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Educação em saúde sobre infecções sexualmente transmissíveis para universitários de Enfermagem
Bianca Alessandra Gomes do Carmo; Nayla Rayssa Pereira Quadros; Marcus Matheus Quadros Santos;
Bianca Alessandra Gomes do Carmo; Nayla Rayssa Pereira Quadros; Marcus Matheus Quadros Santos; Jennifer Karen Ferreira Macena; Marília de Fátima Vieira de Oliveira; Sandra Helena Isse Polaro; Eliã Pinheiro Botelho
Educação em saúde sobre infecções sexualmente transmissíveis para universitários de Enfermagem
Health education on sexually transmissible infections to Nursing College students
Educación en salud sobre enfermedades de transmisión sexual para universitarios de Enfermería
Revista Brasileira em Promoção da Saúde, vol. 33, pp. 1-7, 2020
Universidade de Fortaleza
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Resumo: Objetivo: Descrever a experiência vivenciada por acadêmicos de Enfermagem em prática de educação em saúde acerca de infecções sexualmente transmissíveis (IST). Síntese dos dados: As atividades educativas de um projeto de extensão foram desenvolvidas para estudantes do primeiro ano da Faculdade de Enfermagem da Universidade do Pará (UFPA), localizada no município de Belém, Pará, Brasil, no período de março a dezembro de 2019. A prática de educação em saúde foi dividida em três etapas: “IST: epidemiologia, agente etiológico, sintomas e prevenção”; “Boas práticas para o uso correto dos preservativos masculino e feminino” e “Modo de transmissão sexual das IST/HIV e importância de serem multiplicadores de saúde”, que se constituiu de uma dinâmica e roda de conversa sobre a temática. Conclusão: A atividade extensionista possibilitou a discussão da promoção da saúde sexual dos estudantes visando à prevenção e ao controle da transmissão das IST. Para os extensionistas, a vivência favoreceu a autonomia das atividades de educação em saúde e a compreensão da necessidade de abordar a temática com jovens ingressantes na universidade e, também, a de estabelecer a socialização com os estudantes com a pretensão de sensibilizá-los a serem multiplicadores de saúde.

Palavras-chave:Educação em SaúdeEducação em Saúde,Educação SexualEducação Sexual,EnfermagemEnfermagem,Doenças Sexualmente TransmissíveisDoenças Sexualmente Transmissíveis.

Abstract: Objective: To describe the experience of Nursing students in health education practices about sexually transmitted infections (STIs). Data Synthesis: The educational activities of an extension project were developed for first-year students at the Faculty of Nursing of the University of Pará (UFPA), located in the municipality of Belém, Pará, Brazil, from March to December 2019. The practice of health education was divided into three stages: STI: epidemiology, etiologic agent, symptoms and prevention; Good practices for the correct use of male and female condoms; and Sexual transmission mode of STIs / HIV and the importance of being health multipliers, which consisted of a dynamic and dialogue circle on the theme. Conclusion: The extension activity made it possible to discuss the promotion of students’ sexual health aiming at the prevention and control of STI transmission. For extension workers, the experience favored the autonomy of health education activities and the understanding of the need to address the topic with young people entering the university and also to establish socialization with students to sensitize them to be health multipliers.

Keywords: Health Education, Sex Education, Nursing, Sexually Transmitted Diseases.

