Recepción: 30 Enero 2022
Aprobación: 26 Abril 2022
DOI: https://doi.org/10.12712/rpca.v16i1.53004
Resumo: Esta pesquisa buscou estudar como as relações coevolutivas entre políticas públicas e aprendizagem tecnológica influenciam na maturidade tecnológica das tecnologias core de spin-offs acadêmicas em potencial. Para alcançar este objetivo, a pesquisa apoia-se na literatura acerca de spin-offs acadêmicas, coevolução, aprendizagem, políticas públicas e maturidade tecnológica para construção da base conceitual. Em paralelo, a pesquisa vale-se de um desenho qualitativo baseado na coleta de dados por meio de campo com entrevistas, questionários, observações, visitas técnicas e análises documentais. Esse desenho de pesquisa foi operacionalizado a partir de estudos de casos múltiplos em spin-offs acadêmicas em potencial no Estado do Ceará. Os resultados gerados aqui trouxeram contribuições teóricas no sentido de demonstrar as relações existentes entre aprendizagem tecnológica, políticas públicas e maturidade tecnológica de spin-offs acadêmicas, bem como funcionou como apontamento gerencial para desenvolvedores de políticas públicas e gestores de spin-offs acadêmicas em potencial.
Palavras-chave: Maturidade Tecnológica, Spin-offs Acadêmicas, Políticas Públicas, Aprendizagem.
Abstract: This research sought to study how the co-evolutionary relationships between public policies and technological learning influence the technological maturity of the core technologies of potential academic spin-offs. To achieve this objective, the research is supported by the literature on academic spin-offs, co-evolution, learning, public policies and technological learning to build the conceptual basis. At the same time, the research uses a qualitative design based on data collection in the field with interviews, observations, technical visits and document analyses. This research design was operationalized from multiple case studies in potential academic spin-offs in the State of Ceará. The results generated here brought theoretical contributions in the sense of demonstrating the existing relationships between technological learning, public policies and technological maturity of academic spin-offs, as well as functioning as a managerial note for public policy developers and potential academic spin-off managers.
Keywords: Technological Maturity, Academic spin-offs, Public policy, Learning.
Introdução
Diversos trabalhos de pesquisa voltados para o empreendedorismo tecnológico têm dado ênfase nas spin-offs acadêmicas como importante instrumento de transferência de alta tecnologia com base científica pelas universidades e centros de pesquisa (CLARYSSE et al., 2007; ZAHRA; VAN DE VELDE; LARRANETA, 2007; RASMUSSEN; BORCH, 2010). Nesse sentido, é possível apontar uma gama de trabalhos que estudam como se dá a concepção, o estímulo e o desenvolvimento destas instituições desde o seu nascimento até a exploração comercial de suas tecnologias (COLLARINO; TORKOMIAN, 2015; DA LUZ; KOVALESKI; DE ANDRADE, 2017; DIÁNEZ-GONZÁLEZ; CAMELO-ORDAZ, 2017; HUYNH et al., 2017). Complementarmente, outras pesquisas analisam a importância do ambiente onde estas empresas se desenvolvem, tais como, incubadoras e parques tecnológicos (BERGEK; NORMAN, 2008; LOFSTEN; LINDELOF, 2005; SOETANTO; JACK, 2016).
Nesta direção, alguns autores vêm mostrando, como as características institucionais da universidade que originam tecnologias exploradas por spin-offs podem fornecer condições para o desenvolvimento tecnológico de um sistema regional de inovação; a relevância de investimentos em capacitação de estudantes e professores em cursos, workshops, seminários para desenvolvimento de produtos tecnológicos; a formulação e aplicação de políticas; fatores como financiamento público e privado e o desempenho destas corporações (THURSBY; JENSEN; THURSBY, 2001; MARKMAN et al., 2005 ; FESTEL 2013; LEHOUX et al., 2014; ASTUTI et al., 2014; SUTOPO, 2015; HAN; NIOSI, 2016; LEHOUX; MILLER; DAUDELIN, 2017).
Spin-offs acadêmicas, frequentemente, originam produtos e serviços inovadores e atuam em setores, como biotecnologia e sistemas embarcados, nos quais se predominam o uso de alta tecnologia com base na pesquisa científica das mais diversas áreas do conhecimento (HEIRMAN; CLARYSSE, 2004; RASMUSSEN; BORCH, 2010). Neste sentido, é possível apontar uma gama de trabalhos que estudam como se dá a construção, manutenção e desenvolvimento destas instituições no mercado até a exploração comercial de suas tecnologias (COLLARINO; TORKOMIAN, 2015; DA LUZ, 2017; DIÁNEZ-GONZÁLEZ; CAMELO-ORDAZ, 2017; HUYNH, 2017). Complementarmente, outras pesquisas analisam a importância do ambiente onde estas empresas se desenvolvem, tais como, incubadoras e parques tecnológicos (BERGEK; NORMAN, 2008; LOFSTEN; LINDELOF, 2005; SOETANTO; JACK, 2016).
O tema, no entanto, carece de mais estudos, principalmente em países em desenvolvimento como o Brasil, onde a falta destes trabalhos é, ainda, significativamente limitada diante das demandas governamentais, econômicas e sociais que envolvem a temática (FREITAS et al., 2011; COLLARINO; TORKOMIAN, 2015). Portanto, há uma escassez de estudos que mostrem como a evolução das tecnologias se dá nas spin-offs acadêmicas, enquanto as mesmas se encontram instaladas em ambientes acadêmicos e poucos estudos apontam quais variáveis são relevantes para o desenvolvimento das tecnologias destas empresas
Deste modo, com intuito de contribuir com a evolução das discussões e adicionar novas perspectivas à temática, o presente estudo busca elucidar o seguinte questionamento: Como se configura a evolução da maturidade tecnológica das empresas do tipo spin-offs acadêmicas, a partir da influência das políticas públicas de inovação? Com o intuito de responder à questão de pesquisa proposta, este estudo tem como objetivo geral entender a evolução da maturidade tecnológica das spin-offs acadêmicas e, de maneira mais específica, desvelar a evolução da maturidade tecnológica das tecnologias centrais das spin-offs acadêmicas cearenses a partir de sua relação coevolutiva com as políticas públicas e o processo de aprendizagem tecnológica.
