Artigo de revisão
Tecnologia de informação para atendimento de urgência e emergência: revisão integrativa
Tecnología de la información para la atención de urgencias y emergencias: revisión integrativa
Information technology for urgent and emergency care: integrative review
Tecnologia de informação para atendimento de urgência e emergência: revisão integrativa
Enfermería Actual de Costa Rica, núm. 42, pp. 85-103, 2022
Universidad de Costa Rica, Escuela de Enfermería
Recepção: 10 Setembro 2020
Aprovação: 24 Agosto 2021
RESUMO
Objetivo: Identificar na literatura científica as tecnologias desenvolvidas para integração e otimização dos serviços de urgência e emergência.
Metodologia: Trata-se de uma revisão integrativa de literatura. Para seleção dos artigos, utilizou-se acesso on-line nas bases de dados MedLine, PubMed, Lilacs; Scielo; BVS; Science Direct; Cochrane Library; Scopus e o buscador Google Acadêmico, publicados no período de 2011 a 2019, e a coleta de dados ocorreu de outubro a dezembro de 2019. A análise dos dados ocorreu mediante a leitura exploratória, seletiva, analítica e interpretativa dos artigos e os resultados foram apresentados sob a forma de quadros.
Resultados: Identificou-se que nos 11 artigos selecionados dentre as tecnologias elencadas principalmente as classificadas como “dura” contêm múltiplas funções, inclusive registro de dados clínicos, monitorando o serviço médico, cálculo programado de medicações, tele radiologia entre outros serviços que propiciam a otimização dos serviços prestados dentro da Rede de Atenção às Urgências e Emergências
Conclusão: Os estudos mostraram que as tecnologias digitais, são uma ferramenta adequada para apoiar as práticas do cuidado ao paciente crítico dentro dos serviços de atendimento de urgência e emergência. Verificou-se também que os aplicativos móveis podem ser eficazes, pois foram considerados úteis no acompanhamento da dor, manejo clínico de especialidades, preparo de medicamentos, mapeamento de áreas críticas, classificação de risco, reprodução de exames de imagens assim como no auxílio aos clientes no que se diz respeito a fornecer informações sobre a ordem e rapidez do atendimento.
Palavras chave: Aplicativos-Móveis+ Emergências+ Tecnologia-de-informação.
RESUMEN
Objetivo: Identificar en la literatura científica las tecnologías desarrolladas para la integración y optimización de los servicios de urgencia y emergencia.
Método: Se trata de una revisión integrativa de literatura. Para la recopilación de los artículos, se utilizó acceso online a las bases de datos MedLine, PubMed, Lilacs, Scielo, BVS, Science Direct, Cochrane Library, Scopus. Además, se usó el buscador Google Académico. Se buscaron artículos publicados en el período de 2011 a 2019. Dicha recolección de información se dio de octubre a diciembre de 2019. El análisis de los datos se realizó por intermedio de la lectura exploratoria, selectiva, analítica e interpretativa de los artículos. Los resultados se presentaron en cuadros.
Resultados: Se identificó que los 11 artículos seleccionados entre las tecnologías especificadas, principalmente las clasificadas como “duras”, contienen múltiples funciones. Entre estas, registro de datos clínicos, monitoreo del servicio médico, cálculo programado de medicaciones, teleradiología, entre otros servicios que propician la optimización de los servicios ofrecidos por la Red de Atención las Urgencias y Emergencias
Conclusión: Los estudios apuntaron a que las tecnologías digitales son una herramienta adecuada para apoyar las prácticas del cuidado al paciente crítico, dentro de los servicios de atención de urgencia y emergencia. Se verificó también que las aplicaciones para móviles pueden ser eficaces, pues se consideraron útiles en el acompañamiento del dolor, manejo clínico de especialidades, preparación de medicamentos, mapeo de áreas críticas, clasificación de riesgo, reproducción de exámenes de imágenes, así como en la ayuda a los clientes con relación a ofrecer información sobre la orden y rapidez de la atención.
Palabras claves: Aplicación-para-móviles, Emergencias, Tecnología-de-información.
ABSTRACT
Objective: To identify in the scientific literature the technologies developed for the integration and optimization of urgent emergency services.
Method: This is an integrative literature review. To select the articles, the researchers accessed the online databases MedLine, PubMed, Lilacs, Scielo, BVS, Science Direct, Cochrane Library, Scopus, and the Google Academic search engine. The articles considered were the ones published from 2011 to 2019, and the data were collected from October to December 2019. Data analysis occurred throughout an exploratory, selective, analytical, and interpretive reading of the articles, and the results were presented in boxes.