Resumen: Objetivo: Describir la experiencia de académicos de Enfermería en práctica de educación en salud sobre las Enfermedades de Transmisión Sexual (ETS). Síntesis de los datos: Las actividades educativas de un proyecto de extensión han sido desarrolladas para estudiantes del primer año de la Facultad de Enfermería de la Universidad de Pará (UFPA) localizada en el municipio de Belém, Pará, Brasil en el período entre marzo y diciembre de 2019. La práctica de educación en salud ha sido dividida en tres etapas: “IST: epidemiología, agente etiológico, síntomas y prevención”; “Buenas prácticas para el uso correcto de los preservativos masculino y femenino” y “Modo de transmisión sexual de las ETS/VIH y la importancia de ser multiplicador de salud” como parte de una dinámica y rueda de conversa sobre la temática. Conclusión: La actividad de extensión ha posibilitado la discusión sobre la promoción de la salud sexual de estudiantes respecto la prevención y el control de transmisión de las ETS. Para los estudiantes, la experiencia ha favorecido la autonomía para las actividades de educación en salud y la comprensión de la necesidad de hablar sobre esa temática con los jóvenes que acaban de ingresar en la universidad y también de establecer la socialización con los estudiantes con el objetivo de sensibilizarlos para que sean multiplicadores de salud.

Palabras clave: Educación en Salud, Educación Sexual, Enfermería, Enfermedades de Transmisión Sexual.

Carátula del artículo

Descrição de Experiências

Educação em saúde sobre infecções sexualmente transmissíveis para universitários de Enfermagem

Health education on sexually transmissible infections to Nursing College students

Educación en salud sobre enfermedades de transmisión sexual para universitarios de Enfermería

Bianca Alessandra Gomes do CarmoEndereço do primeiro autor:
Universidade Federal do Pará, Brasil
Nayla Rayssa Pereira Quadros
Universidade Federal do Pará, Brasil
Marcus Matheus Quadros Santos
Universidade Federal do Pará, Brasil
Jennifer Karen Ferreira Macena
Universidade Federal do Pará, Brasil
Marília de Fátima Vieira de Oliveira
Universidade Federal do Pará, Brasil
Sandra Helena Isse Polaro
Universidade Federal do Pará, Brasil
Eliã Pinheiro BotelhoEndereço para correspondência:
Universidade Federal do Pará, Brasil
Revista Brasileira em Promoção da Saúde, vol. 33, pp. 1-7, 2020
Universidade de Fortaleza

Recepção: 05 Dezembro 2019

Aprovação: 13 Abril 2020

INTRODUÇÃO

As infecções sexualmente transmissíveis (IST) possuem múltiplas etiologias e sintomatologias(1), sendo importante considerar as complicações provenientes do não tratamento ou tratamento inapropriado, podendo ocasionar infertilidade masculina e feminina, doença inflamatória pélvica (DIP), câncer, aumento do risco de transmissão do HIV, além de complicações na gestação e nascimento, como abortos, natimortos, prematuridade em recémnascidos, mortalidade neonatal e infecções congênitas(2).

A síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS) é provocada pela infecção do vírus da imunodeficiência humana (HIV), o qual promove a perda progressiva e silenciosa da imunidade celular do hospedeiro e, consequentemente, o desenvolvimento de infecções oportunistas e cânceres raros. Desde a sua identificação, em 1981, da disseminação mundial, vem sendo considerada uma enfermidade infecciosa grave e de caráter emergente na saúde, principalmente em países em desenvolvimento(3).

Assim, as IST se destacam como questões urgentes da saúde pública devido à sua extensão e à diversidade de fatores associados. As estimativas de incidência global de clamídia, gonorreia, tricomoníase e sífilis em mulheres e homens, de 15 a 49 anos, permanecem altas, a maioria em países em desenvolvimento. Em 2012, a incidência global de novas infecções de IST curáveis estimou-se em quase um milhão a cada dia(4). No Brasil, as estimativas de casos de infecções por via sexual, no ano de 2014, chegaram a: 937.000 casos de sífilis, 1.541.800 de gonorreia, 1.967.200 de clamídia, 640.900 de infecções por herpes genital e 685.400 de papilomavírus humano (HPV)(5).

O aumento da prevalência de IST na região Norte do Brasil, mais especificamente no Pará, vem provocando grande preocupação, cujo fator adicional é o aumento das infecções pelo HIV entre jovens entre 15 a 29 anos, sendo notificados mais de 68 mil casos de 2007 a 2018(6). Entre os anos de 2006 a 2016, a taxa de detecção de HIV e AIDS triplicou entre homens de 15 a 24 anos(7).