O estudo está organizado da seguinte maneira. A seção seguinte faz uma Revisão de Literatura abordando as temáticas de coevolução, políticas públicas de inovação e aprendizado, define spin-offs acadêmicas em potencial, aprendizagem tecnológica e maturidade tecnológica. A seção 3 apresenta o Framework Analítico da Pesquisa, seguido dos Aspectos Metodológicos do trabalho. Por fim, a seção seguinte apresenta os resultados do trabalho, finalizando com as Considerações Finais do estudo.
Evolução Tecnológica de spin-offs acadêmicas em potencial
As empresas intensivas em conhecimento têm sido destaque nos estudos relacionados a empreendedorismo e inovação (FISCHER; QUEIROZ; VONORTAS, 2018; MALERBA; MCKELVEY, 2020), principalmente por possuírem grande potencial para o desenvolvimento tecnológico no ambiente no qual atuam (BERCOVITZ; FELDMAN, 2006; CIVERA; MEOLI; VISMARA, 2020). Os fatores que levam à criação, às práticas processos internos que causam o desenvolvimento dessas empresas são objeto de estudo de pesquisas recentes (AUDRETSCH; BELITISKI, 2021; FISCHER et. al., 2021; MALERBA; MCKELVEY, 2020; PROTOGEROU; CALOGHIROU, 2015), que visam lançar luz sobre a dinâmica do empreendedorismo intensivo em conhecimento.
Essas organizações estabelecem atuação em setores intensivos em conhecimento e possuem aspectos tecnológicos e de inovação como elementos centrais de suas proposições de valor (MALERBA; MCKELVEY, 2020). Dentre elas, destacam-se as spin-offs acadêmicas, empresas com forte base de conhecimento científico, e oriundas do ambiente acadêmico (MATHISEN; RASMUSSEN, 2019; O'SHEA; CHUGH; ALLEN, 2008). Estas são empresas usualmente fundadas por pesquisadores que decidem comercializar tecnologias que fazem parte do seu ambiente de pesquisa acadêmica (HAYTER et. al., 2018; MATHISEN; RASMUSSEN, 2019), de modo que a transferência tecnológica se manifesta através da criação de uma empresa, spin-off acadêmica, que realiza a comercialização de tecnologias criadas em ambiente de laboratório. As spin-offs acadêmicas são um fenômeno relevante para a transferência tecnológica e para o empreendedorismo em nível acadêmico e universitário (SCUOTTO et. al. 2020), ainda que relativamente incipiente para o caso brasileiro (FISCHER et. al., 2018).
Huynh et al. (2017) identificam duas fases “criação” e “crescimento” para estudar a performance de spin-offs acadêmicas a partir das capacidades e das redes das equipes da fase de criação destas empresas. A “criação” é o período até a incorporação e inclui geração de ideias, “prova de conceito”, estabelecimento de planos de negócios para a comercialização e a formação de uma equipe encarregada de sua execução. A fase de “crescimento” é o período após a incorporação que vê a introdução de produtos e serviços e sua subsequente entrada e posicionamento no mercado.
Clarysse e Moray (2004) trazem em seu artigo a análise das quatro fases de desenvolvimento de spin-offs acadêmicas nas quais o projeto campeão e a equipe fundadora coexistem e se relacionam durante o processo de desenvolvimento do negócio, os autores analisam o desenvolvimento do empreendimento do ponto de vista de seu ciclo de vida. A primeira etapa da empresa nascente está relacionada com a fase de ideia, na qual existem técnicos envolvidos e um líder responsável pelo projeto, planejamento e redação da proposta.
A segunda etapa é a de pré-startup, leiamos, pré-spin-off acadêmica, nesta etapa é introduzida a decisão real de se desmembrar da universidade; o líder do projeto provou que é possível a execução e busca assessoria para construir um plano de negócio e para montar a equipe que irá conduzir a ideia até o final. Entre a segunda e a terceira etapas ocorre a legalização da empresa. Na terceira etapa normalmente a empresa demanda por um gestor profissional, dada a compreensão pela equipe de que o gerente do projeto campeão, pesquisador, normalmente não é dotado de capacidade de conduzir a empresa no mercado competitivo, esta etapa é chamada de fase de startup, de spin-off acadêmica. A fase de pós-startup ou de pós-spin-off acadêmica é desencadeada por rápidas evoluções tecnológicas, esta etapa se caracteriza por ganhar foco estratégico e profissionalização da equipe da organização.
Para o propósito deste trabalho será utilizado a compreensão de fases do ciclo de vida das spin-offs acadêmicas (eg: CLARYSSE; MORAY, 2004; HUYNH et al., 2017), ilustradas pela Figura 1, para que seja atingido o propósito deste estudo. As organizações aqui estudadas serão chamadas de spin-offs acadêmicas em potencial. Entende-se por spin-off acadêmica em potencial aquela que se encontra entre o período que se inicia na fase de ideia do projeto tecnológico, passando pelo processo de formação de equipes, legalização da empresa até o momento em que a spin-off deixa a universidade. A escolha de estudar spin-offs acadêmicas em potencial que ainda se encontram em meio universitário é dada pelas condições fundamentais para o desenvolvimento destas empresas que as universidades e os institutos de pesquisa ofertam.
Muitos países interessados na comercialização da pesquisa proveniente das universidades vêm investindo na reforma dos arranjos institucionais, estabelecendo escritórios de transferência de tecnologia, incubadoras, centros de empreendedorismo e fundos para fomento próprios para viabilizar o aumento do número de empresas derivadas (PEREZ; SÁNCHEZ, 2003; RASMUSSEN; BORCH, 2010). A universidade auxilia a transformação de spin-offs acadêmicas potenciais em spin-offs consolidadas no mercado.
Rasmussen e Wright (2015) adotam uma perspectiva do lado da demanda, para entender os desafios enfrentados pelas spin-offs acadêmicas, empresas baseadas em tecnologia, e identificar como as universidades podem ajudar estas empresas na fase de startup e desenvolvimento, identificam que tradicionalmente as universidades podem auxiliar por meio da gestão central como priorizar pesquisas de excelência com intuito de viabilizar uma maior quantidade de oportunidades de empreendedorismo; os escritórios de transferência de tecnologia, os núcleos de inovação tecnológica, devem apoiar a proteção intelectual das tecnologias, buscar ativamente a sua aplicação tecnológica e a busca de recursos para desenvolvimento do projeto; o departamento deve estimular a buscar por oportunidades comerciais em sua pesquisa, disponibilizar laboratórios para desenvolvimento de atividades operacionais por acadêmicos e auxílio para captação de recursos externos; os laboratórios e grupos de pesquisa devem incluir interesses das indústrias e de investidores nas pesquisas, estabelecer networking e compartilhar redes com potenciais investidores.
