Artigo original
Fé importa? Uma análise do efeito da assiduidade religiosa sobre a motivação de busca por emprego dos jovens brasileiros*
Does faith matter? An analysis of the effect of religious attendance on job search motivation among young Brazilians
Fé importa? Uma análise do efeito da assiduidade religiosa sobre a motivação de busca por emprego dos jovens brasileiros*
Economia e Sociedade, vol. 33, núm. 2, e257108, 2024
Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas; Publicações
Recepção: 08 Outubro 2021
Aprovação: 22 Dezembro 2023
Resumo: A literatura recente aponta os efeitos benéficos da religiosidade sobre o enfrentamento de estressores associados ao mercado de trabalho, servindo como um canal de apoio social e psicológico. Contudo, pouco se sabe a respeito de como e até que ponto as crenças e as práticas religiosas influenciam os valores, opiniões, percepções e atitudes sociais do segmento juvenil. Diante disto, este artigo tem como objetivo compreender a importância da intensidade da prática religiosa sobre a motivação de busca por trabalho de jovens brasileiros, usando dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2013. Para tanto, adotou-se uma estratégia empírica baseada no modelo de regressão estendida (ERM), mais especificamente o probit com tratamento endógeno ordinal. Em grosso modo, as estimativas apontam que a religião melhora o incentivo de sair da total inatividade e procurar um engajamento ocupacional, mesmo em jovens que estão parcialmente dedicados aos estudos. Os resultados apontam um efeito crescente da intensidade religiosa na busca por emprego vis-à-vis a inatividade. Estima-se um efeito de tratamento médio de engajamento no mercado de trabalho de 28,7 pontos percentuais (p.p.) para jovens com frequência moderada e 61,3 p.p. para aqueles com alta participação nas atividades religiosas. Os resultados favorecem a hipótese que a frequência em práticas religiosas pode não apenas ser alívio de condições adversas, mas também um canal de estímulo na procura por emprego por parte dos jovens.
Palavras-chave: Religião, Jovens, Mercado de trabalho.
Abstract:
Recent literature points to the beneficial effects of religiosity on coping with
stressors associated with the job market, serving as a channel of social and
psychological support. However, little is known about how and to what extent
religious beliefs and practices influence the values, opinions, perceptions and
social attitudes of the youth segment. Given this, this article aims to
understand the importance of the intensity of religious practice on the job
search motivation of young Brazilians, using data from the 2013 National Health
Survey (PNS). To this aim, an empirical strategy was adopted based on the
extended regression model (ERM), and more specifically, the probit model with
endogenous ordinal treatment. Generally speaking, estimates indicate that
religion improves the incentive to leave total inactivity and seek occupational
engagement, even in young people who are partially dedicated to studies. The
results point to a growing effect of religious intensity on the search for
employment vis-à-vis inactivity. An average treatment effect of engagement in
the labor market is estimated at 28.7 percentage points (p.p.) for young people
with moderate attendance and 61.3 p.p. for those with high participation in
religious activities. The results favor the hypothesis that attendance at
religious practices can not only provide relief from adverse conditions, but
also provide a channel to stimulate young people’s search for employment.
JEL:J64, Z12, C25.
Keywords: Religion, Youth, Labor market.
1 Introdução
A religião é um elemento de suma importância para entender os desdobramentos de ordem histórica, econômica, política e social de uma nação. Para muitos é um assunto sobre o qual aborda opiniões divergentes, pois alguns a culpam pela guerra e pelo terrorismo, outros acreditam que ela é o único ponto positivo em um mundo cheio de percalços (Ments; Roelofsma; Treur, 2018).
A religiosidade e espiritualidade são conceitos multidimensionais que são utilizados de maneira intercambiável, mas que possuem construções distintas (Tovar-Murray, 2011). Segundo Hill et al. (2000), a origem da palavra religião vem da raiz latina religio, que descreve a interação entre os seres humanos e uma força unificadora universal que aborda todos os aspectos das existências. Enquanto o significado da palavra espiritualidade é de origem latina spiritus, que significa sopro da vida, ou spiritulis, uma pessoa de espírito. As diferenças que separam o conceito de religião da espiritualidade é que o primeiro tende a basear-se em relações institucionais e sociais, já o segundo se manifesta na capacidade de um indivíduo de encontrar conforto no invisível (Tovar-Murray, 2011).
