Artigos Científicos
Relatos de viajantes e fontes etno-históricas dos séculos XVIII e XIX indicam vários aldeamentos indígenas às margens do rio Araguaia e de seus afluentes. Pesquisas arqueológicas registraram aldeias de agricultores cujos materiais cerâmicos destacam-se por ocorrer predominantemente em superfície junto à presença de solos enegrecidos. Em razão disso, foram realizadas pesquisas nos sítios arqueológicos Cangas I e Lago Rico (Goiás), utilizando-se as técnicas da geoquímica, da arqueometria e da micromorfologia de solos, com objetivo de identificar os solos antrópicos em assentamentos pré-coloniais ceramistas. O ambiente é uma variável extremamente importante quando se trata de fenômenos químicos. Os resultados obtidos a partir do uso destas técnicas analíticas comprovam que o sítio Cangas I se trata do assentamento mais antigo com características de ocupação fixa, sendo identificado pelos depósitos antrópicos, como presença de fragmentos ósseos e estruturas de fogueira, enquanto o sítio Lago Rico estaria sendo ocupado ao mesmo tempo como um acampamento de mobilidade sazonal. Em relação à morfologia dos assentamentos, o sítio Cangas I se assemelha aos sítios filiados à fase Aruanã, que possui forma linear, enquanto o sítio Lago Rico apresenta duas áreas de concentração circular, que se assemelham às fases Itapirapuã, Uru e Jaupaci. Os dados etnográficos sugerem que estes assentamentos estavam sendo ocupados por grupos indígenas Karajá, Bororo e Kayapó.
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