Descrição ou Avaliação de Experiências
Recepção: 10 Agosto 2017
Revised: 19 Janeiro 2018
Aprovação: 15 Março 2018
DOI: https://doi.org/10.5020/18061230.2018.6865
Resumo: Objetivo: Relatar experiências vivenciadas na formação acadêmica de enfermeiros em curso de graduação por meio de atividades de extensão abordando o cuidado à pessoa com deficiência. Síntese dos Dados: Realizaram-se atividades por tutores, preceptores e acadêmicos na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) do município de Palmeira das Missões, Rio Grande do Sul, Brasil, durante o período de 2013 a 2015, por meio de palestras e atividades educacionais sobre diferentes assuntos voltadas aos alunos devidamente matriculados e também pais e/ou responsáveis, proporcionando discussões com diferentes profissionais da área da saúde. Conclusão: O programa contribuiu significativamente para a formação dos envolvidos, permitindo reconhecer as dificuldades enfrentadas pelas pessoas com necessidades especiais e conhecer o sistema e propostas voltadas a esse público, assim contribuindo com o serviço de saúde.
Palavras-chave: Estágios, Pessoas com Deficiência, Educação em Enfermagem.
Abstract: Objective: To report experiences in the academic training of nurses in undergraduate schools through extension activities addressing the care of the disabled person. Data Synthesis: Tutors, preceptors and students carried out activities at the Association of Parents and Friends of the Exceptional Children (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE) in the municipality of Palmeira das Missões, Rio Grande do Sul, Brazil, during the period from 2013 to 2015. Activities included lectures and educational activities addressing different subjects targeted at regularly enrolled students and parents and/or guardians followed by discussions with different health professionals. Conclusion: The program contributed significantly to the training of those involved and allowed them to recognize the difficulties faced by people with special needs and know the system and the proposals targeted at this public, thus contributing to the health service.
Keywords: Traineeships, Disabled Persons, Education, Nursing.
Resumen: Objetivo: Relatar las experiencias vividas durante la formación académica de enfermeros de curso de grado a través de actividades de extensión sobre el cuidado de la persona con discapacidad. Síntesis de los datos: Se realizaron actividades con tutores, preceptores y académicos de la Asociación de Padres y Amigos de los Excepcionales (APAE) del municipio de Palmeira de las Missões, Rio Grande do Sul, Brasil, durante el período entre 2013 y 2015 con ponencias y actividades educacionales sobre distintos asuntos dirigidas a los alumnos matriculados y también a los padres y/o responsables generando discusiones con distintos profesionales sanitarios. Conclusión: El programa ha contribuido significativamente para la formación de los involucrados permitiéndoles reconocer las dificultades afrontadas por las personas con necesidades especiales y conocer el sistema y las propuestas dirigidas a ellos así como contribuye para el servicio de salud.
Palabras clave: Pasantías, Personas con Discapacidad, Educación en Enfermería.
INTRODUÇÃO
Pessoas com deficiência são, antes de qualquer coisa, pessoas. Pessoas como quaisquer outras, com protagonismos, peculiaridades, contradições e singularidades. Pessoas que lutam por seus direitos, que valorizam o respeito pela dignidade, pela autonomia individual, pela plena e efetiva participação e inclusão na sociedade, e pela igualdade de oportunidades, o que evidencia, portanto, que a deficiência é apenas mais uma característica da condição humana(1).
A temática em questão é importante na atualidade e envolve uma complexidade de elementos relativos ao campo da saúde, educação, direitos e inclusão social. O dimensionamento da problemática da deficiência no Brasil, tanto em termos quantitativos quanto qualitativos, é desafiador, em razão da pouca produção científica relacionada a essas situações no cenário nacional. Os dados obtidos pelo Censo 2010 estão muito aquém quando comparados às realidades registradas no cenário mundial. De acordo com o IBGE(2), 34% da população residente em um município situado no norte do estado do Rio Grande do Sul têm algum tipo de deficiência, como visual, auditiva, motora ou mental. A maior parte foi adquirida ao longo da vida, o que demonstra a necessidade de ações contínuas de saúde e a importância da discussão e construção de redes de cuidados, focada na promoção, bem como na prevenção e recuperação da saúde, e, posteriormente, cura e reabilitação.