Pesquisas destacaram os efeitos benéficos da religião na população, como a redução da propensão ao uso ou abuso de substâncias (Behere et al., 2013; Johnson, Sheets E Kristeller, 2008), diminuição de práticas violentas (Salas-Wright et al., 2014), aprimoramento dos comportamentos antissociais e redução de atos criminosos (Baier; Wright, 2001), e aumento do bem-estar subjetivo (Fenelon; Danielsen, 2016; Lewis; MacGregor; Putnam, 2013; Abdel-Khalek, 2012). Além disso, evidências apontam para a redução de episódios de depressão, insônia, ansiedade, solidão e problemas emocionais (Behere et al., 2013), bem como uma menor incidência de violência doméstica (Ellison e Anderson, 2001) e proteção contra tentativas de suicídio (Lawrence; Oquendo; Stanley, 2016; Moreira-Almeida et al., 2006).
Em relação ao comportamento psicossocial da espiritualidade, aponta-se a presença de um efeito protetor, proporcionando a maior coesão social, o sentimento de pertencer a um grupo, além de fornecer uma percepção de continuidade no relacionamento com amigos, familiares e outras comunidades (Behere et al., 2013).
Para Salvatore e Rubin (2018), a religiosidade é um ponto de apoio crucial, preenchendo espaços vazios importantes que prejudicam o desenvolvimento social e psicológico. Do ponto de vista da saúde mental, ela fornece orientações muito necessárias, que podem ajudar as pessoas a planejarem um curso para suas vidas, principalmente na juventude, fase marcada por muitas incertezas e questionamentos.
Na literatura pouco se sabe a respeito de como e até que ponto as crenças e as práticas religiosas influenciam os valores, opiniões, percepções e atitudes sociais dos jovens, principalmente diante de fenômenos como o desemprego e exclusão social. Dado que a juventude é uma etapa crucial para a formação educacional e profissional dos indivíduos, há uma crescente preocupação dos órgãos governamentais e entidades de pesquisa diante de uma parcela significativa de jovens estar afastada da rede de ensino formal e do mercado de trabalho, denominados pela literatura atual de geração nem-nem. Fenômeno este observado não só nas Américas, como também na região europeia - desenrolada com a crise econômica de 2008 - no qual se propagou pelo continente sob a denominação de condição Ni Ni1(Cardoso, 2013).
Em 2012, havia no Brasil 4,3 milhões de jovens entre 18 e 25 anos fora da rede de ensino e inativos na força de trabalho, o que representa aproximadamente 17% dessa população segundo dados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra a Domicílios). Autores como Ciríaco et al. (2019), Shirasu e Arraes (2019), Ciríaco, Anjos Júnior e Oliveira (2018), Tillman e Comim (2016), Ciríaco (2015), Coles et al. (2002) e Dorsett e Lucchino (2012) salientam as sérias consequências de médio e longo prazo decorrentes da problemática, como maior probabilidade ao uso de drogas ilícitas, maternidade precoce, desemprego e envolvimento com o crime.
Diante da lacuna preexistente na literatura relacionada ao efeito das crenças sobre a juventude brasileira, o presente trabalho avança em relação aos demais ao buscar estimar o efeito da frequência a serviços religiosos sobre a providência de busca por trabalho vis-à-vis a completa inatividade2, considerando a faixa etária de 18 a 25 anos3. Utilizam-se para isso os dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS 2013) pois a mesma possui um módulo especial com informações específicas associadas à religião, além daquelas relacionadas ao mercado de trabalho.
No plano metodológico esta pesquisa considera o potencial tratamento endógeno da religião como em Öhlmann (2021) e Meredith (2014), dado que a frequência nos atos religiosos tanto pode ser causa como consequência de resultados favoráveis ou adversos do mercado de trabalho. Para isso, utiliza-se o modelo de regressão estendido (ERM) e, mais especificamente, um modelo probit de procura por emprego, com tratamento endógeno ordinal das frequências nas atividades religiosas.
No desenvolvimento teórico da relação entre religião e mercado de trabalho dos jovens, e na argumentação para a utilização da metodologia empírica proposta, esta pesquisa está estruturada em mais 4 seções além desta introdução. Na seção seguinte faz-se uma breve revisão da visão econômica da religião buscando citar desde economistas clássicos até estudos empíricos mais recentes sobre a forma como a religião pode influenciar comportamentos de mercado de trabalho. Na terceira seção apresenta-se e justifica-se o uso de modelo de regressão estendida com tratamento endógeno, como também detalha-se a base de dados e as variáveis derivadas de investigação direta e de controle. Na quarta seção são analisados os principais resultados encontrados, que favorecem a hipótese de efeitos positivos da frequência religiosa na busca por emprego dos jovens. Este resultado principal é colocado em contextualização ainda na seção de resultados como nas considerações finais que seguem na última seção.