Nesse cenário, deve-se considerar uma maior chance de exposição dos adolescentes e jovens ao adoecimento não só por HIV, mas também por outras IST, uma vez que essas infecções podem aumentar a probabilidade de adquirir e transmitir a infecção pelo HIV(8). São apontados como fatores que aumentam a chance de infecção pelo HIV nos jovens: o início precoce da vida sexual(2); a falta de acesso à informações seguras sobre formas de transmissão e prevenção; e a carência de discussão sobre sexualidade em ambientes escolares e familiares(9). Destaca-se, ainda, o fato de o preservativo ser considerado apenas um método contraceptivo e o estigma de que seu uso diminua o prazer sexual(10,11).

Desse modo, as práticas educacionais são fundamentais para mudanças em comportamentos de risco em jovens, fornecendo aos mesmas informações cientificamente corretas e, dessa forma, contribuindo para uma vida sexual saudável e diminuindo a incidência de IST entre eles. A educação em saúde busca não somente a prevenção de doenças, mas também a promoção da qualidade de vida e do autocuidado em uma determinada população. Dessa forma, o seu emprego deve ser contínuo, através de estratégias diversificadas de ensino e aprendizagem, independentemente do local(11,12).

A educação em saúde para estudantes universitários, desde o momento em que ingressam na universidade, contribui para o maior vínculo dos discentes com informações, bem como proporciona a atuação desses discentes na promoção à saúde de suas comunidades(12). Para isso, é de suma importância a qualificação de acadêmicos de Enfermagem para que possam estar preparados para intervir e sejam capazes de realizar promoção em saúde nos locais onde estarão inseridos, por meio de educação em saúde, iniciativas em participação de planos e programas de prevenção e/ou criação de parcerias com outros profissionais de saúde(13).

Segundo referenciais teórico-metodológicos(14), a prática educativa deve estar baseada em uma relação de diálogo e respeito ao educando, estimulando um processo contínuo e ativo de reflexão da realidade, a fim de proporcionar a autonomia dos indivíduos e sua transformação. Nessa perspectiva, considera-se a importância de efetivar um contexto educativo humanizador, gerando bases significativas, para que o educando consiga visualizar seu contexto social, cultural e histórico como foco de problematização e compreensão crítica de saberes.

Como estabelecido na Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS) do Sistema Único de Saúde (SUS), a promoção à saúde requer um diálogo entre o saber popular, científico e tradicional, além de requerer a integração articulada de todos os atores sociais e setores voltados para o bem individual e coletivo(15). A universidade é uma das instituições que possui o desenvolvimento local e regional como uma de suas metas, tendo o dever de promover melhorias na qualidade de vida da população em que está inserida. Dessa forma, no processo de formação de seus estudantes, faz-se necessário enfatizar o papel desses alunos como agentes transformadores.

O interesse pela temática em pauta se deu em função da participação dos autores em um projeto de extensão universitária que possui papel eficaz, tanto na vida dos acadêmicos, que põem em prática o que aprendem em sala de aula, quanto na vida das pessoas que desfrutam desse aprendizado. O projeto em questão é relevante, pois visa à promoção de saúde, através do diálogo entre estudantes, de forma a construir conjuntamente estratégias para minimizar a transmissibilidade do HIV e de outras IST.

Diante desse contexto, este estudo teve por objetivo descrever a experiência vivenciada por acadêmicos de Enfermagem em prática de educação em saúde acerca de infecções sexualmente transmissíveis (IST).

SÍNTESE DOS DADOS

Trata-se de um relato de experiência realizado por alunos veteranos da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal do Pará (UFPA), no município de Belém, Pará, Brasil. Este relato fez parte das atividades programadas do projeto de extensão intitulado “Educação em saúde na universidade: mobilização de acadêmicos de Enfermagem como agentes transformadores da realidade do HIV na região Norte”. Sendo assim, identificaram-se universitários do primeiro semestre da graduação em Enfermagem como públicoalvo das ações educativas.