Coevolução entre Políticas Públicas e Aprendizagem Tecnológica em spin-offs acadêmicas
A respeito do desenvolvimento de Políticas Públicas no Brasil, os esforços iniciais foram datados a partir da criação dos Escritórios de Transferências de Tecnologias (ETTs) nos anos 80. O processo de incubação de empresas em universidades e o desenvolvimento de parques tecnológicos também se iniciou no ano de 1980, porém de forma parcial e sem uma legislação específica (LAHORGUE, 2008). Nos anos 2000, o Brasil começou a desenvolver de forma efetiva as políticas de estímulo à inovação nas relações entre empresas e universidades, por meio da promulgação de várias leis nacionais. A Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior (PITCE), criada em 2003, aponta para uma nova visão de expansão de tecnologias no país, em que a interação entre a universidade e a empresa é apontada como essencial nesse novo modelo de atuação (PARANHOS; CATALDO; PINTO, 2018).
Já as spin-offs acadêmicas são criadas a partir da propriedade intelectual desenvolvida em laboratórios nas universidades, por estudantes que desenvolvem teses, dissertações e monografias, com pesquisa básica e aplicada sob a supervisão e apoio de docentes, por pesquisadores e docentes experimentados em pesquisa básica e aplicada, ou ainda em disciplinas práticas de empreendedorismo ou projetos tecnológicos, as principais tecnologias exploradas nestas empresas são as de software, hardware, robótica, materiais, mecânica, semicondutores, automação diagnósticos médicos e biotecnologia (SHANE, 2004).
No que se refere à política de estímulo ao desenvolvimento de spin-offs acadêmicas no Brasil, O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ), fundado a partir da PITCE, passou a ser responsável pelo lançamento de editais que visem o fomento à realização de projetos de pesquisas em associação com empresas de bases tecnológicas, com o objetivo de aumentar a interação entre as Instituições Científicas e Tecnológicas (ICTs), e o mercado (BRASIL, 2007). A Lei da Inovação (10.973/2004) foi pioneira na institucionalização da inovação no país (CARVALHO; CUNHA, 2013) e teve como objetivo reger as ICTs, atuando na flexibilização de regras com o intuito de estimular a promoção de um ambiente inovador de interação com o setor empresarial.
Além de tornar obrigatória a institucionalização dos Núcleos de Inovação Tecnológica (NITs) nas ICTs públicas a fim de estimular a gestão da inovação nessas instituições, por meio da proteção e da transferência de tecnologias. Uma outra atuação dessa lei foi no estímulo ao desenvolvimento de Propriedades Intelectuais (PI), concedendo direito de no mínimo 5% e no máximo 1/3 da receita oriunda de processos de TT nessas ICTs (CARVALHO; CUNHA, 2013; GARCEZ JÚNIOR et. al., 2016; PARANHOS; CATALDO; PINTO, 2018).
Segundo Benedetti (2010), os NITs desempenham o papel de intermediadores entre o ambiente de desenvolvimento da pesquisa (ICTs) e o ambiente externo, representado pelo setor produtivo público e privado, sendo, assim, essenciais na troca de conhecimentos e 26 informações que determinem a entrada e a saída dos processos de inovação. Além disso, devem: 1) promover a proteção das criações desenvolvidas na instituição, 2) opinar quanto à conveniência de divulgação das criações desenvolvidas, passíveis de proteção intelectual, de negociar e licenciar a tecnologia, 3) acompanhar o processamento dos pedidos e a manutenção dos títulos de propriedade intelectual da instituição (LOTUFO, 2009), 4) atuar como interlocutor principal entre as universidades e as empresas, visando ao suporte legal e à gestão da política de inovação no ambiente acadêmico (TORKOMIAN, 2009). Neste sentido, existem políticas públicas que incentivam a criação e o desenvolvimento desses empreendimentos. Os Núcleos de Inovação Tecnológica (NITs) são exemplos de instituições que promovem o desenvolvimento tecnológico e a abertura de empresas de base tecnológica, atuando como escritórios de transferências de tecnologias.
No ano de 2016, foi sancionada a Lei 13.243/2016, conhecida como novo marco nacional da Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I), responsável pelo estímulo à relação de três elementos principais: interação entre o setor produtivo e a pesquisa científica pública, desburocratização de processos administrativos, pessoais e financeiros nas ICTs públicas e descentralização das ações de fomento para os CTIs dos estados e municípios brasileiros (NAZARENO, 2016). Criam-se, assim, ambientes favoráveis para a produção de inovações no País, por meio de ações como a redução de burocracias para a importação de matérias-primas utilizadas no desenvolvimento de pesquisas científicas e produções tecnológicas, além da permissão do uso das instalações de ICTs para a prestação de serviços técnicos de caráter inovador (RAUEN, 2016). Essa lei se torna um marco na Ciência e Tecnologia do País por atuar no fortalecimento jurídico das relações entre as ICTs e as empresas, resultando em um maior incentivo à inovação e à TT no Brasil (GARCEZ JÚNIOR et. al., 2016).
Neste sentido, existem políticas públicas que incentivam a criação e o desenvolvimento desses empreendimentos. Os Núcleos de Inovação Tecnológica (NITs) são exemplos de instituições que promovem o desenvolvimento tecnológico e a abertura de empresas de base tecnológica, atuando como escritórios de transferências de tecnologias. Os NITs fazem parte do desenvolvimento de políticas públicas, dada a sua função de melhorar os laços universitários e comerciais com a indústria. Assim, os escritórios de transferência de tecnologia são importantes vetores para criação de empresas spin-offs acadêmicas em ICTs.
Os NITs são facilitadores do processo de difusão tecnológica da pesquisa universitária para indústria, gestão e valorização da propriedade intelectual da universidade e cooperando para que pesquisadores na disseminação de resultados de pesquisa para o bem público, além de assumirem o papel importante de principal tomador de decisões enquanto avaliam a invenção, realizam arranjos para proteção da propriedade intelectual da tecnologia e direcionam os empreendedores para os capitalistas de risco e estabelecem a sua representação em conselhos de administração de empresas (O’SHEA; CHUGH; ALLEN, 2008).