2 Referencial teórico
Nas últimas décadas, a religião tem despertado o interesse crescente de diversos economistas, cientistas políticos e sociólogos no mundo afora. As primeiras contribuições técnicas que aplicaram o raciocínio econômico e social para analisar o comportamento dos agentes sobre a religião vieram à tona a partir das obras de Adam Smith, Max Weber e Émile Durkheim. De lá para cá, o campo do que agora é conhecido como Economia da Religião se expandiu de forma expressiva, abordando tanto estudos teóricos como também empíricos (Olson, 2019; Lewis; Macgregor; Putnam, 2013; Milot; Ludden, 2009; Tan, 2006; Noland, 2005; Guiso; Sapienza; Zingales, 2003; Lipford; Tollison, 2003; Ewing, 2000; Iannaccone, 1991).
Em um capítulo pouco comentado na obra intitulada A riqueza das nações, Adam Smith lançou as bases para uma teoria econômica das instituições religiosas. O autor enfatizou a importância da estrutura de mercado, descrevendo em detalhes as diferenças entre monopólios religiosos patrocinados pelo Estado e mercados religiosos competitivos (Iannacone, 1991). Outro dos principais pioneiros a abordar a influência da religião na economia foi Weber. Em seu livro, A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, o autor buscou descobrir como os valores religiosos e crenças podem influenciar na vontade e no desejo das pessoas para perseguir determinados tipos de hábitos e comportamentos que promovem o crescimento do capitalismo moderno (Olson, 2019).
E em outra obra clássica As formas elementares da vida religiosa, escrita em 1912, Durkheim expôs a sua teoria da integração social, sugerindo que a participação em uma organização religiosa está relacionada ao maior bem-estar. O autor indicou que a devoção a um grupo e participação em rituais comunitários, como cultos, ou atividades na igreja, ajudaria a melhorar o senso de anomia nos indivíduos. Ademais, em sua teoria ele ressalta o papel importante da religiosidade na legitimação e reforço nas normas da sociedade, fornecendo aos indivíduos diretrizes que incentivam comportamentos positivos (Stolz et al., 2013).
As bases conceituais de Durkheim demonstram sua preocupação visível com a manutenção da ordem social, enfatizando a necessidade de representações coletivas e uma moral coercitiva para estabelecer a consciência coletiva na sociedade (Guerriero, 2012). Sua abordagem inicial focou no estudo da instituição escolar e do ensino como formadores dessa possível consciência comunitária sobre os agentes.
Em consonância com essas teorias fundamentais, a pesquisa contemporânea de Olson (2019) amplia o entendimento sobre a construção social da religião e suas influências propagadas entre os indivíduos. O autor destaca que a religião é uma entidade socialmente construída e reconstruída, cujas influências são disseminadas não apenas através das congregações e de laços familiares, mas também por redes sociais e interações entre membros de uma comunidade. O autor ressalta um número crescente de estudos que evidenciam como a concentração de diferentes grupos religiosos em uma área geográfica específica pode, mesmo controlando por outras variáveis, influenciar consideravelmente o comportamento e as atitudes de todas as pessoas que vivem lá.
Em linha com as abordagens anteriores que destacam a influência da religião na esfera social, o estudo de Lewis, MacGregor e Putnam (2013) investiga a relação entre religiosidade e comportamentos de vizinhança, como votação, voluntariado e doações a instituições de caridade, por meio da análise das networks. Essa análise reforça a compreensão da influência da religião na esfera social, evidenciando que os indivíduos religiosos tendem a ser mais engajados civicamente e socialmente, em concordância com estudos anteriores (Lam, 2002; Park; Smith, 2000; Putnam e Campbell, 2010). Os autores ressaltam a importância das networks como fontes não apenas de engajamento cívico, mas também como facilitadoras de outros fenômenos positivos, como busca de emprego bem-sucedida, melhoria do estado de saúde e maior bem-estar subjetivo.
O efeito network e de interação social da religião também é analisado em Stroope (2012) que enfatiza como as relações e dinâmicas sociais se unem em uma força moral e de solidariedade entre os membros. Essas visões contemporâneas reforçam a compreensão da religião não apenas como uma crença individual, mas como uma força social intrincada que molda não só o comportamento, mas também a identidade e a coesão comunitária.
No contexto das análises empíricas da influência da religião na vida dos indivíduos, a pesquisa de Milot e Ludden (2009) contribuiu significativamente ao investigar a importância da religião para os adolescentes das áreas rurais. Os resultados apontaram que a importância da religiosidade era superior para as mulheres. Além disso, observou-se que aqueles que consideravam a religião mais importante em suas vidas apresentavam menores indícios de mau comportamento escolar e maior motivação. Correlacionando-se com os objetivos desta pesquisa verificou-se ainda notas maiores para aqueles com maiores frequências nas atividades religiosas.