As atividades de extensão do referido projeto desenvolveram-se no período de março a dezembro de 2019 e se deram em três etapas: a primeira, “IST: epidemiologia, agente etiológico, sintomas e prevenção”; a segunda etapa se denominou “Boas práticas para o uso correto dos preservativos masculino e feminino”; e a terceira etapa constituiu-se de uma dinâmica e roda de conversa(16,17), sobre a temática, intitulada “Modo de transmissão sexual das IST/HIV e importância de serem multiplicadores de saúde”.

A estratégia roda de conversa tem como objetivo proporcionar a participação democrática dos sujeitos sociais envolvidos para o compartilhamento de vivências, saberes, opiniões e concepções de cada pessoa, além de promover a reflexão(16).

Em seguida, houve o planejamento da prática de educação em saúde pelos integrantes do projeto. Nessa perspectiva, delimitaram-se metodologias educativas e estratégias que seriam utilizadas na ocasião para promoção de conhecimentos de modo acessível ao entendimento dos participantes e para estimulá-los ao engajamento.

Os recursos utilizados na ação foram: projetor multimídia, notebook, prótese de órgão genital masculino, preservativo masculino e feminino, copos descartáveis, garrafas PET, chá de repolho, vinagre e água.

Todas as estratégias e metodologias educacionais empregadas nas ações educativas levaram em consideração que, para uma educação em saúde ser eficaz, todos devem participar ativamente do processo, devendo-se não fazer uso de metodologias prescritivas e/ou impositivas, pois há a necessidade de se promover a troca de conhecimento entre todos os partícipes, o que culminará na construção de meios para a melhoria da saúde individual e coletiva(17).

Assim, a prática de educação em saúde foi dividida em três momentos: No primeiro, houve a ação educativa intitulada “IST: epidemiologia, agente etiológico, sintomas e prevenção”, com uma abordagem dialogada, buscando ouvir o que eles sabiam e, utilizando apresentação em Power Point, esclarecendo acerca dos dados epidemiológicos, agentes causadores de infecções, formas de transmissão, sintomas, prevenção, tipos de tratamento e imagens representativas de sinais e sintomas das IST, com enfoque em HIV e AIDS.

No segundo momento, realizou-se a ação educativa denominada “Boas práticas para o uso correto dos preservativos masculino e feminino”, na qual, com o auxílio de peça anatômica do aparelho genital masculino, apresentou-se de forma prática a técnica adequada de utilização do preservativo masculino(18). Demonstrou-se o preservativo feminino com o auxílio de imagens(18) e, para ambos, repassaram-se as orientações sobre como potencializar a eficácia do método de barreira.

Na primeira parte da atividade educativa, o objetivo foi sensibilizar e inserir o tema no campo da saúde. Observou-se que houve pouca verbalização dos alunos, no entanto permaneceram atentos e interessados pela temática. A partir da segunda parte da atividade educativa, ocorreu maior socialização dos participantes e iniciativas em compartilhar da demonstração do uso correto dos preservativos, momento em que houve a discussão quanto ao uso dos preservativos feminino e masculino, além de cuidados preventivos aplicados em vários níveis (individual, relacionamentos, comunitário e social). Ressalta-se que nem todos os alunos possuíam essa compreensão, o que é corroborado por autores(19) que descrevem o uso de preservativo como fundamental para a saúde dos jovens e que relatam que há uma carência de adesão e sapiência no manuseio desse método de barreira.