Results: Eleven articles were selected, and among the technologies listed in them, those classified as “hard” are the ones that contain the most multiple functions; these include clinical data recording, medical service monitoring, programmed calculation of medications, teleradiology, among other services that optimize the services provided in the Urgent and Emergency Care Network.
Conclusion: Studies have shown that digital technologies are an adequate tool to support critical patient care practices within the urgent and emergency care services. Mobile applications can be effective as they were considered useful for pain monitoring, clinical management of specialties, drug preparation, mapping of critical areas, risk classification, reproduction of imaging tests as well as in helping clients to provide them information on the order and speed of service.
Keywords: Mobile Applications, Emergencies, Information-Technology.
Introdução
O século XXI pode ser considerado uma nova era no setor de saúde pela influência da inovação tecnológica, seja em termos de disponibilidade de equipamentos ou em novas técnicas assistenciais, sobre diferentes campos ou especialidades1. Desta forma, busca-se por meio de Tecnologias da In¬formação e Comunicação (TICs) voltadas para a área da saúde, recursos para contribuir direta e indiretamente no processo saúde-doença e nos modelos de organização e gestão do trabalho2.
As TICs possibilitam a divulgação, disseminação e atualização do conhecimento na área da saúde, servindo de ferramenta de apoio na tomada de decisão clínica dos profissionais assim como na elaboração de diagnósticos fidedignos, orientações e condutas terapêuticas qualificadas destinadas aos pacientes. Cabe ressaltar que, o acesso em tem¬po real e/ou remoto às informações contribui significativamente para a resolução de problemas de saúde3.
As TICs assumem um papel fundamental na promoção e prevenção da saúde e do bem-estar em diversos países. Através de instrumentos, plataformas digitais, aplicativos móveis os cidadãos têm acesso direto a todos os serviços disponíveis4.
No entanto a utilização de softwares aplicáveis à assistência é um desafio enfrentado em várias partes do mundo, porém é uma ferramenta extremamente funcional, pois permite a recuperação de dados e informações referentes à tomada de decisão5. Esse requisito é fundamental para a prática baseada em evidências, pois contribui para o desenvolvimento de pesquisas, além de promover a integralidade entre as equipes de diversos serviços do sistema de saúde5.
Há exemplo do Brasil que em seu Sistema Único de Saúde (SUS), dentre as redes prioritárias de atenção à saúde, possui a Rede de Atenção as Urgências e Emergências (RUE) que cada vez mais requer TIC com eficiência e qualidade, pois o tempo de resposta ao usuário deve ser o menor possível, tendo em vista a relevância e premência das situações clínicas envolvidas, além do atual contexto de superlotação dos prontos-socorros6.
Tem-se que, a implantação da RUE teve o intuito de aprimorar o processo de assistência nas situações de urgência e emergência, garantido uma integração entre os pontos de atenção o que possibilita um atendimento de forma mais rápida e eficaz, priorizando a humanização7.
Entre os componentes da RUE estão o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU); Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e Atenção hospitalar. Esses têm por objetivo principal reordenar a atenção à saúde em situações de urgência e emergência de forma coordenada qualificada e resolutiva6. Destaca-se que, pelo número expressivo de serviços que compõe a RUE, o planejamento estratégico baseado nos atendimentos realizados pelas ambulâncias se torna essencial, pois garante uma assistência mais rápida e eficiente à população por permitir mapear padrões de tempo de resposta e localização espacial das ocorrências8.
Embora se reconheça a importância de fornecer atendimento pré-hospitalar para a prevenção de agravos a saúde da população, percebe-se que a melhoria de tecnologias disponíveis nos serviços de urgências e emergências9, poderiam contribuir sobremaneira à otimização do serviço. Contudo, ressalta-se que, relatos sobre construção, validação e utilização de tecnologias para ampla utilização no atendimento pré-hospitalar, em especial as tecnologias duras, ainda se apresenta incipiente na literatura e com foco em agravos específicos10,11. Nessa perspectiva, este estudo surge da necessidade de preencher essa lacuna de conhecimento e teve por objetivo identificar na literatura científica as tecnologias desenvolvidas para integração e otimização dos serviços de urgência e emergência.
Materiais e método
Trata-se de revisão integrativa da literatura, o qual permite realizar a busca, a avaliação crítica e a síntese de resultados de pesquisas sobre um tema investigado, contribuindo com o avanço do conhecimento e a implementação de intervenções efetivas na assistência à saúde12.