Em outra análise empírica sobre a influência da religião em contextos desafiadores, Lechner e Leopold (2015) investigaram se a participação religiosa atenuava o impacto negativo do desemprego na satisfação com a vida. Em seu estudo longitudinal na Alemanha, os autores apresentaram descobertas significativas. Aqueles que frequentavam serviços religiosos semanalmente pareciam estar mais adaptados ao desemprego, experimentando menores quedas na satisfação com a vida. Além disso, os autores argumentam que a religião pode mitigar o impacto psicológico do desemprego por meio de três fatores distintos. Primeiro, as comunidades religiosas podem servir como um canal de apoio social, oferecendo orientação e assistência nos momentos de maior necessidade. Em segundo lugar, além dos recursos sociais, a religiosidade pode fortalecer os recursos psicológicos, como eficácia pessoal, otimismo e um senso de significado na vida, independentemente do sucesso material. Por fim, a religião pode ampliar as estratégias de enfrentamento por meio de comportamentos religiosos específicos, deslocando o foco dos estressores ou reinterpretando-os como desafios divinos.
Esta possibilidade de a religião ser resultado de efeitos adversos do mercado de trabalho, o que mereceria um tratamento de endogeneidade da mesma, foi ressaltada em Öhlmann (2021), que também atentou para efeitos condicionados da religião. O autor salienta que o engajamento religioso pode estar associado a resultados mais favoráveis no mercado de trabalho, porém além de determinado ponto, a prática a tais atividades poderia apresentar até mesmo efeitos contrários. Clark e Lelkes (2005), corroboram com tal argumento e verificam que os desempregados religiosos são menos propensos a procurar ativamente por emprego.
Diante da gama de estudos teóricos e empíricos citados anteriormente, investiga-se nesta pesquisa a hipótese de que a religião possa exercer efeitos benéficos sobre o engajamento econômico e social do segmento juvenil no Brasil. O estudo avança na literatura tanto na investigação da incidência do efeito (jovens do Brasil) quanto na proposição metodológica que será mais detalhada na próxima seção.
3 Procedimentos metodológicos
Nesta seção discutem-se os procedimentos metodológicos associadas a pesquisa, discorrendo na primeira parte da seção sobre os métodos econométricos associados ao modelo empírico, e ressaltando as informações sobre a técnica de regressão estendida, e mais especificamente, o modelo probit com tratamento endógeno ordinal. Finalmente, na última parte da seção ressalta-se a descrição do banco de dados.
3.1 Modelo empírico
Para observar se há relação entre a intensidade da religião e a motivação de busca por trabalho, utiliza-se a equação (1), na qual se investiga a probabilidade de o jovem transitar da total inatividade e procurar um engajamento ocupacional. Para isso, considere:
Onde y é o resultado de interesse, nesse caso o incentivo em procurar emprego, t é uma variável categórica ordinal que representa os níveis de frequência a atividades de cunho religioso, X é um vetor de características de controle associadas as variáveis individuais, familiares e de localização, e ε é o termo de erro. O coeficiente de interesse γ, representa o efeito dos diversos níveis de intensidade religiosidade na variável de resultado.
Entretanto, para estimar a equação (1), anteriormente citada, de maneira consistente, é de suma importância que o erro não seja correlacionado com a variável de interesse t, isto é, Cov(t, ε)=0. Se a seleção do tratamento é apoiada em variáveis não observáveis a hipótese de não correlação com a variável de interesse deixa de ser válida e os resultados da estimação da equação passam a ser viesados (Mesquita; Souza, 2018). Uma forma de corrigir tal problemática é encontrar uma variável instrumental para a intensidade religiosa que não seja correlacionada com o resultado, dado que determinada frequência a religiosidade pode estar relacionada com o nível de ociosidade do indivíduo.
Posto que, além das variáveis não observáveis que podem enviesar os resultados, o tratamento entre os grupos pode também não ser aleatório, optou-se por realizar estimativas do tratamento com variável instrumental, fazendo uso do modelo probit com tratamento endógeno ordinal, como forma de tratar a possível endogeneidade da variável supracitada.
Os instrumentos utilizados (associados diretamente a variável de tratamento e que afeta indiretamente os resultados) referem-se as características de vizinhança e fatores socioemocionais dos jovens. Mais especificamente no caso da primeira variável foi calculado o percentual de lares com adeptos a alta participação à religião no conglomerado de residência do indivíduo4, admitindo que estes sofram um peer effect religioso. O segundo fator refere-se ao sentimento de baixa perspectiva ou depressão, que podem estimular o seu nível de assiduidade dos cultos. Sem pormenores, a inclusão de tais instrumentos justifica-se por serem vistos como proxies para características não observadas quanto às decisões sobre frequência a religião dos indivíduos.