Na sequência, o terceiro momento constituiu-se de uma dinâmica e roda de conversa, na qual foi discutida a temática “Modo de transmissão sexual das IST/HIV e importância de multiplicadores de saúde”. Realizou-se a dinâmica com a distribuição aleatória de copos de plástico sem identificação contendo água e vinagre. Cada participante recebeu um copo. O objetivo era que os participantes acreditassem que os líquidos em todos os recipientes continham água. A partir disso, todos foram estimulados a misturar o conteúdo dos copos com aquelas pessoas que consideravam confiáveis entre o grupo, não se limitando o número de possíveis combinações e estipulando-se o tempo de um minuto para as trocas de líquido.

Em seguida, os organizadores realizaram a discussão, criando uma situação hipotética de contágio/transmissão. Revelou-se que havia copos com dois tipos de líquidos (água e vinagre), sendo o vinagre a representação da infecção e a troca de líquidos, uma relação sexual desprotegida. Utilizou-se chá de repolho roxo em todos os copos para que observassem a reação (ácido-base)(20), revelando líquidos em cores distintas: o líquido que permanecia roxo significava que só continha água, portanto, “não contaminado”; mas se o líquido adquirisse uma coloração avermelhada, significava que havia acontecido “contaminação” com o vinagre.

Dos participantes, somente um ficou com o líquido transparente, enquanto os demais tiveram o líquido de coloração avermelhada. Ao saberem que somente dois copos estavam inicialmente “contaminados”, os estudantes compreenderam a importância da proteção pessoal. Enfatizou-se que, assim como com o copo, pessoas com o HIV e outras IST nem sempre apresentam sinais da infecção. A proteção pessoal também foi destacada pelo fato de que os copos foram contaminados por colegas que eles disseram confiar.

Em seguida, abriu-se a roda de conversa, conduzida pelo professor supervisor e pelos estudantes veteranos participantes do projeto de extensão. Para incitar a expressão do públicoalvo, perguntas disparadoras sobre o resultado dessa experiência foram desenvolvidas. A estratégia utilizada foi relevante para os participantes do projeto, pois possibilitou compreenderem as situações de vulnerabilidade, transmissão, contaminação e proteção das IST/HIV. Houve maior proximidade, garantindo o diálogo e o compartilhamento de conhecimentos entre os acadêmicos.

A terceira parte promoveu a formação do saber de forma mais leve e atrativa por meio de tecnologias educativas, com a finalidade de responder às necessidades desse público e permitir a inserção do futuro enfermeiro no contexto atual das IST/HIV, que aliado à consciência crítica de cada aluno, os transforma em modificadores da problemática desde o início de sua formação. O uso de tecnologias educativas visa a colaborar com o processo de aprendizado, facilitando a realização de um trabalho, bem como viabilizando o entendimento do público e a aplicação da ação(21).

Em uma pesquisa(22), as atividades realizadas procuravam uma ação em torno da educação sexual, de maneira dinâmica e participativa, fazendo com que os envolvidos se integrassem uns com os outros, falando sobre o cotidiano que abrangesse a questão da sexualidade.

O diálogo entre os alunos foi instigado mutuamente na atual descrição de experiências. O exercício da autonomia nas práticas educativas é efetivado na relação ativa com o conhecimento, que leva à invenção e reinvenção diária, permitindo um conjunto de deliberações que se vai adotando ao longo da existência. Trabalhar em favor da autonomia é categoria para que as práticas no campo da promoção da saúde se configurem como educativas(23).

Assim, o momento foi propício, pois os participantes, ao discutirem o tema, compreenderam as IST de acordo com o contexto social e epidemiológico local e elucidaram suas deficiências no conhecimento, principalmente sobre as formas de transmissão e prevenção. O momento também contribuiu para o compartilhamento de saberes entre os acadêmicos e causou reflexão para mudanças de comportamento.

Além disso, a atividade viabilizou aos acadêmicos o rompimento de falsos paradigmas e a desmistificação de conceitos negativos referentes às IST, podendo adotar uma prática profissional mais responsável quando estiverem atuando em comunidade.