Aprendizagem e Maturidade Tecnológica
A compreensão do processo de aprendizado tecnológico é entendida por Figueiredo (2004) como a trajetória de acumular capacidades tecnológicas em diferentes velocidades e direções, outra acepção da terminologia são os processos nos quais conhecimentos técnicos de indivíduos são transformados em sistemas físicos, processos de produção, procedimentos, rotinas, produtos e serviços da organização. Neste trabalho, o termo aprendizagem adota a conjugação das acepções apresentadas, sendo o termo aquele que possibilita a empresa acumular capacidade tecnológica ao longo do tempo.
Na perspectiva de uma análise comparativa, nos países desenvolvidos, cujas economias estão baseadas na produção de conhecimento, tecnologias e inovações, existe um importante estímulo a criação de amplos espaços colaborativos para a aprendizagem interativa e criação de conjunturas favoráveis para os atores aplicarem as capacidades aprendidas (DA CUNHA; NEVES, 2008). Já nos países desenvolvidos, incluindo-se a América Latina, a produção de conhecimento, tecnologias e inovações ainda é inexistente como fator prioritário, visto que, a economia desses países é majoritariamente baseada nos recursos naturais e as importações parciais de conhecimento. Diante disso, os processos inovativos, em países de economias subdesenvolvidas, tendem a ser instáveis e isolados, principalmente pelo pouco investimento de recursos públicos e privados para o desenvolvimento científico e tecnológico (DA CUNHA; NEVES, 2008).
No que diz respeito à produção de tecnologias, é necessário inferir que caso a tecnologia fosse reduzida a uma interpretação simplória de tecnologias da informação, a competitividade seria relativamente fácil de alcançar e sustentar, além disso, a recuperação do investimento seria menos difícil do que se apresenta. A tecnologia compreende “pacotes” complexos de informações, codificadas e tácitas, bem como capital físico (TAKEUCHI; NONAKA, 2008).
Takeuchi e Nonaka (2008) defendem o modelo teórico que a aborda a Gestão do Conhecimento como elemento potencializador da aprendizagem em rede. A partir desse modelo, parte-se de dois pressupostos: a) a Gestão do Conhecimento é um importante elemento transformador do conhecimento tácito em explícito, por meio da produção de inovações qualificadas; b) a criação de um ambiente tecnológico que privilegie as relações entre os diferentes intelectos de uma organização potencializa a capacidade inovativa desta organização. A partir da ótica da Gestão do Conhecimento como elemento potencializador da criação de inovações tecnológicas infere-se que as spin-offs, sejam estas de bases tecnológicas ou acadêmicas, devem priorizar ações de aprendizado tecnológico com bases colaborativas, buscando associar-se em redes que estimulem o aprendizado técnico em gestão do conhecimento e gestão da inovação.
Nos processos de mudança técnica e maturidade tecnológica, no entanto, é compreensível que informações tácitas não são prontamente transferíveis entre empresas e países, uma vez que, plantas tecnológicas precisam ser traduzidas em especificações e procedimentos para aplicações particulares, um processo criativo incerto, o que influencia no desempenho consideravelmente. Ainda que atendida as condições e os projetos tecnológicos sejam criados e moldados nas configurações específicas necessárias às firmas é necessário a construção de capacidades para gerir o processo de mudança, uma vez que a empresas necessita de constantes remodelações para permanecerem competitivas (BELL; PAVITT, 1995).
O aprendizado tecnológico é um processo vital para o desenvolvimento industrial, em nível de proficiência de cada empresa depende da intensidade de esforços empregados em capacitação, não existindo um processo uniforme e previsível no desenvolvimento de determinada tecnologia (BELL; PAVITT, 1995; FIGUEIREDO, 2003). O custo e o risco de desenvolver uma tecnologia estão relacionados à base de conhecimento dos seus desenvolvedores, a rapidez da mudança tecnológica e as condições que o mercado apresenta.
O processo de aprendizagem é altamente específico em tecnologia, algumas tecnologias são mais incorporadas em equipamentos, enquanto outras têm elementos tácitos maiores, sendo que para o desenvolvimento de algumas tecnologia são demandados diferentes habilidades e conhecimentos, algumas precisando de estreita faixa de especialização e outros de ampla gama, bem como a dependência por fontes externas de conhecimento ou informação, como outras empresas, consultores, fornecedores ou instituições de tecnologia; universidades e seus programas de extensão, associações industriais e institutos de treinamento, nos quais os fluxos de informação e habilidades são densos, ocorrem em um conjunto de atividades relacionadas e grupos emergem por meio do aprendizado coletivo. Os processos de P&D normalmente ocorrem ao longo do desenvolvimento do produto e com o aumento da complexidade da tecnologia a sua importância passa a ser maior (LALL, 2013), à medida que a tecnologia avança nos seus níveis de maturidade tecnológica.
No contexto de economias avançadas o aprendizado é considerado como fundamental para conquista de capacidades inovativas para empresas, favorecendo a possibilidade das empresas que operam na fronteira tecnológica internacional expandirem suas capacidades inovativas (BELL; FIGUEIREDO, 2012). O exame dos processos de aprendizagem nas spin-offs acadêmicas foi realizado conforme o modelo desenvolvido por Figueiredo (2003) presente no quadro 3. Neste a aprendizagem tecnológica é decomposta em dois processos que são a aquisição de conhecimento e a conversão de conhecimento. Os conhecimentos são adquiridos de maneira interna e externa e a conversão do conhecimento ocorre por meio da socialização e da codificação. As características chave que permitem examinar os processos de aprendizagem são a variedade, intensidade, funcionamento e interação.
A variedade é compreendida como a presença de diferentes processos de aprendizagem na empresa e pode ser avaliada no que tange aos processos de aquisição de conhecimento e aos mecanismos de conversão, a variedade de processos de aquisição de conhecimento são importantes para convertê-los de individuais para organizacionais. A intensidade ocorre por meio da repetição ao longo do tempo de criação, atualização, aprimoramento e/ou fortalecimento de processos de aprendizagem, a intensidade assegura o fluxo constante de conhecimento circulando na organização, permitindo a melhor compreensão de tecnologias adquiridas e a conversão do aprendizado do indivíduo para a organização. O funcionamento é a forma que o aprendizado opera no decorrer do tempo, Dutrénit (2000) destaca que os processos podem fortalecer ou impactar os resultados organizacionais se conduzidos de maneira desordenada, esta característica determina a força do processo de aprendizado. A interação é a maneira como os processos de aprendizagem têm influência mútua.