A mensuração da realidade de pessoas portadoras de alguma deficiência reforça a importância da temática como uma área prioritária de investimentos dos diferentes campos, sobretudo da saúde, favorecendo a formulação de políticas que vislumbrem a produção de cidadania a esse público. Além disso, a construção da rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência comunica-se com o Plano Nacional de Saúde 2016/2019(3), alinhando-se aos desafios de aperfeiçoamento do SUS para que a população tenha acesso a serviço de qualidade, com equidade e compromissos pactuados na rede de atenção à saúde, principalmente com a articulação dos serviços integrados nessa proposta e sua articulação intersetorial.
O Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde - PET/Saúde - Redes de Atenção à Saúde, na linha de Cuidados à Pessoa com Deficiência, está associado ao desenvolvimento e expansão dos grupos, constituídos a partir dos componentes curriculares, de projetos de extensão e pesquisa, contribuindo para que os investimentos do Sistema Único de Saúde (SUS) na região Sul do Brasil se façam de forma a produzir e fortalecer a atenção básica. Além disso, busca interferir na formação dos trabalhadores do campo da saúde, tanto dos docentes e discentes de Universidades quanto dos trabalhadores da rede loco regional. Os pontos da rede vinculados, que integraram a implementação da proposta do “Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde - PET/Saúde Redes de Atenção à Saúde, na linha de Cuidados à Pessoa com Deficiência”, compreenderam seis unidades da Estratégia de Saúde da Família (ESF), que cobrem 60% do município Palmeira das Missões, Rio Grande do Sul; as Unidades Básicas de Saúde (UBS); o Centro de Planejamento e Atenção à Saúde da Mulher (CEPAM); o Hospital de Caridade de Palmeira das Missões (HCPM); o Serviço de Atendimento Médico de Urgência (SAMU), que conta com duas unidades de suporte de vida, uma de suporte básico e outra de suporte avançado; e a Associação de Pais e Amigos do Excepcional (APAE). Incluiu-se nesse processo, com mais ênfase, o tema da regionalização(4), com uma ação mais propositiva para a efetivação da região da 15ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS) do estado do Rio Grande do Sul(5).
O desenho das redes de atenção deu ênfase ao desenvolvimento da rede territorial da região da 15ª e 19ª CRS, com investigação a respeito dos equipamentos, pontos de rede, capacidade instalada na atenção básica, trabalho em saúde e formas de gestão. Este trabalho forneceu suporte para decisões a respeito dos serviços necessários para a região e indicou as fragilidades da rede. O projeto apresentado buscou o fortalecimento da atenção básica. Assim, as atividades desenvolvidas pelos tutores, preceptores e acadêmicos foram pautadas no fortalecimento de redes de atenção, buscando fortalecê-las enquanto espaço de clínica ampliada, educação permanente, problematização, participação social, educação profissional e gestão compartilhada centrada no usuário.
As atividades comuns a todas as linhas de cuidado incluíam: Fluxogramas analisadores de serviços e linhas de cuidado; projeto terapêutico para diferentes redes prioritárias; participação em reuniões da Coordenadoria Regional de Saúde da 15ª região do estado do Rio Grande do Sul; apoio a equipes das diferentes unidades de produção que compõem a rede; articulação com a comunidade acadêmica e os movimentos sociais; reuniões com equipes e entre os integrantes das redes; rodas de conversa articulando modos de atenção e de gestão; experimentação no trabalho em rede e processos de cogestão.
Em relação à alteração do modelo de atenção e gestão, concorda-se com a existência da necessidade urgente de criar condições para a superação das características do que se denomina “modelo centrado na expectativa de cura de pacientes agudos” para um modelo centrado na expectativa do cuidado, do acompanhamento de situações crônicas, capaz de enfrentar os complexos problemas que a sociedade brasileira tem apresentado ao SUS(6).
Essa rede resultou de uma proposta que visou promover a articulação com a ESF; as ações da atenção especializada, representada pela Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais; e o atendimento hospitalar do Hospital de Caridade de Palmeira das Missões e da 15ª Região de Saúde. Diante disso, este trabalho objetiva relatar experiências vivenciadas na formação acadêmica de enfermeiros em curso de graduação por meio de atividades de extensão abordando o cuidado à pessoa com deficiência.
SÍNTESE DOS DADOS
O projeto Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde - PET Saúde/Redes de Atenção à Saúde foi construído interligando a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) - Campus Palmeira das Missões, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Palmeira das Missões (PM) e a Secretaria Estadual de Saúde, através da 15ª e 19ª CRS (15ª Região de Saúde). Envolve a abordagem de diversas propostas, ações e eixos temáticos abrangendo esses locais, focando na prevenção e na promoção da saúde. Seu objetivo principal é o fortalecimento das redes de atenção à saúde, implementando linhas de cuidado prioritárias, potencializando a atenção básica como coordenadora do cuidado e qualificando a atenção à saúde nos diversos pontos da rede.