Diante deste ensejo, utiliza-se como equação auxiliar um modelo probit ordinal que aumentam a equação (1) anteriormente citada, com intuito de mitigar as preocupações referentes a possível endogeneidade. Tal equação é descrita como:
Em que z é um vetor de variáveis instrumentais, X um vetor de controles, δ e φ representam os vetores de parâmetros, e μ um termo de perturbação.
A metodologia aqui descrita nas equações (1) e (2) é denominada de modelo de regressão estendido (ERM), em que aplica uma correção que explica o impacto de variáveis que afetam a atribuição e o resultado do tratamento, no qual permite testar se os não observáveis (ou seja, os dois termos de erros da equação auxiliar e principal) estão correlacionados (Sarel; Dermitas, 2019).
Em seguida, após controlada a interdependência, avalia-se a hipótese básica desta pesquisa, que é averiguar o efeito da intensidade religiosa sobre a probabilidade de incentivo de busca por emprego. Colocando de outro modo, deseja-se observar se os jovens com algum nível de frequência religiosa são mais ou menos propensos a procurar trabalho comparados aos jovens que não frequentam à religião.
Essa análise pode ser conduzida por meio de uma estimativa conhecida como efeito de tratamento, que busca capturar a diferença entre o resultado esperado (probabilidade de procurar emprego) quando o tratamento ocorre, isto é, se o indivíduo decide frequentar atividades de cunho religioso, e o resultado esperado na situação em que o tratamento não ocorre (quando não frequenta). O efeito do tratamento pode ser representado matematicamente por que é a diferença dos resultados potenciais médios (Potential-Outcome Means - POM) se o indivíduo i receber o tratamento ti = vj em vez do controle ti = v1, onde j = 1, …., T, e v são números reais que correspondem aos valores de tratamento v1, ….., vT. Para o grupo j, o efeito do tratamento condicionado em xi e zti é:
O efeito de tratamento médio (Average Treatment Effect - ATE) para o grupo j é dado por:
Tal impacto pode ainda ser estimado por outra métrica alternativa, considerando somente o grupo de tratados. Para o grupo de tratamento j, o efeito do tratamento sobre o tratado (TET) no grupo de tratamento h condicionado em xi e zti é obtido por:
O efeito de tratamento médio para o grupo tratado (Average Treatment Effects on the Treated-ATT) é definido como:
Cabe destacar que o diferencial da metodologia aqui proposta está na correção que explica o impacto de variáveis que afetam a atribuição e o resultado do tratamento. Os ERMs são modelos de regressão para resultados contínuos, binários e ordenados que são obtidos por Máxima Verossimilhança (MV) e que também levam em consideração covariáveis endógenas de diversos tipos (Newey, 1987; Galárraga et al., 2018), seleção de amostras (Van de Vem; Van Pragg, 1981) e atribuição de tratamento não aleatório (Sarel; Demirtas, 2019), fornecendo uma estrutura única para lidar de forma simples com essas complicações de forma isolada ou em combinação.
3.2 Base de dados
Os dados aqui utilizados fazem parte da Pesquisa Nacional de Saúde de 2013 (PNS), organizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Tal pesquisa é realizada através de uma amostra probabilística de domicílios, com o objetivo de produzir inferências sobre a situação do estado de saúde da população brasileira, coletando adicionalmente informações sobre rendimentos, educação e trabalho, entre outras. A escolha por esse banco de dados no presente estudo deve-se a inclusão de informações associadas a religião expostas no Módulo temático M, no qual possui um questionário sobre outras características de trabalho e apoio social.
Como já mencionado anteriormente, o principal objetivo deste estudo é verificar o efeito da intensidade a frequência religiosa sobre a motivação em procurar uma ocupação, vis-à-vis a completa inatividade. Como contraponto deste último estado que recebe o valor 0 nos modelos probit, a procura por emprego pode ocorrer em dois contextos: i) de forma exclusiva (apenas busca por emprego), ou ii) parcialmente pois encontram-se também estudando (estudam e buscam por emprego). Portanto, tem-se dois modelos probit de estado da natureza de procura por emprego que contrapõem os jovens que nem estudam, nem trabalham, e nem buscam por emprego.
Na amostra foram selecionados lares cuja composição familiar existia pelo menos um jovem com idade de 18 a 25 anos, sem qualquer tipo de deficiência física e/ou intelectual. Ademais, para alcançar os objetivos propostos, foram aplicados alguns recortes importantes como, por exemplo, excluir aqueles que não possuíam status de filho do cônjuge e/ou do responsável pelo domicílio. Após todos esses filtros e exclusão das observações faltantes, a amostra final considerando os modelos (a) e (b) perfazem, na devida ordem, 793 e 699 observações.