Para elaborar a presente revisão foram adotadas as seis etapas sugeridas por Mendes, Silveira e Galvão12, à saber: identificação da questão de pesquisa (por meio da pergunta norteadora), estabelecimento dos critérios de inclusão e exclusão de estudos, definição das informações a serem extraídas dos estudos, avaliação dos dados, apresentação e interpretação dos resultados12.
Utilizou-se como questão norteadora nesta pesquisa: “Quais são as tecnologias de informação e comunicação disponíveis para a otimização dos serviços de urgência e emergência?” e como questão de apoio: “Quais são as vantagens e desvantagens das tecnologias nestes serviços?”. Para seleção dos artigos, utilizou-se acesso on-line nas bases de dados: Medical Literature Analysis and Retrieval System Online(MedLine), PubMed, Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde(Lilacs); Scientific Electronic Library Online(Scielo); Biblioteca Virtual em Saúde(BVS); Science Direct; Cochrane Library; Scopus e buscador Google Acadêmico. Para a obtenção dos artigos, foram utilizados os Descritores em Ciências da Saúde (DECS): “Biomedical Technology” and “Emergency Medical Services” Em seguida foi realizada uma triagem por meio da leitura dos títulos e resumos, sendo retirados os artigos duplicados e que não se enquadravam dentro dos critérios de inclusão.
Os critérios de inclusão foram: artigos científicos que tratassem de TICs utilizadas na atenção às urgências e emergências, de abordagens quantitativas e/ou qualitativas e publicados nos idiomas português, inglês e espanhol entre 2011 a 2019. Foram excluídas a literatura “cinza”, tais como teses, monografias, dissertações, documentos, bem como textos de revisão de literatura, reflexões e apresentações em congressos. Delimitou-se como recorte temporal de artigos publicados no período de 2011 a 2019, justificado pelo fato que o ano de 2011 foi um marco nas políticas públicas relacionadas a rede de atenção às urgências e emergências7.
A coleta de dados ocorreu de outubro a dezembro de 2019. Para análise e a síntese dos artigos selecionados, utilizou-se o formulário elaborado pelos pesquisadores preenchido para cada artigo da amostra final, contemplando as seguintes informações: identificação do artigo (título do artigo, autores, país e ano de publicação), revista científica, objetivos, características metodológicas do estudo (objetivo, amostragem, tecnologia utilizada/desenvolvida), principais resultados e conclusões. Ademais, identificou-se a tecnologia apresentada e classificou-a em leve, dura ou leve-dura.
No que diz respeito a classificação do nível de evidência dos estudos foram empregados os níveis de evidência científica da Agency for Healthcare Research and Quality (AHRQ), que compreende seis níveis: I - metanálise e revisão sistemática; II - ensaios clínicos com randomização; III - ensaios clínicos sem randomização; IV - coorte e de caso-controle; V - revisão sistemática de pesquisas descritivas e qualitativas; VI - estudos descritivos ou qualitativos13.
A análise dos dados ocorreu por meio da análise de conteúdo14 mediante pré-análise, exploração do material, tratamento dos resultados, inferência e interpretação e os resultados foram apresentados sob a forma de quadros e discutidos em categorias.
Resultado
Foram selecionados 47 artigos. Na sequência, os artigos foram lidos, na íntegra, e 11 respondiam à questão de revisão deste estudo15,16,17,18,19,20,21,22,23,24,25(Figura 1).
A figura 2 apresenta os critérios de seleção e exclusão dos artigos elencados.
Identificou-se nos 11 artigos selecionados que as tecnologias classificadas como “dura” a exemplo dos aplicativos móveis contêm múltiplas funções, inclusive registro de dados clínicos, monitorando o serviço médico, cálculo programado de medicações, tele radiologia entre outros serviços que propiciam a otimização dos serviços prestados dentro da RUE (Quadro 1).
O Quadro 2 descreve as tecnologias identificadas nas pesquisas elencadas, bem como as implicações de sua utilização.
Discussão
Tecnologias de informação e comunicação disponíveis nos serviços de urgência e emergência
Na área da saúde as tecnologias podem ser classificas em leve, leve/dura e dura, que estão interligadas e presentes no contexto de saúde,




embora nem sempre de modo transparente na assistência26. As classificadas como tecnologias em saúde (TS) leves, são as relacionais, como aquelas da produção do vínculo, acolhimento e autonomização; as TS leve-duras, são denominados tecnologias dos saberes, que são os saberes estruturados que operam no processo de trabalho em saúde e; por fim as TS duras, estão correlacionadas as máquinas-ferramentas, como equipamentos, aparelhos, normas e estruturas organizacionais5.