Framework Analítico da Pesquisa
Assim, para compreender como se dá o processo de evolução da maturidade tecnológica de spin-offs acadêmicas no estado do Ceará é proposto um framework conceitual a ser observado na Figura 2 que se relaciona à explicação da evolução da maturidade tecnológica das empresas do tipo spin-offs acadêmicas (CLARRYSSE et al., 2007; MUSTAR et al., 2008; BELL; PAVITT, 1995; BELL; FIGUEIREDO, 2012; HUYNH et al., 2017).
Este framework é baseado na ideia central de que os níveis de maturidade das tecnologias das spin-offs acadêmicas, neste estudo mensuradas por meio da escala Technological Readiness Level (TRL), coevoluem, influenciados por meio de processos de aprendizagem tecnológica das firmas (DUTRÉNIT, 2000; NONAKA, TAKEUCHI; UMEMOTO, 1996) e por políticas públicas de fomento à inovação, que afetam o ambiente de empreendedorismo acadêmico e ao mesmo tempo com as trocas destes grupos com a sociedade (RODRIK, 1993; CÂMARA; BRASIL, 2015; EDLER; FAGERBERG, 2017).
Para o propósito deste trabalho será utilizado a compreensão de fases do ciclo de vida dos spin-offs acadêmicas (eg: CLARYSSE; MORAY, 2004; HUYNH et al., 2017) para que seja atingido o propósito deste estudo. As organizações aqui estudadas serão chamadas de spin-offs acadêmicas em potencial. Entende-se por spin-off acadêmica em potencial aquela que se encontra entre o período que se inicia na fase de ideia do projeto tecnológico, passando pelo processo de formação de equipes, legalização da empresa até o momento em que a spin-off deixa a universidade. A escolha de estudar spin-offs acadêmicas em potencial que ainda se encontram em meio universitário é dada pelas condições fundamentais para o desenvolvimento destas empresas que as universidades e os institutos de pesquisa ofertam (RASMUSSEN; WRIGHT, 2015).
As empresas quando inovadoras, não apenas processam informações advindas de um ambiente externo, buscando driblar problemas ou adaptarem-se as novas realidades impostas pelo ambiente em constante mudança, mas também criar novos conhecimentos e informações de sorte que transforme tanto problemas como soluções, no processo de influenciar a dinâmica ambiental (KIM, 1997; TAKEUCHI; NONAKA, 2008).
O conhecimento é classificado em explícito e tácito. Este habita profundamente nas ações, procedimentos, rotinas, comprometimento, ideias, valores e emoções e é difícil de comunicar este tipo de conhecimento, visto que é derivado de um processo analógico que requer um tipo de processamento simultâneo; aquele pode ser expresso por meio de linguagem formal e sistemática, sendo de fácil compartilhamento, como dados, fórmulas científicas, especificações e manuais. Ambos são complementares e essenciais ao processo de criação de conhecimento (NONAKA; TOYAMA; KONNO, 2000; YANG; FANG; LIN, 2010). Neste trabalho é relevante entender a relação entre a acumulação do conhecimento advindo do processo de aprendizado e acumulado e disponível em transformação tecnológica por meio das chamadas capacidades tecnológicas e de sua evolução tecnológica (e.g: LALL, 1992; DUTRÉNIT, 2000; FIGUEIREDO, 2003; DANTAS; BELL, 2009; IPIRANGA et al., 2012; CÂMARA; GONZALEZ; PIANA, 2013).
Procedimentos metodológicos
Neste estudo, a coleta de dados envolveu uma estratégia de triangulação de dados, conforme Vergara (2014) é a utilização de vários métodos para investigar um mesmo fenômeno. A coleta de dados foi também composta por oito visitas técnicas, sendo cinco realizadas em laboratórios utilizados na criação/evolução das tecnologias e três em incubadoras de empresas localizadas em ICTs. Foram realizadas cinco observações diretas da rotina dos laboratórios e foram feitas análises documentais em monografias de graduação, dissertações de mestrado e artigos científicos publicados pelos grupos de pesquisa e laboratórios desenvolvedores da tecnologia que traziam relatos sobre as tecnologias estudadas.
Foram realizadas doze entrevistas formais com sete gestores e cinco cientistas responsáveis ou corresponsáveis principais pelo desenvolvimento da tecnologia core de spin-offs acadêmica em potencial. O tempo médio das entrevistas variou de uma a duas horas e trinta minutos. Ainda foram feitas treze entrevistas informais, sendo sete por telefone e seis presenciais com gestores de incubadoras, parques tecnológicos, centros de pesquisa, gestores de programas de aceleração de startups e com gestores de inovação e pesquisadores das universidades (Quadro 2).
Operacionalização das Variáveis
Mensuração dos níveis de maturidade tecnológica Technology Readiness Level
As spin-offs foram analisadas a partir de três construtos, de acordo com o framework analítico (Figura 2), a saber: Maturidade Tecnológica, Políticas Públicas e Processo de Aprendizagem. No construto Maturidade Tecnológica, foi adotada a escala Technology Readiness Level (TRL) adaptada (ABNT, 2015), passando de 9 níveis para 4 níveis, que foram denominados de Pesquisa Fundamental (PF); Pesquisa Aplicada (PA); Desenvolvimento Tecnológico (DT) e Aplicação Comercial (AC), com a intenção de facilitar a identificação destes níveis na pesquisa de campo, uma vez que estas variáveis foram identificadas em condições ex-post dos eventos, levantando sua atual status e o tempo que cada nível levou para ser desenvolvido.
No Construto Processos de Aprendizagem, utilizou-se a identificação por 4 dimensões, sendo estas: Aquisição de conhecimento interno e externo e Conversão de conhecimento por socialização e codificação. Além destas, a partir da métrica de Figueiredo (2003) foi avaliada a variedade, intensidade, funcionamento e interação dos processos de aprendizagem. Estas dimensões foram subdivididas em atividades que podem ser realizadas pelas empresas relacionadas e a estas foram atribuídas notas, em escalas de 1 a 5. A abordagem de operacionalização do construto Políticas Públicas, debruçou-se sobre a abordagem de Câmara e Brasil (2015) que avaliou as políticas públicas voltadas para inovação, considerando os níveis de envolvimento, coerência e autonomia e a eles foram atribuídas uma escala de 1 a 5 para o nível de concordância sobre o fato destes níveis serem atendidos pela execução da políticas públicas consideradas na análise.