Ao dialogar com os diferentes tipos de serviços, visualizou-se a situação da rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência no município avaliado. As unidades de ESF desenvolvem atividades voltadas para esse público nas diferentes etapas da vida, destacando-se: ações de cunho preventivo, educativo e de assistência; garantia do direito a consultas médicas e de enfermagem; realização de visitas domiciliares; acompanhamento odontológico; realização de exames; fornecimento de medicações asseguradas pelo sistema único de saúde; encaminhamento ao estado para órteses e próteses. A equipe multidisciplinar da APAE realiza, em média, 412 procedimentos/mês, atendendo a uma demanda espontânea e aos usuários encaminhados por escolas, pela coordenadoria regional de saúde e por médicos pediatras.
Nesse sentido, esta proposta teve como objetivo principal fortalecer as redes de atenção à saúde, implementando linhas de cuidado prioritárias, potencializando a atenção básica como coordenadora do cuidado e qualificando a atenção à saúde nos diversos pontos da rede. Além disso, também buscou desenvolver linha de cuidado para esse grupo de usuários; assegurar atendimento especializado; garantir as políticas de acessibilidade; proporcionar a investigação precoce de anomalias durante a gestação; promover a inserção social do grupo; realizar atividades de promoção e manutenção da saúde; criar protocolos específicos para atendimento das pessoas com deficiência; garantir atendimento domiciliar à pessoa com deficiência e sua família, visando a integralidade das ações através do conhecimento da realidade dos usuários.
Constituem exemplos de ações já desenvolvidas e incorporadas ao projeto: o apoio institucional para a equipe da 15ª CRS; a participação na atualização do Plano Municipal de Saúde do município e Plano Regional de Educação Permanente; o apoio matricial às equipes de ESF da localidade; o apoio para a equipe gestora da Secretaria Municipal de Saúde do município.
As atividades do PET Redes foram realizadas durante o ano de 2013 e 2015, por meio de atividades na APAE. Esse projeto contou com seis preceptoras e doze acadêmicas/ bolsistas, articulando dois cursos de graduação a ele vinculados, Enfermagem e Nutrição da UFSM.
Na APAE, desenvolveram-se atividades com acadêmicas vinculadas ao curso de enfermagem, duas preceptoras - enfermeiras que atuavam em Unidades de Saúde da Família, uma assistente social e uma psicóloga. Geralmente, as atividades aconteciam em grupo ou dupla, e todas mantinham a carga horária de oito horas semanais.
Propôs-se a realização de um cronograma que considerasse o tempo de oito horas semanais para o desenvolvimento das atividades, destacando-se: a realização de reunião entre coordenação e tutores (grupo condutor); roda de conversa com ênfase na gestão e coordenação com tutores e preceptores; trabalho nas Unidades de Produção (serviços aos quais os preceptores e acadêmicos estão vinculados), em que a atividade era permanente, em dois turnos/semana durante todo o período do projeto; encontros no serviço com todos os integrantes do grupo.
As atividades associavam-se diretamente à demanda do atendimento às pessoas com deficiência, sendo realizadas via oficinas de aprendizagem com os alunos com uso de instrumentos lúdicos, buscando o entendimento de todos a respeito da temática abordada.
As reuniões na APAE visavam discutir e decidir qual a temática de maior necessidade a ser abordada na escola. Em seguida, as preceptoras atuantes no ambiente e as acadêmicas planejavam e organizavam as oficinas. Dentre alguns assuntos trabalhados, podem ser citados: palestras e atividades relacionadas à higiene pessoal, cineclubes com os alunos e conversa sobre sexualidade com os pais e/ou responsáveis pelas crianças e adolescentes.
Todavia, tais experiências foram fundamentais para o aprendizado das acadêmicas, visto que, na prática do cuidado de enfermagem, devem ser construídas estratégias capazes de auxiliar a conscientizar as crianças/adolescentes com deficiência e suas famílias para que se tornem protagonistas e construtores de sua história, capazes de modificar sua realidade, rompendo com os padrões da normalidade impostos pela sociedade e alcançando resultados benéficos(7).
Dentre os construtos alcançados por meio das oficinas relacionadas à higiene corporal com os alunos, cita-se o recolhimento de doações de materiais na cidade para confeccionar kits pessoais de higiene, a serem posteriormente distribuídos aos alunos da APAE.
