Editorial

Joysi Moraes Joysi Moraes
, Brasil

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Revista Pensamento Contemporâneo em Administração, vol. 19, núm. 1, pp. 1-2, 2025

Universidade Federal Fluminense

Editorial

Este é o primeiro número da Revista Pensamento Contemporâneo em Administração, em 2025. Um ano em que os debates acerca da necessidade de acordos e negociações têm ocupado parte do cenário mundial e brasileiro.

Começamos com Unveiling students’indebtedness: Financial behavior or financial knowledge (Revelando o endividamento dos estudantes: comportamento financeiro ou conhecimento financeiro), de Silvia Franco de Oliveira e Denis Forte. Os autores testaram um modelo de equações estruturais em uma amostra de estudantes de uma universidade privada da cidade de São Paulo e verificaram que, entre os estudantes, as decisões planejadas de consumo, investimento e poupança diminuem o nível de endividamento, enquanto o conhecimento financeiro e o comportamento de crédito aumentam o nível de endividamento estudantil. Os resultados sugerem que trabalhar no comportamento e proporcionar experiências de aprendizagem dá melhores resultados do que investir apenas no conhecimento.

A seguir, em Relational leadership and horizontal management (Liderança relacional e gestão horizontal), Thiago Henrique Ferreira, Antônio Carvalho Neto, Daniela Martins Diniz e Anderson de Souza Sant'Anna analisaram as características relevantes para uma liderança efetiva em organizações do setor de tecnologia e o nível de adoção da gestão horizontal sob a ótica da liderança relacional. Os resultados indicam que nem todas as organizações conseguem implementar efetivamente a gestão horizontal e que o líder, geralmente, emerge devido ao conhecimento técnico reconhecido em determinada área.

Em Challenges in controlling accounts in the Brazilian third sector (Desafios no controle de contas do terceiro setor brasileiro), Raphael Jayson Prestes apresenta os resultados de uma análise dos mecanismos de prestação de contas no Terceiro Setor, com ênfase nas parcerias entre entidades sociais e o poder público. Os resultados evidenciaram avanços importantes em termos de transparência e governança, embora ressaltem desafios persistentes, tais como a burocracia exacerbada, a insuficiente capacitação dos gestores e as vulnerabilidades dos controles internos e externos, sublinhando a necessidade imperiosa de aprimoramento dos mecanismos de fiscalização e responsabilização.

She rides: Exploring the trends and triggers of female ride-hailing in Brazil's capitals (Ela vai de app: explorando tendências e estímulos do transporte sob demanda feminino nas capitais do Brasil), de Fábio Luciano Violin, mostra, por meio de métodos fatoriais combinados, como variáveis ligadas ao custo, segurança e conveniência impactam o uso do ride-hailing no Brasil. Verificou-se que o uso se baseia em fatores utilitários e tecnológicos com ênfase na autopreservação. Em situações de risco percebido, as usuárias ajustam seus padrões de peso das variáveis conforme o horário e o tipo de uso. O caráter inovador do estudo é observado através da proposta de modelo explicativo de comportamento e, a contribuição teórica, a partir do preenchimento da lacuna a respeito da predição de comportamento de consumo feminino no uso do ride-hailing.

Daniela Longobucco Teixeira Balog e Sergio Eduardo de Pinho Velho Wanderley trazem Empreendedorismo 50+: desafios e oportunidades face aos programas de apoio (Entrepreneurship 50+: Challenges and opportunities based on support programs). Um tema cada vez mais presente, especialmente no Brasil, devido à tendência de crescimento desta faixa etária no país. Os autores buscaram identificar os principais órgãos de apoio ao empreendedor 50+ na região da Baixada Fluminense e entender as perspectivas desses sujeitos sobre oportunidades e desafios encontrados no mercado. Os resultados apontam para a necessidade de formulação de políticas públicas focadas nos empreendedores 50+ e sinalizam que os órgãos oficiais não estão devidamente preparados para atender essas necessidades. São necessários esforços públicos e privados, com um olhar mais interseccional, para capacitação e preparação desses sujeitos ao ambiente empreendedor.