No referente à variável de tratamento, propõe-se a utilização de múltiplas medidas de intensidade para referenciar as dosagens de participação, no qual é representada pela frequência nos últimos doze meses com que o indivíduo compareceu a cultos ou atividades religiosas, sem contar situações como casamento, batizado ou enterro. Os múltiplos valores que representam os níveis de intensidade de participação são definidos como se segue: i) nenhuma (não compareceu durante o ano); ii) moderada (anualmente até mensalmente); e iii) alta (de uma a mais vezes na semana).
A partir dos dados da PNS de 2013 e com base na literatura exposta, foram elencadas para a equação de resultado um conjunto de variáveis explicativas para a posteriori análise empírica como faixa de idade, sexo, cor, educação (jovem e chefe), renda, crianças no lar, área e dummies para localização geográfica. Vale salientar que a seleção das referidas variáveis é consistente com outros achados na literatura especializada (Shirasu; Arraes, 2019; Ciriaco et al., 2019; Remy; Baz, 2017; Tillmann; Comim, 2016; Cardoso, 2013; Monteiro, 2013; Menezes Filho; Cabanas; Komatsu, 2013).
No tocante à equação auxiliar, associada à assiduidade a religião, além das variáveis já mencionada anteriormente, introduziram-se variáveis de ordem comportamental (traumas) e de apoio social (religiosidade da vizinhança). O conjunto de variáveis explicativas pré-selecionadas levam em conta a literatura sobre o assunto (Olson, 2019; Irffi; Cruz; Carvalho, 2017; Oliveira; Cortes; Balbinotto Neto, 2013; Milot; Ludden, 2009). O Quadro 1A (no Anexo), apresenta uma descrição detalhada de cada variável selecionada nesta pesquisa.
A Figura 1 apresenta a distribuição amostral dos jovens pré-selecionados por nível de assiduidade a religião, considerando separadamente quatro situações, a geral (1° quadrante), e desagregada (demais quadrantes) no qual é observado a distribuição para aqueles que procuram emprego exclusivamente, parcialmente (ou seja, que também estudam), e totalmente inativos no mercado de trabalho. Em linhas gerais, os dados apontam que 37% da juventude selecionada participam de maneira elevada de atividades de cunho religioso, 27,9% participam de forma moderada, enquanto 35% não frequentam a igreja. É percebido que a falta de participação religiosa (observando os quatro quadrantes) é visivelmente superior entre os inativos, representando 38,6%. Enquanto para aqueles que participam de forma mais intensa da religião observa-se que estes tendem a procurar mais por emprego, independente de se qualificar ou não (exclusivamente 38,7% e parcialmente 35,6%).

Ainda sobre a motivação por dedicar-se somente a procura por emprego, observa-se que a assiduidade se eleva de forma paulatina entre os níveis, fornecendo indícios de que os indivíduos que procuram trabalho tendem a participar de forma moderada e intensa da comunidade religiosa. Já, para aqueles que se dedicam tanto a procura emprego como também a estudar apesar do percentual de religiosos ser superior (representando 35,6%), ainda apresenta uma parcela significativa de jovens que não vão a igreja (33,9%) ou que participam de forma moderada (30,5%).
Na Figura 2 é realizada uma análise mais minuciosa da amostra, a fim de se obter pistas sobre as cinco principais atitudes realizadas de busca por emprego, e os cinco primeiros motivos para não tomada de procura por engajamento ocupacional. Dentre as principais providências tomadas de busca por trabalho, ressalta-se que aproximadamente 51% dos indivíduos entraram em contato com empregador, 13% colocaram ou responderam anúncio, 10% prestaram concurso público, 9% consultaram agência municipal, estadual, ou o Sistema Nacional de Emprego (SINE) da cidade, e 9% tentaram indicação por meio de familiares, amigos e colegas.

No referente ao motivo de não ir atrás de trabalho, o primeiro fator do ranking está associado ao cuidado do lar, o que já era esperado, pois a literatura (Ciriaco et al., 2019; Cardoso, 2013; Monteiro, 2013) expõe que o principal motivo para inatividade laboral, assim como também educacional dos jovens está associado aos afazeres domésticos e cuidado dos irmãos, parentes e filhos pequenos. O segundo lugar está relacionado ao fato de dedicar-se aos estudos, o que pode indicar que apesar de não estarem engajados no segmento educacional, estes podem estar se capacitando informalmente, ou em casa (por exemplo: estudando para vestibular ou concurso). O terceiro e quarto motivo, é que o indivíduo não quer (19%), ou está desalentado (10%), totalizando juntos quase 30% dos jovens. Por fim, o último motivo, relaciona-se ao fato de que o indivíduo está aguardando a resposta de alguma medida tomada anteriormente representando aproximadamente 10%.