Nesse sentido, no que tange à higiene corporal, foi colocada como qualidade para a vida saudável. A obtenção de rotinas de higiene física tem começo na infância, destacando-se a importância da prática ordenada. Os experimentos de fazer junto com as crianças as atividades possíveis de execução no espaço escolar, como lavagem das mãos e escovação dos dentes, tem grande significado na aprendizagem(8,9).
Na perspectiva de higiene, um profissional de saúde convidado a participar foi um cirurgião-dentista, momento em que explicou aos alunos como realizar a escovação de maneira correta e, posteriormente, realizou uma atividade prática de escovação. Em um segundo momento, para os alunos com necessidade de intervenção, realizou-se agendamento no consultório do profissional e encaminhamento para realização do tratamento odontológico.
A atenção odontológica é um componente padrão da assistência em saúde integral para crianças com necessidades especiais. Portanto, o cuidado em saúde bucal para esses pacientes deve ser uma prática rotineira e eficiente. O tratamento mais indicado seria a prevenção e o controle da saúde bucal, pois o tratamento restaurador muitas vezes não pode ser realizado em ambulatório, e aquele realizado sob anestesia geral constitui risco para o paciente e é oneroso para o poder público(10,11).
A Escola Promotora de Saúde busca: ampliar informações, agilidades e treinamentos para o autocuidado e a prevenção dos comportamentos de risco nas ocasiões educativas; provocar uma análise crítica e reflexiva em relação aos valores, comportamentos, condições sociais e modos de vida, procurando fortalecer o que contribui para um progresso da saúde e desenvolvimento humano; promover a participação de todos os componentes do grupo escolar na tomada de decisões, repensando estratégias em busca da qualidade na assistência no transcorrer das ações de educação em saúde; e contribuir na promoção de afinidades sociais entre as pessoas(12,13).
As ações de saúde, tanto educativas quanto curativas, visam proporcionar aos grupos humanos o mais elevado grau de saúde, permitindo melhor qualidade de vida, sendo o processo educativo necessário na odontologia, visando mudanças de comportamento essenciais para manutenção, aquisição e promoção de cuidado(14,15).
Também se realizou uma discussão com os pais e/ou responsáveis pelos alunos da instituição a respeito da sexualidade, o que ocorreu por sugestão deles, tendo em vista algumas dificuldades vivenciadas. Inicialmente, realizou-se a acolhida às mães e, em sequência, uma roda de conversa com a presença de um médico ginecologista para sanar suas dúvidas cotidianas a respeito da temática.
O Artigo 25 da Convenção sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência(16) aborda diretamente o direito de acesso aos programas de atenção à saúde, inclusive à saúde sexual e reprodutiva. No documento, a sexualidade é considerada não somente como instinto sexual nem atividades que dependem do funcionamento do aparelho genital, mas por grande plasticidade e relação com a história pessoal de cada indivíduo. Cada pessoa possui sua maneira de expressar sua sexualidade, pois sua forma de agir e de se sentir é algo muito individual.
O princípio da igualdade de direitos entre pessoas com e sem deficiência significa que as necessidades de todo indivíduo são de igual importância, e que devem constituir a base do planejamento social, com o emprego de todos os recursos de forma a garantir uma oportunidade igual de participação a cada indivíduo. Todas as políticas referentes à deficiência devem assegurar o acesso das pessoas deficientes a todos os serviços da comunidade, contemplado pela legislação brasileira sobre pessoas com deficiência(17).
Outras atividades realizadas compreenderam visitas domiciliares a casas dos usuários que necessitavam de acompanhamento, busca ativa de alunos que não estavam frequentando as aulas, cineclubes para as mães. Para os alunos, momentos em grupo, em que se utilizou filme como forma de trabalhar a inclusão social de pessoas com deficiência e lições de vida.
O trabalho com grupos configura-se como um valioso espaço para a aprendizagem e compartilhamento de experiências, podendo ser desenvolvido via diferentes abordagens, com foco nas necessidades dos participantes e em cenários variados. Todavia, exige qualificação dos profissionais. Esse modelo configura-se como fator importante no desenvolvimento saudável da pessoa, trazendo benefícios na promoção da integridade cognitiva e do bem-estar. O sucesso está diretamente relacionado ao sincronismo entre as expectativas e demandas dos participantes(18,19).