Karen Freitas Franquini, Kátia Eliane Santos Avelar e Adriano dos Santos Morais, por sua vez, apresentam Mecanismos de diversidade e inclusão em programas de empreendedorismo social (Diversity and inclusion mechanisms in social entrepreneurship programs). Os autores mapearam e analisaram práticas de diversidade e inclusão em programas de empreendedorismo social, identificando mecanismos para mitigar desigualdades raciais e de gênero. A pesquisa revelou que critérios de diversidade nos processos seletivos, apoio financeiro e de infraestrutura, adaptação metodológica das trilhas formativas e a diversidade na equipe gestora são fatores essenciais para garantir a inclusão efetiva de empreendedores da periferia. Os autores apontam, ainda, para a necessidade de criação de redes de conexão com o mercado, apoio psicológico e desenvolvimento de políticas públicas voltadas para empreendedores de grupos minoritários.

Rayara Alves Santos, Antonio Gualberto Pereira e José Sérgio Casé de Oliveira investigam as Características do conselho de administração e as reservas de caixa: evidências no Brasil (Board characteristics and cash holding: Evidence from Brazil). Os autores analisaram 234 companhias abertas listadas na Brasil, Bolsa, Balcão entre 2010 até 2019. O Tobit Efeitos Aleatórios foi o modelo econométrico escolhido para estimar as variáveis e testar seis hipóteses sobre essa relação. Os resultados demostraram associações entre a retenção de caixa e as variáveis independentes: Expertise e Dualidade do CEO e dentre as variáveis de controle Volatilidade do Fluxo de Caixa e Capital de Giro.

Nathália Cristhyna Rodrigues de Lima, Roberto da Piedade Francisco e Nadya Regina Galo apresentam um modelo de Avaliação da maturidade em inovação de processos industriais (Industrial process innovation maturity assessment) em empresas industriais de pequeno e médio porte. Para tanto, os autores incluíram a definição de critérios e indicadores-chaves, tais como cultura organizacional, gestão de processos, habilidades e estratégias, ferramentas e tecnologias, governança, e clientes e mercado. A ferramenta também incorporou procedimentos de categorização pessimista e otimista de método de tomada de decisão multicritério (ELECTRE TRI) para oferecer uma análise mais robusta e abrangente. Os resultados mostraram uma classificação precisa das alternativas em diferentes categorias de inovação, a qual facilita a priorização de ações estratégicas.

Cézar Henrique Assunção Teixeira Nobre e José Roberto Branco Ramos Filho elaboraram um Panorama dos coworkings nas universidades federais no Brasil (Panorama of coworkings in federal universities in Brazil). De acordo com os autores, os resultados revelam que apenas 36,2% das universidades possuem coworkings, com maior concentração nas regiões Sudeste e Sul. Os espaços apresentam ampla diversidade estrutural e público-alvo predominante da comunidade acadêmica. Foi constatada dissonância entre os coworkings das universidades e os modelos teóricos, evidenciando desafios de infraestrutura e gestão. A pesquisa reforça a necessidade de políticas para consolidar esses ambientes.

Para encerrar este número, Úrsula Gomes Rosa Maruyama, Andrea Luciene Martins Alcantara, Lara Brunelle Almeida Freitas e Marcos Luiz Filippim trazem Junior tourism enterprise in Paraná coast: Liturânea creation (Empresa júnior de turismo no litoral do Paraná: criação da Liturânea). Os autores analisaram a criação de uma Empresa Júnior de Turismo. A EJ constrói uma identidade profissional que destaca a liderança do turismo local. As experiências de outras EJs e os dados coletados foram compartilhadas entre os estudantes. No entanto, este estudo constatou que havia escassez de estudantes comprometidos em consolidar uma equipe coesa com a proposta da empresa em longo prazo.

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