Todos os Construtos, níveis e dimensões foram julgados para atribuição de notas pelos entrevistados e foram checados por evidências empíricas, como nas próprias falas dos respondentes, na análise documental e nas visitas realizadas às empresas. Estas atribuições de valores foram sendo reduzidos por display de dados (MILES; HUBERMAN, 2013).
A Figura 3 apresenta os níveis de TRL utilizados para mensurar maturidade tecnológica, e como possuem relações de coevolução com políticas públicas.
Variedade, Intensidade e Funcionamento dos processos de aquisição e conversão do conhecimento
A variedade dos processos de aprendizagem foi avaliada conforme a existência ou não destes processos, variando de 1 a 5 (ausência do processo até ampla variedade do processo), já em intensidade foi observado a intensidade de ocorrência dos processos de aprendizagem, variando de 1 a 5 (ocorrência uma vez até contínua). O funcionamento dos processos de aquisição e conversão de conhecimento foi avaliado conforme a sua realização, considerando os índices indicados de 1 a 5 (fracasso até sucesso).
Mensuração dos processos de aprendizagem
No Construto Processos de Aprendizagem, utilizou-se a identificação por 4 dimensões Aquisição de conhecimento interno e externo e Conversão de conhecimento por socialização e codificação. Estas dimensões foram subdivididas em atividades que podem ser realizadas pelas empresas relacionadas a estas dimensões e a elas foram atribuídas notas pela intensidade de uso, numa escala de 1 a 5 (indo de fraco até o uso forte). A abordagem de operacionalização do construto Políticas Públicas, debruçou-se sobre a abordagem de Câmara e Brasil (2015) que avaliou as políticas públicas voltadas para inovação, considerando os níveis de envolvimento, coerência e autonomia e a eles foram atribuídas uma escala de 1 a 5 para o nível de concordância sobre o fato destes níveis serem atendidos pela execução da política.
Todos os Construtos, níveis e dimensões foram julgados para atribuição de notas pelos entrevistados e foram checados por evidências empíricas, como nas próprias falas dos respondentes, na análise documental e nas visitas realizadas às empresas. Estas atribuições de valores foram sendo reduzidos por display de dados (MILES; HUBERMAN, 2013) e apresentados nos resultados em seu formato mais resumido, consolidando os dados por médias dos valores atribuídos e dividido por intervalos iguais dos possíveis resultados dos valores de cada variável (construtos, níveis e dimensões utilizadas na análise) em 4 classes (Fraco, Moderado, Bom e Forte).
A interação dos processos de aprendizagem foi avaliada em concomitância de sua presença com outros processos dentro dos níveis agregados de TRL propostos pela Embraer. Foi utilizado o cálculo de combinação simples para verificar as quantidades de combinações entre os processos de aprendizado. A interação foi considerada fraca se a média obtida foi inferior a 20% das combinações possíveis, média se a média aritmética das combinações variou entre 21% e 35% das combinações possíveis e forte se a média foi maior do que 35,1% das interações possíveis para cada mecanismo de aprendizagem.
n = Número de elementos do conjunto (número de mecanismos de aquisição de conhecimento) e p = Quantidade de elementos por subconjunto (as atividades serão consideradas de duas em duas).
Relação entre Evolução Tecnológica e Aprendizado
Avaliou-se, na percepção das empresas estudadas, qual a intensidade da relação dos diferentes processos de aprendizagem e os níveis de evolução tecnológica (PF, PA, DT e AC). Percebe-se que as empresas consideram a aquisição interna como o mecanismo que tem uma relação forte com todos os níveis de evolução tecnológica e ao contrário a socialização como tendo uma fraca relação todos níveis (Quadro 3). O que revela menos propensão à inovação mais aberta e de menor interação interna. O que de muitas formas é preocupante para o sucesso de empresas inovadoras de base tecnológica criadas em ambientes acadêmicos e que a literatura indica que, normalmente se associam a redes internas e externas de conhecimento como fator de sucesso, parece que o perfil de colaboração dos gestores e atores envolvidos, tanto nas empresas, como provavelmente no ambiente externos, não são adequados.
O conhecimento e qualificação das equipes de empreendedores apresentaram-se como fundamentais, assim, como nos estudos de Clarysse e Moray (2004) sobretudo nas empresas de biotecnologia, caracterizadas neste estudo, por alta tecnologia, predominando doutores e pós-doutores a frente destes negócios
Apresentação e Análise dos Resultados
Análise do Perfil dos Mecanismos de Aprendizado das Spin-offs
A Figura 4 mostra a variedade e intensidade dos mecanismos de aquisição e de conhecimento empregados pelos spin-offs em potencial, em cada etapa de desenvolvimento tecnológico. As evidências apontam que as organizações acumularam progressivamente uma maior variedade e intensidade de atividades de aquisição de conhecimento comparativamente ao desenvolvimento de suas tecnologias. Essa análise converge com os achados teóricos que evidenciam a origem dessas empresas, a partir do ambiente acadêmico, fortalecendo suas relações entre produções de tecnologias e produção de conhecimento (HAYTER et. al., 2018; MATHISEN; RASMUSSEN, 2019).
A Figura 5 apresenta a variedade e intensidade dos mecanismos de aquisição e conversão de conhecimento empregados pelos spin-offs em potencial em cada etapa de desenvolvimento tecnológico. As evidências apontam que as organizações acumularam progressivamente uma maior variedade e intensidade de atividades de aquisição e conversão do conhecimento. Essas análises refletem uma estreita relação entre os processos de criação e aprendizagem, oriundos do ambiente acadêmico, na geração de transferências de tecnologias por parte dessas empresas (HUYNH et al., 2017; MATHISEN; RASMUSSEN, 2019; O'SHEA; CHUGH; ALLEN, 2008).
