dificuldades inerentes ao tipo de metodologia utilizado neste estudo, comoaquelas referentes ao acesso e localização dos registros ou, até mesmo, aqualidade das informações contidas nos prontuários, as quais foramexperimentadas na presente pesquisa.10

O predomínio do sexo masculino, encontrado neste trabalho, corrobora com osdados encontrados em outras pesquisas sobre o tema, tais estudos realizados noBrasil por Ribeiro et al., e na Coréia do Sul por Park et al., relacionam esses altosíndices de Câncer de cabeça e pescoço em homens, principalmente devido ahábitos nocivos que são mais frequentes quando comparados a mulheres. Comopor exemplo, a maior ingestão de álcool e o fumo abusivo, além da maior exposiçãoao sol, sem nenhum tipo de proteção.3,5

Em um estudo realizado no Estado de Minas Gerais, foram encontrados 1.030novos casos de Carcinoma de Células Escamosas (CCE) bucal, sendo 750 destes emhomens e 280 em mulheres. Para Belo Horizonte, a previsão era de 200 novoscasos. Em um levantamento realizado por Gervasio et al., nos Hospitais MárioPenna e Luxemburgo, também na cidade de Belo Horizonte (MG), foram avaliadosos prontuários de 740 pacientes. Observou-se que 82,7 % dos pacientes com CCEbucal eram do sexo masculino e 17,3 % do sexo feminino, sendo que a razãohomem:mulher foi de 4,8:1, valor próximo ao encontrado no presente estudo queapresentou 76, 6 % dos pacientes pertencentes ao sexo masculino e 23,4 % aosexo feminino.11

Com a mudança no comportamento feminino, que passou a se expor mais aassociação álcool-tabaco, houve um aumento do CCE bucal nas mulheres, comconsequente redução da razão homem:mulher, para 2,3:1, semelhante aoencontrado neste estudo, que obteve proporção de homem:mulher de 3:1. Talafirmativa é confirmada pelo INCA, em sua estimativa mais recente, mostrando quepara o Brasil, no ano de 2014, 11.280 casos novos de câncer da cavidade oral emhomens e 4.010 em mulheres.1

Na presenta pesquisa, a maior parte da amostra declarou fazer, ou ter feito uso debebida alcoólica, ou de algum tipo de fumo. O papel do álcool como fator de riscopara o CCE ainda não está bem esclarecido, contudo efeitos significativamentediferentes em relação aos sexos foram observados. Llewellyn et al., encontraramum elevado risco para mulheres que bebem com regularidade desde os 18 anos.Além disso, constataram também que, para os homens que começaram a fumaraos 16 anos o risco aumentava em 50 %.3,12

Em muitos países, o câncer labial é a forma mais comum do câncer oral, estandosua etiologia associada com exposição solar, sendo mais frequente em homensbrancos e no lábio inferior, como encontrado em estudo realizado na Austrália.13

Em um trabalho realizado no Brasil, o câncer bucal apresentou uma predominânciaem países em desenvolvimento, em especial na classe social com níveissocioeconômicos mais baixos, ou seja, em pacientes que possuem maioresdificuldades de acesso ao sistema privado de saúde, portanto dependentes dosistema público.2 Os pacientes atendidos no projeto de oncologia da faculdade deodontologia da UFMG, geralmente apresentam um nível social mais baixo, muitasvezes, sem a orientação necessária sobre a gravidade da doença e muitas vezesencaminhados tardiamente ao serviço.

Estudos recentes relacionam complicações como mucosite, xerostomia, candidíasee osteorradionecrose à radioterapia, com influência direta da dose de radiação.14 Nopresente estudo, tais complicações foram observadas, porém com predominânciade pacientes que não apresentaram tais complicações, mesmo estes, recebendoaltas dosagens de radiação, média de mais de 5,000 Gy. O tratamento dessascomplicações se torna um desafio para os cirurgiões dentistas, tendo em vista, quemuitas vezes essas complicações podem debilitar os pacientes, piorando o seuprognóstico.

Muitos estudos apontam a ocorrência de mucosite oral em 40 % dos pacientessubmetidos à quimioterapia e em mais de 80 %, naqueles tratados comradioterapia.4,15

Em uma pesquisa também realizada na faculdade de odontologia da UFMG, com 24pacientes que seriam submetidos à terapia de radiação para tratamento de Câncerbucal. Foi utilizado o gel de propólis mucoadesivo a 5 %, aplicado 3 vezes ao dia,iniciando-se 1 dia antes do início da radioterapia, 8 3 % dos pacientes (n= 20) nãoapresentaram qualquer alteração na mucosa oral.16 No presente estudo, 90 % dospacientes foram submetidos à radioterapia, destes, apenas cerca de 35 %apresentaram mucosite oral, valor aquém do encontrado na literatura.4,15 Talresultado pode ser justificado pelo uso do gel de própolis, como protocolo notratamento dos pacientes submetidos à terapia antineoplásica, atendidos na UFMG.

A dor e o comprometimento nutricional, causados pela mucosite são os fatores quemais afetam a qualidade de vida dos pacientes submetidos à terapia radioterápica,podendo exigir reduções da dose ou mesmo a interrupção das sessões deradioterapia, sendo necessário um cuidado especial no tratamento de talcomplicação. Outras formas de tratamento para mucosite oral além do gel deprópolis são descritas na literatura, como: crioterapia, laser de baixa intensidade,fatores de crescimento e agentes antiinflamatórios.15

Nesta pesquisa, a candidíase foi encontrada em cerca de 17 % dos pacientes. Abdoet al., associa essa complicação à mucosite e a xerostomia, que também são efeitoscolaterais comuns nos pacientes em tratamento de radio e quimioterapia. Outrosfatores também são citados, tais como: má higienização, muitas vezes motivada,por lesões bucais e o uso de prótese por grande parte desses pacientes.17A osteorradionecrose é considerada a complicação mais séria decorrente dotratamento com radioterapia. Sua ocorrência na literatura varia de 2 a 35 %, sendomais comumente encontrada em mandíbula.18 Em um estudo com 40 pacientescom carcinoma de células escamosas em boca, submetidos à radioterapia, aosteorradionecrose foi encontrada em 22,5% (n= 9).19 No presente trabalho aocorrência de ORN, foi de 10 %, corroborando com o encontrado na literatura.

Diante da metodologia adotada e dos resultados obtidos, podemos concluir quehouve predominância do sexo masculino 351 (76,6 %), contra 107 (23,4 %) dosexo feminino. A idade média encontrada de 55,57 (± 12,2) anos. A maioria daslesões localizava-se em cavidade oral, com o tipo de Câncer mais frequente sendo oCarcinoma de Células Escamosas, a complicação pós-radioterápica mais encontradafoi a mucosite e a maioria das lesões, apresentava-se com estadiamento III e IV.

Espera-se que este estudo possa contribuir para a descrição, compreensão, reflexãoe discussão da temática, visando uma melhora nos protocolos de atendimento emaior capacitação de todos os profissionais envolvidos na equipe multidisciplinar deatendimento ao paciente portador de neoplasia maligna de cabeça e pescoço.

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Anexo

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