Identificou-se que, somente um artigo selecionado apresentou a tecnologia leve/dura, direcionado à aplicação do protocolo de dor15, corroborando com outro estudo16 que define as tecnologias leve-duras como uma construção do conhecimento através de teorias, modelos de cuidado e cuidados de enfermagem, utilizando-se pouco de recursos tecnológicos. Destaca-se que, os outros dez artigos selecionados tiveram como foco as tecnologias duras, que se caracterizam pela utilização massiva de recursos tecnológicos, ou seja, bombas de infusão, ventiladores mecânicos, além dos softwares e vídeos5.
Sabe-se que a aplicação das tecnologias nos serviços de cuidados com alta dependência, como as Unidades de Terapia Intensiva (UTI), tem como objetivo a garantia de melhoria e manutenção da qualidade no atendimento, ascendendo a um cuidado holístico e individualizado. Ratificando o estudo realizado em Medellín, Colômbia17, os quais afirmam que a equipe de saúde é diretamente afetada pelo uso das tecnologias em diversos aspectos, dentre eles estão os cuidados prestados e os cuidados recebidos.
Com isso há a necessidade da interação, no âmbito profissional, entre a tecnologia e a prática em saúde, mesmo que ainda estejam distantes de serem utilizadas rotineiramente. Esse vínculo está ligado as teorias das relações humanas e podem refletir com êxito das relações interpessoais, entre os profissionais e o paciente, distanciando o pensamento único e exclusivo do processo saúde doença26.
Pesquisa realizada em Cingapura19 utilizou da abordagem Advanced Trauma Life Support, desenvolvendo um sistema simples de atendimento, que posteriormente se tornou padrão para o tratamento precoce de traumas em diversos países, verificou-se que este sistema foi um facilitador no entendimento e manuseio na natureza do trauma, a fim de gerenciar os processos de decisão dentro dos atendimentos de urgência e emergência17,19,22.
Destarte diversos protocolos institucionais devem ser seguidos acerca do correto manuseio da situação, desde a triagem até a alta hospitalar22, como o uso de fluxogramas e protocolos clínicos de atendimento às vítimas. As dificuldades ainda existem19, pois o uso dos protocolos a serem inseridos nas tecnologias podem prosperar ou falhar no direcionamento do cuidado nas instituições19,26, opondo-se aos dados emitidos pelo briefing da empresa de consultoria de gestão, em 2012, descrevendo que 85% dos médicos dos Estados Unidos possuíam ou se utilizavam do uso de smartphones profissionalmente19.
Diante disto, é sabido que a avaliação clínica é o método mais confiável para medidas de intervenção em pacientes vítimas de trauma. Porém, conforme estudos entre 2001 e 2011, 87,3% das mortes relacionadas aos traumas, ocorreram antes da avaliação médica e estimou-se que 24,3% poderiam ter um prognóstico favorável22.Neste aspecto, as tecnologias são fundamentais pois, através do desenvolvimento de fluxogramas, podem facilitar os atendimentos sem a necessidade inicial de avaliação médica pré-hospitalar, aumentando as chances de sobrevida22,26.
Identificou-se que, os dados obtidos no estudo de Pierik15, com o uso da tecnologia na implementação de protocolos com base no algoritmo para gerenciamento da dor nos setores de emergência, e a pesquisa realizada na Suiça23, no ano de 2017, que criou um aplicativo para uso em aparelhos móveis, nominado, Pediatric Accurate Medication in Emergency Situations (PedAMINES), possibilitaram a redução considerável dos riscos inerentes aos erros de administração de medicamentos, associados ou não à experiência profissional17,23.
As tecnologias desenvolvidas para o manejo do atendimento ao paciente crítico dentro do serviço de urgência e emergência são poucas e algumas ainda em fase de testes e, muitas vezes baseadas em cenários de simulações. Este fato corrobora com o que acontece com as tecnologias utilizadas para a assistência de enfermagem, que ainda é considerada escassa, mesmo inserida rotineiramente em todos os componentes da prática profissional27.
Vantagens e desvantagens das tecnologias digitais para os serviços de urgência e emergência.
Destaca-se que a tecnologia tem alterado o padrão de diversos setores da sociedade, e na área da saúde, não é diferente. Percebe-se que o uso da tecnologia tem contribuído de forma significativa para avanços na assistência nos serviços de saúde, possibilitando melhoria nos resultados tanto para gestores e profissionais da saúde como para os usuários28.