Empresas e Tecnologias Analisadas
Os resultados foram baseados na análise das seguintes spin-offs e suas tecnologias centrais, separadas em dois setores: i) Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), com oito empresas estudadas: Tau, Iota, Delta, Eta, Qui, Sigma, Beta e Omega e; ii) Biotecnologia BIO), com quatro empresas: Omicron, Rho, Alpha e Gama (Quadro 4).
Evolução da Maturidade Tecnológica
A pesquisa revelou em que estágio de maturidade tecnológica as spin-offs estão e como e quanto tempo estas empresas chegaram onde estão. Percebeu-se que média de tempo para cada nível de maturidade foi de 9,60 meses para as empresas de biotecnologia (Gráfico 1).
No que tange às empresas de TIC, a média de tempo gasto em cada nível de evolução foi de 2,75 meses (Gráfico 2). A diferença é bastante importante entre os setores de empresas estudadas o que pode revelar uma dinâmica tecnológica, relacionada à velocidade de maturidade muito diferente por setores, considerando as diferentes demandas desses setores junto à sociedade (RASMUSSEN; WRIGHT, 2015). Esse fato se explica pela forma com que as tecnologias relacionadas à vida evoluem, normalmente com mais passos, principalmente por maiores cuidados bioéticos e pela regulação do setor, que impacta não somente na produção, mas nos pedidos e autorizações que já envolvem o processo de pesquisa e desenvolvimento tecnológico.
Apesar da diferença na velocidade da maturidade tecnológica entre os setores, percebeu-se que o construto aprendizado se comportava de forma semelhante entre os setores e empresas, para o formato usado de sua percepção Aquisição e Conversão do conhecimento.
Aprendizado e Conhecimento
Como a literatura aponta e o framework analítico mostra o processo de aprendizagem é um dos fatores mais relevantes na evolução tecnológica das empresas inovadoras. Neste trabalho procurou-se estabelecer uma relação da intensidade com que as atividades de aquisição e conversão do conhecimento foram realizadas pelas empresas estudadas. Percebe-se que as empresas em seu nível inicial de evolução usaram de forma moderada a maioria dos mecanismos exceto a socialização. Parece que neste momento as empresas estão ainda no início de seus processos e provavelmente pelos riscos inerentes a este momento os investimentos (alocação de recursos humanos e financeiros) nestes processos acabam sendo menores. Já a socialização foi considerada fraca, o que pode ser entendido como característica de um ambiente cuja relações ainda estão se consolidando (Quadro 5). Os sistemas físicos, sistema organizacional e produtos e serviços (LALL, 1992; BELL; PAVITT, 1995, 1997; FIGUEIREDO, 2004) evoluem nas organizações ao longo do tempo com o acúmulo de conhecimento destes negócios o que justifica em parte o aumento no nível de evolução tecnológica das empresas.
Percebeu-se que as empresas evoluem na intensidade do uso de mecanismos do processo de aprendizagem na direção dos dois últimos níveis (desenvolvimento Tecnológico – DT e Aplicação Comercial – AC), principalmente adicionado a aquisição externa de conhecimento, o que provavelmente demonstra que a relação mais próxima com o mercado acaba por impor mecanismos de aquisição externa (Quadro 5). Por outro lado, parece que de uma forma geral o processo de socialização precisa ser mais bem trabalhado nas empresas estudadas, seu baixo uso, pode ser explicado pela fase em que as informações estratégicas são mais sensíveis e a apropriação da empresa do conhecimento pela empresa, ainda não se revelou como inteiro no mercado.
Relação entre Evolução Tecnológica e Aprendizado
Avaliou-se, na percepção das empresas estudadas, qual a intensidade da relação dos diferentes processos de aprendizagem e os níveis de evolução tecnológica (PF, PA, DT e AC). Percebe-se que as empresas consideram a aquisição interna como o mecanismo que tem uma relação forte com todos os níveis de evolução tecnológica e ao contrário a socialização como tendo uma fraca relação todos níveis (Quadro 6). O que revela menos propensão à inovação mais aberta e de menor interação interna. O que de muitas formas é preocupante para o sucesso de empresas inovadoras de base tecnológica criadas em ambientes acadêmicos e que a literatura indica que, normalmente se associam a redes internas e externas de conhecimento como fator de sucesso, parece que o perfil de colaboração dos gestores e atores envolvidos, tanto nas empresas, como provavelmente no ambiente externos, não são adequados.
O conhecimento e qualificação das equipes de empreendedores apresentaram-se como fundamentais, assim, como nos estudos de Clarysse e Moray (2004) sobretudo nas empresas de biotecnologia, caracterizadas neste estudo, por alta tecnologia, predominando doutores e pós-doutores a frente destes negócios.
Políticas Públicas e Evolução Tecnológica
Com relação ao terceiro construto do framework analítico utilizado, políticas públicas, estabeleceu-se, novamente a divisão por setores, dada suas especificidades neste campo. Contudo, de uma forma geral, as políticas públicas, como aqui avaliadas, não parecem contribuir de forma importante para a evolução tecnológica de ambos os setores. Contudo, as empresas de biotecnologia tiveram uma execução moderada das políticas de acesso ao crédito e influentes somente nos dois primeiros níveis de evolução tecnológica, muito provavelmente pelo acesso no Estado do Ceará, aos editais de subvenção econômica (Quadro 6).
Este tópico examina a relação coevolutiva entre a evolução das tecnologias das spin-offs acadêmicas em potencial e as políticas públicas. Optou-se por dividir a discussão dos resultados entre os setores das organizações estudadas. Esta opção derivou-se da dificuldade de acessar no campo spin-offs acadêmicas em potencial da área de TI que tenham acessado editais públicos de fomento, apenas IOTA acessou; e que tenham recebido incentivos fiscais ou tivessem uma percepção clara acerca das mudanças de legislação e/ou das sucessões governamentais e seus possíveis impactos no setor produtivo na qual se encontram.
A Figura 8 mostra o display gerado conforme o estabelecido na seção de metodologia e apresenta como se ocorreu a relação entre as variáveis coevolutivas envolvimento, coerência e autonomia, bem como a percepção da relação da evolução das políticas públicas e a maturidade tecnológica das tecnologias core das spin-offs acadêmicas em potencial da área de biotecnologia.