Juntamente com as preceptoras, realizou-se um evento na câmara de vereadores da cidade em comemoração ao Dia do Autismo. Previamente, mobilizou-se a sociedade para a data, convidando todos a participar e também a colocar em seus comércios a cor azul, como símbolo. Durante o evento, houve a apresentação de um filme e a realização de uma roda de conversa sobre o assunto, frisando a importância do diagnóstico precoce e das atividades em grupo como meio de promoção à saúde e espaço de discussão e aprendizado.
As rodas de conversa permitem encontros de diálogos, fornecendo possibilidades de produção e ressignificação de sentidos, de saberes e também trocas de conhecimentos entre os participantes. A escolha fundamenta-se nas formas de relações de poder. Os componentes se implicam, dialogam como atores históricos e igualitários, críticos e reflexivos diante do fato. Quebra-se a figura do mestre como núcleo do método, e surge a fala como símbolo de valores, preceitos, cultura, aprendizados e discurso(20).
Durante a execução das atividades, a principal ação do grupo compreendeu a promoção da saúde, tanto na escola como nos demais locais em que se trabalhou, buscando melhorar a qualidade de vida, aplicando a teoria adquirida em sala de aula durante a graduação.
O Programa de Educação Tutorial vem oferecendo um campo de formação que privilegia esse cuidado, expandindo o conhecimento não só para os integrantes do projeto, os futuros profissionais de saúde, mas também para os grupos que os recebem, valorizando o cuidado na sua multidimensionalidade. Esse movimento de troca permite a construção de saberes, articulando as dimensões individual e coletiva do processo educativo e favorecendo o empoderamento de todos os envolvidos.
O objetivo do PET vem ao encontro do desenvolvimento desse trabalho de educação em saúde, incluindo os alunos nesses espaços. Aprimorando, assim, a formação profissional, que necessita ser focada, principalmente, na promoção e prevenção da saúde, pois o programa tem proporcionado uma visão mais ampla a seus participantes quanto a aspectos culturais, educacionais e burocráticos. Além disso, um dos grandes destaques do projeto é a autonomia que o aluno de graduação adquire para criar propostas de melhoria, tanto do ambiente acadêmico quanto da sociedade em geral, característica essencial para uma futura prática profissional de qualidade(21,22,23).
O PET proporcionou ainda a inserção nos serviços de saúde, visto que durante a graduação em enfermagem não havia disciplinas diretamente relacionadas a esse tema, o que fez com que as bolsistas se aproximassem desse público e estudassem a respeito do que seria abordado e qual a melhor maneira de interagir, fazendo com que todos contribuíssem e participassem. A busca pelo conhecimento a respeito da temática proposta possibilitou compartilhar os conhecimentos adquiridos, atingindo os objetivos estabelecidos.
Outro grande aprendizado do PET foi a possibilidade de, desde o início da graduação, interagir com diferentes setores e profissionais da área da saúde (psicólogas, assistentes sociais, nutricionistas, médicos, dentre outros), o que fortaleceu o grupo e proporcionou um amplo aprendizado com trocas de conhecimentos de diferentes áreas, o que faz o serviço funcionar de forma multidisciplinar.
O projeto trouxe benefícios aos acadêmicos e também para a APAE, onde aconteceram as tarefas, podendo ser citados: a melhoria no acesso à saúde dos alunos com deficiência e no autocuidado, e a realização de tarefas que os tornaram mais independentes. Sendo assim, obteve-se uma contribuição social devido ao fato de se inserir acadêmicos e profissionais da saúde também dentro da escola, com as mais diversas ações, sanando as dúvidas e promovendo saúde.
CONCLUSÃO
Participar do programa PET/Saúde Redes de Atenção à Saúde, linha de Cuidados à Pessoa com Deficiência, foi uma experiência gratificante e proveitosa, tanto para as acadêmicas quanto para os alunos e pais e/ou responsáveis da APAE, tendo em vista a apresentação de temas de interesse coletivo e atividades de promoção da saúde dessas famílias; favorecendo, assim, a troca de saberes.
O projeto contribuiu positivamente para as acadêmicas, proporcionando vivências únicas durante a graduação por meio de diferentes experiências vividas com esse público, além de aproximá-lo do sistema e das propostas direcionadas a eles.
Os programas extensionistas representam extrema importância no mundo acadêmico, pois possibilitam aos discentes a oportunidade de estarem inseridos em serviços diversificados e realizarem atividades práticas, obtendo mais conhecimentos a respeito de sua área de atuação.
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Autor notes
Luana Escobar dos Santos
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