O desenvolvimento de ações educativas contribui para a promoção da saúde, a qual é definida como processo que capacita as pessoas a aumentarem o controle sobre sua saúde e possíveis melhorias(24). Dessa forma, para os extensionistas do atual trabalho, a discussão desses assuntos com jovens universitários foi promissor, visto que compreenderam que a falta de orientações ao buscarem tratamento de IST é uma lacuna existente entre os jovens, conforme estudo concretizado em Campinas(25) com mulheres atendidas na rede básica de saúde e em estudo realizado pelo Ministério da Saúde(26).

Reforça-se que, para os realizadores da ação, foi expressiva a importância do acadêmico de Enfermagem na promoção e condução de espaços de discussão sobre a prevenção de IST, dando-lhes uma maior autonomia. Para os acadêmicos ingressantes na Universidade, a importância deu-se como possibilidade em ajudá-los na obtenção da autonomia no processo saúde-doença. Além disso, nesse projeto os acadêmicos do primeiro período tiveram o primeiro contato com a educação em saúde como estratégia do enfermeiro na busca pela transformação social, momento em que puderam compreender o papel e o potencial do profissional enfermeiro na promoção da saúde coletiva.

Sugere-se a constituição de um grupo que permaneça atuante nesse projeto de extensão, a fim de dar continuidade a essa temática a cada semestre que se inicia, favorecendo o despertar dos alunos para serem multiplicadores de saúde.

Adicionalmente, na luta contra o HIV e a AIDS entre os jovens, além de outras IST, torna-se importante a elaboração de estratégias para a construção desses elementos. É imprescindível uma interação entre as autoridades, locais e estaduais, a sociedade e as universidades em busca de estratégias educacionais em saúde sexual voltadas ao público jovem.

CONCLUSÃO

A experiência possibilitou promover educação em saúde para a prevenção e controle da transmissão do IST entre acadêmicos do primeiro semestre de Enfermagem da UFPA, além de compreender suas demandas e o seu conhecimento, destacando a importância do enfermeiro educador como promotor de multiplicadores de conhecimento ainda na formação acadêmica.

Para os extensionistas, a vivência permitiu entender a necessidade da temática ser abordada não somente no ambiente acadêmico, mas também com os jovens extramuros da universidade. Foi evidente a importância de estabelecer a aproximação com outros estudantes, de forma a facilitar o compartilhamento de conhecimentos adquiridos no decorrer da graduação. Adicionalmente, a ação extensionista aumentou a segurança dos veteranos ao lidar com o público e proporcionou maior autonomia como educadores em saúde.

CONTRIBUIÇÕES

Bianca Alessandra Gomes do Carmo, Marcus Matheus Quadros Santos e Marília de Fátima Vieira de Oliveira contribuíram com a elaboração e delineamento do estudo; aquisição, análise e interpretação dos dados; redação e/ou revisão do manuscrito. Nayla Rayssa Pereira Quadros, Jennifer Karen Ferreira Macena e Eliã Pinheiro Botelho contribuíram com a elaboração e delineamento do estudo e a redação e/ou revisão do manuscrito. Sandra Helena Isse Polaro contribuiu com a redação e/ou revisão do manuscrito

Material suplementar
REFERÊNCIAS
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26. Ministério da Saúde (BR). Pesquisa de conhecimentos atitudes e práticas da população brasileira. Brasília: Ministério da Saúde; 2011.
Notas
Autor notes
Endereço do primeiro autor: Bianca Alessandra Gomes do Carmo

Universidade Federal do Pará - UFPA

Rua Augusto Corrêa, 01

Bairro: Guamá

CEP: 66075-110 - Belém - PA - Brasil

E-mail: biancagomesdocarmo@gmail.com

Endereço para correspondência: Eliã Pinheiro Botelho

Universidade Federal do Pará - UFPA

Rua Augusto Corrêa, 01

Bairro: Guamá

CEP: 66075-110 - Belém - PA - Brasil

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