Editorial
O artigo de Antonio Carvalho Neto acerca dos Arranjos flexíveis da jornada de trabalho no Brasil (Flexible working hour arrangements in Brazil) abre o segundo número da Revista Pensamento Contemporâneo em Administração (RPCA), de 2020. Um texto atual e que pode nos auxiliar a vislumbrar possibilidades futuras, considerando o momento que vivemos. A pesquisa mostra que arranjos flexíveis acontecem, principalmente, como iniciativa dos gerentes, enquanto a negociação coletiva entre sindicatos e empresas é responsável por um terço dessas iniciativas. Metade dos arranjos trocou pagamento de horas extras por folgas e 20% adotaram home office e teletrabalho; 76,8% das empresas apresentaram maior satisfação no trabalho, produtividade e retenção de profissionais.
Na mesma direção, Manoel Bastos Gomes Neto, Lucas Emmanuel Nascimento Silva, Rebeca da Rocha Grangeiro e Catherine Esnard, a partir de um estudo qualitativo, discutem os Obstáculos e oportunidades para carreira feminina em startups (Hurdles and opportunities for women career in startups). Os resultados apontaram que flexibilidade de horário, estrutura horizontalizada, incentivos à contratação de mulheres são fatores favoráveis ao crescimento profissional feminino em startups. Negociação com bancos e clientes, bem como dificuldade de serem ouvidas em reuniões são barreiras para o desenvolvimento. Em outros termos, ainda que startups sejam organizações menos generificadas que as tradicionais, as mulheres não estão imunes à discriminação nesse contexto.
Nágela Bianca do Prado e Gustavo Hermínio Salati Marcondes de Moraes, por sua vez, avaliam a relação entre Consciência ambiental, consumo engajado e consumo de produtos orgânicos (Environmental awareness, engaged consumption and organic products consumption). O estudo fornece informações relevantes sobre o comportamento dos indivíduos nesse mercado, a partir da confirmação de três hipóteses: precauções tomadas no ambiente doméstico influenciam positivamente um consumo mais engajado; atitudes mobilizadoras frente às questões ambientais influenciam positivamente um consumo mais engajado; e um consumidor engajado tem uma maior intenção de consumo de produtos orgânicos.
Luis Hernan Contreras Pinochet, Letícia Yoshimi Tanaka, Marcia Carvalho de Azevedo e Evandro Luiz Lopes buscam entender o papel das perspectivas de valor do usuário (utilidade e prazer percebidos) na Intenção de continuidade de uso de aplicativos móveis de produtividade (Intention to continue to use mobile productivity APPs). Os autores propõem um modelo desenvolvido com base nos nas respostas de 320 sujeitos e utilização da modelagem multivariada de equações estruturais. Os resultados validaram o modelo e confirmaram que as relações possuem um poder explicativo considerável. Pelo menos, no que tange aos aplicativos de produtividade, os autores destacam que a característica hedônica deve ser observada com cuidado e que esse tipo de aplicativo tem maior identificação com características de utilidade percebida e conformação de expectativas, por sua própria natureza.
Marcos Paulo Coutinho Nascimento e Mauro Caetano tratam da Caracterização das receitas e custos na otimização de negócios de pequenos aeroportos (Characterization of revenues and costs in the optimization of small airport business). O estudo buscou identificar os principais fatores associados ao desempenho financeiro de aeroportos que influenciam na manutenção da atividade empresarial. Os resultados mostram as principais variáveis com impacto significativo na gestão destas organizações e, a partir desses achados, os autores desenvolveram um modelo matemático, utilizado como complemento para relatar a estrutura de custos, renda e características destes negócios.
Mayte Cardoso Aguiar, Aridelmo Teixeira, Aziz Beiruth e Octavio Locatelli, por sua vez, estudam temas cuja combinação é sine qua non para a ciência: Saúde e educação: investimentos e efetividade municipal. Os autores avaliam se os investimentos em saúde e educação, realizados pelos municípios do Estado do Espírito Santo, têm impactado no Índice de Efetividade de Gestão Municipal – IEGM. Os resultados evidenciaram que os investimentos na saúde somente geram impactos positivos na efetividade no exercício posterior, e que na educação, os impactos na efetividade não são percebidos. Os resultados permitem inferir que a gestão do investimento é que traduz efetividade.
Márcia Juliana da Cunha dos Santos, Estela Maria dos Santos Ramos Vilhena, Ricardo Adriano Antonelli e Alison Martins Meurer, ainda da perspectiva da educação, analisam as Diferenças no desempenho acadêmico a partir das características socioeconômicas, demográficas, comportamentais e psicológicas de estudantes portugueses da área de negócios. De acordo com os autores, o desempenho acadêmico difere de acordo com: nota de ingresso no Ensino Superior; idade; frequência; facilidade com cálculos matemáticos, interpretação de texto e raciocínio lógico; horas de sono e de estudo; formação do professor; e ser fumante. Constata-se que o acompanhamento do processo de ensino-aprendizagem é essencial para maximizar o desempenho dos acadêmicos.
Jairo de Carvalho Guimarães e Ildamara Ferreira dos Santos, percebendo a relevância do empreendedorismo para o desenvolvimento social, político e econômico da cidade de Floriano (Piauí), buscaram identificar a contribuição dos docentes, a partir do seu papel na universidade. Educação empreendedora: a prática docente estimulando a mente do estudante, portanto, trata da influência do professor para a formação do espírito empreendedor dos discentes na universidade.
Felipe Storch Damasceno, Danilo Soares Monte-mor, Leilia Mara dos Santos Goncalves e Alysson Francisco analisam se os estágios do ciclo de vida das empresas brasileiras influenciam na sua volatilidade idiossincrática, ou seja, a Maturidade empresarial impacta risco idiossincrático? Os resultados mostram que a volatilidade idiossincrática é menor nas fases de crescimento e de maturidade. Neste caso, a identificação do ciclo de vida de uma empresa pertence é importante para a manutenção de investimentos de menor risco.
Fábio Pagliarini do Nascimento, Patrícia Saltorato, Tiago Fonseca Albuquerque Cavalcanti Sigahi e Geraldo Tessarini Junior, a partir do estudo de determinadas redes sociais, analisam os Conselhos de Administração e board interlocking entre as empresas listadas no nível 1 de governança corporativa da B3. Segundo os autores, 42% dos conselheiros atuam, simultaneamente, em mais de um Conselhos de Administração e 92% das empresas possuem interlocking (pelo menos um executivo). Nesse sentido, compreender o board interlocking permite que pesquisadores, gestores e acionistas tomem decisões mais assertivas, respeitando os limites legais e éticos.