Por sua vez, a Tabela 1 dispõe a média amostral geral de cada variável explicativa associada a características individuais, familiares e de localização usada para determinar a motivação em alocar-se em atividades produtivas. Verifica-se que a categoria dos nem-nem-nem compõe a parcela com maior percentual de crianças no lar ao se comparar com os demais subgrupos, representando aproximadamente 43%. No referente a renda, os jovens inativos possuem maior renda per-capita familiar em comparação aos jovens que procuram uma atividade econômica, sugerindo que problemas financeiros estão associados a maior motivação de busca por engajamento ocupacional.

No tocante a raça, ao gênero e a educação, os não-brancos, as mulheres e os mais educados constituem a maior parte de todos os grupos em análise. Quanto à faixa de idade percebe que somente a procura por emprego é maior entre o segmento etário de 20 a 22 anos. Para aqueles que além de procurar trabalho buscam também se qualificar há um maior percentual de jovens entre 18 e 19 anos representando quase a metade da amostra (49%). No referente aos jovens inativos percebe-se uma menor parcela com faixa de idade de 23 a 25 anos em comparação aos indivíduos mais novos, o que já era esperado, pois à medida que se tornam mais velhos há naturalmente uma maior predisposição a engajar-se em atividades produtivas.
Finalmente, no que diz respeito à região Nordeste, percebe-se que nesta concentra-se o maior percentual de jovens que procuram emprego (independente de estudar ou não) e jovens nem-nem-nem, o que também era esperado, devido à grande dimensionalidade, e porte populacional que tendem a acentuar as disparidades locais preexistentes.
4 Resultados
Esta seção apresenta os principais resultados e discussões dos modelos empíricos adotados. Primeiro, avaliaremos as estimativas dos coeficientes do modelo estendido de forma sucinta; em seguida, tem-se a análise do efeito da intensidade religiosa sobre a busca por emprego de jovens brasileiros por meio do método do Efeito de Tratamento Médio.
4.1 Determinantes da frequência religiosa
A Tabela 1A (no Anexo), apresenta os resultados das estimações do probit estendido com tratamento endógeno ordinal, composto por duas equações, a principal e auxiliar. Ressalta-se que para almejar os objetivos propostos e facilitar o entendimento sobre os fatores que incentivam o indivíduo a procurar uma atividade econômica, efetua-se uma análise separada considerando-se as seguintes probabilidades de decisões: (a) exclusivamente dedicado, representado pelos jovens que somente procuram por emprego e; (b) parcialmente dedicado, designados pela juventude que, além de procurar engajamento no mercado de trabalho procuram também participar da rede de ensino.
Ressalta-se que, devido ao fato da intensidade de participação na atividade religiosa ser especificada como tratamento, este automaticamente interage com cada uma das outras covariadas da equação principal, visando capturar as dissimilaridades preexistentes entre os diversos níveis de religiosidade. Cabe destacar que foram testados o modelo ERM com e sem termos de interação, optando-se pelo primeiro de acordo com o teste de Wald. Em geral, a estimação dos parâmetros aqui conduzidos apresentaram valores e significância estatística distintos entre os diversos níveis de frequência religiosa5.
A correlação estimada entre os termos de erros da equação principal e auxiliar em todos os modelos foram significantes, confirmando que a intensidade religiosa é endógena, reiterando-se assim a importância do método proposto6. Por ser negativo, conclui-se que fatores não observáveis que aumentam a intensidade religiosa tendem a diminuir a chance de o jovem procurar trabalho (independente de engajar-se ou não na rede de ensino). Uma vez controlando-se por vários fatores e a partir de determinando ponto, uma intensidade muito elevada da religião pode estar também associada a menor procura em detrimento ao maior nível de ociosidade, o que foi levantado por Öhlmann (2021).
Após controlar o efeito da variável de tratamento endógena por um conjunto de atributos, os coeficientes estimados da frequência a religiosidade na equação principal indicam que aqueles que não frequentam a religião tendem a ter uma queda na motivação de procurar trabalho em ambos os modelos analisados. Enquanto aqueles que possuem alta frequência a religião possuem maiores possibilidades de transitar da total inatividade e buscar engajamento ocupacional.
4.2 Efeito de tratamento médio
Inicialmente, na Figura 3, apresenta-se os resultados potenciais médios (POM) da juventude brasileira para os três níveis de intensidade7, no qual se observa que, de maneira geral, aqueles que participam de forma mais ativa das comunidades religiosas tendem a sentir-se mais motivados a procurar trabalho, independente de dedicar-se, ou não, a segmentos educacionais. Como mostrado na seção de metodologia os POM representam neste contexto a expectativa condicionada de busca por emprego, vis-à-vis a completa inatividade, e a diferença entre os níveis geram o efeito médio de tratamento. Para os jovens que não frequentam a igreja, estima-se uma expectativa de 8,2% dos mesmos de procurar emprego de forma exclusiva. No outro extremo, o POM para aqueles que participam semanalmente de atividades religiosas é de 61,3% de procura exclusiva por emprego, e 50,3%, de procura compartilhada com atividade escolar.