No que diz respeito às empresas de TIC, as execuções das políticas também foram no geral consideradas fracas. Contudo, as políticas de Colaboração e aprendizado tiveram uma execução moderada e em todos os níveis de evolução tecnológica, provavelmente pela oferta no estado de diversas entidades ligadas aos Governos Federal, Estadual e Municipal que ofertam cursos e ambientes de estímulo a inovação e que normalmente são voltados para a área de TIC (Quadro 8).
Ademais, essas análises convergem com a perspectiva de que as Políticas Públicas atuam como importante estímulo a criação de amplos espaços colaborativos para a aprendizagem interativa e criação de conjunturas favoráveis para os atores aplicarem as capacidades aprendidas (DA CUNHA; NEVES, 2008). Considerando os aspectos envoltos pelo recente desenvolvimento de Políticas Públicas brasileiras direcionadas ao incentivo a promoção de inovações e transferências de tecnologias em ambientes universitários (CARVALHO; CUNHA, 2013; GARCEZ JÚNIOR et. al., 2016; PARANHOS; CATALDO; PINTO, 2018), infere-se que os processos aprendizagem e maturidade tecnológica são diretamente influenciados pelos diferentes modelos e níveis de incentivos econômicos e políticas destinados as áreas e dimensões analisadas nesse estudo.
Considerações Finais
Os achados desse estudo compreendem a análise multidimensional de diversas variáveis que consideradas nos processos de aprendizagem e maturidade tecnológica de spin-offs, nascidas a partir do ambiente acadêmico. Para esses contextos de análise considerou-se a perspectiva de incentivos e políticas públicas destinadas a produção de inovações, além das diferentes áreas técnicas que dispuseram de dados para análises.
A partir das dimensões analisadas, a respeito do objetivo geral dessa pesquisa no que tange a necessidade de entender a evolução da maturidade tecnológica das spin-offs acadêmicas, as empresas possuem velocidade de evolução muito diferente e que seus processos de aprendizagem em maior uso são a aquisição interna do conhecimento interno e externo e que socialização apresenta um uso pífio. Contudo, quando se analisou a intensidade da relação entre estes processos e os diferentes níveis de evolução tecnológica, percebeu-se que a aquisição de conhecimento interna desempenhou um papel de relação mais forte com a evolução tecnológica e que embora a aquisição externa tenha um uso significativo, este mecanismo não foi considerado muito influente sobre a evolução tecnológica. Adicionalmente, percebe-se ainda que as atividades de conversão de conhecimento não foram impactantes e as de socialização foram pífias.
Também foi possível observar que os resultados mais significativos derivaram dos mecanismos de aquisição interna de conhecimento com a forte contribuição dos trabalhos realizados em redes combinado com mecanismos externos, com destaque para atuação de convênios com a universidade, outros grupos de pesquisa nacionais e estrangeiros, parcerias para interações de P&D com clientes e a participação em treinamentos, cursos, palestras, workshops e visitas técnicas que interagindo contribuíram para os avanços das tecnologias estudadas.
É importante ressaltar, no entanto, que as empresas necessitam ampliar suas relações com fornecedores e competidores, já que as spin-offs acadêmicas em potencial que o fizeram conseguiram ampliar seu portfólio de propriedade intelectual e desenvolver outras tecnologias em paralelo. A falta de disponibilidade de acesso a crédito foi um fator limitante identificado para o desenvolvimento de mais atividades de aprendizagem.
Quanto à abordagem específica desse objetivo com o intuito de desvelar a evolução da maturidade tecnológica das tecnologias centrais das spin-offs acadêmicas cearenses, a partir de sua relação coevolutiva com as políticas públicas e o processo de aprendizagem tecnológica, a pesquisa dispôs de uma compreensão no que tange a colaboração e o aprendizado fomentados por políticas públicas. Para essa dimensão de análise constatou-se que os desenvolvimento de políticas públicas de incentivo direcionados a essas naturezas de inovações são fundamentais para que as tecnologias escalem nos níveis de TRL de maneira mais acelerada. O que se percebeu nos dados da pesquisa é que as redes intermediadas pelo setor público facilitam as trocas entre diferentes tipos de organizações colaborando para o amadurecimento das tecnologias estudadas, as redes de conhecimento ajudaram as empresas se consolidarem nos níveis de maturidade em que se encontravam e a dar saltos em direção ao último nível de desenvolvimento.
O próprio nível de maturidade da tecnologia foi relevante para ajudar na construção de redes de conhecimento o que acabou por moldar as redes de conhecimento das firmas. Já os cursos foram fundamentais para os gestores destas empresas, destacadamente “tecnicistas” – termo cunhado por gestor de um programa de aceleração entrevistado - e necessitam de cursos de empreendedorismo inovador e gestão para dar a tecnologia a aplicabilidade e comunicação necessárias para as tecnológicas serem aceitas no mercado. Fornecendo, assim, condições de tornar as tecnologias mais aplicáveis trazendo eficiência para aplicação dos recursos públicos de subvenção.
A alocação de recursos orçamentários para desenvolvimento de pesquisa deve buscar ser equilibrada para explorar o potencial destas empresas, uma vez que as spin-offs em potencial de biotecnologia necessitam de mais recursos para aplicar em P&D visando o amadurecimento das tecnologias do que as de TI, por exemplo. A divisão dos recursos nos editais deve ser cada vez mais planejada, reconhecendo os potenciais regionais e as necessidades destas organizações cooperando, assim, com o desenvolvimento tecnológico destas firmas, mas observando também aquelas que se voltam estrategicamente apenas para captação de recursos e não estão interessadas de fato em entregar produtos e serviços de alto valor agregado para sociedade.
Seguindo o framework analítico, verificou-se que as políticas públicas atuaram de forma diferente sobre a evolução tecnológica das empresas, considerando os dois setores analisados (TIC e Biotecnologia). Do lado das empresas de biotecnologia o acesso ao crédito no começo de sua evolução foi mis relevante e do lado das empresas de TIC as políticas de colaboração e aprendizado foram mais relevantes.
Como sugestão para estudos futuros, indica-se que as políticas públicas e as universidades, neste ambiente estudado, se voltem para ao estímulo de uma inovação mais aberta e conectada, melhorando os níveis de participação em rede e de um fluxo maior com outros autores, e que a socialização possa ser mais difundida como prática de apropriação do conhecimento de forma mais coletiva. Ao mesmo tempo, que o acesso ao crédito deve estar associado às necessidades das diferentes fases da evolução tecnológica das spin-offs acadêmicas.
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