Nos estudos analisados nesta categoria, foi possível verificar que ferramentas tecnológicas contribuem na otimização de tempo da assistência prestada ao paciente crítico e auxiliam em um diagnóstico precoce, justamente pela acessibilidade rápida a exames20,25. Nesse sentido, auxiliam na priorização dos casos e alertam para aspectos que podem passar despercebidos.
Constatou-se que na emergência, a consulta e protocolos assistências podem ser desenvolvidos em software de aplicativo. Os dados permitem afirmar que a inclusão de prontuário eletrônico pouparia tempo médico na escrita nos prontuários e geraria economia de custos, pois permitirá o atendimento sistematizado dos pacientes24, informações que condizem com estudo realizado em Maceió/AL, que ressalta a importância do prontuário eletrônico no serviço de saúde como uma das principais ferramentas de Tecnologias de Informação e Comunicação29.
Outras tecnologias como as classificadas como “dura” por exemplo os Apps também podem ser considerados como suporte na assistência , sendo ferramenta auxiliar no processo de preparação e administração medicamentosa que requerem infusão contínua na emergência sendo fator determinante na diminuição de tempo entre a preparação e administração das drogas quando comparado ao método tradicional utilizado além de mitigar a ocorrência de erros de medicação, dados estes que corroboram com estudo realizado na Holanda que implementou uma TIC da categoria leve/dura para manejo23.
Quando direcionada ao uso do cliente, verificou-se o desenvolvimento de TIC rápida sobre a ordem e rapidez do atendimento dos pacientes, os usuários consultam a página antes de ir ao serviço de emergência, este tipo de TIC auxiliam diretamente no controle de demanda. No entanto, esse sistema ainda está em fase de implementação e não são generalizáveis pois os testes realizados foram em serviço de emergência voltada a prestação de assistência ao indivíduo adulto18.
A fragilidade das estratégias de articulação e integração entre os serviços e, a descontinuidade administrativa no sentido de promover adaptação tanto estruturais quanto de cultura dos profissionais em relação ao processo envolvido na adoção e implementação de novas tecnologias por todos os participantes da equipe são alguns dos entraves para o pleno desenvolvimento científico e tecnológico no setor saúde30, um estudo31 referente ao papel estratégico da tecnologia da informação na área da saúde abordou pontuações semelhantes ao questionar o planejamento integrado, na implementação de TICs na assistência à saúde.
No entanto quando falamos de TICs no sistema de saúde também pensamos em desafios, pois conforme aumenta o uso de tecnologia, lida-se com os riscos da diminuição e interação com o paciente, principalmente em UTIs que se tem um grande aporte tecnológico16. Desta forma as inovações precisam ser avaliadas em seu impacto sobre o trabalho profissional e a segurança do paciente31.
O estudo está limitado em dados publicados em livros e revistas, desta maneira não foram inseridos na busca a literatura cinzenta, pelo fato dos resultados serem considerados não significativos ou negativos para o tema abordado.
Conclusão
Os estudos mostraram que as tecnologias digitais, especialmente as tecnologias classificadas como “dura”, são uma ferramenta adequada para apoiar as práticas do cuidado ao paciente crítico dentro dos serviços de atendimento de urgência e emergência.
Verificou-se ainda que, os aplicativos móveis podem ser eficazes, pois foram considerados úteis no acompanhamento da dor, manejo clínico de especialidades, preparo de medicamentos, mapeamento de áreas críticas, classificação de risco, reprodução de exames de imagens assim como no auxílio aos clientes no que se diz respeito a fornecer informações sobre a ordem e rapidez do atendimento.
No entanto, nota-se que para empregar efetivamente o uso de TICs no contexto da saúde, principalmente ao que se refere a RUE, ainda há a necessidade de implementar políticas de segurança, definir procedimentos e tratar de dar conscientização para a inserção no sistema de atendimento, a fim de garantir credibilidade no uso destas tecnologias e qualidade na gestão da informação.
Sendo assim, espera-se com está revisão demonstrar a importância do desenvolvimento de tecnologias voltadas para a integração dos serviços de urgência, pois são ferramentas que além de auxiliar no manejo clínico de pacientes críticos, estão se tornando cada vez mais essenciais para otimização dos serviços de saúde.
CONFLITOS DE INTERESSE
Os autores declaram não haver nenhum conflito de interesse.
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Autor notes
Correspondencia: Renata Rodrigues Mendonça Universidade Estadual do Paraná re_rodrigues1992@hotmail.com