Na Tabela 2 são apresentadas as estimativas do Efeitos de Tratamento Médio (ATE) e Efeito de Tratamento Médio no Tratado (ATT). Nota-se que todos os efeitos médios associados à frequência religiosa apresentaram sinais positivos e são estatisticamente significantes.

As estimativas do Efeito de Tratamento Médio (ATE) apontam que participar do programa de atividades religiosas de forma moderada em comparação a de nenhuma atividade aumenta a chance de busca por trabalho em 28,8 pontos percentuais (p.p) de forma exclusiva, e 23,1 p.p. de forma parcial. Já para o indivíduo que participa com elevada intensidade em comparação a nenhuma participação, observou-se um efeito bem mais elevado da ordem de 53 p.p. e 44,3 p.p. respectivamente para os cenários citados anteriormente.
Estes resultados de efeitos expressivos da frequência religiosa são ainda maiores considerando o Efeito de Tratamento Médio sobre os Tratados (ATT) como também se observa na Tabela 2.
Portanto, as estimativas geradas ressaltaram a existência de efeitos positivos e crescentes da atividade religiosa na busca por emprego dos jovens quando contrastada à condição de total inatividade. Os resultados favorecem a hipótese do papel da religião além do conforto espiritual, como meio de interação social e network já propalada pelos estudiosos clássicos e evidenciada em outros estudos empíricos (Milot; Ludden, 2009; Lechner; Leopold, 2015; Olson, 2019). A evidência de endogenia da religião e os efeitos encontrados levam a esta interpretação de efeito dual. Cabe ressaltar, no entanto, que não seria possível distinguir com as informações disponíveis o efeito isolado da motivação pela crença daquele gerado pelo meio social, ficando esta tarefa para trabalhos complementares.
Conclusão
A religião é um aspecto central da vida de muitas pessoas em todo o mundo, e sua influência no comportamento humano tem sido extensivamente estudada de muitas perspectivas diferentes. Sabendo disto, este estudo, de forma inovadora, teve como principal objetivo observar se existe uma possível relação entre religião e a motivação de participação no mercado de trabalho para juventude brasileira, avaliando o impacto da assiduidade religiosa sobre a atitude de sair a procura de um engajamento ocupacional.
Para tanto, usando dados recentes da Pesquisa Nacional de Saúde, estimou-se um modelo de determinação de procura por trabalho considerando a intensidade religiosa como variável endógena. Mais especificamente, utilizou-se o modelo de regressão estendido (probit com tratamento endógeno ordinal), permitindo assim estimar resultados potenciais médios e efeitos de tratamento a partir dos dados observados na amostra.
Na análise, foram encontradas evidências de melhora no incentivo de busca por engajamento ocupacional da juventude brasileira, principalmente entre os indivíduos com alta assiduidade religiosa. Em suma, as estimativas do modelo de efeito de tratamento médio mostraram indícios de que a religiosidade tende a ter efeitos benéficos no incentivo de busca por emprego, independente de dedicar-se, ou não, também aos estudos. As estimativas mostraram que participar da religião de forma moderada eleva a chance de busca por trabalho em 28 pontos percentuais (p.p.), subindo para aproximadamente 53 p.p. para os jovens que são ainda mais assíduos.
Os resultados favorecem a hipótese que a frequência em práticas religiosas pode não apenas ser alívio de condições adversas, mas também um canal de estímulo na procura por emprego por parte dos jovens. Embora não seja possível distinguir exatamente se o mecanismo de transmissão possa ser o da própria religiosidade como de força e incentivo pelo otimismo intrínseco, ou pelo efeito de interação social e network, verifica-se pelo menos o papel social proativo da religião, em contraponto a visão de comodidade e/ou dissociação.
Por outro lado, dada a liberdade de escolha religiosa garantida institucionalmente e socialmente, não convém também imposições de políticas públicas que favoreçam uma ou outra atividade religiosa para os jovens por meio de qualquer outro serviço público essencial como de educação ou assistência social. Ressalta-se, no entanto, que diante de um cenário de acentuado desemprego e exclusão social vivido pelo público jovem, a religião parece ser um fator contrário ao desalento, e que favorece ações de inserção social e busca por trabalho.
Perante a complexidade do tema, urge-se a necessidade de outras pesquisas sobre a temática no país, principalmente que envolvam dados dinâmicos que permitam acompanhar estes jovens ao longo do tempo tanto em suas preferências e atividades religiosas como em seus status ocupacionais.
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Anexo


Notas
Autor notes